A dor torácica é uma queixa bastante comum. Muitos pacientes têm ciência de que ela é um aviso de possíveis doenças que põem a vida em risco e buscam esclarecimento para sintomas leves. Outros pacientes, incluindo muitos com doença grave, minimizam ou ignoram esses avisos. A percepção da dor (caráter e intensidade) varia amplamente entre homens e mulheres. Seja como for descrita, a dor torácica nunca deve ser desvalorizada sem o esclarecimento da sua causa.
Fisiopatologia da dor torácica
Coração, pulmões, esôfago e grandes vasos propiciam estimulação visceral aferente pelos mesmos gânglios autônomos torácicos. O estímulo doloroso nesses órgãos é caracteristicamente percebido como oriundo do tórax, mas, como as fibras nervosas aferentes se sobrepõem no gânglio dorsal, a dor pode ser sentida (como dor referida) em qualquer local entre a região umbilical e a orelha, incluindo os membros superiores.
Estímulo doloroso de órgãos torácicos pode causar desconforto descrito como pressão, dilaceração, gases com ânsia para eructar, indigestão, queimação ou sensação dolorosa. Excepcionalmente, outras descrições da dor torácica são dadas como dor em punhalada e, às vezes, dor lancinante como uma agulhada. Quando a sensação tem origem visceral, muitos pacientes negam que estejam tendo dor e insistem que é simplesmente “desconforto”
Etiologia da dor torácica
Muitas doenças causam dor ou desconforto torácico. Essas doenças podem envolver os sistemas cardiovascular, gastrointestinal, pulmonar, neurológico ou musculoesquelético (ver tabela Algumas causas da dor torácica Algumas causas de dor torácica ).
Algumas doenças põem a vida em risco imediatamente:
Síndromes coronarianas agudas Visão geral das síndromes coronarianas agudas (SCA) Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução aguda de uma artéria coronária. As consequências dependem do grau e local da obstrução e variam de angina instável a infarto do miocárdio... leia mais (infarto agudo do miocárdio/angina instável)
Outras causas variam desde possíveis ameaças graves à vida até aquelas que são simplesmente desconfortáveis. Com frequência, não é possível confirmar nenhuma causa, mesmo após avaliação completa.
Em geral, as causas mais comuns são
Doenças da parede torácica (isto é, aquelas que comprometem músculo, arco costal ou cartilagem)
Doenças pleurais
Doenças gastrointestinais (p. ex., doença do refluxo gastroesofágico Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) Incompetência do esfíncter esofágico inferior permite o refluxo do conteúdo gástrico no esôfago, causando dor em queimação. O refluxo prolongado pode provocar esofagite, estenose e raramente... leia mais , espasmo esofageano Espasmo esofágico difuso O espasmo esofágico difuso sintomático é parte de um espectro de distúrbios da motilidade caracterizados de várias maneiras por contrações não propulsivas e contrações hiperdinâmicas, às vezes... leia mais , doença ulcerosa Doença ulcerosa péptica Úlcera péptica é a erosão em um segmento de mucosa gástrica, classicamente no estômago (úlcera gástrica) ou nos primeiros centímetros do duodeno (úlcera duodenal), que penetra a mucosa muscular... leia mais , colelitíase Colelitíase É a presença de um ou mais cálculos (pedras) dentro da vesícula biliar. Calculose da vesícula biliar tende a ser assintomática. O sintoma mais comum é a cólica biliar, mas os cálculos não causam... leia mais )
Síndromes coronarianas agudas Visão geral das síndromes coronarianas agudas (SCA) Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução aguda de uma artéria coronária. As consequências dependem do grau e local da obstrução e variam de angina instável a infarto do miocárdio... leia mais e angina Angina de peito Angina de peito é uma síndrome clínica de desconforto ou pressão precordial decorrente de isquemia miocárdica transitória sem infarto. É classicamente precipitada por esforço ou estresse psicológico... leia mais estável
Em alguns casos, não se pode determinar nenhuma etiologia da dor torácica.
Avaliação da dor torácica
História
A história da doença atual deve definir localização, duração, caráter e qualidade da dor. Deve-se questionar o paciente sobre qualquer evento precipitante (p. ex., sobrecarga ou uso excessivo dos músculos torácicos), bem como qualquer fator desencadeante ou atenuante. Fatores específicos que devem ser observados incluem se a dor ocorre durante o esforço ou em repouso, existência de estresse psicológico, se a dor ocorre durante a respiração ou com a tosse, dificuldade de deglutição, relação com a alimentação e posições que exacerbam ou aliviam a dor (posição supina ou inclinada para frente). Deve-se observar atentamente quanto à presença ou à ausência de similaridades relacionadas com episódios pregressos semelhantes, suas circunstâncias e se a frequência e/ou duração está aumentando. Os sintomas associados importantes a serem averiguados envolvem dispneia Dispneia A dispneia é a respiração desconfortável ou desagradável. É experienciada e descrita de diferentes formas pelos pacientes, dependendo da causa. Apesar de a dispneia ser um problema relativamente... leia mais , palpitação, síncope, diaforese, náuseas ou vômito, tosse, febre e calafrios.
[A revisão dos sistemas deve averiguar a existência de sintomas de possíveis causas, incluindo dor no membro inferior, edema ou ambos (trombose venosa profunda Trombose venosa profunda A trombose venosa profunda é a coagulação do sangue em uma veia profunda de um membro (em geral de panturrilha, coxa) ou pelve. A TVP aguda é a causa principal de embolia pulmonar. Decorre de... leia mais e, por isso, provável embolia pulmonar Embolia pulmonar (EP) A Embolia pulmonar (EP) é a oclusão de artérias pulmonares por trombos que se originam de outro local, classicamente de veias de grosso calibre ou da pelve. Os fatores de risco de embolia pulmonar... leia mais ) e fraqueza crônica, mal-estar e perda ponderal (câncer).
A história clínica deve documentar causas estabelecidas, particularmente doenças cardiovasculares e gastrointestinal, bem como qualquer procedimento ou investigação cardíaca (p. ex., teste de esforço e cateterismo). Também é necessário observar a existência de fatores de risco de doença coronariana Fatores de risco A doença coronariana envolve o comprometimento do fluxo sanguíneo através das artérias coronárias, mais frequentemente por ateromas. As manifestações clínicas envolvem isquemia silenciosa, angina... leia mais (doença coronariana, p. ex., hipertensão, dislipidemia, diabetes, doença cerebrovascular e tabagismo) ou embolia pulmonar (p. ex., lesão dos membros inferiores, cirurgia recente, imobilização, câncer diagnosticado e gestação).
A história clínica deve averiguar o consumo de fármacos que podem deflagrar o espasmo de artérias coronárias (p. ex., cocaína, triptanos) ou doença gastrointestinal (particularmente álcool e AINEs).
A história familiar deve observar possível história de infarto do miocárdio (particularmente em parentes de 1º grau em uma idade precoce, isto é, < 55 em homens e < 60 em mulheres) e hiperlipidemia.
Exame físico
A extensão do exame físico depende da suspeita clínica. Avaliam-se os sinais vitais, o peso e o IMC. Palpam-se os pulsos em ambos os membros superiores e inferiores, mede-se a pressão arterial em ambos os membros superiores.
Avalia-se o estado geral (p. ex., palidez, diaforese, cianose e ansiedade).
Inspeciona-se o pescoço para averiguar a existência de distensão venosa e refluxo hepatojugular. Palpa-se o pescoço para avaliar os pulsos carotídeos, linfadenopatias ou anormalidades tireoidianas. Auscultam-se as artérias carótidas para identificar sopros.
Realizam-se percussão e ausculta dos pulmões para verificar a existência e a simetria dos ruídos respiratórios Ausculta Os componentes principais da avaliação dos pacientes com sintomas pulmonares são história, exame físico e, em muitos casos, radiografia de tórax. Esses componentes estabelecem a necessidade... leia mais , sinais de congestão (estertores finos e grossos e roncos), consolidação (pectoriloquia), atrito e derrame pleural (diminuição dos ruídos respiratórios e macicez à percussão).
O exame cardíaco avalia a intensidade e o tempo do 1ª bulha cardíaca (B1) e do 2º bulha cardíaca (B2), o movimento respiratório do componente pulmonar de B2, atrito pericárdico, crepitações, sopros e galopes. Quando se detectam sopros, devem-se observar tempo, duração, tonalidade, formato, intensidade e resposta às modificações de posição, manobras de preensão manual e de Valsalva. Quando se detectam galopes, deve-se efetuar a diferenciação entre B4, que é frequentemente auscultada na vigência de disfunção diastólica ou isquemia miocárdica, e a B3, auscultada na disfunção sistólica.
Inspeciona-se o tórax à procura de lesões dérmicas oriundas de trauma ou infecção por herpes-zóster e efetua-se a palpação para identificar crepitação (sugestiva de enfisema subcutâneo) e áreas de maior sensibilidade. Palpa-se o abdome para averiguar a existência de organomegalia, áreas de maior sensibilidade e massas, especialmente nas regiões epigástrica e hipocôndrio direito.
Examinam-se as pernas para verificar os pulsos arteriais, a adequação da perfusão, a existência de edema, veias varicosas e sinais de TVP (p. ex., edema, eritema, maior sensibilidade).
Pode-se medir pulso paradoxal Pulso paradoxal O exame físico completo de todos os sistemas é essencial para detectar efeitos periféricos e sistêmicos de enfermidades cardíacas e evidenciar doenças não cardíacas que podem afetar o coração... leia mais se houver preocupação clínica quanto a tamponamento pericárdico (bulhas cardíacas distantes, distensão venosa jugular, dispneia inexplicada, taquicardia ou hipotensão).
Sinais de alerta
Certos achados levantam a suspeita de etiologia mais grave de dor torácica:
Sinais vitais anormais (taquicardia, bradicardia, taquipneia e hipotensão)
Sinais de hipoperfusão (p. ex., confusão, cor pálida e diaforese)
Falta de ar
Hipoxemia na oximetria de pulso
Pulsos ou ruídos respiratórios assimétricos
Novos sopros cardíacos
Pulso paradoxal > 10 mmHg
Interpretação dos achados
Os sinais e sintomas das doenças torácicas variam amplamente e os decorrentes de condições graves ou não, com frequência, demonstram sobreposição. Embora os achados de alerta indiquem grande probabilidade de doença grave, e diversas doenças tenham manifestações “clássicas” (ver tabela Algumas causas da dor torácica Algumas causas de dor torácica ), muitos portadores de doenças graves não desenvolvem esses sinais e sintomas clássicos. Por exemplo, os portadores de isquemia miocárdica podem queixar-se apenas de indigestão ou referir aumento da sensibilidade da parede torácica à palpação. Um alto índice de suspeita é importante ao se avaliar pacientes com dor torácica. No entanto, é possível realizar algumas distinções e generalizações.
A duração da dor pode fornecer indícios da gravidade da doença. A dor de longa duração (isto é, durante semanas ou meses) não constitui manifestação de doença que ponha a vida em risco imediatamente. Com frequência, essa dor tem origem musculoesquelética, embora seja necessário considerar a origem gastrointestinal ou cancerosa, especialmente em pacientes idosos. Da mesma forma, as dores breves (< 5 s), agudas e intermitentes raramente resultam de doenças graves. As últimas provocam tipicamente dor, que dura de minutos a horas, embora os episódios possam ser recorrentes (p. ex., a angina instável Angina instável Angina instável resulta de obstrução aguda de uma artéria coronária sem infarto do miocárdio. Os sintomas incluem desconforto torácico com ou sem dispneia, náuseas e diaforese. O diagnóstico... leia mais pode desencadear vários episódios de dor durante 1 ou mais dias).
A idade do paciente é útil para a avaliação da dor torácica. A dor torácica em crianças e adultos jovens (< 30 anos) tem menor probabilidade de ser decorrente de isquemia miocárdica, embora o infarto do miocárdio possa ocorrer em indivíduos entre 20 e 30 anos. Doenças musculoesqueléticas e pulmonares são causas mais comuns nessas faixas etárias.
A exacerbação e o alívio dos sintomas também são úteis para a avaliação da dor torácica. Embora a angina possa ser sentida em qualquer local entre a orelha e a região umbilical é clássica e consistentemente relacionada com o estresse físico ou emocional, isto é, os pacientes não desenvolvem angina após subir um lance de escadas em 1 dia e tolerar 3 lances no dia seguinte. A angina noturna é característica das síndromes coronarianas agudas Visão geral das síndromes coronarianas agudas (SCA) Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução aguda de uma artéria coronária. As consequências dependem do grau e local da obstrução e variam de angina instável a infarto do miocárdio... leia mais , insuficiência cardíaca Insuficiência cardíaca (IC) A insuficiência cardíaca é uma síndrome de disfunção ventricular. A insuficiência ventricular esquerda provoca falta de ar e fadiga; a insuficiência ventricular direita desencadeia acúmulo de... leia mais ou espasmo da artéria coronária.
A dor decorrente de muitas doenças, tanto graves como leves, pode ser exacerbada pela respiração, movimentação ou palpação do tórax. Esses achados não são específicos da origem na parede torácica, uma vez que cerca de 15% dos pacientes com infarto do miocárdio referem maior sensibilidade do tórax à palpação.
A nitroglicerina pode aliviar a dor decorrente de isquemia miocárdica e de espasmo da musculatura lisa não cardíaca (p. ex., doenças esofágicas ou biliares), por isso, sua eficácia ou ausência de efeito não deve ser utilizada para o diagnóstico.
Achados associados também podem sugerir a causa. A febre é inespecífica, mas, se acompanhada de tosse, sugere causa pulmonar. Pacientes com a síndrome de Raynaud Síndrome de Raynaud A síndrome de Raynaud é caracterizada pelo vasoespasmo de partes da mão em resposta ao frio ou estresse emocional, causando desconforto e alterações na coloração (palidez, cianose, eritema ou... leia mais ou enxaqueca Enxaqueca Enxaqueca é uma cefaleia primária episódica e crônica. Tipicamente os sintomas se manifestam por 4 a 72 horas e podem ser graves. A dor geralmente é unilateral, pulsátil, piora com o esforço... leia mais às vezes desenvolvem espasmo coronariano.
A existência ou a ausência de fatores de risco para doença coronariana Fatores de risco A doença coronariana envolve o comprometimento do fluxo sanguíneo através das artérias coronárias, mais frequentemente por ateromas. As manifestações clínicas envolvem isquemia silenciosa, angina... leia mais (p. ex., hipertensão Hipertensão Hipertensão é a elevação sustentada em repouso da pressão arterial sistólica (≥ 130 mmHg), diastólica (≥ 80 mmHg) ou de ambas. A hipertensão de causa desconhecida, classificada como primária... leia mais , hipercolesterolemia Dislipidemia Dislipidemia é elevação de colesterol e triglicerídeos no plasma ou a diminuição dos níveis de HDL (high-density lipoprotein) (HDL-C) que contribuem para a aterosclerose. As causas podem... leia mais , tabagismo, obesidade Obesidade A obesidade é um distúrbio crônico, multifatorial e recidivante, caracterizado pelo excesso de peso corporal e definido como um índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2. As complicações incluem... leia mais , diabetes Diabetes mellitus (DM) O diabetes mellitus caracteriza-se pela alteração da secreção de insulina e graus variáveis de resistência periférica à insulina, causando hiperglicemia. Os sintomas iniciais são relacionados... leia mais e antecedente familiar positivo) altera a probabilidade de doença coronariana de base, mas não ajuda a diagnosticar a causa de determinado episódio de dor torácica aguda. Os pacientes com esses fatores podem perfeitamente ter outra causa de dor torácica e aqueles sem estes podem ter síndrome coronariana aguda Visão geral das síndromes coronarianas agudas (SCA) Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução aguda de uma artéria coronária. As consequências dependem do grau e local da obstrução e variam de angina instável a infarto do miocárdio... leia mais . Entretanto, a doença coronariana conhecida em um paciente com dor torácica levanta a probabilidade desse diagnóstico como a causa (especialmente se o paciente descrever sintomas como “semelhante à minha angina” ou “semelhante ao meu último ataque cardíaco”). História de doença vascular periférica Doença arterial periférica Doença arterial periférica (DAP) é a aterosclerose de membros (quase sempre inferiores) que causa isquemia. A doença arterial periférica leve pode ser assintomática ou causar claudicação intermitente... leia mais também levanta a possibilidade de que angina seja a causa da dor torácica.
Exames
Para adultos com dor torácica aguda, devem-se excluir imediatamente as condições que põem a vida em risco. Inicialmente, a maioria dos pacientes deve ser submetida à oximetria de pulso, ao ECG Eletrocardiografia O ECG convencional fornece 12 diferentes incidências vetoriais da atividade elétrica do coração, refletidas pelas diferenças de potencial elétrico entre eletrodos negativos e positivos colocados... leia mais e à radiografia de tórax. Em pacientes com instabilidade hemodinâmica, uma ultrassonografia à beira do leito também pode ser útil na avaliação de possíveis causas potencialmente fatais. A ecocardiografia pode ser particularmente útil em identificar uma disfunção ventricular esquerda ou direita, evidências de sobrecarga de pressão do VD, patologia valvular, derrames pericárdicos e sinais de tamponamento pericárdico.
Se os sintomas sugerirem síndrome coronariana aguda Visão geral das síndromes coronarianas agudas (SCA) Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução aguda de uma artéria coronária. As consequências dependem do grau e local da obstrução e variam de angina instável a infarto do miocárdio... leia mais ou se nenhuma outra causa estiver definida (especialmente em pacientes sob risco), avaliam-se os níveis de troponina Marcadores cardíacos Síndromes coronarianas agudas resultam de obstrução aguda de uma artéria coronária. As consequências dependem do grau e local da obstrução e variam de angina instável a infarto do miocárdio... leia mais . Avaliação rápida é essencial porque, se houver infarto do miocárdio ou outra síndrome coronariana aguda, deve-se considerar cateterismo cardíaco urgente (quando disponível) para o paciente. Indica-se cateterismo imediato para pacientes com elevação do segmento ST ou no ECG ou com infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IMSST) causando hipotensão, arritmias ventriculares ou dor torácica persistente, apesar do tratamento médico ideal.
Alguns achados anormais nesses exames subsidiários confirmam o diagnóstico (p. ex., infarto agudo do miocárdio Infarto agudo do miocárdio (IAM) Infarto agudo do miocárdio é necrose miocárdica resultante de obstrução aguda de uma artéria coronária. Os sintomas incluem desconforto torácico com ou sem dispneia, náuseas e/ou diaforese.... leia mais , pneumotórax Pneumotórax Pneumotórax é ar na cavidade pleural, acarretando colapso pulmonar parcial ou completo. O pneumotórax pode ocorrer de modo espontâneo ou em virtude de pneumopatia subjacente, trauma ou procedimentos... leia mais ou pneumonia Visão geral da pneumonia A pneumonia é a inflamação aguda dos pulmões causada por infecção. Em geral, o diagnóstico inicial baseia-se em radiografia de tórax e achados clínicos. Causas, sintomas, tratamento, medidas... leia mais ). Outras alterações sugerem o diagnóstico ou, pelo menos, a necessidade de realizar investigação adicional (p. ex., o contorno aórtico anormal na radiografia de tórax sugere a necessidade de exame para o diagnóstico de dissecção da aorta torácica Dissecção da aorta Dissecção da aorta é a entrada de sangue por dilaceração da íntima aórtica, com separação da íntima e da média, bem como a criação de uma falsa luz (canal). A dilaceração da íntima pode ser... leia mais ). Assim, se os resultados desses exames iniciais forem normais, dissecção da aorta torácica, pneumotórax hipertensivo e ruptura esofágica são amplamente improváveis. Entretanto, nas síndromes coronarianas agudas, o ECG pode não se modificar durante várias horas ou, às vezes, em nenhum momento, e na embolia pulmonar a oxigenação pode ser normal. Portanto, pode ser necessária a obtenção de outros estudos com base nos achados da história clínica e do exame físico (ver tabela Algumas causas da dor torácica Algumas causas de dor torácica ).
Como um único conjunto de marcadores cardíacos, com resultado normal não exclui uma causa cardíaca, pacientes com sintomas que sugerem síndrome coronariana aguda devem ser submetidos a avaliações seriadas dos marcadores cardíacos e ECGs. Inicia-se o tratamento medicamentoso para a síndrome coronariana suspeita Fármacos para síndromes coronarianas agudas O tratamento das síndromes coronarianas agudas é projetado para aliviar angústia, interromper trombose, reverter isquemia, limitar tamanho do infarto, reduzir carga de trabalho cardíaco, bem... leia mais enquanto se aguardam os resultados do 2º exame dos níveis de troponina, a menos que exista nítida contraindicação. A tentativa diagnóstica com a administração de nitroglicerina sublingual ou de antiácido líquido por via oral não diferencia adequadamente isquemia miocárdica da doença de refluxo gastroesofágico ou gastrite. Ambos os fármacos podem aliviar os sintomas dessas doenças.
A troponina estará elevada em todas as síndromes coronarianas agudas, exceto angina instável em outras doenças que danificam o miocárdio (p. ex., miocardite Miocardite Miocardite é a inflamação do miocárdio com necrose dos miócitos cardíacos. Miocardite pode ter várias causas (p. ex., infecção, cardiotoxinas, fármacos e doenças sistêmicas como sarcoidose)... leia mais , pericardite Pericardite Pericardite é a inflamação do pericárdio, geralmente com acúmulo de líquido no espaço pericárdico. Pode ser causada por muitos distúrbios (p. ex., infecção, infarto do miocárdio, trauma, tumores... leia mais , dissecção da aorta Dissecção da aorta Dissecção da aorta é a entrada de sangue por dilaceração da íntima aórtica, com separação da íntima e da média, bem como a criação de uma falsa luz (canal). A dilaceração da íntima pode ser... leia mais que compromete o fluxo arterial coronariano, embolia pulmonar, insuficiência cardíaca e sepse grave). A creatinoquinase (CK) pode estar elevada em decorrência da lesão de qualquer tecido muscular, mas a elevação da CK-MB é específica da lesão miocárdica. No entanto, a troponina é o marcador padrão de lesão do miocárdio. Avanços nos testes de alta sensibilidade da troponina permitem uma avaliação seriada mais rápida de uma possível síndrome coronariana aguda. Com valor preditivo negativo melhorado, a troponina de alta sensibilidade também tem o potencial de diminuir a necessidade de testes adicionais em pacientes com biomarcadores negativos e demonstrou possibilitar que os pacientes tenham alta mais rapidamente (1 Referências sobre diagnóstico A dor torácica é uma queixa bastante comum. Muitos pacientes têm ciência de que ela é um aviso de possíveis doenças que põem a vida em risco e buscam esclarecimento para sintomas leves. Outros... leia mais ). Diretrizes recentes recomendam o uso de níveis normais de troponina e tomografia computadorizada coronariana negativa como uma estratégia confiável para excluir síndrome coronariana aguda em pacientes com dor torácica e sem sinais de alerta (2 Referências sobre diagnóstico A dor torácica é uma queixa bastante comum. Muitos pacientes têm ciência de que ela é um aviso de possíveis doenças que põem a vida em risco e buscam esclarecimento para sintomas leves. Outros... leia mais ). A alteração do segmento ST no ECG pode ser inespecífica ou decorrente de doenças anteriores, de maneira que a comparação com ECG prévio é importante. Alguns médicos complementam os exames iniciais (de modo agudo ou depois de vários dias) com ECG de esforço ou um método de imagem durante o esforço.
Se a EP (EP) é uma possibilidade, realiza-se o exame de dímero D em pacientes de risco baixo ou intermediário. A probabilidade de embolia pulmonar é influenciada por vários fatores clínicos, que podem ser utilizados para obter uma abordagem aos testes. Muitos desses fatores estão incluídos nos sistemas de classificação que ajudam a determinar a probabilidade de EP, como o Wells Scores System, o Revised Geneva Scating System e o Embolism Pulmonary Rule Out Criteria (PERC, 3–5 Referências sobre diagnóstico A dor torácica é uma queixa bastante comum. Muitos pacientes têm ciência de que ela é um aviso de possíveis doenças que põem a vida em risco e buscam esclarecimento para sintomas leves. Outros... leia mais ).
Nos pacientes com dor torácica crônica, condições que colocam a vida em risco imediatamente são improváveis. A maioria dos médicos solicita inicialmente a radiografia de tórax e outros exames subsidiários com base nos sinais e sintomas.
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Tratamento da dor
Tratam-se as doenças especificamente identificadas. Se a etiologia não for claramente benigna, habitualmente internam-se os pacientes em um hospital, em unidade de observação, para o monitoramento cardíaco e avaliação mais extensa. Trata-se a dor Visão geral da dor A dor é a causa mais comum da busca de cuidados médicos. Apresenta componentes sensoriais e emocionais e, geralmente, é classificada como aguda ou crônica. Em geral, a dor aguda está frequentemente... leia mais com paracetamol ou opioides conforme necessário, enquanto se aguarda o diagnóstico. A dor aliviada pelo tratamento com opioides não deve diminuir a urgência de excluir doenças graves que põem a vida em risco.
Se houver grande probabilidade de embolia pulmonar, deve-se administrar fármacos antitrombinos enquanto se busca o diagnóstico; outro êmbolo em um paciente que não está recebendo anticoagulantes pode ser fatal.
Fundamentos de geriatria: dor torácica
A probabilidade de doença grave e que coloca a vida em risco aumenta com a idade. Muitos pacientes idosos se recuperam mais lentamente que os jovens, mas sobrevivem por período significativo se diagnosticados e tratados adequadamente. As doses dos fármacos são, geralmente, mais baixas e é menor a rapidez do aumento progressivo da dose. Doenças crônicas (p. ex., doença renal crônica) geralmente estão presentes e podem complicar o diagnóstico e o tratamento.
Pontos-chave
Excluir condições que acarretam risco de vida imediato.
Algumas doenças graves, particularmente isquemia coronariana e embolia pulmonar, geralmente não têm uma manifestação “clássica”.
A maioria dos pacientes precisa ser submetida a oximetria, ECG, medição de marcadores cardíacos e radiografia de tórax.
A avaliação deve ser imediata de modo que os pacientes com infarto do miocárdio com elevação do segmento ST ou outros critérios para intervenção possam estar no centro de cateterismo cardíaco (ou serem submetidos à trombólise) dentro dos 90 minutos padrão.
Se houver grande probabilidade de EP, deve-se administrar fármacos antitrombinos enquanto se busca o diagnóstico; outro êmbolo em um paciente que não está recebendo anticoagulantes pode ser fatal.