Crise isquêmica transitória

PorAndrei V. Alexandrov, MD, The University of Tennessee Health Science Center;
Balaji Krishnaiah, MD, The University of Tennessee Health Science Center
Reviewed ByMichael C. Levin, MD, College of Medicine, University of Saskatchewan
Revisado/Corrigido: modificado jun. 2025
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Visão Educação para o paciente

Um ataque isquêmico transitório (AIT) é uma isquemia cerebral focal que causa deficits neurológicos transitórios repentinos e não é acompanhada de infarto cerebral permanente (p. ex., resultados negativos na RM ponderada em difusão). O diagnóstico é clínico. Endarterectomia da carótida ou implante de stent, medicamentos antiplaquetários e anticoagulantes diminuem o risco de acidente vascular cerebral após certos tipos de AIT.

O AIT é similar ao acidente vascular cerebral isquêmico, exceto que os sintomas duram normalmente < 1 hora; a maioria dos AITs dura < 5 minutos. É muito improvável a ocorrência de infarto quando os deficits desaparecem no período de 1 hora. Como demonstrado por RM ponderada em difusão e outros estudos, deficits que desaparecem espontaneamente em 1 a 24 horas são frequentemente acompanhados por infarto e, portanto, não são mais considerados AITs.

AITs são mais comuns em indivíduos de meia-idade e idosos. Os AIT aumentam acentuadamente o risco de acidente vascular cerebral, com início nas primeiras 24 horas.

Etiologia da AIT

Os fatores de risco de AIT são os mesmos que para acidente vascular cerebral isquêmico.

Os fatores de risco modificáveis incluem:

Os fatores de risco não modificáveis incluem:

  • Acidente vascular cerebral anterior

  • Idade avançada

  • História familiar de acidente vascular cerebral

  • Sexo masculino

A maior parte dos AIT é causada por êmbolos, geralmente das artérias carótidas ou vertebrais, embora a maioria das causas de acidente vascular cerebral isquêmico também possa resultar em AIT.

Raramente, os AIT resultam de perfusão insuficiente decorrente de hipoxemia grave, capacidade reduzida de transporte de oxigênio pelo sangue (p. ex., anemia profunda, envenenamento por monóxido de carbono) ou aumento da viscosidade sanguínea (p. ex., policitemia grave), em particular nas artérias cerebrais com estenose preexistente. A isquemia geralmente não é causada por hipotensão sistêmica, a menos que esta seja grave ou haja uma estenose arterial preexistente, pois o fluxo sanguíneo cerebral é mantido em níveis próximos ao normal em ampla variedade de pressão arterial sistêmicas.

Na síndrome do roubo da subclávia, uma artéria subclávia estenosada, em um ponto proximal à origem da artéria vertebral, “rouba” sangue desta última (na qual ocorre inversão do fluxo sanguíneo) para suprir o membro superior durante o esforço, determinando sinais de isquemia vertebrobasilar.

Ocasionalmente, os AITs ocorrem em crianças com doença cardiovascular grave que produz êmbolos ou gera um hematócrito muito alto decorrente de hipoxemia crônica.

Sinais e sintomas de AIT

Os deficits neurológicos são similares aos do acidente vascular cerebral (ver tabela Síndromes selecionadas de acidente vascular cerebral). Quando a artéria oftálmica é afetada, pode ocorrer cegueira monocular transitória (amaurose fugaz), que costuma durar < 5 minutos.

Tabela
Tabela

Os sintomas do AIT têm início súbito, geralmente com duração de 2 a 30 minutos, para depois desaparecerem por completo. Os pacientes podem ter vários AIT por dia, ou apenas 2 ou 3 em vários anos. Em geral, os sintomas são similares em ataques sucessivos na artéria carótida, mas variam um pouco em ataques vertebrobasilares sucessivos.

Diagnóstico da AIT

  • Resolução dos sintomas semelhantes aos do acidente vascular cerebral em 1 hora

  • Neuroimagem

  • Avaliação para identificar a causa

O ataque isquêmico transitório (AIT) é diagnosticado retrospectivamente quando deficits neurológicos repentinos relacionados à isquemia em um território arterial desaparecem em 1 hora.

Paralisia do nervo facial periférico isolada, perda de consciência ou comprometimento da consciência não sugerem AIT. AIT devem ser diferenciados de outras causas de sintomas similares, como

  • Hipoglicemia

  • Aura de enxaqueca

  • Paralisia pós-ictal [de Todd] (um deficit neurológico transitório, geralmente fraco, contralateral ao foco da crise epiléptica)

Como um infarto, uma pequena hemorragia e até uma lesão tumoral não podem ser clinicamente excluídos, solicita-se a imagem neurológica. Em geral, a TC é o exame mais prontamente disponível. Entretanto, TC pode não identificar infartos por > 24 horas. RM normalmente detecta infarto em evolução em questão de horas. A RM ponderada por difusão é o exame de imagem mais preciso para excluir um infarto em paciente com AIT presumido, mas nem sempre está disponível.

As causas de um AIT são as mesmas causas dos AVCs isquêmicos; a avaliação inclui exames para estenose da carótida, fontes cardíacas de êmbolos, fibrilação atrial, alterações hematológicas e triagem para fatores de risco de acidente vascular cerebral. Visto que o risco de um acidente vascular cerebral isquêmico subsequente é alto e imediato, procede-se à avaliação rapidamente, geralmente como em um paciente internado. Não está claro se um paciente, se é que isso ocorre, pode receber alta com segurança do departamento de emergência. O risco de acidente vascular cerebral após AIT ou acidente vascular cerebral menor é maior nas primeiras 24 a 48 horas, assim, se há suspeita de um ou outro, os pacientes geralmente são internados para fazer telemetria e avaliação.

A classificação ABCD2 é utilizada para estimar o risco de AVC após um AIT e é calculada adicionando o seguinte:

  • A (idade): ≥ 60 = 1

  • B (pressão arterial): pressão arterial sistólica ≥ 140 e/ou pressão arterial diastólica > 90 = 1

  • C (características clínicas): fraqueza = 2, distúrbio da fala sem fraqueza = 1

  • D (duração do AIT): ≥ 60 min = 2, 10 a 59 min = 1, < 10 minutos = 0

  • D2 (diabetes) = 1

Os pacientes com AIT têm alto risco de AVC se tiverem escore ABCD2 > 4.

O risco de AVC em 2 dias com base na classificação ABCD2 é cerca de

  • Para uma classificação de 6 a 7: 8%

  • Para uma classificação de 4 a 5: 4%

  • Para uma classificação de 0 a 3: 1%

Todos os pacientes que tiveram AIT necessitam de angiografia por TC, angiografia por ressonância magnética (ARM) ou RM ponderada por difusão da circulação carotídea e cerebral.

Tratamento da AIT

O tratamento de ataques isquêmicos transitórios visa prevenir acidente vascular cerebral; utilizam-se antiplaquetários e estaminas. A endarterectomia da carótida ou a angioplastia arterial e ainda a implante de stent podem ser úteis para determinados pacientes, em particular aqueles que não possuem deficits neurológicos, mas apresentam alto risco de acidente vascular cerebral (> 70% de estenose carotídea ipsolateral). Anticoagulantes são indicados se houver fontes cardíacas de êmbolos.

O controle dos fatores de risco de acidente vascular cerebral passíveis de modificação pode impedir o acidente vascular cerebral.

Pontos-chave

  • Deficit neurológico focal que desaparece em 1 hora é quase sempre um ataque isquêmico transtório.

  • Testes como para acidente vascular cerebral isquêmico.

  • Utilizar os mesmos tratamentos utilizados para prevenção secundária de acidente vascular cerebral isquêmico (p. ex., medicamentos antiplaquetários, estatinas, às vezes, endarterectomia carotídea ou angioplastia arterial mais implante de stent).

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