Suplementos de zinco

PorLaura Shane-McWhorter, PharmD, University of Utah College of Pharmacy
Reviewed ByEva M. Vivian, PharmD, MS, PhD, University of Wisconsin School of Pharmacy
Revisado/Corrigido: modificado jul. 2025
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Visão Educação para o paciente

Zinco, um mineral, é necessário em pequenas quantidades (ingestões diárias recomendadas em adultos de 8 a 11 mg ao dia) para múltiplos processos metabólicos. As fontes alimentares incluem ostras, carne e cereais enriquecidos.

Alegações sobre os suplementos de zinco

Tem sido alegado que o zinco reduz os sintomas de resfriados, ajuda as crianças a se recuperarem de doenças infecciosas e desacelera a evolução da degeneração macular relacionada com a idade e ajuda na cicatrização de ferimentos.

Sugeriu-se que o zinco aumenta a sensibilidade à insulina.

A deficiência leve de zinco prejudica o crescimento das crianças e é possível corrigi-la com suplementação de zinco (1, 2).

A US Food and Drug Administration (FDA) concedeu a designação de fármaco órfão ao acetato de zinco no tratamento da doença de Wilson para evitar uma elevação perigosa dos níveis de cobre.

Evidências sobre os suplementos de zinco

Vários estudos avaliaram o papel do zinco no tratamento dos sintomas do resfriado. Uma revisão Cochrane de 34 ensaios clínicos randomizados de monoterapia com zinco versus placebo incluindo 8526 pacientes (22 estudos em adultos e 12 estudos em crianças) relatou que o zinco tem pouco ou nenhum benefício na prevenção de resfriados, mas pode reduzir a duração de resfriados em curso (3). Há provavelmente um aumento no risco de efeitos adversos não graves para pacientes em uso de zinco (p. ex., alterações no paladar, desconforto estomacal). Outra metanálise não relatou diferenças na eficácia de pastilhas de acetato de zinco e gluconato de zinco no tratamento de resfriados e nenhuma evidência de maior eficácia de doses diárias superiores a 100 mg (4). Uma metanálise com 28 estudos (5446 participantes) relatou que, em comparação ao placebo, o zinco preveniu 5 infecções do trato respiratório superior por 100 pessoas-mês com um número necessário para tratamento de 20 (5). O estudo relatou que os sintomas desapareceram 2 dias antes em comparação com o placebo e que mais indivíduos provavelmente permaneceram sintomáticos após 7 dias sem zinco.

Há fortes evidências de que, nos países em desenvolvimento, os suplementos contendo 20 mg de zinco e 20 mg de ferro, administrados 1 vez por semana, quando consumidos nos primeiros 12 meses de vida, reduzam a mortalidade infantil decorrente de diarreia e infecções respiratórias (6). Uma revisão Cochrane descobriu que a suplementação com zinco pode ser benéfica para o tratamento da diarreia de crianças desnutridas ou com deficiência de zinco com mais de 6 meses de idade (7).

Há também fortes evidências de que suplementos contendo zinco e antioxidantes (vitaminas C e E) administrados uma vez ao dia desacelerem a progressão de atrofia moderada a grave (forma seca) na degeneração macular relacionada com a idade (8). Dados de acompanhamento de dez anos de um ensaio clínico randomizado incluindo pacientes com degeneração macular relacionada à idade demonstram que a suplementação com zinco e antioxidantes (vitaminas C e E e luteína/zeaxantina) retarda a progressão das formas avançadas da degeneração macular (9, 10).

Estão surgindo dados clínicos sobre o zinco para o tratamento do diabetes. Uma revisão sistemática de 2019 e metanálise de 32 ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo (1.700 indivíduos) utilizando mono-suplementos de zinco ou com co-suplementos em pacientes com pré-diabetes ou diabetes, obesidade ou sobrepeso e gestantes com pré-diabetes ou diabetes encontraram uma diminuição na glicemia em jejum e diminuição na hemoglobina A1C (10). Contudo, a redução da hemoglobina A1C com o tratamento utilizando monossuplemento de zinco não foi tão significativa.

O zinco também foi estudado em transtornos depressivos. Uma revisão sistemática e metanálise relatou que o zinco em combinação com antidepressivos pode diminuir os sintomas de depressão (11). Diretrizes clínicas da Federação Mundial das Sociedades de Psiquiatria Biológica (WFSBP) e da Força-Tarefa da Rede Canadense para Tratamentos de Humor e Ansiedade (CANMAT) declararam que produtos de zinco na forma quelada ou de picolinato podem ser considerados, em associação a antidepressivos, como tratamento adjuvante da depressão (12).

Efeitos adversos dos suplementos de zinco

O zinco geralmente é seguro, mas pode ocorrer toxicidade se forem utilizadas doses elevadas (ver a página Toxicidade). Efeitos adversos das pastilhas de zinco incluem náuseas, vômitos, diarreia, irritação da boca, aftas e gosto ruim.

Como o zinco é um metal-traço e pode remover outros metais necessários para o organismo, a dose de suas pastilhas não deve exceder 75 mg por dia (dose total, independentemente da frequência de dosagem) por 14 dias.

Sprays com zinco podem causar irritação na boca e garganta, e formas intranasais podem resultar em anosmia.

Interações medicamentosas com suplementos de zinco

Pode ocorrer diminuição da absorção e do efeito de certos antibióticos (p. ex., cefalexina, tetraciclinas, quinolonas) com a suplementação oral com zinco; portanto, deve-se tomar o zinco pelo menos 2 horas antes ou 4 a 6 horas após o antibiótico.

O zinco pode estimular a produção de células tumorais da metalotioneína, que pode inativar a cisplatina, quelar inibidores da integrase (dolutegravir) e também diminuir os níveis de penicilamina ao formar um complexo insolúvel.

Referências

  1. 1. Mayo-Wilson E, Junior JA, Imdad A, et al. Zinc supplementation for preventing mortality, morbidity, and growth failure in children aged 6 months to 12 years of age. Cochrane Database Syst Rev., 5:CD009384, 2014. doi: 10.1002/14651858

  2. 2. Lassi ZS, Kurji J, Oliveira CS. Zinc supplementation for the promotion of growth and prevention of infections in infants less than six months of age. Cochrane Database Syst Rev. 4:CD010205, 2020. doi: 10.1002/14651858.CD010205.pub2

  3. 3. Singh M, Das RR. Zinc for the common cold. Cochrane Database Syst Rev. 6:CD001364, 2013. doi: 10.1002/14651858.CD001364.pub4

  4. 4. Hemilä H. Zinc lozenges and the common cold: a meta-analysis comparing zinc acetate and zinc gluconate, and the role of zinc dosage. JRSM Open. 8(5):2054270417694291, 2017. doi:10.1177/2054270417694291

  5. 5. Hunter J, Arentz S, Goldenberg J, et al. Zinc for the prevention or treatment of acute viral respiratory tract infections in adults: a rapid systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. BMJ Open. 11(11):e047474, 2021. doi:10.1136/bmjopen-2020-047474

  6. 6. Baqui AH, Zaman K, Persson LA, et al: Simultaneous weekly supplementation of iron and zinc is associated with lower morbidity due to diarrhea and acute lower respiratory infection in Bangladeshi infants. J Nutr 133(12):4150-4157, 2003. doi: 10.1093/jn/133.12.4150

  7. 7. Lazzerini M, Wanzira H: Oral zinc for treating diarrhoea in children. Cochrane Database Syst Rev 12:CD005436, 2016. doi: 10.1002/14651858.CD005436.pub5

  8. 8. Chew EY, Clemons TE, Agron E, et al. Long-term effects of vitamins C and E, beta-carotene, and zinc on age-related macular degeneration: AREDS report no. 35. [correção publicada em Ophthalmology 123(12 ):2634, 2016]. Ophthalmology. 120(8):1604-11.e4, 2013. doi:10.1016/j.ophtha.2013.01.021

  9. 9. The Age-Related Eye Disease Study 2 (AREDS2) Research Group, Chew EY, Clemons TE, et al. Secondary analyses of the effects of lutein/zeaxanthin on age-related macular degeneration progression: AREDS2 report No. 3. JAMA Ophthalmol. 132(2):142-149, 2014. doi: 10.1001/jamaophthalmol.2013.7376

  10. 10. Wang X, Wu W, Zheng W, et al. Zinc supplementation improves glycemic control for diabetes prevention and management: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Clin Nutr. 110(1):76-90, 2019. doi: 10.1093/ajcn/nqz041

  11. 11. da Silva LEM, de Santana MLP, Costa PRF, Pereira EM, Nepomuceno CMM, Queiroz VAO, de Oliveira LPM, Machado MEPDC, de Sena EP. Zinc supplementation combined with antidepressant drugs for treatment of patients with depression: a systematic review and meta-analysis. Nutr Rev. 2021 Jan 1;79(1):1-12. doi: 10.1093/nutrit/nuaa039

  12. 12. Sarris J, Ravindran A, Yatham LN, et al. Clinician guidelines for the treatment of psychiatric disorders with nutraceuticals and phytoceuticals: The World Federation of Societies of Biological Psychiatry (WFSBP) and Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments (CANMAT) Taskforce. World J Biol Psychiatry. 2022 Jul;23(6):424-455. doi: 10.1080/15622975.2021.2013041. Epub 2022 Mar 21. PMID: 35311615.

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. National Institutes of Health (NIH): Zinc Fact sSheet for Health Professionals

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