A maioria das mulheres, principalmente as que procuram o exame ginecológico para rastrede rotina, requer história e exame físico completos e avaliação ginecológica.
A avaliação ginecológica pode ser necessária para diagnosticar um problema específico, como dor pélvica Dor pélvica feminina Dor pélvica é desconforto na parte inferior do abdome e é uma queixa comum. É considerada separadamente da dor vaginal e da dor vulvar ou perineal, que ocorrem em órgãos genitais externos e... leia mais , sangramento Sangramento vaginal O sangramento vaginal ou uterino anormal inclui Menstruação que são excessivas em frequência (amenorreia, oligomenorreia, polimenorreia), volume ou duração (menorragia ou sangramento menstrual... leia mais ou corrimento vaginal Prurido e corrimento vaginais Prurido, corrimento vaginal ou ambos resultam de inflamação infecciosa ou não da mucosa vaginal ( vaginite), geralmente acompanhada de inflamação da vulva (vulvovaginite). Os sintomas também... leia mais . As mulheres também necessitam de avaliação ginecológica de rotina, que pode ser feita por ginecologista, médico generalista ou da família; este tipo de avaliação é recomendado anualmente para todas as mulheres sexualmente ativas ou com > 18 anos. As avaliações obstétricas Avaliação da paciente obstétrica Idealmente, as mulheres que estiverem planejando uma gestação devem procurar um médico antes da concepção; assim, elas podem aprender sobre os riscos da gestação e maneiras de reduzir os riscos... leia mais focalizam questões relacionadas à gestação. A avaliação ginecológica ou obstétrica pode incluir exame pélvico quando indicado de acordo com a anamnese ou sintomas e com o acordado com a paciente (1 Referência geral A maioria das mulheres, principalmente as que procuram o exame ginecológico para rastrede rotina, requer história e exame físico completos e avaliação ginecológica. A avaliação ginecológica... leia mais ).
Muitas mulheres esperam que seus ginecologistas façam uma avaliação médica geral, bem como ginecológica. Além do rastreamento e possível exame físico, uma consulta do bem-estar da mulher deve incluir aconselhamento e discussão de imunizações com base na idade e fatores de risco. Essa consulta pode incluir aconselhamento sobre a saúde geral e rastreamento de rotina à procura dos seguintes:
Para informações adicionais, ver American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Gynecologic Practice: Well-Woman Visit.
Referência geral
1. American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Gynecologic Practice: Opinion No. 754: The utility of and indications for routine pelvic examination. Obstet Gynecol 132 (4):e174–e180, 2018. doi: 10.1097/AOG.0000000000002895
História
A história ginecológica consiste na descrição dos sintomas atuais que levaram a paciente à consulta (queixa principal e história da enfermidade atual), na história menstrual, obstétrica e sexual, bem como na história dos sintomas, distúrbios e tratamentos ginecológicos.
Os sintomas atuais são explorados utilizando perguntas genéricas seguidas de perguntas específicas sobre os seguintes tópicos:
Dor pélvica (localização, duração, características, intensidade, fatores desencadeantes e de melhora da dor)
Sangramento vaginal anormal (quantidade, duração e correlação com o ciclo menstrual)
Corrimento vaginal (cor, odor, consistência), prurido ou ambos
As pacientes em idade reprodutiva são interrogadas quanto a sintomas de gestação (enjoo matinal, sensibilidade mamária, atraso menstrual).
A história menstrual inclui:
Idade da menarca
Número de dias do fluxo
Duração e regularidade dos intervalos entre os ciclos
Data de início do último período menstrual
DUM, datas dos ciclos precedentes
Cor e volume do fluxo
Qualquer sintoma que ocorra com o fluxo, p. ex., cólicas e diarreia
Em geral, o fluxo menstrual é vermelho-médio ou escuro e dura cerca de 5 dias (± 2), com 21 a 35 dias de intervalo entre os ciclos; a perda média de sangue é de 30 mL (variando entre 13 e 80 mL), com maior sangramento no 2º dia. Um absorvente higiênico ou tampão vaginal saturado absorve de 5 a 15 mL. Cólicas são comuns no dia anterior ou no primeiro dia do fluxo. O sangramento vaginal sem dor, escasso, escuro (em borra de café), anormalmente rápido ou prolongado, ou que ocorre em intervalos irregulares, sugere ausência de ovulação Disfunção ovulatória Disfunção ovulatória é anormalidade, irregularidade (com ≤ 9 menstruações/ano) ou ausência de ovulação. A menstruação geralmente está ausente ou irregular. O diagnóstico normalmente é possível... leia mais (anovulação).
A história obstétrica História Idealmente, as mulheres que estiverem planejando uma gestação devem procurar um médico antes da concepção; assim, elas podem aprender sobre os riscos da gestação e maneiras de reduzir os riscos... leia mais completo inclui datas e evoluções de todas as gestações e ocorrência de gestação ectópica ou molar.
A história sexual deve ser interrogada de maneira profissional e sem julgamentos e inclui os seguintes itens:
Frequência da atividade sexual
Número e sexo dos parceiros
Uso de contracepção
Participação em sexo não seguro
Efeitos da atividade sexual (p. ex., prazer, orgasmo, dispareunia)
Transgêneros e questões de não conformidade de gênero (1 Referência sobrea anamnese A maioria das mulheres, principalmente as que procuram o exame ginecológico para rastrede rotina, requer história e exame físico completos e avaliação ginecológica. A avaliação ginecológica... leia mais )
A investigação da história ginecológica anterior inclui perguntas sobre sintomas ginecológicos prévios (p. ex., dor), sinais (p. ex., sangramento ou perda vaginal) e diagnósticos conhecidos, assim como o resultado de exames realizados.
O rastreamento da violência doméstica Violência doméstica A violência doméstica se caracteriza por violência física, sexual e psicológica entre pessoas que vivem juntas, como parceiros íntimos ou tutores legais, pais e filhos, filhos e avós, e irmãos... leia mais deve ser rotineiro. Os métodos incluem questionários autoaplicados e uma entrevista direcionada por um membro da equipe ou o médico. Em pacientes que não admitem o abuso, achados que sugerem abuso anterior incluem:
Explicações inconsistentes de lesões
Demora em procurar tratamento para essas lesões
Queixas somáticas não usuais
Sintomas psiquiátricos
Consultas frequentes ao pronto-socorro
Lesões na cabeça e pescoço
Ter dado à luz um lactente de baixo peso
Referência sobrea anamnese
1. American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Gynecologic Practice: Opinion No. 823: Health care for transgender and gender diverse individuals. Obstet Gynecol 137 (3):e75–e88, 2021. doi: 10.1097/AOG.0000000000004294
Exame físico
O examinador deve explicar o exame, que inclui um exame das mamas Exame de mama Os sintomas mamários (p. ex., massas, secreção mamilar, dor) são comuns, responsáveis por > 15 milhões de consultas médicas ao ano. Apesar de > 90% dos sintomas decorrerem de causas benignas... leia mais e um exame do abdome, ao paciente. Deve-se realizar exames pélvicos quando indicado de acordo com a história médica ou sintomas da mulher. A paciente e seu profissional de cuidados ginecológicos devem discutir e decidir juntos se é necessário exame pélvico.
Para o exame pélvico, a paciente deita-se em decúbito dorsal na mesa de exame com as pernas nas perneiras e geralmente permanece coberta. Muitas vezes, um acompanhante pode ser necessário, principalmente quando o examinador for do sexo masculino, além de poder dar assistência.
O exame pélvico inclui:
Ectoscopia
Exame especular
Exame bimanual
Exame retal (algumas vezes)
Um exame pélvico é indicado para
Pacientes sintomáticos (p. ex., aqueles com dor pélvica)
Pacientes assintomáticos com indicações específicas (p. ex., necessidade de rstreamento de câncer do colo do útero)
Nenhuma evidência apoia ou refuta exames pélvicos para pacientes assintomáticos de baixo risco. Assim, para esses pacientes, a decisão sobre a frequência desses exames deve ser tomada após o profissional de saúde e o paciente discutirem as questões.
Ectoscopia
A região e os pelos pubianos são inspecionados em busca de lesões, foliculites e piolhos. O períneo é inspecionado para hiperemia, edema, escoriações, pigmentações anormais e lesões (p. ex., úlceras, pústulas, nódulos, verrugas, tumores). Anotam-se anormalidades estruturais decorrentes de malformações congênitas ou mutilações genitais femininas. Uma abertura vaginal < 3 cm pode indicar infibulação, uma forma grave de mutilação genital Mutilação dos genitais femininos A mutilação genital feminina é uma prática tradicional em algumas culturas em partes da África (geralmente no norte ou no centro da África). Também é feita em algumas regiões do Oriente Médio... leia mais .
A seguir, o introito é palpado entre o polegar e o dedo indicador para pesquisa de cistos ou abscessos nas glândulas vestibulares maiores. Afastando-se os lábios e solicitando à paciente que se curve, o examinador verifica a abertura vaginal à procura de sinais de prolapso de órgão pélvico: presença de abaulamento anterior (sugestivo de cistocele Prolapso da parede vaginal anterior e posterior O prolapso da parede vaginal anterior e posterior envolve a protrusão de um órgão no canal vaginal. O prolapso da parede vaginal anterior é comumente chamado cistocele ou uretrocele (quando... leia mais ), abaulamento posterior (sugestivo de retocele) e um avanço do colo do útero em direção ao introito (sugestivo de prolapso uterino Prolapso uterino e apical Prolapso uterino é a descida do útero em direção ao introito vaginal ou ultrapassando-o. Prolapso apical é a descida da vagina ou da cavidade vaginal ou da bainha vaginal após histerectomia... leia mais ).
Exame especular
Antes do exame especular, a paciente é solicitada a relaxar as pernas e quadris e a inspirar profundamente.
O espéculo é mantido aquecido e pode ser lubrificado antes de seu uso, especialmente em vaginas secas. Caso se planeje o exame de Papanicolau Exames de rstreamento de câncer do colo do útero A maioria das mulheres, principalmente as que procuram o exame ginecológico para rastrede rotina, requer história e exame físico completos e avaliação ginecológica. A avaliação ginecológica... leia mais ou cultura cervical, o espéculo é umedecido com água morna; lubrificantes tradicionalmente são evitados, mas lubrificantes à base de água de geração atual podem utilizados para melhorar o conforto da paciente.
Um dedo enluvado é inserido na vagina para determinar a posição do colo. A seguir, o espéculo é inserido com as lâminas próximas da posição vertical (em posição de 1 e 7 h), enquanto se abre a vagina, pressionando-se 2 dedos na parede vaginal posterior (corpo perineal). Insere-se o espéculo por inteiro, que então é rodado e aberto, puxando-se para trás conforme necessário, a fim de visualizar o colo.
Quando o colo é visualizado, as lâminas são posicionadas de tal maneira que a lâmina posterior fica mais profunda que o colo uterino (no fórnice posterior) e a lâmina anterior é posicionada anterior à colo do útero (no fórnice anterior). O examinador deve tomar cuidado e abrir a lâmina anterior devagar e delicadamente para não pinçar o colo ou o períneo.
Normalmente, o colo é róseo e brilhante, sem corrimentos.
A amostra para a citologia é obtida da endocolo do útero e da ectocolo do útero com uma escova e uma espátula plástica ou um coletor de amostra cervical que coleta simultaneamente do canal cervical e da zona de transição; as amostras são mergulhadas em um líquido, produzindo-se uma suspensão de células a ser analisada para pesquisa de células cancerosas e papilomavírus humano. Colhem-se amostras para detecção de infecções sexualmente transmissíveis da endocérvice. O espéculo é então retirado com cuidado para não pinçar os lábios com suas lâminas.
Exame bimanual
Antes do exame bimanual, a paciente é solicitada a relaxar as pernas e quadris e a inspirar profundamente.
Os dedos indicador e médio da mão dominante são inseridos logo abaixo do colo. A outra mão é posicionada logo acima da sínfise púbica e gentilmente pressionada para baixo para determinar tamanho, posição e consistência do útero e, se possível, dos ovários.
Normalmente, o útero tem cerca de 6 cm por 4 cm e se direciona anteriormente (anteversão), mas pode estar vertido posteriormente (retroversão), em vários graus. O útero também pode estar fletido em um ângulo, anteriormente ou posteriormente (anteflexão ou retroflexão, respectivamente). O útero geralmente é móvel e liso; irregularidades sugerem mioma uterino (leiomiomas).
Em geral, os ovários têm 2 cm por 3 cm em mulheres jovens e não são palpáveis em mulheres na pós-menopausa. Com a palpação dos ovários, náuseas e dor leves são normais.
Dor significativa quando o colo é delicadamente movimentado de um lado a outro (dor à movimentação do colo do útero) sugere inflamação pélvica.
Exame retal
Após a palpação bimanual, o examinador palpa o septo retovaginal inserindo o dedo indicador na vagina e o dedo médio no reto.
Crianças
O exame deve ser ajustado de acordo com o desenvolvimento psicossexual e geralmente limita-se à inspeção dos genitais externos. Crianças jovens podem ser examinadas nos colo das mães. Crianças mais velhas podem ser examinadas na posição genupeitoral ou em decúbito lateral com um dos joelhos fletidos em direção ao peito. Corrimento vaginal pode ser coletado, examinado e enviado para cultura.
Às vezes, utiliza-se um pequeno catéter conectado a uma seringa com soro fisiológico para obter lavado da vagina. Se for necessário um exame do colo uterino, deve-se utilizar um vaginoscópio de fibra óptica, um cistoscópio pediátrico ou um histeroscópio flexível com lavagem de soro fisiológico.
Em crianças, massas pélvicas podem ser notadas durante a palpação do abdome.
Adolescentes
Para adolescentes que não são sexualmente ativas, o exame é semelhante ao das crianças.
Alguns especialistas recomendam que as pacientes < 21 anos só façam exames pélvicos quando clinicamente indicados (p. ex., se a paciente tem corrimento vaginal sintomático persistente).
Todas as meninas sexualmente ativas e aquelas que não mais estão ativas, mas têm história de infecção sexualmente transmissível pode fazer exame pélvico. Entretanto, os médicos muitas vezes podem verificar a existência de infecções sexualmente transmissíveis utilizando uma amostra de urina ou um esfregaço vaginal e, assim, evitar a realização de um exame especular.
Meninas sexualmente ativas também devem fazer exames anuais para infecção por clamídia Triagem para clamídia Uretrite, cervicite, proctite e faringite transmitidas por via sexual (que não decorrem de gonorreia) são causadas predominantemente por clamídia e, com menos frequência, por micoplasmas. Clamídia... leia mais e gonorreia Rastreamento A gonorreia é provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Infecta tipicamente o epitélio da uretra, a colo do útero, o reto, a faringe ou conjuntiva, provocando irritação e eliminação... leia mais .
O estágio da puberdade Puberdade A interação hormonal entre hipotálamo, glândula hipófise anterior e ovários regula o sistema reprodutivo feminino. O hipotálamo secreta um peptídeo pequeno, hormônio liberador de gonadotrofina... leia mais é avaliado.
Durante a consulta, informações sobre contracepção Visão geral da contracepção A decisão de iniciar, prevenir ou interromper uma gestação pode ser influenciada por muitos fatores, incluindo fatores pessoais, médicos, familiares e socioeconômicos. A contracepção pode ser... leia mais devem ser oferecidas conforme apropriado, e recomendações para a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) Vacina contra o papilomavírus humano (HPV) Infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível mais comum. O HPV pode causar verrugas cutâneas, verrugas genitais ou certos tipos de câncer, dependendo do tipo... leia mais devem ser discutidas. Os médicos devem deixar que as meninas falem em particular sobre as preocupações pessoais (p. ex., contracepção, sexo seguro, problemas menstruais).
Exames
A solicitação de exames deve ser direcionada pelos sintomas da paciente.
Teste de gravidez
A maioria das mulheres em idade reprodutiva e com sintomas ginecológicos deve ser testada para gestação Diagnóstico O primeiro sinal de gestação e a razão principal pela qual as gestantes procuram o médico é o atraso menstrual. Para mulheres sexualmente ativas, em idade reprodutiva e com ciclos menstruais... leia mais .
Os exames da subunidade beta de gonadotropina coriônica humana (beta-hCG) são específicos e altamente sensíveis, tornando-se positivos após 1 semana da concepção. Os exames do soro sanguíneo são específicos e ainda mais sensíveis.
Exames de rstreamento de câncer do colo do útero
Os testes utilizados para a triagem de câncer do colo do útero incluem
Teste de Papanicolau
Teste para papilomavírus humano (HPV)
Amostras de células cervicais são examinadas para pesquisa de câncer do colo do útero Câncer do colo do útero O câncer do colo do útero é frequentemente um carcinoma de células escamosas; adenocarcinoma é menos comum. A causa da maioria dos cânceres cervicais é infecção pelo papilomavírus humano (HPV)... leia mais ; a mesma amostra pode ser testada para HPV. Testes de triagem são feitos rotineiramente para a maior parte da vida da mulher (ver também Cervical Cancer Screening).
Para a maioria das mulheres, a frequência da triagem depende principalmente da idade e resultados dos testes anteriores da mulher (1 Referência sobre exames A maioria das mulheres, principalmente as que procuram o exame ginecológico para rastrede rotina, requer história e exame físico completos e avaliação ginecológica. A avaliação ginecológica... leia mais ):
Menores de 21 anos: o rastreamento não é necessário
Dos 21 a 29 anos de idade: normalmente a cada 3 anos para o teste de papanicolau (teste para HPV geralmente não é recomendado)
30 a 65 anos de idade: a cada 3 anos se apenas um teste papanicolau é feito ou a cada 5 anos se um teste de Papanicolau e um teste de HPV são feitos (mais frequentemente em mulheres com alto risco de câncer do colo do útero)
Depois dos 65 anos de idade: nenhum outro teste se os resultados dos testes foram normais nos 10 anos anteriores
Os testes de papanicolau devem ser retomados se uma mulher tem um novo parceiro sexual; eles devem ser continuados se ela tem vários parceiros sexuais.
Para as mulheres com certas indicações (p. ex., mulheres com infecção pelo HIV ou história de câncer de colo de útero), pode ser necessário rastreamento mais frequente, que pode ser iniciado em uma idade mais jovem.
Mulheres submetidas a histerectomia total não precisam ser examinadas, a menos que o colo do útero tenha sido removido por causa de uma lesão pré-cancerígena de alto grau ou câncer de colo de útero. Mulheres submetidas a histerectomia que poupou o colo de útero ainda precisam de rastreamento.
Exame microscópico do corrimento vaginal
Esse exame ajuda a identificar infecções vaginais Visão geral da vaginite Vaginite é uma inflamação infecciosa ou não infecciosa da mucosa vaginal e, às vezes, da vulva. Os sintomas são: corrimento vaginal, irritação, prurido e eritema. O diagnóstico é feito pela... leia mais (p. ex., tricomoníase, vaginose bacteriana, infecção por cândida).
Teste microbiológico
Culturas ou métodos moleculares (p. ex., PCR) são utilizados na pesquisa de agentes específicos relacionados às doenças sexualmente transmissíveis (p. ex., Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis), caso as pacientes apresentem sintomas ou fatores de risco; em algumas clínicas, esses exames são sempre realizados. Pode-se coletar amostras de locais urogenitais, incluindo o endocolo do útero (obtidas durante o teste de Papanicolau) ou, para gonorreia ou infecções por clamídia, da urina. (Ver também as diretrizaes práticas da US Preventive Services Task Force Chlamydia and gonorrhea: Screening.)
Inspeção do muco cervical
A inspeção do muco cervical por examinador experiente pode dar informações a respeito dos ciclos menstrual e hormonal; essa informação pode ajudar no diagnóstico de infertilidade e tempo da ovulação.
A amostra é colocada sobre uma lâmina, deixa-se secar e é avaliada quanto ao grau de cristalização (ferning Colo do útero A interação hormonal entre hipotálamo, glândula hipófise anterior e ovários regula o sistema reprodutivo feminino. O hipotálamo secreta um peptídeo pequeno, hormônio liberador de gonadotrofina... leia mais ) que reflete os níveis de estrogênio circulante. Logo antes da ovulação, o muco cervical é claro e copioso com filância abundante, visto que os níveis de estrogênio estão elevados. Logo após a ovulação, o muco é espesso e com pouca filância.
Exames de imagem
Massas suspeitas ou outras lesões geralmente são visualizadas no exame de ultrassonografia, que pode ser feita no consultório; são utilizados tanto transdutores transvaginais quanto transabdominais.
A RM é altamente específica, mas cara.
A TC costuma ser menos desejada por ter menor acurácia e envolver exposição significativa à radiação e geralmente utiliza agentes radiopacos.
Laparoscopia
A laparoscopia pode detectar alterações estruturais pequenas demais para serem detectadas por exames de imagem, como anormalidades na superfície dos órgãos internos (p. ex., endometriose, inflamação, cicatrizes). Ela também é utilizada para amostras de tecido.
Culdocentese
A culdocentese, raramente utilizada hoje, é a punção do fórnice vaginal posterior com utilização de agulha para obtenção de líquidos do fundo de saco (o qual é posterior ao útero) para culturas e testes de detecção de sangue de gestação ectópica rota ou cisto ovariano.
Aspiração endometrial
Realiza-se broncoaspiração endometrial se as mulheres > 35 anos têm sangramento vaginal inexplicável. Uma cureta de plástico fina e flexível é inserida através do colo (em geral a dilatação não é necessária) até o nível do fundo uterino. A sucção é aplicada ao aparelho, o qual é movido 360º para cima e para baixo algumas vezes para se retirarem amostras de diferentes partes da cavidade endometrial. Por vezes, o útero deve ser estabilizado e retificado com pinça cervical.
Outros testes
Hormônios hipofisários e hipotalâmicos e ovarianos podem ser avaliados quando infertilidade é investigada ou quando há suspeitas de anormalidades.
Outros testes podem ser feitos para indicações clínicas específicas. Eles incluem:
Colposcopia: exame da vagina e da colo do útero com lentes de aumento (p. ex., para identificar áreas que exigem biópsia)
Curetagem endocervical: inserção de uma cureta para coletar tecido de dentro do canal cervical (p. ex., utilizado com biópsia direcionada por colposcopia para diagnosticar o câncer do colo do útero)
Dilatação e curetagem (D e C): expansão das paredes vaginais com um espéculo, dilatação do colo do útero e inserção de uma cureta para remover tecido do endométrio ou o conteúdo uterino por raspagem ou escavação (p. ex., para tratar aborto incompleto). Em geral, realiza-se D & C com anestesia ou analgesia.
Histerossalpingografia: imagem fluoroscópica do útero e das tubas uterinas após injeção de agente radiopaco no útero (p. ex., feito para verificar se há lesões pélvicas e intrauterinas, que podem interferir na fertilização ou implantação ou causar dismenorreia)
Histeroscopia: inserção de um tubo de visualização fino (histeroscópio) através da vagina e colo do útero (utilizado para visualizar o interior do útero e identificar anormalidades e/ou para fazer alguns procedimentos cirúrgicos que utilizam instrumentos inseridos através do laparoscópio)
Procedimento de excisão elétrica por alça (PEEA): uso de uma alca de fio fino que conduz uma corrente elétrica para remover o tecido (p. ex., para biópsia ou como tratamento)
Histerossonografia (ecografia com infusão de soro fisiológico): injeção de líquido isotônico através da colo do útero durante a ultrassonografia (p. ex., para detectar e avaliar pequenos pólipos endometriais, outras anomalias uterinas e lesões tubárias)
Referência sobre exames
1. US Preventive Services Task Force: Screening for Cervical Cancer: US Preventive Services Task Force recommendation statement. JAMA 320 (7):674–686, 2018. doi:10.1001/jama.2018.10897
Informações adicionais
Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que O Manual não é responsável pelo conteúdo destes recursos.
American College of Obstetricians and Gynecologists’ Committee on Gynecologic Practice: Well-Woman Visit: esta página web fornece diretrizes atualizadas para consultas sobre o bem-estar da mulher, que devem incluir aconselhamento sobre como manter um estilo de vida saudável e minimizar os riscos à saúde, rastreamento, avaliação, história abrangente e imunizações (com base na idade e fatores de risco).
US Preventive Services Task Force: Cervical Cancer: Screening: os benefícios e malefícios do rastreamento à procura de câncer de colo do útero para os tipos de alto risco do papilomavírus humano (HPVar) são revisados sistematicamente, com base em evidências atualizadas sobre o rastreamento à procura de câncer de colo do útero. O foco é a eficácia das estratégias de rastreamento à procura de HPVar em comparação com o rastreamento citológico. A revisão concluiu que o rastreamento primário à procura de HPVar detectou taxas mais altas de NIC 3+ no primeiro rastreamento do que a citologia.
US Preventive Services Task Force: Chlamydia and gonorrhea: Screening. Essa revisão avalia a eficácia do rastreamento à procura de gonorreia e infecções por clamídia, que são muitas vezes assintomáticas. Concluiu que os testes de rastreamento podem detectar com precisão essas doenças, reduzir as complicações dessas doenças e causar pouco ou nenhum dano.