Pneumonia eosinofílica crônica

PorJoyce Lee, MD, MAS, University of Colorado School of Medicine
Revisado/Corrigido: jul 2023
Visão Educação para o paciente

A pneumonia eosinofílica crônica (PEC) é um distúrbio de etiologia desconhecida, caracterizado por um acúmulo anormal crônico de eosinófilos no pulmão.

(Ver também Visão geral das Doenças pulmonares eosinofílicas.)

A pneumonia eosinofílica crônica não é verdadeiramente crônica, mas uma doença aguda ou subaguda, que se repete (assim, um nome melhor seria pneumonia eosinofílica recorrente). A prevalência e a incidência da pneumonia eosinofílica crônica são desconhecidas. Suspeita-se que a etiologia seja uma diátese alérgica. A maioria dos pacientes não é tabagista.

Sinais e sintomas da pneumonia eosinofílica crônica

Com frequência, os pacientes com pneumonia eosinofílica crônica apresentam enfermidade fulminante caracterizada por tosse, febre, dispneia progressiva, perda ponderal, sibilos e sudorese noturna. O quadro clínico pode sugerir uma pneumonia adquirida na comunidade. A asma acompanha ou precede a doença em > 50% dos casos. Pacientes com sintomas recorrentes podem ter perda ponderal.

Diagnóstico da pneumonia eosinofílica crônica

  • Radiografia de tórax e tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR)

  • Geralmente hemograma completo (HC) com exames laboratoriais diferenciais e outros

  • Exclusão de causas infecciosas de pneumonia

  • Lavado broncoalveolar

Suspeita-se do diagnóstico da pneumonia eosinofílica crônica em pacientes com sintomas característicos e aspecto radiográfico típico depois de excluir uma causa infecciosa da pneumonia.

Achados radiográficos de opacidades periféricas ou próximas à pleura bilateralmente, mais comumente nas regiões pulmonares médias e superiores, são descritos como “negativos fotográficos” de edema pulmonar e são, praticamente, patognomônicos (embora observados em < 25% dos pacientes). Pode haver um padrão semelhante na TCAR, mas a distribuição da consolidação pode variar e até mesmo incluir lesões unilaterais.

O diagnóstico também requer hemograma completo (HC), velocidade diferencial de hemossedimentação (VHS), níveis de IgE, eventualmente exames de ferro, e exclusão de causas infecciosas por culturas apropriadas. Com frequência, evidenciam-se eosinofilia no sangue periférico, VHS bastante elevado, anemia por deficiência de ferro e trombocitose. Ao contrário da pneumonia eosinofílica aguda, a eosinofilia periférica está frequentemente presente na pneumonia eosinofílica crônica.

Em geral, realiza-se lavado broncoalveolar para confirmar o diagnóstico. Eosinofilia no lavado broncoalveolar > 40% é altamente sugestiva de pneumonia eosinofílica crônica e as avaliações seriadas do lavado broncoalveolar podem ajudar a documentar a evolução da doença.

Tratamento da pneumonia eosinofílica crônica

  • Corticoides sistêmicos

  • Às vezes, terapia de manutenção com corticoides inalados, corticoides orais, ou ambos

Os pacientes com pneumonia eosinofílica crônica respondem de maneira uniforme a corticoides por via oral ou intravenosa; a ausência de resposta sugere outro diagnóstico. O tratamento inicial envolve prednisona, 40 a 60 mg, uma vez ao dia. A melhora clínica, com frequência, é surpreendente e rápida, ocorrendo habitualmente dentro de 48 horas. A resolução completa dos sintomas e das alterações radiográficas ocorre em 14 dias na maioria dos pacientes e por volta de 1 mês em quase todos.

Os sintomas e as radiografias do tórax são guias eficientes e confiáveis para a terapia. Embora a TCAR seja mais sensível para a detecção de alterações pelos exames de imagens, repetir a TC não traz benefício.

Contagem de eosinófilos periféricos, VHS e níveis de IgE também podem ser utilizados para o seguimento da evolução clínica durante o tratamento. Entretanto, nem todos os pacientes apresentam resultados anormais dos exames laboratoriais.

A recaída sintomática ou radiográfica ocorre em muitos casos após a interrupção da terapia ou, menos comumente, com a diminuição progressiva da dose de corticoide. A recaída pode ocorrer meses a anos após as manifestações do episódio inicial. Dessa maneira, a terapia com corticoides indefinidamente pode ser necessária por longos períodos (anos). Os corticoides inaláveis (p. ex., fluticasona ou beclometasona, 500 a 750 mcg duas vezes ao dia) podem ser efetivos, em especial na redução da dose de manutenção dos corticoides orais.

A recaída não parece indicar insucesso no tratamento, prognóstico reservado, ou maior morbidade. Os pacientes continuam a responder a corticoides semelhantes aos anteriores à recaída. Pode ocorrer obstrução fixa do fluxo aéreo em alguns pacientes que se recuperam, mas as anormalidades são habitualmente de significado clínico limítrofe.

A pneumonia eosinofílica crônica ocasionalmente leva a anormalidades restritivas fisiologicamente importantes na função pulmonar como resultado da fibrose irreversível, mas as anormalidades geralmente são leves o suficiente para que a pneumonia eosinofílica crônica seja uma causa extremamente incomum de morbidade ou morte.

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