(Ver também Visão geral das valvopatias Visão geral das valvopatias cardíacas Qualquer valva cardíaca pode se tornar estenosada ou insuficiente (também chamada regurgitante ou incompetente), provocando alterações hemodinâmicas muito antes dos sintomas. Com mais frequência... leia mais .)
Etiologia da estenose pulmonar
A estenose pulmonar é mais frequentemente congênita e afeta predominantemente crianças; a estenose pode ser valvar ou localizar-se logo abaixo da valva na via de saída (infundibular). Comumente é um componente da tetralogia de Fallot Tetralogia de Fallot A tetralogia de Fallot consiste em 4 anomalias: grande defeito do septo ventricular, obstrução da via de saída do ventrículo direito, estenose da valva pulmonar, hipertrofia ventricular direita... leia mais .
As causas menos comuns incluem síndrome de Noonan Hipogonadismo primário (síndrome familiar semelhante à síndrome de Turner, mas sem defeitos cromossômicos) e síndrome carcinoide Síndrome carcinoide A síndrome carcinoide ocorre em alguns pacientes com tumores carcinoides, caracterizando-se por rubor cutâneo, cólicas abdominais e diarreia. Pode ocorrer doença valvar cardíaca direita após... leia mais em adultos.
Sinais e sintomas da estenose pulmonar
Muitas crianças com estenose pulmonar permanecem assintomáticas durante anos e não procuram atenção médica até a idade adulta. Mesmo os adultos podem permanecer assintomáticos. Quando há desenvolvimento dos sintomas de estenose pulmonar, eles assemelham-se aos da estenose aórtica Estenose aórtica Estenose aórtica (EA) é o estreitamento da valva aórtica, obstruindo o fluxo sanguíneo do ventrículo esquerdo para a aorta ascendente durante a sístole. As causas compreendem valva bicúspide... leia mais (síncope, angina e dispneia).
Os sinais visíveis e palpáveis refletem os efeitos da hipertrofia do ventrículo direito (VD) e incluem proeminência da onda a na veia jugular (decorrente da contração atrial vigorosa contra um ventrículo direito hipertrofiado), impulso ou levantamento precordial do ventrículo direito e frêmito sistólico paraesternal esquerdo no 2º espaço intercostal.
Ausculta
Alargamento da 2ª bulha cardíaca (B2) e componente pulmonar tardio da B2 (P2)
Sopro de ejeção intenso em crescendo-decrescendo
À ausculta, a 1ª bulha cardíaca (B1) está normal e a divisão normal da B2 é ampliada por causa da ejeção pulmonar prolongada (P2 está atrasado). Na insuficiência e hipertrofia do ventrículo direito, B3 e B4 raramente são auscultadas na região paraesternal esquerda do 4º espaço intercostal. O clique na estenose pulmonar congênita parece resultar da tensão anormal da parede ventricular. O clique ocorre precocemente na sístole (muito próximo da B2) e não é influenciado por alterações hemodinâmicas. O sopro de ejeção rude, em crescendo-decrescendo é audível e auscultado melhor na região paraesternal esquerda do 2º (estenose valvar) ou 4º (estenose infundibular) espaço intercostal, com o diafragma do estetoscópio e o paciente inclinado para frente.
Diferentemente do sopro da estenose aórtica, o sopro da estenose pulmonar não se irradia, e o componente crescendo prolonga-se à medida que a estenose progride. O sopro aumenta de intensidade imediatamente com a liberação de Valsalva e com a inspiração; pode ser necessário que o paciente fique em pé para que esse efeito seja auscultado.
Diagnóstico da estenose pulmonar
Ecocardiografia
O diagnóstico da estenose pulmonar é confirmado por ecocardiografia com Doppler, que pode caracterizar a gravidade como
Leve: gradiente de pico < 36 mmHg (velocidade de pico < 3 m/segundo)
Moderado: gradiente de pico 36 a 64 mmHg (velocidade de pico de 3 a 4 m/segundo)
Grave: gradiente de pico > 64 mmHg (velocidade de pico > 4 m/segundo)
O ECG Eletrocardiografia O ECG convencional fornece 12 diferentes incidências vetoriais da atividade elétrica do coração, refletidas pelas diferenças de potencial elétrico entre eletrodos negativos e positivos colocados... leia mais pode ser normal ou revelar hipertrofia VD ou bloqueio do ramo direito.
O cateterismo do coração direito Cateterismo cardíaco O catéterismo cardíaco é realizado pela introdução de um catéter através de artérias ou veias periféricas até as câmaras cardíacas, artérias pulmonares e veias arteriais coronarianas. O cateterismo... leia mais é indicado quando se suspeita que existam 2 níveis de obstrução (valvar e infundibular), quando existe diferença entre os achados clínicos e ecocardiográficos ou antes da realização da intervenção.
Tratamento da estenose pulmonar
Algumas vezes, valvoplastia com balão
O prognóstico da estenose pulmonar sem tratamento geralmente é bom e melhora com a intervenção apropriada.
O tratamento da estenose pulmonar consiste em valvoplastia com balão, indicada para pacientes sintomáticos com estenose valvar moderada ou grave e pacientes assintomáticos com estenose grave.
Pode-se oferecer a substituição valvar percutânea em centros altamente selecionados de doenças cardíacas congênitas, especialmente para pacientes mais jovens ou com múltiplos procedimentos anteriores, para reduzir o número de cirurgias cardíacas abertas. Quando a substituição cirúrgica é necessária, biopróteses são preferidas por causa das altas taxas de trombose das valvas cardíacas mecânicas do lado direito; anticoagulação é temporariamente necessária (ver Anticoagulação para pacientes com valva cardíaca protética Anticoagulação para pacientes com valva cardíaca protética Qualquer valva cardíaca pode se tornar estenosada ou insuficiente (também chamada regurgitante ou incompetente), provocando alterações hemodinâmicas muito antes dos sintomas. Com mais frequência... leia mais ).
Pontos-chave
A estenose pulmonar geralmente é congênita, mas os sintomas (p. ex., síncope, angina, dispneia) só costumam aparecer na idade adulta.
Os sons cardíacos incluem maior desdobramento de B2 e um sopro de ejeção em crescendo-decrescendo intenso melhor auscultado no 2º ou 4º espaço intercostal na região paraesternal esquerda com o paciente inclinado para frente; o sopro fica mais alto imediatamente após a liberação de Valsalva e com a inspiração.
Valvoplastia com balão é feita para pacientes sintomáticos e assintomáticos com função sistólica normal e gradiente de pico > 40 a 50 mmHg.