Anormalidades cromossômicas são alterações genéticas envolvendo o número ou estrutura dos cromossomos. Essas anormalidades causam várias disfunções. As anomalias que afetam os autossomos (os 22 pares de cromossomos que são iguais em homens e mulheres) são mais comuns do que as que afetam os cromossomos sexuais (X e Y) (1).
Anormalidades numéricas podem envolver uma parte ou todo o cromossomo.
As anomalias numéricas incluem:
Trissomia (um cromossomo extra)
Monossomia (um cromossomo ausente)
As anormalidades estruturais incluem:
Translocações (anomalias nas quais um cromossomo inteiro ou um segmento de cromossomos se ligam inapropriadamente a outros cromossomos)
Deleções e duplicações de várias partes cromossômicas
Terminologia
Alguns termos específicos do campo da genética são importantes para descrever as anomalias cromossômicas:
Aneuploidia: a anomalia cromossômica mais comum, causada por um cromossomo extra ou ausente.
Cariótipo: conjunto completo dos cromossomos nas células de um indivíduo.
Genótipo: constituição genética determinada pelo cariótipo.
Fenótipo: os achados clínicos do indivíduo, incluindo a aparência externa — a composição bioquímica, fisiológica e física determinada pelo genótipo e por fatores ambientais (ver Princípios gerais de genética médica).
Mosaicismo: presença de ≥ 2 linhagens de células que diferem em termos de genótipo em uma pessoa que se desenvolveu a partir de um único óvulo fertilizado.
Referência geral
1. Suciu N, Plaiasu V. A time stamp comparative analysis of frequent chromosomal abnormalities in Romanian patients. J Matern Fetal Neonatal Med. 2014;27(1):1-6. doi:10.3109/14767058.2013.794215
Diagnóstico das anomalias cromossômicas
Análise cromossômica (cariotipagem)
Bandagem
Hibridização fluorescente in situ (Fluorescent in situ hybridization [FISH])
Análise cromossômica por microarranjo (hibridização genômica por arranjo comparativo)
(Ver também Tecnologias de sequenciamento de última geração.)
Anormalidades cromossômicas maiores são visíveis no nível microscópico (p. ex., em um cariótipo) comparadas a microdeleções, microduplicações e defeitos de gene único (como inserções, deleções, inversões ou substituições de pares de bases), que requerem testes mais especializados. A mitose é o foco de análise em muitos estudos cromossômicos porque produz células somáticas com um cromossomo diploide conspícuo, onde anormalidades são facilmente visualizadas. As fases da mitose em ordem cronológica são prófase, prometáfase, metáfase (onde os cromossomos estão mais condensados), anáfase e telófase.
Análise cromossômica geralmente envolve o uso de linfócitos, exceto no período pré-natal, quando são utilizados amniócitos ou células da vilosidade coriônica placentária (ver Amniocentese e Biópsia da vilosidade coriônica). A análise do cariótipo envolve o bloqueio das células em mitose, durante a metáfase, e a coloração dos cromossomos condensados. Os cromossomos de células isoladas são fotografados com sistemas de captura de imagem digital, e suas imagens são arranjadas, formando o cariótipo.
Várias técnicas são utilizadas para melhor delinear os cromossomos:
No bandeamento clássico (p. ex., bandeamento G [Giemsa], bandeamento Q [fluorescente] e bandeamento C), um corante é utilizado para corar faixas nos cromossomos.
Análise cromossômica de alta resolução utiliza métodos de cultura especial para obter altas porcentagens de coberturas de prófase e prometafase. Devido à predominância das fases de prófase e prometáfase, os cromossomos ficam menos condensados do que na análise metafásica de rotina, e o número de bandas identificáveis aumenta, permitindo uma análise do cariótipo mais sensível.
A análise da cariotipagem espectral (também chamada de quadro cromossômico) utiliza técnicas de hibridização fluorescente in situ (FISH) multicolorida específica para cromossomos que melhoram a visibilidade de certos defeitos, incluindo translocações e inversões.
A análise cromossômica por microarranjo (ACM), também chamada hibridização genômica comparativa (aCGH) é uma técnica de passo único que permite que o genoma inteiro seja mapeado para anormalidades na dosagem cromossômica, incluindo aumentos (duplicações) ou diminuições (deleções), que também podem sugerir uma translocação não balanceada. A análise por microarranjos de polimorfismo de nucleotídeo único (PNU) é um tipo de análise cromossômica por microarranjo que tem a capacidade adicional de detectar regiões de homozigose, que pode ser observada em casos em que os pais compartilham ancestralidade comum (consanguinidade), e também quando há dissomia uniparental (isto é, ambas as cópias de um cromossomo, ou parte de um cromossomo, são herdadas de um dos pais, em vez de 1 cópia da mãe e 1 cópia do pai). É importante observar que a ACM não detecta rearranjos equilibrados (p. ex., translocações, inversões) que não estão associados a deleções ou duplicações.
Rastreamento
Métodos de rastreamento pré-natal não invasivos (NIPS) são utilizados para testes de triagem genética pré-natal (1). Esses métodos envolvem a obtenção de sequências do DNA fetal livre de células de uma amostra de sangue materno são principalmente da trissomia do 21 (síndrome de Down), trissomia do 13, trissomia do 18 e aneuploidia do cromossomo sexual. O RPNI também foi utilizado como um teste de rastreamento para as síndromes de microdeleção comuns (p. ex., deleção 22q11). A sensibilidade e especificidade da TPNI variam para diferentes anormalidades cromossômicas. É recomendado que qualquer anomalia detectada com RPNI seja confirmada com um teste diagnóstico.
Referência sobre rastreamento
1. American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Practice Bulletins—Obstetrics; Committee on Genetics; Society for Maternal-Fetal Medicine. Screening for fetal chromosomal abnormalities: ACOG Practice Bulletin, Number 226. Obstet Gynecol. 2020;136(4):e48-e69. doi:10.1097/AOG.0000000000004084
