Listeriose neonatal

PorAnnabelle de St. Maurice, MD, MPH, UCLA, David Geffen School of Medicine
Reviewed ByBrenda L. Tesini, MD, University of Rochester School of Medicine and Dentistry
Revisado/Corrigido: modificado abr. 2025
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Visão Educação para o paciente

A listeriose neonatal é adquirida por via transplacentária ou perinatal. Os sintomas são os de sepse (letargia ou pouca atividade, má alimentação, apneia, bradicardia, instabilidade de temperatura). O diagnóstico é pela cultura ou PCR de material materno e do lactente. O tratamento é com antibióticos, inicialmente ampicilina mais aminoglicosídio.

(Ver também Listeriose em adultos e Visão geral das infecções neonatais.)

A infecção in útero por Listeria monocytogenes pode resultar em disseminação fetal com formação de granulomas (p. ex., na pele, fígado, suprarrenais, tecido linfático, pulmões e cérebro). Se houver exantema, este é chamado de granulomatose infantisséptica. A aspiração ou deglutição de líquido amniótico ou fluido vaginal pode levar à infecção in útero ou perinatal dos pulmões, manifestando-se nos primeiros dias de vida com desconforto respiratório, choque e evolução fulminante.

Gestantes normalmente adquirem infecção por listeria pela ingestão de alimentos contaminados. Muitos alimentos podem abrigar e transmitir L. monocytogenes, mas a infecção geralmente ocorre pela ingestão de produtos lácteos contaminados, particularmente leite não pasteurizado e produtos lácteos não pasteurizados, certos tipos de queijos (p. ex., do tipo queijo fresco pasteurizado ou não pasteurizado); vegetais crus ou processados; frutas cruas ou processadas; aves cruas ou malcozidas, salsichas, cachorros-quentes, frios e sorvetes; e peixe cru ou defumado e outros frutos do mar (1). L. monocytogenes também foi encontrada em alimentos crus para animais de estimação. A contaminação é favorecida pela capacidade do L. monocytogenes de sobreviver e crescer em temperaturas de refrigerador e freezer.

Referência geral

  1. 1. U.S. Food and Drug Administration: Listeria (Listeriosis). Accessed February 4, 2025.

Sinais e sintomas da listeriose neonatal

A infecção na gestante pode ser assintomática ou caracterizada por bacteremia primária que se manifesta primeiro como uma doença não específica semelhante a gripe.

A apresentação clínica no feto e neonato depende do momento e da via da infecção. Aborto espontâneo ou natimorto, parto prematuro com amnionite (com líquido amniótico marrom característico e escuro) ou sepse neonatal e pneumonia são comuns. A infecção pode tornar-se aparente em horas ou dias de vida (acometimento precoce) ou demorar várias semanas (início tardio).

Os neonatos com acometimento precoce frequentemente apresentam baixo peso ao nascimento, complicações obstétricas associadas e evidências de sepse logo após o nascimento com insuficiência circulatória ou respiratória ou ambas.

Neonatos que têm acometimento tardio são normalmente neonatos a termo saudáveis ao nascimento, que a seguir apresentam meningite ou sepse.

Diagnóstico da listeriose neonatal

  • Em gestantes febris, cultura ou teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) do sangue, colo do útero e líquido amniótico (se disponível)

  • No neonato enfermo, cultura ou PCR do sangue, líquido cefalorraquidiano (LCR), aspirado gástrico, mecônio, cordão umbilical, placenta e tecidos infectados

Amostras de sangue e do colo do útero devem ser coletadas de todas as gestantes com doença febril inexplicada e deve-se fazer cultura ou teste de PCR para L. monocytogenes. Um neonato doente cuja mãe tem listeriose deve ser avaliado para sepse, incluindo culturas ou PCR do cordão umbilical, placenta, sangue periférico, LCR, aspirado gástrico, mecônio e quaisquer tecidos potencialmente infectados, lóquios e exsudatos do colo do útero e da vagina maternos, partes macroscopicamente doentes da placenta e líquido amniótico (se disponível).

A análise do LCR pode mostrar predominância de células mononucleares mas as células polimorfonucleares predominam. Os esfregaços corados pelo Gram são frequentemente negativos, mas podem mostrar formas cocobacilares pleomórficas gram-variáveis, que não devem ser descartadas como contaminantes do tipo difteroide.

A confirmação laboratorial do organismo envolve testes bioquímicos e observação da mobilidade com deslizamento ou em meio semissólido. Para o teste de deslizamento, as colônias que cresceram em meio sólido são embebidas com soro fisiológico e examinadas ao microscópio. L. monocytogenes exibe mobilidade peculiar como um “desmoronamento” término-terminal pela presença de flagelos em ambas as porções terminais. Os testes sorológicos não têm utilidade.

Tratamento da listeriose neonatal

  • Ampicilina mais um aminoglicosídeo

O tratamento do recém-nascido é com ampicilina mais um aminoglicosídeo (p. ex., gentamicina). Um período de 14 dias é geralmente satisfatório (21 dias para meningite), porém a duração ótima é desconhecida. Outros esquemas possíveis são ampicilina em combinação com outros medicamentos intracelulares, como fluoroquinolonas, linezolida ou rifampicina, mas estas não foram estudadas em pacientes pediátricos, e a suscetibilidade deve ser confirmada.

Os neonatos com sepse necessitam de outras medidas de suporte.

O controle da fonte pode ser necessário para certas infecções (p. ex., drenagem de um abscesso).

Prognóstico para listeriose neonatal

A mortalidade varia em uma faixa de 7 a 29%, sendo mais elevada nos neonatos com doenças de acometimento precoce (1, 2).

Referências sobre prognóstico

  1. 1. Ntuli N, Wadula J, Nakwa F, et al. Characteristics and Outcomes of Neonates With Blood Stream Infection Due to Listeria monocytogenesPediatr Infect Dis J. 2021;40(10):917-921. doi:10.1097/INF.0000000000003213

  2. 2. Vergnano S, Godbole G, Simbo A, et al. Listeria infection in young infants: results from a national surveillance study in the UK and Ireland. Arch Dis Child. 2021;106(12):1207-1210. doi:10.1136/archdischild-2021-321602

Prevenção da listeriose neonatal

As gestantes devem evitar alimentos que possam ter risco mais alto de contaminação por L. monocytogenes (p. ex., laticínios não pasteurizados, queijos moles, vegetais crús, saladas ou alimentos prontos, patês de carne refrigerados ou frutos do mar defumados, frutas ou legumes crus, sorvete). A manipulação adequada dos alimentos, em particular a separação de carnes cruas de outros itens durante a preparação e a lavagem das mãos, utensílios e tábuas de corte após manusear alimentos crus, é crucial.

Se a infecção for reconhecida durante a gestação, o tratamento deverá ser realizado antes do parto ou intraparto para evitar a transmissão materno-fetal, porém a utilidade desse tratamento não foi comprovada.

Pontos-chave

  • A infecção pode ser adquirida in útero ou durante o parto, e podem aparecer manifestações clínicas tornar-se em horas ou dias de vida (início precoce) ou demorar várias semanas (início tardio).

  • Listeriose de início precoce se manifesta logo após o nascimento como sepse com comprometimento circulatório e/ou respiratório.

  • Na listeriose de início tardio, neonatos a termo, anteriormente saudáveis, apresentam meningite ou sepse.

  • Realizar culturas ou testes de PCR para L. monocytogenes em gestantes com doença febril inexplicada e em recém-nascidos doentes.

  • Tratar com ampicilina e aminoglicosídeo.

  • As gestantes devem evitar alimentos que podem estar contaminados por L. monocytogenes.

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