O aconselhamento genético pré-natal deve ser oferecido para todos os pais em potencial, de preferência antes da concepção, com o intuito de avaliar os fatores de risco de doenças congênitas. Precauções para ajudar a prevenir defeitos ao nascimento (p. ex., evitar teratógenos Exposição a teratógenos Fatores de risco de complicações na gestação incluem Doenças maternas preexistentes Características físicas e sociais (p. ex., idade) Problemas em gestações anteriores (p. ex., história prévia... leia mais , tomar ácido fólico suplementar Dietas e suplementos .) são recomendadas para todas as mulheres que planejam engravidar.
As informações apresentadas no aconselhamento genético devem ser simples e livres de jargão para que casais ansiosos possam compreendê-las. A repetição frequente pode ser necessária. Aos casais deve ser dado um tempo para que fiquem sozinhos e formulem perguntas. Há informações disponíveis na internet (www.acog.org) para muitos problemas comuns (p. ex., idade materna avançada, abortos espontâneos habituais, história anterior de fetos com defeitos no tubo neural, história anterior de fetos com trissomia) (ver Fatores de risco de complicações na gestação Fatores de risco de complicações na gestação Fatores de risco de complicações na gestação incluem Doenças maternas preexistentes Características físicas e sociais (p. ex., idade) Problemas em gestações anteriores (p. ex., história prévia... leia mais ).
Muitos casais (p. ex., aqueles com fatores de risco suspeitos ou declarados) beneficiam-se das informações e testes opcionais propostos pelo especialista. Aconselham-se os pais com fatores de risco para anormalidades genéticas sobre possíveis desfechos e opções para avaliação genética Teste genético pré-natal dos pais A avaliação genética é parte dos exames pré-natais de rotina e deve ser feita, preferencialmente, antes da concepção. A extensão do teste genético está relacionada à forma como a mulher e seu... leia mais . Se os exames identificarem algum distúrbio, devem-se discutir as possibilidades de reprodução.
As opções reprodutivas pré-concepção para pacientes com doenças genéticas são
Doador de esperma se o homem é um portador
Oócitos de doador se a mulher é uma portadora
Fertilização in vitro Fertilização in vitro (FIV) As TRAs compreendem a manipulação do esperma e óvulo ou embrião in vitro com o objetivo de produzir uma gestação. Nas técnicas de reprodução assistida, coletam-se oócitos e espermatozoides dos... leia mais (FIV) com testes genéticos pré-implantação dos embriões Diagnóstico genético pré-implantação (DGPI) Todos os procedimentos utilizados para diagnosticar doenças genéticas, exceto ultrassonografia, são invasivos e envolvem risco leve ao feto. A gestação pode ser interrompida se a triagem detectar... leia mais
Alguns pais em potencial podem optar por utilizar métodos contraceptivos Visão geral da contracepção A decisão de iniciar, prevenir ou interromper uma gestação pode ser influenciada por muitos fatores, incluindo fatores pessoais, médicos, familiares e socioeconômicos. A contracepção pode ser... leia mais para evitar uma gravidez até que tenham acesso a opções apropriadas de cuidados de saúde reprodutiva.
As opções reprodutivas pós-concepção são
Transferir os cuidados do parto para um centro terciário com serviços neonatais mais extensos
Utiliza-se o teste genético pré-implantação Diagnóstico genético pré-implantação (DGPI) Todos os procedimentos utilizados para diagnosticar doenças genéticas, exceto ultrassonografia, são invasivos e envolvem risco leve ao feto. A gestação pode ser interrompida se a triagem detectar... leia mais (TGP) para identificar defeitos genéticos em embriões criados por meio de fertilização in vitro antes de serem implantados. Pode ser feito se um casal tem alto risco de certas doenças mendelianas ou anormalidades cromossômicas.
(Ver também a página Princípios gerais da genética médica Visão geral da genética Um gene, unidade básica de herança, é um seg- mento de DNA que contém toda a informação necessária para sintetizar um polipeptídeo (proteína) ou uma molécula de RNA funcional. A síntese proteica... leia mais .)
Fatores de risco para doenças genéticas ou anomalias congênitas
Existe risco de anormalidades genéticas em todas as gestações. Dentre os nascidos vivos, a incidência é de
0,5% para doenças cromossômicas numéricas ou estruturais
1% para doenças de gene único (mendelianas)
1% para doenças de múltiplo genes (poligênicos)
Entre os natimortos, essas taxas são maiores.
A maior parte das malformações envolvendo um único sistema (p. ex., defeitos do tubo neural Visão geral das anomalias neurológicas congênitas , deformidades cardíacas congênitas Visão geral das anomalias cardiovasculares congênitas Cardiopatia congênita é a anomalia congênita mais comum e ocorre em quase 1% dos nascidos vivos ( 1). Entre as alterações congênitas, a cardiopatia congênita é a principal causa de mortalidade... leia mais ) resulta de herança poligênica ou multifatorial (isto é, também influenciada por fatores ambientais).
O risco de ter um feto com cromossomopatias Overview of Chromosomal Abnormalities As anomalias cromossômicas causam várias disfunções. As anomalias que afetam os autossomos (os 22 pares de cromossomos que são iguais em homens e mulheres) são mais comuns do que as que afetam... leia mais é maior nos casais que já tiveram um feto ou lactente com cromossomopatia anterior (reconhecida ou não identificada), exceto em alguns tipos específicos (p. ex., 45,X; triploide; rearranjos cromossômicos de novo). As cromossomopatias são mais prováveis em:
Fetos com a malformação importante (30%; 35 a 38% se incluídas as anormalidades submicroscópicas)
Raramente, um dos pais tem uma cromossomopatia que aumenta o risco de cromossomopatia fetal. Não se pode suspeitar de doenças cromossômicas parentais assintomáticos (p. ex., anormalidades equilibradas como certas translocações e inversões (nenhuma ruptura de um gene e nenhum material genético perdido ou adicionado). É possível suspeitar-se de um rearranjo cromossômico equilibrado dos pais, se o casal já teve abortos espontâneos recorrentes, infertilidade ou filhos com malformações.
A probabilidade de uma doença cromossômica fetal aumenta à medida que a idade materna aumenta porque as taxas de não disjunção (falha dos cromossomos em se separarem de uma maneira normal) durante a meiose são mais altas. O risco de aneuploidias comuns de acordo com a idade materna (1 Referências em relação a fatores de risco para transtornos congênitos O aconselhamento genético pré-natal deve ser oferecido para todos os pais em potencial, de preferência antes da concepção, com o intuito de avaliar os fatores de risco de doenças congênitas... leia mais ) é
< 35 anos: trissomia 21 (1/591), trissomia 18 (1/2862) e trissomia 13 (1/4651)
≥ 35 anos: trissomia 21 (1/100), trissomia 18 (1/454) e trissomia 13 (1/1438)
A maior parte das cromossomopatias decorrentes de idade materna avançada envolve um cromossomo extra (trissomia), principalmente a trissomia do cromossomo 21 (síndrome de Down Síndrome de Down (trissomia do 21) É uma anomalia no cromossomo 21 que pode causar deficiência intelectual, microcefalia, baixa estatura e face característica. O diagnóstico é sugerido por anomalias física e anormalidades no... leia mais ). Idade dos pais > 50 anos também aumenta o risco de algumas variantes gênicas espontâneas dominantes (previamente chamadas de mutações), como acondroplasia Osteocondrodisplasias (nanismo osteocondrodisplásico) , nos descendentes.
Algumas doenças cromossômicas são submicroscópicas e, portanto, não identificadas pelo cariótipo tradicional. As anomalias cromossômicas submicroscópicas, às vezes chamadas variantes do número de cópias, ocorrem independentemente dos mecanismos de não disjunção relacionados à idade. A incidência precisa dessas anomalias não está clara, mas ela é maior em fetos com anormalidades estruturais. Um estudo multicêntrico patrocinado pelo Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development (NICHD) demonstrou uma incidência de 1% de variantes do número de cópias clinicamente relevantes em fetos com cariótipos normais independente da indicação para testes e uma incidência de 6% em fetos com anomalias estruturais (2 Referências em relação a fatores de risco para transtornos congênitos O aconselhamento genético pré-natal deve ser oferecido para todos os pais em potencial, de preferência antes da concepção, com o intuito de avaliar os fatores de risco de doenças congênitas... leia mais ).
Suspeita-se de doença autossômica dominante Autossômico dominante As doenças genéticas determinadas por um único gene (doenças mendelianas) são as de análise mais fácil e as mais completamente compreendidas. Se a expressão de um traço requer apenas uma cópia... leia mais , se houver história familiar em mais de uma geração; doenças autossômicas afetam igualmente homens e mulheres. Se um dos pais tiver uma doença autossômica dominante, há risco de 50% de transmissão para a prole.
Para que um transtorno autossômico recessivo Autossômico recessivo As doenças genéticas determinadas por um único gene (doenças mendelianas) são as de análise mais fácil e as mais completamente compreendidas. Se a expressão de um traço requer apenas uma cópia... leia mais seja expressado, um descendente deve receber a variante patogênica do gene para esse transtorno de ambos os pais. Os pais podem ser heterozigotos (portadores) e, caso sejam, são geralmente clinicamente normais. Se ambos os pais são portadores, a prole (homens ou mulheres) tem até 25% de risco de ser homozigoto para a variante do gene patogênico e, portanto, de ser afetada por ele; 50% têm probabilidade de serem heterozigotos e 25% têm probabilidade de serem geneticamente normais. Se somente o irmão e nenhum outro parente for afetado, deve-se suspeitar de doença autossômica recessiva. A probabilidade de ambos os pais portarem o traço da mesma doença autossômica recessiva aumenta, à medida que forem consanguíneos.
Como as mulheres têm dois cromossomos X e os homens apenas um, transtornos recessivos ligados ao X Recessivo ligado ao X As doenças genéticas determinadas por um único gene (doenças mendelianas) são as de análise mais fácil e as mais completamente compreendidas. Se a expressão de um traço requer apenas uma cópia... leia mais são expressos em todos os homens portadores da variante gênica patogênica. Tais doenças são normalmente transmitidas por mulheres heterozigotas clinicamente normais (portadoras). Assim, para cada filho de uma mulher portadora, o risco de ter a doença é de 50% e, para cada filha, o risco de ser portadora é de 50%. Homens afetados não transmitem o gene para seus filhos, mas transmitem para todas as filhas, que serão portadoras. Os homens não afetados não transmitem o gene.
Referências em relação a fatores de risco para transtornos congênitos
1. Forabosco A, Percespe A, Santucci S: Incidence of non-age-dependent chromosomal abnormalities: a population-based study on 88965 amniocenteses. Eur J Hum Genet 17 (7): 897–903, 2009.
2. Wapner RJ, Martin CL, Levy B: Chromosomal microarray versus karyotyping for prenatal diagnosis. N Engl J Med 367:2175-2184, 2012.