História
Vários são os sintomas que podem aparecer, mas poucos são específicos das hepatopatias:
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Sintomas gerais não específicos incluem fadiga, anorexia, náuseas e, de maneira ocasional, vômitos, principalmente em doenças graves.
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Esteatorreia (perda de gordura nas fezes) pode ocorrer quando a colestase impede que a quantidade de bile suficiente atinja o trato digestivo. Pacientes com esteatorreia apresentam risco de deficiência das vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K). Consequências clínicas comuns são sangramento e osteoporose.
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Febre pode acontecer em hepatites virais ou alcoólicas.
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O sintoma mais característico das hepatopatias é a icterícia, acontecendo tanto em disfunções hepatocitárias quanto em distúrbios colestáticos. É frequentemente acompanhada de urina escura e fezes de coloração clara.
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Dor no hipocôndrio direito do abdome sugere distensão (p. ex., congestão venosa ou tumores) ou inflamação da cápsula hepática.
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Pode resultar em disfunção erétil e feminização, embora esses sintomas possam ser mais diretamente relacionados com o consumo de álcool do que com a doença hepática.
(Ver também Estrutura e função hepáticas.)
Fatores de risco de hepatopatias
Categoria |
Fatores de risco |
Adquirida |
Uso de álcool Transfusão de hemoderivados (especialmente antes de 1992)* Piercing* Drogas (prescritas ou não) e produtos derivados de ervas Exposição a outras toxinas hepáticas Exposição à hepatite* Picadas de agulha* Uso de drogas injetáveis* Consumo de ostras* Tatuagens* |
Familiar |
História familiar de doenças como colangite biliar primária, hemocromatose, doença de Wilson ou deficiência de alfa-1-antitripsina |
*Esses fatores aumentam especialmente o risco de hepatite, bem como o risco de doenças hepáticas em geral. |
História familiar, história social e uso de fármacos e substâncias podem ser fatores indicativos de doenças hepáticas ( Fatores de risco de hepatopatias).
Exame físico
Anormalidades detectáveis durante um exame físico geralmente não aparecem até uma fase avançada da doença hepática. Alguns achados comuns podem sugerir uma causa ( Interpretação de alguns achados de exame físico).
Interpretação de alguns achados de exame físico
Achados |
Possíveis causas |
Comentários |
Alterações hepáticas |
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Hepatomegalia |
Hepatite aguda Congestão venosa passiva Hemorragia hepática (dentro de um cisto ou do parênquima) Câncer metastático Obstrução biliar |
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Massa palpável |
Câncer |
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Fígado endurecido, superfície irregular, bordos rombos e palpação de nódulos individualizados, se houver. |
— |
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Dor |
Congestão passiva Hemorragia hepática Câncer Obstrução do fluxo hepático |
Em razão da ansiedade do paciente, é geralmenteexageradamente diagnosticado Dor hepática verdadeira: mais bem definida pela dor à compressão ou percussão do gradeado costal Ocasionalmente, se intensa, pode simular irritação peritoneal |
Frêmito ou sons de atrito junto aos arcos costais (raros) |
Tumor |
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Alterações extra-hepáticas |
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Ascite |
Hepatite alcoólica, se crônica ou grave Obstrução das veias hepáticas Carcinomatose peritoneal Retenção hídrica generalizada (p. ex., insuficiência cardíaca, síndrome nefrótica, hipoalbuminemia) |
Tipicamente abdome distendido, tenso e com sinal de ondas líquidas (piparote) Pode não ser detectável se o volume < 1.500 mL |
Veias abdominais visíveis e dilatadas (cabeça de medusa) |
Hipertensão portal Obstrução de veia cava inferior Obstrução das veias hepáticas |
— |
Esplenomegalia |
Hipertensão portal Cirrose não alcoólica Distúrbios esplênicos |
— |
Asterix (flapping) |
Uremia Insuficiência cardíaca, se for grave |
Incapacidade de manter tônus gerando tremor não sincrônico bilateral à dorsoflexão forçada das mãos com os membros superiores estendidos |
Hálito hepático |
Encefalopatia portossistêmica ou presença de derivação |
Odor doce e picante |
Tontura e confusão mental |
Encefalopatia portossistêmica Fármacos Distúrbios encefálicos ou sistêmicos |
Inespecífico |
Extremidades magras e abdome protruso com ascite (estereótipo cirrótico) |
Cirrose se avançada Câncer com metástases peritoneais, se avançado |
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Cirrose alcoólica Fármacos Doenças hipofisárias, endócrinas, genéticas e sistêmicas |
Atrofia testicular, disfunção erétil, infertilidade e perda de libido |
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Em homens, ginecomastia, perda de pelos axilares ou no peito e feminização dos pelos pubianos |
Cirrose Abuso alcoólico, se crônico Fármacos Distúrbios endócrinos |
Ginecomastia deve ser diferenciada da pseudoginecomastia (em homens obesos) pelo exame físico |
Ginecomastia e atrofia testicular |
Cirrose Abuso alcoólico, se crônico Distúrbios endócrinos ou hipofisários |
— |
Cirrose Feminização (em homens) Gestação Desnutrição, se grave Abuso alcoólico, se crônico (possível) |
Após compressão, o fluxo é dirigido à periferia (para fora da lesão) Possível aumento do risco de cirrose grave e hemorragia varicosa se o número de aranhas vasculares aumentar Pode ocorrer em indivíduos normais (geralmente < 3) |
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Eritema palmar |
Cirrose Feminização (em homens) Gestação Artrite reumatoide Cânceres hematológicos Abuso alcoólico, se crônico (possível) |
Em geral, mais óbvio nas eminências tenar e hipotenar |
Em cirróticos, baqueteamento de dedos |
Possível desvio portossistêmico avançado ou cirrose biliar Pneumopatia, se crônica Cardiopatia cianótica Infecção (p. ex., endocardite infecciosa), se crônica |
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Hiperbilirrubinemia causada por condições como distúrbios hepáticos, biliares e hemolíticos, uso de certos fármacos ou erros inatos do metabolismo |
Visível quando o nível de bilirrubina é > 2 a 2,5 mg/dL (> 34 a 43 μmol/L) Afeta a esclera (diferentemente da carotenemia) |
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Alterações na pigmentação da pele, escoriações causadas por prurido constante e xantomas ou xantelasmas (depósitos cutâneos de lipídios) |
Colestase (inclusive colangite biliar primária), se crônica |
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Aumento da glândula parótida |
Alcoolismo, se crônico (frequentemente presente na cirrose alcoólica) |
— |
Coloração acinzentada ou bronzeada da pele |
Hemocromatose com deposição de ferro e melanina |
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Cirrose alcoólica Alcoolismo, se crônico Tabagismo Movimentos ou vibração repetitivos |
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Exames
Exames para doenças hepáticas e biliares, incluindo exames de sangue, imagem e, às vezes, biópsia do fígado, desempenham um papel de destaque no diagnóstico das doenças hepáticas. Alguns exames, principalmente aqueles que refletem a bioquímica e a excreção hepática, geralmente apresentam baixa sensibilidade e especificidade quando considerados de maneira isolada. Uma combinação de exames, em geral, frequentemente define de forma mais correta a causa e a intensidade da doença.