Diferentes grupos dessas bactérias são disseminados de modos diferentes, por exemplo, através da tosse ou espirro, através do contato com feridas ou úlceras, ou durante o parto vaginal (de mãe para filho).
Essas infecções afetam várias áreas do corpo, incluindo garganta, ouvido médio, seios paranasais, pulmões, pele, tecido sob a pele, válvulas cardíacas e corrente sanguínea.
Os sintomas podem incluir tecidos inchados doloridos e vermelhos, úlceras com crostas, garganta inflamada (faringite estreptocócica) e erupção cutânea, dependendo da área afetada.
Os médicos podem conseguir diagnosticar a infecção com base nos sintomas e podem confirmar o diagnóstico ao identificar a bactéria em uma amostra de tecido infectado, por vezes suplementado com exames de diagnóstico por imagem.
Os antibióticos são dados por via oral ou, para infecções sérias, por veia.
(Consulte também Considerações gerais sobre bactérias Considerações gerais sobre bactérias As bactérias são organismos microscópicos unicelulares. Elas estão entre as formas de vida mais primitivas da terra. Há milhares de tipos diferentes de bactérias, e elas vivem em todos os ambientes... leia mais ).
Muitas formas de estreptococos vivem inofensivamente no corpo. Algumas espécies que podem causar infecção estão também presentes em algumas pessoas saudáveis, mas não causam sintomas. Tais pessoas são chamadas de portadoras.
Tipos de estreptococos
Os estreptococos são divididos em grupos com base na sua aparência quando cultivados em laboratório e nos diferentes componentes químicos. Cada grupo tende a produzir infecções específicas. Os grupos mais propensos a causar doenças nas pessoas incluem
Grupo A
Grupo B
Viridans
Uma espécie – Streptococcus pneumoniae (pneumococo) – é geralmente considerada separadamente (consulte Infecções pneumocócicas Infecções pneumocócicas As infecções pneumocócicas são causadas pela bactéria Gram-positiva em forma de esfera (coco) (consulte a figura Como as bactérias tomam forma) Streptococcus pneumoniae (pneumococo).... leia mais ).
Disseminação da infecção estreptocócica
Os estreptococos do grupo A disseminam-se por:
Inalação de gotículas de secreções do nariz ou da garganta que são dispersas quando uma pessoa infectada tosse ou espirra
Contato com feridas ou úlceras infectadas na pele
Geralmente, as bactérias não são transmitidas pelo contato casual, mas podem ser transmitidas em ambientes lotados de pessoas, como dormitórios, escolas e quartéis militares. Após 24 horas de tratamento com antibióticos, as pessoas não podem mais transmitir as bactérias a outras.
Os estreptococos do grupo B podem ser transmitidos a recém-nascidos pelas secreções vaginais durante o parto.
Os estreptococos viridans habitam a boca de pessoas saudáveis, mas podem invadir a corrente sanguínea, especialmente em pessoas com inflamação periodontal, e infectar válvulas do coração (causando endocardite Endocardite infecciosa A endocardite infecciosa é uma infecção do revestimento interno do coração (endocárdio) que geralmente também afeta as válvulas cardíacas. A endocardite infecciosa ocorre quando uma bactéria... leia mais ).
Sintomas de infecções estreptocócicas
Os sintomas de infecções estreptocócicas variam, dependendo de onde a infecção se encontra:
Celulite Celulite A celulite é uma infecção bacteriana que se espalha na pele e nos tecidos que se encontram imediatamente por debaixo dela. Essa infecção é mais frequentemente causada por estreptococos ou estafilococos... leia mais
: A pele infectada fica vermelha e o tecido por baixo incha, causando dor.
Impetigo Impetigo e Ectima O impetigo é uma infecção superficial da pele causada por Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes ou por ambos, levando à formação de úlceras crostosas e amareladas e, por... leia mais
: Geralmente formam-se úlceras crostosas e amareladas.
Fasciite necrosante Infecções necrosantes da pele As infecções necrosantes da pele, como a celulite necrosante e a fasciite necrosante, são formas graves de celulite que se caracterizam pela morte da pele e tecidos infectados (necrose). A pele... leia mais
: O tecido conjuntivo que cobre o músculo (fáscia) está infectado. As pessoas têm calafrios repentinos, febre e sensibilidade e dor intensas na área infectada. A pele pode parecer normal até a infecção se tornar grave.
Faringite estreptocócica (faringite Infecção da garganta As infecções de garganta e/ou das amígdalas são comuns, particularmente em crianças. Em geral, as infecções de garganta são causadas por um vírus, mas podem ser causadas por uma bactéria, como... leia mais
): Essa infecção geralmente ocorre em crianças de 5 a 15 anos de idade. Crianças com menos de 3 anos de idade dificilmente têm faringite estreptocócica. Os sintomas muitas vezes aparecem de repente. A garganta fica inflamada. As crianças também podem apresentar calafrios, febre, dor de cabeça, enjoo, vômito e sensação geral de mal-estar geral. A garganta encontra-se avermelhada e as amígdalas inflamadas, com ou sem partes com pus. Os linfonodos no pescoço ficam geralmente aumentados e doloridos. Porém, crianças com menos de 3 anos de idade podem não ter esses sintomas. Elas podem apresentar somente nariz escorrendo. Se as pessoas com dor de garganta tiverem tosse, olhos vermelhos, rouquidão, diarreia ou nariz congestionado, a causa é provável de ser infecção por vírus, não uma infecção por estreptococos.
Febre escarlatina: Uma erupção cutânea aparece primeiro na face, depois se espalha para o tronco e membros. A erupção cutânea parece áspera como lixa. A erupção cutânea é pior nas dobras da pele, como a dobra entre as pernas e o tronco. À medida que a erupção cutânea diminui, a pele descasca. Caroços vermelhos se desenvolvem na língua, que é revestida com um filme branco amarelado. O filme então descama, e a língua parece vermelha (língua com aspecto de framboesa).
A escarlatina é incomum hoje, mas ainda ocorrem surtos. Ela tende a se espalhar quando as pessoas têm contato estreito entre si – por exemplo, em escolas ou creches. A escarlatina ocorre principalmente em crianças, geralmente após uma faringite estreptocócica, mas às vezes após infecções estreptocócicas na pele.
Complicações das infecções estreptocócicas
Se não tratadas, a infecções estreptocócicas podem levar a complicações. Algumas complicações resultam da disseminação da infecção para tecidos adjacentes. Por exemplo, uma infecção de ouvido pode disseminar-se para os seios nasais, causando sinusite Sinusite A sinusite é a inflamação dos seios paranasais, muitas vezes causada por infecção bacteriana ou viral, ou por alergia. Alguns dos sintomas mais comuns da sinusite são dor, sensibilidade, congestão... leia mais , ou para o osso mastoide (o osso proeminente atrás da orelha), causando mastoidite Mastoidite A mastoidite é uma infecção bacteriana da apófise mastoide, que é o osso proeminente que se encontra atrás do ouvido. Essa doença costuma ocorrer quando uma otite média aguda não tratada ou... leia mais .
Outras complicações envolvem órgãos distantes. Por exemplo, algumas pessoas desenvolvem inflamação renal (glomerulonefrite Glomerulonefrite A glomerulonefrite é um distúrbio de glomérulos (aglomerações de vasos sanguíneos microscópicos nos rins com pequenos poros através dos quais o sangue é filtrado). É caracterizada pelo inchaço... leia mais ) ou febre reumática Febre reumática A febre reumática é uma inflamação das articulações, do coração, da pele e do sistema nervoso resultante de uma complicação de uma infecção estreptocócica da garganta que não foi tratada. Este... leia mais .
A síndrome de choque tóxico Síndrome do choque tóxico A síndrome de choque tóxico é um grupo de sintomas graves e rapidamente progressivos que inclui febre, erupção cutânea, pressão arterial perigosamente baixa e insuficiência de vários órgãos... leia mais causa sintomas graves e rapidamente progressivos que inclui febre, erupção cutânea, pressão arterial perigosamente baixa e insuficiência de vários órgãos. É causada por toxinas produzidas por estreptococos do grupo A ou Staphylococcus aureus.
Diagnóstico de infecções estreptocócicas
Para faringite estreptocócica, testes rápidos e/ou cultura de uma amostra retirada da garganta
Para celulite e impetigo, muitas vezes a avaliação de um médico
Para fasciite necrosante, um teste diagnóstico por imagem (como TC), cultura e, frequentemente, cirurgia exploratória
Doenças estreptocócicas diferentes são diagnosticadas de forma diferente.
Faringite estreptocócica
Os médicos podem suspeitar de faringite estreptocócica com base no seguinte:
Febre
Gânglios linfáticos aumentados e doloridos no pescoço
Pus dentro ou sobre as amígdalas
Ausência de tosse
O principal motivo para diagnosticar a faringite estreptocócica é reduzir a chance de desenvolver complicações (como febre reumática Febre reumática A febre reumática é uma inflamação das articulações, do coração, da pele e do sistema nervoso resultante de uma complicação de uma infecção estreptocócica da garganta que não foi tratada. Este... leia mais ) usando antibióticos. Como os sintomas de faringite estreptocócica do grupo A muitas vezes se assemelham aos de infecção de garganta por vírus (e infecções virais não devem ser tratadas com antibióticos), é necessário um teste de cultura da garganta ou outro teste para confirmar o diagnóstico e determinar como tratar a infecção.
Vários testes diagnósticos (chamados testes rápidos) podem ser concluídos em minutos. Para esses testes, é usado um cotonete para coletar uma amostra da garganta. Se esses testes indicarem infecção (resultados positivos), o diagnóstico de faringite estreptocócica é confirmado e uma cultura da garganta é necessária, o que leva mais tempo para se processar. Porém, os resultados de testes rápidos por vezes não indicam infecção quando ela está presente (chamado de resultados falso-negativos). Se os resultados forem negativos em crianças e adolescentes, a cultura é necessária. Uma amostra obtida da garganta com um cotonete é enviada a um laboratório para que os estreptococos do grupo A, se presentes, possam crescer em cultura durante a noite. Em adultos, os resultados negativos não requerem confirmação por cultura porque a incidência de infecção estreptocócica e o risco de febre reumática em adultos são muito baixos.
Se forem identificados estreptococos do grupo A, eles podem ser testados para verificar quais antibióticos são eficazes (um processo chamado teste de suscetibilidade Teste de suscetibilidade e sensibilidade de um micro-organismo a medicamentos antimicrobianos As doenças infecciosas são causadas por micro-organismos, tais como bactérias, vírus, fungos e parasitas. Os médicos suspeitam de uma infecção com base nos sintomas, nos resultados de exames... leia mais ).
Os contatos próximos de uma pessoa com infecção estreptocócica devem ser examinados para detectar a bactéria se eles apresentarem sintomas ou já tiverem sofrido complicações por infecção estreptocócica.
Celulite e impetigo
Celulite e impetigo podem muitas vezes ser diagnosticados com base nos sintomas, embora a cultura de uma amostra obtida de feridas de impetigo possa muitas vezes ajudar os médicos a identificar outros microrganismos que possam ser a causa, tais como Staphylococcus aureus.
Fasciite necrosante
Para diagnosticar fasciite necrosante, os médicos usam frequentemente radiografias, tomografia computadorizada (TC) ou imagem por ressonância magnética (RM) e cultura. A cirúrgica exploratória é, por vezes, necessária para confirmar o diagnóstico.
Tratamento de infecções estreptocócicas
Antibióticos (geralmente penicilina)
Para fasciite necrosante, cirurgia para retirar o tecido morto
Faringite estreptocócica
A faringite estreptocócica geralmente se resolve dentro de uma a duas semanas, mesmo sem tratamento.
Os antibióticos diminuem a duração dos sintomas em crianças pequenas, mas exercem apenas efeito modesto nos sintomas em adolescentes e adultos. Não obstante, os antibióticos são dados para ajudar a prevenir a transmissão da infecção ao ouvido médio, seios paranasais e osso mastoide, assim como para prevenir a transmissão para outras pessoas. A terapia com antibióticos também ajuda a prevenir a febre reumática, embora possa não prevenir inflamação dos rins (glomerulonefrite). Geralmente, não é preciso iniciar antibióticos imediatamente. Aguardar de um a dois dias pelos resultados da cultura antes de iniciar os antibióticos não aumenta o risco de febre reumática. Uma exceção é quando um parente apresenta ou já apresentou febre reumática. Nesse caso, cada inflamação estreptocócica em um parente deve ser tratada assim que possível.
Geralmente, penicilina ou amoxicilina é administrada pela boca durante 10 dias. Uma injeção de penicilina de longa duração (benzatina) pode ser dada em seu lugar. As pessoas que não podem tomar penicilina, podem receber eritromicina, claritromicina ou clindamicina por via oral durante 10 dias ou azitromicina durante 5 dias.
As bactérias que causam faringite estreptocócica nunca foram resistentes à penicilina. Nos Estados Unidos, cerca de 5% a 10% dessas bactérias são resistentes à eritromicina e medicamentos relacionados (azitromicina e claritromicina), mas em alguns países, mais de 10% são resistentes.
A febre, dor de cabeça e dor de garganta podem ser tratadas com paracetamol ou anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), o que reduz as dores e a febre. No entanto, não se deve administrar aspirina a crianças porque ela aumenta o risco da síndrome de Reye Síndrome de Reye A síndrome de Reye é uma doença muito rara, mas potencialmente fatal, que causa inflamação e inchaço do cérebro e degeneração e perda da função hepática. A causa da síndrome de Reye é desconhecida... leia mais .
Não é necessário repouso na cama nem isolamento.
Outras infecções estreptocócicas
O tratamento imediato com antibióticos pode evitar a propagação rápida da infecção estreptocócica e sua chegada ao sangue e demais órgãos internos. Consequentemente, a celulite é frequentemente tratada sem que seja realizada uma cultura para identificar a bactéria causadora. Nesses casos, os médicos administram antibióticos, como dicloxacilina ou cefalexina, que são eficazes contra os estreptococos e os estafilococos.
As infecções estreptocócicas sérias (como fasciite necrosante, endocardite e celulite grave) requerem penicilina administrada por via intravenosa, por vezes com outros antibióticos.
Pessoas com fasciite necrosante são tratadas na unidade de terapia intensiva (UTI) Tipos de unidades O paciente que precisa de tipos específicos de cuidado pode ser colocado em unidades de cuidados especiais. As unidades de terapia intensiva (UTI) são para pacientes que estão gravemente doentes... leia mais . Na fasciite necrosante, a remoção cirúrgica do tecido morto infectado tem de ser feita.
Mais informações
Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.
Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): Doença estreptocócica do grupo A (GAS): informações sobre doenças causadas por estreptococos do grupo A