Infecções pelo vírus Zika (ZIKV)

PorStefania Carmona, MD, University of Alabama at Birmingham
Reviewed ByChristina A. Muzny, MD, MSPH, Division of Infectious Diseases, University of Alabama at Birmingham
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Visão Educação para o paciente

O vírus Zika é um flavivírus transmitido por mosquitos, que é estrutural e antigenicamente semelhante aos vírus que causam dengue, febre amarela e infecção pelo vírus do Nilo Ocidental. A infecção pelo zika vírus costuma ser assintomática, mas pode causar febre, exantema, dor articular ou conjuntivite; a infecção pelo zika vírus durante a gestação pode causar microcefalia (um defeito congênito grave), alterações oculares e uma série de deficiências de desenvolvimento denominadas síndrome congênita do zika vírus. O diagnóstico é por ensaio imunoabsorvente ligado à enzima ou reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR). O tratamento é de suporte. A prevenção é feita evitando picadas de mosquito, evitando sexo desprotegido com um parceiro com risco de ter infecção pelo vírus Zika e, para as gestantes e seus parceiros, evitando viajar para áreas com transmissão contínua.

O vírus Zika, como os vírus que causam dengue, febre amarela, e chikungunya, é transmitido por mosquitos Aedes, que se reproduzem em áreas com água parada. Esses mosquitos preferem picar as pessoas e viver perto delas em ambientes internos e externos; eles picam agressivamente durante o dia. Eles também picam à noite.

Os principais vetores são A. aegypti e A. albopictus. Nos Estados Unidos, o A. aegypti está restrito a uma região que se estende do extremo sul ao longo da fronteira Estados Unidos-México até o sul da Califórnia. O A. albopictus, que se adapta melhor aos climas mais frios, está presente em grande parte do sudeste até o Meio-Oeste e sul da Califórnia. Considera-se o A. aegypti o principal vetor para infecção epidêmica pelo vírus Zika; considera-se que o A. albopictus é um vetor secundário da epidemia de infecção pelo vírus Zika nos trópicos, mas não está claro se é um vetor no clima mais temperado dos Estados Unidos. Embora o A. aegypti alimente-se quase exclusivamente de seres humanos, o A. albopictus alimenta-se, além de seres humanos, de uma variedade de outros animais que não são suscetíveis ao vírus e não estão envolvidos em cadeias de transmissão.

Epidemiologia das infecções pelo vírus Zika

Em 1947, o vírus Zika foi isolado pela primeira vez de macacos na floresta Zika em Uganda, mas só foi considerado um patógeno humano importante depois que ocorreram os primeiros surtos em larga escala nas ilhas do Pacífico Sul em 2007. Em maio de 2015, a transmissão local foi relatada pela primeira vez na América do Sul, então na América Central e no Caribe.

A transmissão local do zika vírus foi identificada nas seguintes regiões:

  • América do Sul

  • América Central e México

  • Ilhas do Caribe (inclusive Porto Rico e Ilhas Virgens Americanas)

  • Ilhas do Pacífico

  • Cabo Verde (uma nação de ilhas na costa noroeste da África)

  • Sul e Sudeste da Asia (casos esporádicos)

  • África

  • Flórida e Texas

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) emite travel alerts para países nessas regiões quando surtos ocorrem (1).

Em 2016 e 2017, foram notificados casos de infecção pelo zika vírus por transmissão local no município de Miami-Dade no sudeste da Flórida e Brownsville, Texas. Não há registros de transmissão local do vírus Zika nos Estados Unidos continentais desde 2019. Contudo, infecção pelo zika vírus também foi notificada em viajantes que retornaram aos Estados Unidos após viajar para países onde há transmissão local do vírus.

Em maio de 2025, não havia regiões geográficas com um surto ativo do vírus Zika (1).

É difícil prever onde ocorrerá a propagação do vírus Zika. Entretanto, como o mesmo mosquito que transmite Zika também transmite dengue e chikungunya, pode-se esperar que haja transmissão local do vírus Zika sempre que houver casos de dengue ou chikungunya.

Referência sobre epidemiologia

  1. 1. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: Countries & Territories at Risk for Zika. February 25, 2025. Accessed June 18, 2025.

Transmissão do vírus Zika

Durante a primeira semana da infecção, o vírus Zika está presente no sangue. Os mosquitos adquirem o vírus quando eles picam as pessoas infectadas e podem então transmitir o vírus a outras pessoas por meio de picadas. Viajantes de áreas de transmissão contínua do vírus Zika podem ter o vírus Zika no sangue quando voltam para casa e, se os mosquitos vetores existirem localmente, a transmissão do vírus Zika é possível. Mas como o contato entre mosquitos Aedes e pessoas não é frequente na maioria dos Estados Unidos continental e no Havaí (por causa do controle de mosquitos e porque as pessoas vivem e trabalham em ambientes com ar-condicionado e protegidos com tela), a transmissão local do vírus Zika é rara e limitada.

Embora o vírus Zika seja principalmente transmitido por mosquitos, outros modos de transmissão incluem:

  • Transmissão sexual (incluindo sexo vaginal, anal e oral)

  • Transmissão intrauterina da mãe para o feto, resultando em infecção congênita

  • Transfusão de sangue

  • Transplante de órgão ou tecido (teoricamente)

O vírus Zika, como os vírus que causam dengue, chikungunya e febre do Nilo Ocidental, pode ser transmitido da mãe para o feto durante a gestação. O vírus Zika, como o vírus que causa dengue, foi detectado no leite materno, mas é incerto se lactentes podem adquirir a infecção por meio do aleitamento materno (1). Mas não houve relatos de transmissão do vírus Zika por aleitamento materno e como o aleitamento tem muitos benefícios, os CDC incentivam as mães a amamentar mesmo nas regiões onde a transmissão do vírus Zika é contínua (2, 3).

O vírus Zika é encontrado no sêmen e pode ser transmitido pelos homens para suas parceiras em relações sexuais, incluindo sexo vaginal e anal e provavelmente sexo oral, mesmo quando os homens não apresentam sintomas. O vírus Zika persiste no sêmen por mais tempo do que no sangue, nas secreções vaginais e outros líquidos fisiológicos. Tanto a transmissão do homem para mulher como de homem para homem durante atividade sexual desprotegida (sem preservativo) ocorreu (4).

O vírus Zika também pode ser transmitido por homens ou mulheres para seus parceiros sexuais quando acessórios sexuais são compartilhados, mesmo quando as pessoas infectadas não apresentam sintomas.

O vírus Zika persiste nas secreções vaginais depois que desaparece do sangue e da urina; a transmissão sexual de mulher para homem da infecção pelo vírus Zika foi descrita (4). A disseminação de RNA viral intermitente foi detectada nas secreções vaginais por até 6 meses, embora a detecção do RNA viral não comprove a presença de vírus infeccioso, porque a reação em cadeia da polimerase pode detectar um ou mais fragmentos gênicos, não necessariamente vírus infecciosos.

Foi relatada transmissão por hemotransfusão no Brasil, embora casos assim não tenham sido confirmados nos Estados Unidos (5). Casos de vírus Zika adquirido em laboratório foram relatados em pesquisadores, e acredita-se que a transmissão ocorra por acidentes com agulhas (6).

Referências sobre transmissão

  1. 1. Colt S, Garcia-Casal MN, Peña-Rosas JP, et al: Transmission of Zika virus through breast milk and other breastfeeding-related bodily-fluids: A systematic review. PLoS Negl Trop Dis 11(4):e0005528. 2017. Publicado em 2017 Abr 10. doi:10.1371/journal.pntd.0005528

  2. 2. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: How Zika Spreads. January 30, 2025. Accessed June 20, 2025.

  3. 3. World Health Organization: Guideline: infant feeding in areas of Zika virus transmission, 2nd edition. Geneva, WHO. June 15, 2021. Accessed June 20, 2025.

  4. 4. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: Sexual Transmission of Zika Virus. January 30, 2025. Accessed June 20, 2025.

  5. 5. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: Transmission of Zika Virus. January 30, 2025. Accessed June 20, 2025.

  6. 6. Hills SL, Morrison A, Stuck S, et al: Case Series of Laboratory-Associated Zika Virus Disease, United States, 2016-2019. Emerg Infect Dis 27(5):1296-1300, 2021. doi:10.3201/eid2705.203602

Sinais e sintomas das infecções pelo vírus Zika

A maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas.

Os sintomas da infecção pelo vírus Zika são febre, exantema maculopapular, conjuntivite, dor nas articulações, dor retro-orbital, cefaleia e dores musculares. Os sintomas são geralmente leves e duram de 4 a 7 dias (1). Infecção grave que requer hospitalização é incomum. Raramente, a infecção pelo vírus Zika causou encefalopatia em adultos. A morte por causa de infecção pelo vírus Zika é rara.

Bem raramente, ocorre síndrome de Guillain-Barré (SGB) após uma infecção pelo vírus Zika (2). A SGB é uma doença aguda rapidamente progressiva, mas autolimitada, geralmente considera-se que a polineuropatia inflamatória seja causada por reação autoimune.

Infecção congênita pelo vírus Zika

A infecção pelo vírus Zika durante a gestação pode causar microcefalia (desenvolvimento cerebral fetal incompleto e perímetro cefálico reduzido) e outros defeitos neurológicos, oculares, cardíacos e ortopédicos que, em conjunto, são denominados síndrome congênita do Zika (3).

Lactentes infectados no útero, tendo ou não microcefalia, podem apresentar lesões oculares ou contraturas congênitas (p. ex., pé torto). Lactentes infectados no útero e nascidos sem a síndrome da Zika congênita têm risco de retardo do desenvolvimento neurológico. Crianças com exposição in vitro ao vírus Zika sem síndrome congênita da Zika podem demonstrar diferenças emergentes na função executiva, humor e mobilidade adaptativa que exigem avaliação contínua.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Centers for Disease Control and Prevention: Clinical Signs and Symptoms of Zika Virus Disease. January 30, 2025. Accessed June 23, 2025.

  2. 2. Shahrizaila N, Lehmann HC, Kuwabara S. Guillain-Barré syndrome. Lancet 2021;397(10280):1214-1228. doi:10.1016/S0140-6736(21)00517-1

  3. 3. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: Congenital Zika Syndrome and Other Birth Defects. January 31, 2025. Accessed June 20, 2025.

Diagnóstico das infecções pelo vírus Zika

  • Exames sorológicos

  • Testes de amplificação de ácido nucleico (NAAT) com reação em cadeia da polimerase reversa (RT-PCR)

A suspeita de infecção pelo vírus Zika baseia-se nos sintomas e na localização geográfica ou viagem. Como as manifestações clínicas da infecção pelo vírus Zika lembram aquelas de muitas doenças tropicais febris (p. ex., dengue, malária, leptospirose, outras infecções por arbovírus) e sua distribuição geográfica lembra aquela de outros arbovírus, o diagnóstico da infecção pelo vírus Zika requer confirmação laboratorial por um dos seguintes (1):

  • NAAT para detectar RNA viral no soro ou na urina

  • Testes sorológicos (ensaio imunoenzimático ligado à enzima [ELISA] para IgM, teste de neutralização por redução de placas [PRNT] para anticorpos contra o vírus Zika)

O vírus Zika pode ser detectado com NAAT no soro dentro de 1 semana do início dos sintomas e até 14 dias nas amostras de urina. NAAT pode detectar o vírus Zika no sangue total por até 3 meses (2).

Nos Estados Unidos, foi emitida uma autorização para uso emergencial do Trioplex RT- PCR em tempo real, o qual é um teste PCR multiplex que pode detectar o RNA dos vírus da dengue, chikungunya e Zika no soro, sangue e líquido cefalorraquidiano, e pode detectar RNA do vírus Zika na urina e no líquido amniótico.

IgM específico para vírus e anticorpos neutralizantes tipicamente se desenvolvem no fim da primeira semana da doença, mas a reação cruzada com flavivírus relacionados (p. ex., vírus da dengue e da febre amarela) é comum. O PRNT com pares séricos agudos e convalescentes mede anticorpos neutralizantes específicos para vírus e ajuda a distinguir anticorpos de reação cruzada de flavivírus estreitamente relacionados. Um aumento de quatro vezes ou mais dos anticorpos no PRNT é diagnóstico.

O diagnóstico com teste de IgM é limitado, porque a IgM pode persistir por meses após a infecção. Portanto, os resultados dos testes de IgM nem sempre podem distinguir de forma confiável entre uma infecção que ocorreu durante uma gestação atual e uma que ocorreu antes de uma gestação atual, particularmente para mulheres com possível exposição ao vírus Zika antes da gestação atual.

As recomendações para o teste do vírus Zika variam de acordo com a população de pacientes e a organização médica (3, 4).

Testes de rotina para infecção pelo vírus Zika não são recomendados para gestantes que não apresentam sintomas. Contudo, para aqueles dentro ou com viagens recentes para áreas com altos níveis de transmissão epidêmica ou que tiveram relações sexuais com alguém com alto risco de exposição, pode-se considerar um teste PCR-TR (até 12 semanas após a exposição).

Para gestantes com sintomas e exposição recente ao vírus Zika:

  • CDC: < 12 semanas após o início dos sintomas, PCR-RT do vírus Zika de sangue e urina (se o teste for positivo, repetir em RNA recém-extraído da mesma amostra); testes de anticorpos IgM não são recomendados

  • OMS: ≤ 14 dias após o início dos sintomas, PCR-RT do vírus Zika de sangue e urina e, se negativo, teste de IgM; > 14 dias, teste de IgM

Para gestantes com achados ultrassonográficos fetais consistentes com infecção congênita pelo vírus Zika que vivem ou viajaram para áreas com risco de Zika durante a gestação, o CDC recomenda tanto o teste RT-PCR quanto o IgM em soro e urina. Se RT-PCR for negativa e IgM for positiva, PRNTs confirmatórios devem ser realizados. Testes de PCR-RT do vírus Zika de amostras de amniocentese e testes de tecidos placentário e fetal também podem ser considerados. Neonatos com suspeita de síndrome do vírus Zika devem ser testados (3 e 5).

Pacientes não gestantes devem ser testadas se suspeitarem de infecção pelo vírus Zika e sintomas graves. Não se recomenda testar homens sem sintomas para avaliar o risco de transmissão sexual (6). Homens que residem ou que viajaram para uma região de transmissão ativa do vírus Zika e que têm uma parceira grávida devem se abster de atividade sexual ou utilizar preservativos de forma consistente e corretamente durante as relações sexuais (isto é, relação sexual vaginal, sexo anal, sexo oral) no período de duração da gestação.

Os médicos nos estados unidos são obrigados a notificar o CDC se identificarem um caso de infecção pelo vírus Zika (3).

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Sharp TM, Fischer M, Muñoz-Jordán JL, et al: Dengue and Zika Virus Diagnostic Testing for Patients with a Clinically Compatible Illness and Risk for Infection with Both Viruses. MMWR Recomm Rep 68(1):1-10, 2019. Publicado em 2019 Jun 14. doi:10.15585/mmwr.rr6801a1

  2. 2. Stone M, Bakkour S, Lanteri MC, et al: Zika virus RNA and IgM persistence in blood compartments and body fluids: a prospective observational study. Lancet Infect Dis 20(12):1446-1456, 2020. doi:10.1016/S1473-3099(19)30708-X

  3. 3. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: Clinical Testing and Diagnosis for Zika Virus Disease. February 12, 2025. Accessed June 20, 2025.

  4. 4. World Health Organization: Laboratory testing for Zika virus and dengue virus infections: interim guidance. July 14, 2022. Accessed June 20, 2025.

  5. 5. Fleming-Dutra KE, Nelson JM, Fischer M, et al: Update: Interim Guidelines for Health Care Providers Caring for Infants and Children with Possible Zika Virus Infection--United States, February 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 65(7):182-187, 2016. Publicado em 2016 Fev 26. doi:10.15585/mmwr.mm6507e1

  6. 6. Polen KD, Gilboa SM, Hills S, et al: Update: Interim Guidance for Preconception Counseling and Prevention of Sexual Transmission of Zika Virus for Men with Possible Zika Virus Exposure - United States, August 2018. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2018;67(31):868-871. Publicado em 2018 Ago 10. doi:10.15585/mmwr.mm6731e2

Tratamento das infecções por vírus Zika

  • Cuidados de suporte

Não há nenhum tratamento antiviral específico para a infecção pelo vírus Zika.

O tratamento é de suporte, engloba o seguinte:

  • Repouso

  • Líquidos para evitar desidratação

  • Paracetamol para aliviar febre e dor

  • Evitar ácido acetilsalicílico e outros AINEs (fármacos anti-inflamatórios não esteroides)

Ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) não costumam ser utilizados durante a gestação e devem ser especificamente evitados em todos os pacientes tratados para a infecção pelo vírus até que dengue possa ser descartada devido ao risco de hemorragia. Além disso, a ocorrência de morte e infecção grave devido ao vírus Zika foi relacionada com trombocitopenia imunitária e sangramentos (1, 2).

Se as gestantes apresentam evidências laboratoriais do vírus Zika no soro, urina ou líquido amniótico, deve-se considerar ultrassonografia seriada a cada 3 a 4 semanas para monitorar a anatomia e o crescimento fetais. Encaminhamento a um centro de medicina materno-fetal ou especializado em doenças infecciosas com experiência no tratamento na gestação é recomendado (3).

Deve-se monitorar o desenvolvimento do encéfalo por ≥ 2 anos em todos os lactentes nascidos de mães infectadas pelo zika vírus, se os lactentes têm ou não microcefalia, lesões oculares ou outros defeitos consistentes com a síndrome congênita do zika vírus. O CDC tem informações abrangentes sobre testes e cuidados para lactentes afetados pela zica (4, 5).

Referências sobre tratamento

  1. 1. Sharp TM, Muñoz-Jordán J, Perez-Padilla J, et al: Zika virus infection associated with severe thrombocytopenia. Clin Infect Dis 63 (9):1198–1201, 2016. doi: 10.1093/cid/ciw476

  2. 2. Karimi O, Goorhuis A, Schinkel J, et al: Thrombocytopenia and subcutaneous bleedings in a patient with Zika virus infection. The Lancet 387 (10022):939–940, 2016. doi: 10.1016/S0140-6736(16)00502-X

  3. 3. Oduyebo T, Polen KD, Walke HT, et al: Update: Interim Guidance for Health Care Providers Caring for Pregnant Women with Possible Zika Virus Exposure — United States (Including U.S. Territories), July 2017. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2017;66:781-793, 2017. Publicado em 2017 Jul 28. doi:10.15585/mmwr.mm6629e1

  4. 4. Russell K, Oliver SE, Lewis L, et al: Update: Interim Guidance for the Evaluation and Management of Infants with Possible Congenital Zika Virus Infection - United States, August 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 65(33):870-878, 2016. Publicado em 2016 Ago 26. doi:10.15585/mmwr.mm6533e2

  5. 5. Adebanjo T, Godfred-Cato S, Viens L, et al. Update: Interim Guidance for the Diagnosis, Evaluation, and Management of Infants with Possible Congenital Zika Virus Infection - United States, October 2017. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 66(41):1089-1099, 2017. Publicado em 2017 Out 20. doi:10.15585/mmwr.mm6641a1C

Prevenção de infecções pelo vírus Zika

Se possível, gestantes NÃO devem viajar para áreas com surtos em andamento do zika vírus. Se viajar para essas áreas, as gestantes devem conversar com seu médico obstetra sobre os riscos da infecção pelo vírus Zika e precauções a serem tomadas para evitar picadas de mosquito durante a viagem.

Não há vacina para prevenir a infecção pelo vírus Zika.

Prevenção da transmissão via mosquitos

A prevenção da infecção pelo vírus Zika depende do controle dos mosquitos Aedes e a prevenção de picadas de mosquito ao viajar para países com transmissão contínua do vírus. O controle do A. aegypti tem sido muito difícil; no entanto, 2 abordagens parecem promissoras (1).

  • A liberação de mosquitos machos geneticamente modificados ou esterilizados que se acasalam com as fêmeas selvagens cujas larvas então não amadurecem ou cujos ovos são inférteis

  • Liberação de fêmeas do mosquitos A. aegypti infectadas com bactérias Wolbachia que bloqueiam a suscetibilidade ao vírus Zika nos mosquitos infectados e seus descendentes

Para evitar picadas de mosquito, as seguintes precauções devem ser tomadas (2, 3):

  • Utilizar camisas de manga longa e calças.

  • Manter-se em lugares com ar-condicionado ou em que as janelas e portas têm telas protetoras de modo que os mosquitos sejam mantidos fora.

  • Dormir sob um mosquiteiro em locais que não têm ar-condicionado ou telas protetoras adequadas.

  • Utilizar repelentes contra insetos certificados pela Environmental Protection Agency com ingredientes como dietiltoluamida (DEET) ou outros ingredientes ativos aprovados nas superfícies da pele exposta.

  • Tratar roupas e equipamentos com inseticida permetrina (não aplicar diretamente sobre a pele).

Para crianças, são recomendadas as seguintes precauções:

  • Não utilizar repelente contra insetos em recém-nascidos < 2 meses.

  • Não utilizar produtos que contêm óleo de eucalipto citriodora (para-mentano-diol) em crianças < 3 anos.

  • Nas crianças mais velhas, os adultos devem colocar o repelente nas mãos e então aplicá-lo à pele das crianças.

  • Vestir crianças com roupas que cobrem os membros superiores e inferiores, ou cobrir o berço, carrinho de lactente ou portador de lactente com mosquiteiro.

  • Não aplicar repelente de insetos nas mãos, olhos, boca ou pele cortada ou irritada das crianças.

Prevenção da transmissão sexual

O RNA do vírus Zika foi detectado no sêmen até 281 dias após o início dos sintomas (4) embora a detecção do RNA viral não indique necessariamente a presença do vírus infeccioso. Em geral, a eliminação do vírus Zika infeccioso é limitada às primeiras semanas após o início da doença, embora permaneça a possibilidade de transmissão posterior. Como o vírus Zika pode ser transmitido via sêmen, as pessoas devem utilizar preservativos ou praticar abstinência se um ou ambos os parceiros vivem ou viajaram para uma região com transmissão atual ou recente do vírus Zika. Essa recomendação se aplica a pessoas com ou sem sintomas, pois a maioria das infecções pelo vírus Zika é assintomática ou cursa apenas com sintomas leves.

  • Homem com parceira gestante: abster-se de atividade sexual ou utilizar preservativos e evitar o compartilhamento de brinquedos eróticos durante a gestação

  • Homens que viajaram para uma região com risco de Zika com ou sem a parceira: abster-se de atividade sexual ou utilizar preservativos por 3 meses após o retorno (ou após o início dos sintomas)

  • Mulher viajou para a região de risco de Zika sem parceiro masculino: abster-se de atividade sexual ou utilizar preservativos por 2 meses após o retorno (ou o início dos sintomas)

Preservativos devem ser usados do início ao fim de toda relação sexual vaginal, anal ou oral.

Embora nenhum caso de transmissão sexual de mulher para mulher tenha sido relatado, o CDC agora recomenda que todas as gestantes que têm uma parceira sexual feminina que viajou ou que resida em uma área com zika sempre usem métodos de barreira durante o sexo vaginal, anal e oral ou que se abstenham do sexo durante a gravidez e evitem compartilhar brinquedos sexuais.

Pacientes que estão tentando engravidar e tiveram possível exposição ao vírus Zika devem adiar a tentativa de concepção por 3 meses após o início dos sintomas ou a última possível exposição ao vírus Zika (5, 6).

Referências sobre prevenção

  1. 1. Rahul A, Reegan AD, Shriram AN, Fouque F, Rahi M. Innovative sterile male release strategies for Aedes mosquito control: progress and challenges in integrating evidence of mosquito population suppression with epidemiological impact. Infect Dis Poverty 2024;13(1):91. Publicado em 2024 Dez 3. doi:10.1186/s40249-024-01258-5

  2. 2. Connelly CR, Gimnig JE: Mosquitoes, Ticks, and Other Arthropods. In CDC Yellow Book: Health Information for International Travel. April 23, 2025. Accessed June 20, 2025.

  3. 3. Centers for Disease Control and Prevention: Zika Virus: Preventing Zika. January 30, 2025. Accessed June 20, 2025.

  4. 4. Mead PS, Duggal NK, Hook SA, et al: Zika Virus Shedding in Semen of Symptomatic Infected Men. N Engl J Med 378(15):1377-1385, 2018. doi:10.1056/NEJMoa1711038

  5. 5. Petersen EE, Meaney-Delman D, Neblett-Fanfair R, et al: Update: Interim Guidance for Preconception Counseling and Prevention of Sexual Transmission of Zika Virus for Persons with Possible Zika Virus Exposure - United States, September 2016. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 65(39):1077-1081, 2016. Publicado em 2016 Out 7. doi:10.15585/mmwr.mm6539e1

  6. 6. Polen KD, Gilboa SM, Hills S, et al: Update: Interim Guidance for Preconception Counseling and Prevention of Sexual Transmission of Zika Virus for Men with Possible Zika Virus Exposure - United States, August 2018. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 67(31):868-871, 2018. Publicado em 2018 Ago 10. doi:10.15585/mmwr.mm6731e2

Pontos-chave

  • O vírus Zika é transmitido principalmente por mosquitos Aedes.

  • A maioria das infecções pelo vírus Zika é assintomática; as infecções sintomáticas geralmente são leves, causando febre, exantema maculopapular, conjuntivite, artralgia, dor retro-orbital, cefaleia e mialgia.

  • A infecção pelo vírus Zika durante a gestação pode causar síndrome congênita do vírus Zika, que pode incluir um defeito congênito grave chamado microcefalia, bem como lesões oculares e outros tipos de lesão.

  • Monitorar o desenvolvimento do cérebro em todos os lactentes nascidos de mães infectadas pelo vírus Zika, se os lactentes têm ou não microcefalia ou lesões oculares, por ≥ 2 anos.

  • Testar gestantes para o vírus Zika se elas tiverem viajado ou morarem em áreas de transmissão contínua do vírus utilizando testes sorológicos (ensaio imunoenzimático para IgM [ELISA], teste de neutralização por redução de placas) ou PCR por transcriptase reversa.

  • O tratamento é de suporte; para febre, utilizar paracetamol e evitar ácido acetilsalicílico ou AINEs até a dengue ser excluída.

  • Gestantes não devem viajar para áreas com surtos em andamento do zika vírus.

  • A prevenção da infecção pelo vírus Zika depende de como é feito o controle de mosquitos Aedes e como evitar picadas de mosquito.

  • Como o vírus Zika pode ser transmitido sexualmente, homens e mulheres que moram ou viajaram para uma área de transmissão contínua do vírus devem se abster de atividade sexual ou utilizar de maneira consistente e correta métodos de barreira durante o sexo, inclusive quando a parceira estiver gestando.

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