Tomografia computadorizada (TC)

PorMustafa A. Mafraji, MD, Rush University Medical Center
Reviewed ByWilliam E. Brant, MD, University of Virginia
Revisado/Corrigido: modificado set. 2025
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Visão Educação para o paciente

Na tomografia computadorizada (TC), uma fonte e um tubo detector de raios X contidos dentro de um equipamento em forma de uma rosca se movem circularmente ao redor do paciente, que permanece deitado em uma mesa motorizada que se movimenta dentro da máquina. Os dados dos detectores essencialmente representam uma série de radiografias obtidas em múltiplos ângulos ao redor do paciente. As imagens não são visualizadas diretamente, mas são enviadas a um computador, que rapidamente as converte em imagens 2-D (tomogramas) representando a seção do corpo em qualquer plano desejado. Os dados também podem ser utilizados para construir imagens 3-D.

A TC multidetectora (TCMD) geralmente tem múltiplas fileiras de detectores, com o número dependendo do modelo específico e geração, variando de 4 a 320 detectores, com alguns modelos avançados apresentando até 640 detectores. Tomógrafos com mais fileiras de detectores são geralmente preferidos, pois permitem varreduras mais rápidas e imagens de maior resolução, especialmente importantes para o estudo do coração e dos órgãos abdominais. A TCMD opera por meio da rotação de um tubo de raios X ao redor do paciente, enquanto múltiplas fileiras de detectores capturam os raios que atravessam o corpo. À medida que o paciente se move através do scanner, é gerado um movimento em espiral que permite a aquisição contínua de dados. Isso resulta em exames mais rápidos e maior detalhamento das imagens do que os sistemas de TC tradicionais. Um computador processa os dados capturados e os reconstrói em cortes transversais, que podem ser visualizados em 2 e 3 dimensões. A TCMD é amplamente utilizada para obtenção de imagens do coração, vasos sanguíneos e abdome, e para examinar pacientes com trauma, devido à sua rapidez e às imagens de alta resolução.

Os mesmos conceitos das imagens de tomografias podem ser aplicados aos mapeamentos radioisotópicos, nos quais os sensores da radiação emitida circulam o paciente e técnicas de computação convertem os dados dos sensores em imagens tomográficas; exemplos disso são a TC com emissão de fóton único (SPECT) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET).

Usos da TC

A TC oferece uma diferenciação melhor entre as várias densidades de tecidos moles do que radiografias. Por oferecer mais informações, a TC é preferida aos raios X convencionais para o estudo da maioria das estruturas intracranianas, de cabeça e pescoço, da coluna vertebral, intratorácicas e intra-abdominais. As imagens de três dimensões de lesões podem auxiliar cirurgiões no planejamento da cirurgia.

A TC é o exame mais preciso para detectar e localizar cálculos urinários.

A TC pode ser realizada com e sem contraste intravenoso.

Utiliza-se TC sem contraste:

  • Para detectar hemorragia cerebral aguda, nefrolitíase e nódulos pulmonares

  • Para caracterizar as fraturas ósseas e outras alterações esqueléticas

Utiliza-se contraste intravenoso:

O contraste oral ou, ocasionalmente, retal é utilizado para imagens abdominais; algumas vezes são utilizados gases para distender o trato gastrointestinal (GI) inferior e torná-lo mais visível. O contraste no trato gastrointestinal auxilia a distinção entre o intestino e as estruturas adjacentes. O contraste oral convencional é o bário, mas pode-se utilizar contraste iodado de baixa osmolaridade em caso de suspeita de perfuração intestinal.

Variações da TC

Colonoscopia virtual e enterografia por TC

Colonoscopia virtual (colonografia por TC) é uma alternativa à colonoscopia convencional. Na colonoscopia virtual, administra-se contraste oral e introduz-se ar no reto por meio de um catéter flexível de fino calibre; em seguida, realiza-se tomografia computadorizada de todo o colo. A colonoscopia por TC produz imagens tridimensionais de alta resolução do cólon que simulam de perto os detalhes e a aparência da colonoscopia óptica. A técnica pode mostrar pólipos e pequenas lesões mucosas no colo (de até 5 mm).

A colonoscopia virtual é mais confortável do que a colonoscopia convencional e não exige sedação consciente. Fornece imagens mais claras e mais detalhadas do que uma série do trato intestinal baixo convencional e pode revelar massas em tecidos moles. Todo o colo é visualizado durante a colonoscopia virtual, enquanto, diferentemente, com a colonoscopia convencional, o colo direito é visualizado de forma incompleta em aproximadamente 1 em 10 pacientes.

As desvantagens da colonoscopia virtual são:

  • Incapacidade de biopsiar os pólipos no momento do exame, e assim a necessidade de uma colonoscopia convencional de seguimento para obter amostras de tecido se um pólipo for encontrado

  • Exposição à radiação

A enterografia por TC é semelhante, mas fornece imagens do estômago e de todo o intestino delgado. Administra-se um grande volume de agente de contraste oral de baixa densidade (p. ex., 1.300 a 2.100 mL de sulfato de bário a 0,1%) para distender todo o intestino delgado; o uso de contraste neutro ou de baixa densidade ajuda a mostrar detalhes da mucosa intestinal que podem ser obscurecidos pelo uso de contraste mais radiopaco. A enterografia por TC muitas vezes exige o uso de contraste IV. São feitos cortes finos por TC de alta resolução de todo o abdome e da pelve. Essas imagens são reconstruídas em vários planos anatômicos, formando reconstruções 3-D.

A única vantagem da enterografia por TC é na

A enterografia por TC também pode ser utilizada para detectar outras doenças intestinais, incluindo:

  • Lesões com obstrução do intestino delgado

  • Tumores

  • Abscessos

  • Fístulas

  • Fontes de sangramento

TC pielografia intravenosa ou TC urografia

O contraste IV é injetado para produzir imagens detalhadas dos rins, dos ureteres e da bexiga. O contraste IV concentra-se nos rins, sendo excretado nas estruturas de coleta renal, nos ureteres e na bexiga. Múltiplas imagens por TC são obtidas em intervalos de tempo distintos, produzindo imagens de alta resolução do trato urinário durante a máxima opacificação com meio de contraste.

A urografia por TC substituiu a urografia excretora IV convencional na maioria das instituições.

Angiografia por TC

Após uma injeção rápida em bolus de contraste intravenoso, são obtidos cortes finos rapidamente, na medida em que o contraste opacifica as artérias e as veias. Técnicas de computação gráfica são utilizadas para remover imagens dos tecidos moles subjacentes e fornecer imagens altamente detalhadas dos vasos sanguíneos, similares às da angiografia convencional.

A angiotomografia é uma alternativa segura e menos invasiva à angiografia convencional.

Desvantagens da TC

A TC é responsável pela maior parte de exposição à radiação nos pacientes coletivamente. O risco de exposição à radiação versus o benefício do exame deve sempre ser considerado. A exposição à radiação é particularmente alta quando múltiplos exames são realizados, o que expõe o paciente a risco potencial (ver Riscos da radiação médica). Pacientes com cálculos urinários recidivantes ou que sofreram trauma importante têm maior probabilidade de serem expostos a múltiplas TC. A dose de radiação efetiva de uma tomografia computadorizada de abdome e pelve equivale a aproximadamente 385 radiografias de tórax em incidência única.

TC deve utilizar a menor dose de radiação possível. Os modernos aparelhos de TC e protocolos de imagem revisados reduziram drasticamente a exposição à radiação por TC. Estão sendo investigados protocolos para avaliar o uso de doses de radiação ainda mais baixas em determinados exames de TC e para certas indicações; em alguns casos, essas doses seriam comparáveis à radiação de raios X.

Algumas vezes TCs utilizam contraste intravenoso, que tem certos riscos (ver Meios de contraste radiológicos e reações a contrastes). Mas o contraste oral e retal também tem riscos, como:

  • O bário, administrado por via oral ou retal, pode extravasar do lúmen do trato gastrointestinal perfurado ou altamente inflamado. O bário extravasado pode induzir inflamação grave na cavidade peritoneal. Nos casos de suspeita de perfuração intestinal utiliza-se meios de contraste oral iodados.

  • Meios de contraste iodados, se aspirados, podem induzir pneumonite química grave.

  • O bário, se retido no trato intestinal, pode se tornar espesso e endurecido, potencialmente causando obstrução intestinal.

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