Esplenomegalia

PorHarry S. Jacob, MD, DHC, University of Minnesota Medical School
Reviewed ByJerry L. Spivak, MD; MACP, , Johns Hopkins University School of Medicine
Revisado/Corrigido: modificado dez. 2024
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Visão Educação para o paciente

A esplenomegalia é o aumento do baço.

(Ver também Visão geral do baço.)

Esplenomegalia quase sempre é secundária a outros distúrbios. Há inúmeras causas de esplenomegalia, assim como há muitas maneiras possíveis de classificá-las (ver tabela Causas comuns de esplenomegalia). Em climas temperados, as causas mais comuns são

Nos trópicos, as causas mais frequentes são

Se a esplenomegalia é maciça (baço palpável 8 cm abaixo da margem costal), a causa geralmente é

A esplenomegalia pode levar a citopenias, distúrbio chamado hiperesplenismo.

Avaliação da esplenomegalia

História

A maioria dos sintomas aparentes resultam de doença subjacente. No entanto, a própria esplenomegalia pode causar saciedade precoce como resultado da compressão do estômago pelo baço aumentado. Sensação de plenitude e dor no quadrante abdominal superior esquerdo também são possíveis. Dor súbita e intensa sugere infarto esplênico. Infecções recidivantes, sintomas de anemia ou manifestações de sangramento sugerem citopenia e possível hiperesplenismo. Em pacientes que tiveram trauma abdominal contuso nas últimas semanas, o aumento esplênico pode ser decorrente de um hematoma subcapsular esplênico; a dor súbita intensa e/ou choque podem indicar ruptura esplênica.

Exame físico

A sensibilidade para detecção de aumento esplênico documentado por ultrassonografia é 60 a 70% para palpação e 60 a 80% para percussão. Até 3% das pessoas saudáveis e magras apresentam baço palpável. Além disso, uma massa palpável no hipocôndrio esquerdo pode indicar um problema diferente de um baço aumentado, como um lobo hepático esquerdo aumentado devido à trombose da veia hepática, massa renal, ou massa suprarrenal.

Outros sinais úteis são atrito esplênico e dor no ombro que sugerem infarto esplênico e sopros epigástricos ou esplênicos que podem ocorrer por causa do fluxo sanguíneo aumentado. Adenopatia pode sugerir doenças linfoproliferativos, infecciosas ou autoimunes.

Tabela
Tabela

Exames

Se a confirmação de esplenomegalia for necessária porque o exame é equívoco, a ultrassonografia é a opção de teste em razão de sua precisão.

Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) podem fornecer mais detalhes da consistência do órgão. A RM é especialmente útil para detectar tromboses da veia esplênica ou porta.

A cintilografia é precisa e pode identificar tecido esplênico acessório, frequentemente encontrado após uma esplenectomia por "hipertrofia de trabalho" dos esplênios ou fragmentos despercebidos liberados de um baço fraturado no momento da cirurgia.

Às vezes, múltiplos remanescentes do baço podem ser encontrados em todo o abdome, muitas vezes inseridos no pâncreas adjacente, uma condição denominada esplenose.

Confirmar as causas específicas sugeridas pela anamnese e pelo exame físico por meio dos exames complementares indicados. Se a causa não for conhecida, a maior prioridade é a exclusão de infecção oculta, porque o tratamento precoce afeta o resultado da infecção mais do que na maioria das outras causas de esplenomegalia. A análise laboratorial deve ser total nas áreas de alta prevalência geográfica de infecção ou se o paciente parecer enfermo. Nesses contextos, os testes podem incluir hemograma completo, hemoculturas, exame e cultura da medula óssea (p. ex., para evidências de câncer ou doenças de depósito).

Se o paciente não estiver doente, não apresentar sintomas além dos decorrentes da esplenomegalia e não tiver fatores de risco de infecção, a extensão dos exames necessários não é clara, mas provavelmente inclui hemograma completo, esfregaço de sangue periférico, testes hepáticos e TC abdominal.

A citometria de fluxo e os ensaios imunoquímicos como as dosagens da cadeia leve no sangue periférico e/ou os cortes da medula óssea em caso de suspeita de linfoma. Linfoma na zona marginal esplênica, que é incomum, costuma estar associado à infecção por hepatite C (e é importante detectá-la porque pode ser tratada de modo bem-sucedido com erradicação viral).

Resultados específicos do sangue periférico podem sugerir doenças subjacentes [p. ex., linfocitose de células pequenas na leucemia linfocítica crônica e linfocitose granular de células grandes nos linfócitos granulares de células T (TGL) hiperplásicos ou na leucemia por TGL, nos linfócitos atípicos na leucemia de células pilosas, e leucocitose e células imaturas em outras leucemias].

Excesso de basófilos, eosinófilos ou eritrócitos, ou eritrócitos nucleados ou em forma de gota, sugerem neoplasia mieloproliferativa. Citopenias sugerem hiperesplenismo. Esferocitose sugere hiperesplenismo ou esferocitose hereditária. Células-alvo, células falciformes ou esferócitos podem sugerir hemoglobinopatia.

Os resultados dos testes hepáticos encontram-se difusamente alterados na esplenomegalia congestiva com cirrose; o aumento isolado da fosfatase alcalina sugere infiltração hepática como nos distúrbios mieloproliferativos e linfoproliferativos, tuberculose miliar e doenças fúngicas crônicas (p. ex., candidíase ou histoplasmose).

Alguns outros testes podem ser úteis, mesmo em pacientes assintomáticos. A eletroforese de proteínas séricas que identifica uma gamopatia monoclonal ou imunoglobulinas diminuídas sugere doenças linfoproliferativas ou amiloidose.

Hipergamaglobulinemia difusa sugere infecção crônica (p. ex., malária, leishmaniose visceral, brucelose, tuberculose), cirrose com esplenomegalia congestiva, sarcoidose ou doenças reumáticas sistêmicas (p. ex., lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Felty em pacientes com artrite reumatoide).

A citometria de fluxo pode identificar uma pequena população de linfócitos monoclonais, sugestiva de linfoma. A elevação do ácido úrico sugere distúrbio mieloproliferativo ou linfoproliferativo. A elevação da fosfatase alcalina dos leucócitos (FAL) sugere neoplasia mieloproliferativa, enquanto os níveis diminuídos sugerem leucemia mielocítica crônica.

Se os exames subsidiários não revelarem outras anormalidades além de esplenomegalia, o paciente deve ser reavaliado em intervalos de 6 a 12 meses ou quando novos sintomas se desenvolverem.

Tratamento da esplenomegalia

  • Tratamento da doença subjacente

O tratamento é direcionado à doença subjacente. O baço aumentado não exige tratamento nos pacientes assintomáticos. Se hiperesplenismo grave ou saciedade precoce devido à invasão do estômago estiver presente, o tratamento da condição etiológica subjacente (infecção, distúrbio hemolítico) ou esplenectomia pode ser necessário.

Pacientes com baços palpáveis ou muito grandes devem evitar esportes de contato e levantamento de peso para diminuir o risco de ruptura esplênica.

Pontos-chave

  • Esplenomegalia quase sempre é secundária a outros distúrbios.

  • Ao testar a etiologia da esplenomegalia e não encontrar uma causa imediatamente aparente, é importante excluir as causas infecciosas.

  • Pacientes assintomáticos com esplenomegalia não exigem tratamento, mas devem evitar esportes de contato e levantamento de peso para diminuir o risco de ruptura esplênica.

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