Úlceras e inflamação nos lábios

PorBernard J. Hennessy, DDS, Texas A&M University, College of Dentistry
Revisado/Corrigido: mai 2022
Visão Educação para o paciente

    A inflamação labial pode ser generalizada, ou localizada em uma ou mais feridas ou lesões. Embora possa haver algum edema, a principal manifestação é o desconforto. O edema labial com pouco ou sem desconforto é discutido em outra parte.

    (Ver também Avaliação do paciente odontológico.)

    Úlceras labiais e outras alterações

    Algumas doenças infecciosas, neoplásicas ou outras podem causar úlceras labiais, tumores e outras alterações:

    • Herpes labial (infecção recorrente pelo vírus herpes simples): pequeno aglomerado de vesículas que se rompem formando úlceras na borda do lábio (herpes labial) ou na mucosa do palato duro (herpes oral). O tratamento é mais útil se iniciado durante a fase prodrômica. Realiza-se o tratamento oral com uma dose diária de fanciclovir ou valaciclovir, ou 5 dias de aciclovir. Aciclovir tópico, penciclovir em creme ou docosanol a 10% em creme de venda livre aplicados várias vezes ao dia podem encurtar a duração dos sintomas em apenas 1 dia ou menos.

    • Eritema multiforme: várias bolhas que se rompem rapidamente deixando úlceras hemorrágicas crostosas na mucosa labial. Essa doença ulcerativa mucocutânea é uma reação imunitária geralmente desencadeada pelo vírus do herpes simples. O eritema multiforme tem grande variedade morfológica e muitas vezes causa mucosite oral dolorosa. As ulcerações labiais são tratadas com corticoides tópicos ou sistêmicos.

    • Sífilis primária (cancro): úlcera indolor com bordas duras. Os cancros orais costumam ser vistos nos lábios (lábios superiores mais comuns nos homens; lábios inferiores mais comuns nas mulheres). O tratamento de escolha da sífilis é penicilina.

    • Verruga vulgar (verruga comum): superfície áspera, tumor indolor. Essa doença benigna pode se espalhar por autoinoculação. Os tratamentos são feitos por meio de agentes tópicos (ácido salicílico, ácido láctico ou nitrogênio líquido) ou excisão cirúrgica.

    • Queratose actínica: tumorações pré-carcinógenas ressecadas, descamativas, irregulares, pálido, enantemaosas ou de coloração variável. Essa doença pré-malignas comum é causada pela exposição crônica à luz ultravioleta. Os tratamentos são reduzir a exposição ao sol (uso de protetores solares e chapéus com abas largas) e ablação a laser.

    • Eritroplasia ou leucoplasia: manchas vermelhas ou brancas. Essas manchas podem estar associadas a displasia e carcinoma de células escamosas.

    • Carcinoma oral de células escamosas: pode se manifestar de maneira variável como nódulo ou placa hiperceratótica, úlcera com bordas duras ou como eritroplasia ou leucoplasia (particularmente nos casos em fase inicial que ainda não ulceraram). O tratamento depende do estágio clínico no momento do diagnóstico e inclui excisão cirúrgica ampla, radioterapia ou ambos.

    • Síndrome de Peutz-Jeghers: doença autossômica dominante que inclui máculas benignas hiperpigmentadas (azul escuro, marrom, preto) da pele e mucosas (especialmente mucosas labial e bucal), pólipos hamartomatosos gastrointestinais e predisposição (não relacionada com máculas e pólipos) a vários tipos de câncer.

    Queilite (inflamação labial)

    A queilite é inflamação aguda ou crônica dos lábios. Pode ser causada por infecção, exposição ao sol, fármacos ou substâncias irritantes, alergia ou doença subjacente. A inflamação acomete principalmente o vermelhão labial e a borda do vermelhão. Edema, com enantema e dor; outras alterações podem ser rachaduras, fissuras, erosões, crostas e descamação.

    A queilite angular (estomatite angular) é a forma mais comum; inflamação, crostas, fissuras dolorosas, muitas vezes com maceração nos cantos da boca. As causas típicas são

    • Desgaste excessivo dos dentes ou próteses dentárias que não separam adequadamente as mandíbulas, criando dobras cutâneas nos cantos da boca nas quais há acúmulo de saliva

    • Candida spp (ou algumas vezes Staphylococcus aureus)

    • Deficiência de ferro, deficiência do complexo de vitamina B (sobretudo riboflavina e cobalamina)

    O tratamento da queilite angular pode ser feito pela substituição das próteses dentárias ou a restauração do tamanho adequado dos dentes com próteses parciais, coroas ou implantes, o que ajuda a reduzir as dobras nos cantos da boca e com o uso de antifúngicos (p. ex., creme de clotrimazol) e antibióticos (p. ex., pomada de mupirocina), ou suplementação de ferro ou vitamina B, conforme necessário.

    Outras causas da queilite são

    • Atrofia actínica: dano solar que causa atrofia e adelgaçamento da mucosa com erosões; predispõe a neoplasias

    • Queilite eczematosa: lábios enantematosos e ressecados (algumas vezes denominados lábios rachados) geralmente causados por contato com substâncias irritantes ou, algumas vezes, por alergênios ou como parte da dermatite atópica

    Tipos raros de queilite são a queilite glandular, a queilite granulomatosa e a queilite plasmocitária. Crianças com a doença de Kawasaki podem apresentar lábios enantematosos, ressecados, edematosos e rachados, junto com língua de morango.

    Em geral, o diagnóstico é feito pela anamense e exame clínico. A queilite actínica com sinais de progressão (induração, ulceração e/ou espessamento) deve ser biopsiada para descartar carcinoma.

    O tratamento é feito com vaselina ou outros emolientes, bem como pela eliminação ou pelo tratamento das causas específicas. Na queilite actínica não maligna grave, pode-se considerar vermelhectomia (raspagem labial) ou ablação a laser com CO2. Pode-se minimizar o dano solar por meio da utilização de vestimentas protetoras como chapéus de aba larga e protetor labial contendo filtro solar tópico.

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