Recém-nascidos pós-termo

PorArcangela Lattari Balest, MD, University of Pittsburgh, School of Medicine
Reviewed ByAlicia R. Pekarsky, MD, State University of New York Upstate Medical University, Upstate Golisano Children's Hospital
Revisado/Corrigido: modificado fev. 2025
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Visão Educação para o paciente

Recém-nascido pós-termo é aquele que nasce com ≥ 42 semanas de gestação. As complicações incluem asfixia perinatal, hipoglicemia e síndrome de aspiração de mecônio.

A causa da pós-maturo é geralmente desconhecida, mas parto pós-termo anterior aumenta o risco em 2 a 3 vezes. Pós-maturidade pode ser causada por anomalias que afetam o eixo hipofisário-suprarrenal fetal (p. ex., anencefalia, hipoplasia da glândula suprarrenal, hiperplasia suprarrenal congênita) e por ictiose ligada ao X associada à deficiência de sulfatase placentária.

Fisiopatologia dos recém-nascidos pós-termo

Na maioria dos casos, o crescimento fetal continua até o parto. Mas, em alguns casos, a placenta involui à medida que a gestação avança e múltiplos infartos e degeneração dos vilos se desenvolvem, provocando insuficiência placentária. Nesses casos, o feto não recebe nutrientes e oxigênio adequados da mãe, resultando em um neonato franzino (decorrente da perda de tecido mole), desnutrido com reservas de glicogênio depletadas e maior volume de líquido amniótico. Esses recém-nascidos são dismaturos e, dependendo de quando a insuficiência placentária se desenvolve e da gravidade da doença, eles podem ser pequenos para a idade gestacional. Embora a insuficiência placentária com dismaturidade possa ocorrer em qualquer idade gestacional, é mais comum em gestações que progridem além de 41 a 42 semanas.

Complicações

Recém-nascidos pós-maturos têm maior morbidade e mortalidade do que aqueles nascidos a termo em grande parte por causa de

  • Asfixia perinatal

  • Síndrome da aspiração de mecônio

  • Hipoglicemia neonatal

Asfixia perinatal pode resultar de insuficiência placentária bem como de compressão do cordão umbilical secundária a oligoidrâmnio.

A síndrome da aspiração de mecônio pode ser incomumente grave porque o volume do líquido amniótico é diminuído e, portanto, o mecônio aspirado é menos diluído. Hipertensão pulmonar persistente frequentemente ocorre após aspiração de mecônio.

Hipoglicemia neonatal é uma complicação causada por insuficiência de reservas de glicogênio ou pelo aumento da produção de insulina (mais comumente causada por diabetes materno) no feto. Por causa do metabolismo anaeróbico, o glicogênio armazenado remanescente é rapidamente utilizado, surgindo hipoglicemia exagerada caso tenha ocorrido asfixia perinatal.

Sinais e sintomas dos recém-nascidos pós-termo

Recém-nascidos pós-termos permanecem alertas e parecem desenvolvidos. Eles têm uma quantidade diminuída de massa dos tecidos moles, particularmente gordura subcutânea. A pele pode tornar-se frouxa nas extremidades, sendo frequentemente seca e descamativa. As unhas das mãos e dos pododáctilos são compridas.

As unhas, a pele e o cordão umbilical podem estar corados com mecônio impregnado no útero.

Diagnóstico de recém-nascidos pós-termo

  • Idade gestacional e exame físico

Diagnostica-se pós-termo com base na idade gestacional e achados do exame físico do neonato.

As definições de gestação a termo do American College of Obstetricians and Gynecologists são (1)

  • A termo precoce: 37 0/7 a 38 6/7 semanas

  • A termo: 39 0/7 a 40 6/7 semanas

  • Pré-termo tardio: 41 0/7 a 41 6/7 semanas

  • Pós-termo: ≥ 42 0/7 semanas

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. ACOG Committee Opinion No 579: Definition of term pregnancy. Obstet Gynecol 122(5):1139-1140, 2013. doi: 10.1097/01.AOG.0000437385.88715.4a

Tratamento de recém-nascidos pós-termo

  • Tratamento das complicações

A melhora do atendimento obstétrico ao longo das últimas 2 décadas diminuiu acentuadamente o número de recém-nascidos que nasceram após 41 semanas de gestação, o que também diminuiu a incidência da síndrome da aspiração de mecônio.

Recém-nascidos pós-maturos e dismaturos têm risco de hipoglicemia e devem ser monitorados e tratados adequadamente.

Para recém-nascidos com asfixia perinatal, o tratamento depende da gravidade do processo da doença. Hipotermia terapêutica pode ajudar recém-nascidos com idade gestacional > 36 semanas com encefalopatia moderada ou grave que apresentaram acidose grave ao nascimento, baixo índice de Apgar em ≥ 5 minutos e/ou necessidade de reanimação prolongada (1).

Nem a incidência nem a gravidade da síndrome da aspiração de mecônio são reduzidas pela sucção endotraqueal no momento do parto, independentemente da viscosidade aparente do líquido ou nível de atividade do recém-nascido, assim deve-se reservar a intubação endotraqueal para os recém-nascidos que exigem assistência ventilatória ou que parecem ter obstrução das vias respiratórias causada por mecônio. Recém-nascidos com a síndrome da aspiração de mecônio podem exigir ventilação assistida; ventilação de alta frequência às vezes é útil. Sedação é frequentemente necessária.

O tratamento com surfactantes não diminui a mortalidade geral, mas reduz a probabilidade da necessidade de tratamento com oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO), portanto, utiliza-se com frequência surfactante em recém-nascidos com desconforto respiratório significativo. A ECMO pode não estar disponível em todos os centros neonatais; no entanto, muitos desses centros podem fornecer transporte para UTIs neonatais onde a ECMO está disponível (2). A ECMO é geralmente reservada para neonatos ≥ 34 semanas de gestação com insuficiência respiratória hipóxica refratária ao tratamento médico convencional.

Trata-se a hipertensão pulmonar persistente com terapias de suporte e óxido nítrico inalável ou outros vasodilatadores pulmonares.

Referências sobre tratamento

  1. 1. McAdams RM, Juul SE. Neonatal Encephalopathy: Update on Therapeutic Hypothermia and Other Novel Therapeutics. Clin Perinatol. 2016;43(3):485-500. doi:10.1016/j.clp.2016.04.007

  2. 2. Cavallaro G, Di Nardo M, Hoskote A, Tibboel D. Editorial: Neonatal ECMO in 2019: Where Are We Now? Where Next?. Front Pediatr. 2022;9:796670. Publicado em 2022 Jan 4. doi:10.3389/fped.2021.796670

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