Asbestose

PorCarrie A. Redlich, MD, MPH, Yale Occupational and Environmental Medicine Program Yale School of Medicine;
Efia S. James, MD, MPH, Yale School of Medicine;Brian Linde, MD, MPH, Yale Occ and Env Medicine Program
Revisado/Corrigido: mai 2020
Visão Educação para o paciente

A asbestose é uma forma de fibrose intersticial pulmonar causada pela exposição ao asbesto. O diagnóstico baseia-se em história ou radiografia de tórax. O tratamento é de suporte.

(Ver também Visão geral das doenças relacionados ao asbesto e Visão geral da doença pulmonar ambiental.)

O asbesto é um silicato que ocorre naturalmente, cuja resistência ao calor e propriedades estruturais o tornam útil para a inclusão em materiais da construção civil e naval, freios de automóveis e alguns tecidos. Crisotilo (uma fibra serpentina), crocidolita e amosita (anfibólio, ou fibras retas) são os 3 tipos principais de asbesto que provocam doença.

A asbestose é uma consequência muito mais comum da exposição ao asbesto do que o câncer (p. ex., mesotelioma).

Fatores de risco

Muitos trabalhadores estão em risco de exposição ao asbesto, especialmente trabalhadores da construção naval, indústria têxtil e construção, indivíduos que trabalham com reformas de residências, trabalhadores que realizam a redução do asbesto e mineiros expostos às fibras do asbesto. Pode ocorrer exposição de forma indireta entre membros da família de trabalhadores expostos e entre aqueles que vivem na proximidade de minas.

Ocupações específicas com maior risco de exposição incluem soldadores, mecânicos de automóveis, azulejistas, caldeireiros. Pessoal da marinha norte-americana, trabalhadores nas indústrias naval, da marinha mercante e siderúrgica; pedreiros, inspetores de edifícios, carpinteiros, telhadistas, encanadores, aplicadores de gesso, trabalhadores de refinaria, técnicos em tubulação, pintores, trabalhadores na área de demolição, aqueles que trabalham com paredes de gesso, eletricistas, aplicadores de revestimento de piso, operadores de alto-forno, vidraceiros, técnicos industriais, isoladores, ferreiros, trabalhadores braçais, aqueles que trabalham em fábricas de esfoliação de vermiculita de Libby, estivadores, trabalhadores de manutenção.

Fisiopatologia da asbestose

Macrófagos alveolares, que tentam englobar as fibras inaladas, liberam citocinas e fatores de crescimento, que estimulam a inflamação, a deposição de colágeno e, finalmente, a fibrose. As fibras de asbesto também podem ser diretamente tóxicas ao tecido pulmonar. Em geral, o risco da doença relaciona-se à duração e à intensidade da exposição e ao tipo, ao comprimento e à espessura das fibras inaladas. Avanços recentes sugerem que pode haver uma predisposição genética comum entre a asbestose e outras doenças pulmonares fibrosantes, especificamente a fibrose pulmonar idiopática (1).

Referência sobre fisiopatologia

  1. 1. Platenburg MGJP, Wiertz IA, van der Vis JJ, et al: The MUC5B promoter risk allele for idiopathic pulmonary fibrosis predisposes to asbestosis. Eur Respir J Jan 16, 2020. pii: 1902361. doi: 10.1183/13993003.02361-2019 [Epub ahead of print]

Sinais e sintomas da asbestose

Inicialmente, a asbestose é assintomática, mas pode provocar dispneia progressiva, tosse sem expectoração e fadiga. A doença progride em > 10% dos pacientes após a interrupção da exposição. A asbestose avançada pode causar baqueteamento dos dedos, estertores crepitantes bilaterais e, em casos graves, sinais e sintomas de insuficiência ventricular direita (cor pulmonale).

Diagnóstico da asbestose

  • Radiografia de tórax, preferencialmente TC torácica de alta resolução

  • Às vezes, lavado broncoalveolar ou biópsia do pulmão

O diagnóstico da asbestose baseia-se na história de exposição ao asbesto e radiografia ou TC torácica de alta resolução e, apenas raramente, exige uma biópsia pulmonar para confirmação. A radiografia de tórax revela opacidades reticulares ou nodulares, significando fibrose, geralmente na periferia dos lobos inferiores. As opacidades frequentemente são bilaterais e acompanhadas de alterações pleurais, placas pleurais são praticamente patognomônicas de uma exposição anterior a asbesto. O aspecto em “favo de mel” significa doença mais avançada, que pode envolver os campos médios pulmonares. De modo semelhante à silicose, gradua-se a gravidade de acordo com a escala da International Labor Organization (International Classification of Radiographs of Pneumoconioses), que se baseia no tamanho, na forma, na localização e na profusão das opacidades. Em contraposição à silicose, a asbestose provoca opacidades reticulares, predominantemente no lobo inferior. As linfadenopatias hilar e mediastinal não são características e sugerem diagnóstico diferencial. A radiografia de tórax não é sensível; a TC de alta resolução (cortes finos) de tórax é útil quando a asbestose é um diagnóstico provável. A TC também é superior à radiografia de tórax para identificação das alterações pleurais.

Os testes de função pulmonar, que podem revelar redução dos volumes pulmonares e da capacidade de difusão do monóxido de carbono (DLCO), são inespecíficos, mas ajudam a caracterizar as alterações da função pulmonar ao longo do tempo. A oximetria de pulso feita em repouso e durante esforços é inespecífica, mas é sensível à detecção de alterações induzidas pelo asbesto.

O lavado broncoalveolar ou biópsia pulmonar só são indicados quando medidas não invasivas não são capazes de fornecer um diagnóstico conclusivo; a demonstração de fibras de abesto indica asbestose em pacientes com fibrose pulmonar, embora essa fibras possam ser ocasionalmente encontradas nos pulmões de pessoas expostas sem a doença e podem não estar presentes em amostras de pacientes com asbestose. Assim, a demonstração de fibras de asbesto pode ser útil, mas não é necessária para o diagnóstico.

Prognóstico da asbestose

O prognóstico é variável, uma vez que muitos pacientes evoluem bem, sem qualquer sintoma ou com sintomas leves, ao passo que outros desenvolvem dispneia progressiva e poucos desenvolvem insuficiência respiratória, insuficiência ventricular direita e doença maligna.

O câncer pulmonar (excluindo-se o de células pequenas) desenvolve-se em pacientes com asbestose em uma incidência 8 a 10 vezes superior àquela dos que não têm a doença e é especialmente comum em trabalhadores expostos às fibras de anfibólio, embora todas as formas de asbesto inaladas sejam acompanhadas de risco elevado de câncer. Asbesto e tabagismo têm efeito sinérgico no risco de câncer pulmonar.

Tratamento da asbestose

  • Cuidados de suporte

Não existe tratamento específico. A detecção precoce de hipoxemia e de insuficiência ventricular direita leva ao uso de suplementação de oxigênio e ao tratamento de insuficiência cardíaca. A reabilitação pulmonar pode ser útil para os pacientes com comprometimento.

Prevenção da asbestose

As medidas preventivas incluem eliminação da exposição, redução da exposição a asbesto em ambientes ocupacionais e não ocupacionais, interrupção do tabagismo e vacinação contra pneumococo e vacinação contra influenza. A interrupção do tabagismo é particularmente importante, tendo em vista o risco multiplicativo de câncer pulmonar para aqueles que fumam e estão expostos ao asbesto. Deve-se considerar a triagem anual para câncer de pulmão em pacientes com 55 a 80 anos e história de exposição ao asbesto, bem como história de tabagismo ≥ 30 anos que continuam fumando ou pararam de fumar há 15 anos.

Pontos-chave

  • A asbestose é uma consequência muito mais comum da exposição ao asbesto do que o câncer, mas pacientes com asbestose têm risco maior de câncer pulmonar.

  • O diagnóstico geralmente requer TC de alta resolução do tórax.

  • Incentivar o tratamento da asbestose; parar de fumar é importante.

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