Fadiga

PorMichael R. Wasserman, MD, California Association of Long Term Care Medicine (CALTCM)
Reviewed ByGlenn D. Braunstein, MD, Cedars-Sinai Medical Center
Revisado/Corrigido: fev. 2025 | modificado abr. 2025
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Visão Educação para o paciente

Fadiga é dificuldade de iniciar e sustentar uma atividade devido à falta de energia e é acompanhada pelo desejo de descansar. A fadiga é normal após esforço físico, estresse prolongado e privação de sono.

Fadiga ocorre na maioria das vezes como parte de um conjunto de sintomas, mas, mesmo quando é o único ou o principal sintoma, a fadiga é um dos sintomas mais comuns.

A fadiga pode ser classificada em categorias temporais:

  • Fadiga recente: duração < 1 mês

  • Fadiga prolongada: duração de 1 a 6 meses

  • Fadiga crônica: duração > 6 meses

Encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica é uma manifestação da fadiga crônica. Doença da intolerância sistêmica ao esforço é outro termo utilizado para descrever essa condição (1). Pacientes com covid-19 também podem ter sintomas, incluindo fadiga, que duram semanas ou até meses (conhecida como síndrome pós-covid-19, covid longa ou covid de longa duração) e tem uma sobreposição significativa com a fadiga pós-viral (também chamada de síndrome da fadiga pós-viral) e síndrome da fadiga crônica (2).

Os pacientes podem se referir a certos outros sintomas como fadiga; uma anamnese cuidadosa pode ajudar a diferenciar a fadiga de outros sintomas, incluindo:

  • Fraqueza, um sintoma do sistema nervoso ou distúrbios musculares, é força insuficiente da contração dos músculos ao esforço máximo. Doenças como a miastenia gravis e a síndrome de Eaton-Lambert podem provocar fraqueza simulando fadiga.

  • A dispneia aos esforços, sintoma precoce de doença cardiopulmonar, pode diminuir a tolerância a exercícios, simulando fadiga. Sintomas respiratórios geralmente podem ser identificados por meio de uma anamnese criteriosa.

  • A sonolência, sintoma dos transtonos que causam privação do sono (p. ex., rinite alérgica, refluxo esofágico, doenças musculoesqueléticas dolorosas, apneia do sono, doenças crônicas graves) é um desejo forte incomum de dormir. Bocejos e sonolência durante o dia são comuns. Os pacientes geralmente sabem a diferença entre sonolência e fadiga. No entanto, a privação da fase de sono profundo, sem a fase de movimento rápido dos olhos, pode causar dores musculares e fadiga, e muitos pacientes com fadiga têm comprometimento do sono, assim a diferenciação entre a fadiga e a sonolência pode ser difícil.

Referências

  1. 1. Committee on the Diagnostic Criteria for Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome; Board on the Health of Select Populations; Institute of Medicine. Beyond Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome: Redefining an Illness. Washington (DC): National Academies Press (US); February 10, 2015.

  2. 2. Unger ER, Lin JS, Wisk LE, et al. Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome After SARS-CoV-2 Infection. JAMA Netw Open. 2024;7(7):e2423555. Publicado em 2024 Jul 1. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.23555

Etiologia da fadiga

Doenças mais graves (e muitas doenças leves) agudas e crônicas produzem fadiga. No entanto, muitas dessas doenças têm outras manifestações mais proeminentes (p. ex., dor, tosse, febre, icterícia) como queixa inicial. Esta discussão se concentra nas doenças que podem se manifestar principalmente como fadiga (1).

Os distúrbios mais comuns que se manifestam predominantemente como fadiga recente (com duração < 1 mês) são

As causas mais comuns que se manifestam predominantemente como fadiga prolongada (com duração de 1 a 6 meses) são

As causas mais comuns que se manifestam predominantemente como fadiga crônica (com duração > 6 meses) são

Vários fatores comumente causam ou contribuem para a fadiga como a principal queixa, geralmente a fadiga prolongada ou crônica (ver tabela Alguns fatores que comumente contribuem para a fadiga prolongada ou crônica).

Tabela
Tabela

Referências sobre etiologia

  1. 1. Raizen DM, Mullington J, Anaclet C, et al. Beyond the symptom: the biology of fatigue. Sleep. 2023;46(9):zsad069. doi:10.1093/sleep/zsad069

  2. 2. Hanson MR. The viral origin of myalgic encephalomyelitis/chronic fatigue syndrome. PLoS Pathog. 2023;19(8):e1011523. Publicado em 2023 Ago 17. doi:10.1371/journal.ppat.1011523

Avaliação da fadiga

A fadiga pode ser altamente subjetiva. Os pacientes variam no que consideram ser fadiga e como a descrevem, e há poucas maneiras de confirmar objetivamente a fadiga ou determinar sua gravidade. A anamnese e o exame físico se concentram na identificação de manifestações sutis de doença subjacente (particularmente infecção, doenças endócrinas e reumatológicas, anemia e depressão) que podem ser utilizados para orientar os exames complementares.

História

A história da doença atual inclui perguntas abertas sobre o que é "fadiga", prestando atenção a descrições que podem sugerir dispneia aos esforços, sonolência ou fraqueza muscular. Deve-se obter as relações entre fadiga, atividade, repouso e sono, assim como o início, período de tempo e padrão, e fatores que agravam ou melhoram a fadiga.

A revisão dos órgãos e sistemas deve ser detalhada porque as potenciais causas de fadiga são numerosas e variadas. Os sintomas inespecíficos importantes são febre, perda ponderal e sudorese noturna (possivelmente sugerindo câncer, doença reumatológica ou infecção). A história de menstruação deve ser obtido em mulheres em idade fértil. Se a causa não for evidente, os pacientes devem preencher questionários de rastreamento para condições de saúde mental (p. ex., depressão, ansiedade, transtorno por uso de substâncias, transtornos somatoformes), bem como para violência doméstica.

A história clínica deve abordar distúrbios conhecidos. A história completa do uso de medicamentos deve compreender os medicamentos de venda sob prescrição médica, os de venda livre e as drogas recreativas.

A história social deve descrever a alimentação, o uso de drogas e álcool, e o efeito da fadiga na qualidade de vida, no trabalho e nos relacionamentos sociais e familiares.

Exame físico

Verificam-se os sinais vitais para detectar febre, taquicardia, taquipneia e hipotensão (especialmente ortostática).

O exame físico deve ser particularmente abrangente, com ectoscopia e exame cardiovascular, pulmonar, abdominal, de cabeça e pescoço, mamas, reto (incluindo toque retal e teste de sangue oculto), genital, fígado, baço, linfonodos, articulações e pele.

O exame neurológico deve englobar, no mínimo, testes do estado mental, pares cranianos, humor, afeto, força, tônus e massa muscular, reflexos e marcha.

Se a fadiga é de início recente, um exame focalizado geralmente revelará a causa. Se a fadiga for crônica, é menos provável que o exame revele a causa; no entanto, um exame físico completo pode ser útil para o diagnóstico e é uma maneira importante de construir um relacionamento com o paciente.

Sinais de alerta

  • Perda ponderal crônica

  • Febre ou sudorese noturna crônica

  • Linfadenopatia generalizada

  • Fraqueza muscular ou dor

  • Sintomas graves não relacionados à fadiga (p. ex., hemoptise, hematêmese, dispneia grave, ascite, confusão ou ideação suicida)

  • Envolvimento de > 1 sistema de órgãos (p. ex., exantema e artrite)

  • Cefaleia nova ou diferente ou perda de visão, particularmente com dores musculares, em um adulto mais velho sugerem polimialgia reumática e/ou arterite de células gigantes.

Interpretação dos achados

Em geral, é mais provável que a causa seja encontrada quando a fadiga for um dentre muitos sintomas do que quando a fadiga for o único sintoma. A fadiga que piora com a atividade e diminui com o repouso sugere uma condição médica geral. A fadiga constante que não melhora com repouso, particularmente com episódios ocasionais de energia, pode indicar algum transtorno de saúde mental.

Na ausência de sinais de alerta, anamnese completa, exame físico e exames laboratoriais de rotina (além de exames direcionados aos achados específicos — ver Interpretação de achados específicos na avaliação da fadiga) devem ser suficientes para uma avaliação inicial. Se os resultados dos exames forem negativos, geralmente convém adotar uma conduta expectante; se a fadiga piorar ou aparecerem outros sinais e sintomas, o paciente é reavaliado.

Pode-se considerar várias causas para os pacientes com fadiga prolongada ou crônica e selecionar outros achados clínicos comuns ou específicos.

Tabela
Tabela

Exames

O exame deve ser voltado às causas suspeitas com base nos achados clínicos. Se nenhuma causa for evidente ou suspeita com base nos achados clínicos, é improvável que exames laboratoriais revelem alguma causa. Ainda assim, muitos médicos recomendam estes exames:

  • Hemograma completo (HC)

  • Ferritina

  • Velocidade de hemossedimentação (velocidade de hemossedimentação)

  • Hormônio tireoestimulante (TSH)

  • Bioquímica sérica, incluindo eletrólitos, glicose, cálcio e testes da função renal e hepática

Recomenda-se creatinoquinase (CK) se houver dor ou fraqueza muscular. Recomendam-se testes para HIV e testes para tuberculose com colocação de derivado de proteína purificada (DPP) ou ensaios de liberação de interferon-gama se o paciente tiver fatores de risco. Recomenda-se radiografia de tórax se tosse ou dispneia está presente. Outros exames, como para investigar infecção ou deficiência imunológica, só são recomendados se houver resultados clínicos sugestivos.

O diagnóstico de encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica/doença da intolerância sistêmica ao esforço requer critérios diagnósticos específicos.

Tratamento da fadiga

O tratamento para diminuir a fadiga é direcionado à causa.

O tratamento de pacientes com encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica/doença da intolerância sistêmica ao esforço e fadiga idiopática crônica é semelhante. Devem ser informados claramente de que a etiologia é atualmente desconhecida. O sucesso do tratamento é maior quando o profissional de saúde demonstra paciência, evita julgamentos e reconhece os efeitos reais da fadiga na vida do paciente.

Não existem tratamentos farmacológicos aprovados para encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica/doença da intolerância sistêmica ao esforço; contudo, isso não deve diminuir o potencial futuro dos tratamentos (1). Tratamentos não farmacológicos incluem fisioterapia (p. ex., terapia de exercícios graduados) e suporte psicológico (p. ex., terapia cognitivo-comportamental). Concentrar-se em melhorar o sono e aliviar a dor também pode ajudar. Os objetivos terapêuticos são o retorno ao trabalho e a manutenção dos níveis de atividade normais.

Referência sobre tratamento

  1. 1. Seton KA, Espejo-Oltra JA, Giménez-Orenga K, et al. Advancing Research and Treatment: An Overview of Clinical Trials in Myalgic Encephalomyelitis/Chronic Fatigue Syndrome (ME/CFS) and Future Perspectives. J Clin Med. 2024;13(2):325. Publicado em 2024 Jan 6. doi:10.3390/jcm13020325

Fundamentos de geriatria: fadiga

A fadiga geralmente é o primeiro sintoma de um distúrbio em idosos e não deve ser ignorada como parte do envelhecimento normal. Por exemplo, o primeiro sintoma de pneumonia em idosos pode ser fadiga em vez de sintomas pulmonares. O primeiro sintoma de outras doenças, como arterite de células gigantes, também pode ser fadiga em um adulto mais velho. Como uma doença grave pode tornar-se aparente logo após um quadro de fadiga de início súbtito em pacientes idosos, sua causa deve ser determinada o mais rapidamente possível.

Pontos-chave

  • A fadiga é um sintoma comum.

  • A fadiga causada principalmente por uma condição médica geral costuma aumentar com a atividade e diminui com o repouso.

  • Os exames laboratoriais não ajudam muito na ausência de achados clínicos sugestivos.

  • O tratamento bem-sucedido da fadiga crônica é mais provável se o profissional de saúde for paciente e compreensivo.

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