Osteosclerose é um tipo de osteopetrose que envolve o endurecimento anormal do osso e aumento da densidade óssea esquelética com pouca alteração da modelagem; em alguns tipos, o aprisionamento ósseo na cavidade medular causa citopenias.
As osteopetroses são doenças familiares causadas por disfunção dos osteoclastos e caracterizadas por aumento da densidade óssea e modelagem esquelética anormal.
Osteopetrose com manifestações tardias (doença de Albers-Schönberg)
A osteopetrose com manifestações tardias caracteriza-se por aumento da densidade óssea decorrente de função osteoclástica deficiente.
Esse tipo é autossômico dominante, com manifestações na infância, adolescência e em adultos jovens. É menos grave que a osteopetrose com manifestações precoces. O gene CLCN7 codificador do canal de cloro é aparentemente importante na função osteoclástica.
A osteopetrose com manifestações tardias é relativamente comum, afetando aproximadamente 1 em cada 20.000 pessoas, e apresenta ampla distribuição geográfica e étnica (1). As pessoas afetadas podem ser assintomáticas; em geral, são fortes e saudáveis. Entretanto, podem ocorrer paralisia facial e surdez decorrente da compressão do par craniano. Supercrescimentos ósseos podem estreitar a cavidade medular e causar citopenias que vão desde anemias até pancitopenias. Pode então ocorrer hematopoiese extramedular, resultando em hepatoesplenomegalia; o consequente hiperesplenismo pode paradoxalmente piorar a anemia.
Ao nascimento, a imagem radiográfica é geralmente normal. Entretanto, a esclerose óssea torna-se cada vez mais aparente conforme as crianças crescem, e o diagnóstico baseia-se normalmente nas radiografias solicitadas por outros motivos. O comprometimento ósseo é disseminado e irregular, como manchas. A calvária é densa, e os seios podem ficar obliterados. A esclerose da placa terminal da vértebra produz o aspecto característico de listas horizontais. Fraturas de ossos longos, escoliose, osteoartrite do quadril e osteomielite da mandíbula ou osteíte séptica ou osteoartrite em outros locais podem ocorrer (2).
Alguns pacientes necessitam de transfusões ou esplenectomia para tratamento da anemia.
Referências sobre osteopetrose com manifestações tardias
1. MedlinePlus [Internet]. Bethesda (MD): National Library of Medicine (US); [updated 2020 Jun 24]. Osteopetrosis; [updated 2010 Sep 1; cited 2025 Jun 9].
2. Sobacchi C, Villa A, Schulz A, Kornak U. CLCN7-Related Osteopetrosis. In: Adam MP, Feldman J, Mirzaa GM, Pagon RA, Wallace SE, Amemiya A, eds. GeneReviews®. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; February 12, 2007.
Osteopetrose com manifestações precoces
Osteopetrose com manifestações precoces é um distúrbio grave de aumento da densidade óssea devido à função defeituosa dos osteoclastos, resultando em compressões de nervos cranianos, anormalidades esqueléticas e, finalmente, falência da medula óssea.
Esse tipo de osteopetrose é maligno, frequentemente letal e congênito, manifestando-se nos primeiros meses de vida. É uma doença autossômica recessiva e frequentemente causada por uma mutação do gene associado ao osteoclasto TCIRG1. O supercrescimento ósseo oblitera progressivamente a cavidade medular, causando pancitopenia grave.
A osteopetrose com manifestações precoces é rara, ocorrendo em 1/250.000 pessoas.
Os sintomas iniciais da osteopetrose com manifestações precoces incluem insuficiência de crescimento, hematomas espontâneos, sangramento anormal e anemia. Posteriormente, podem ocorrer paralisia dos 2o, 3o e 7o pares cranianos e hepatoesplenomegalia. Insuficiência medular óssea (anemia, infecção grave ou hemorragia) geralmente causa morte no primeiro ano de vida.
Suspeita-se do diagnóstico de osteopetrose com manifestações precoces com base na presença de hipercrescimentos ósseos em associação com anemia, sangramentos anormais, infecções frequentes e déficit de crescimento. Normalmente, radiografias simples são feitas, juntamente com hemograma e testes de coagulação. O aspecto marcante à radiografia é o aumento da densidade óssea. Radiografias penetradas de ossos longos mostram faixas transversais nas regiões metafisárias e estrias longitudinais nas diáfises. À medida que a doença progride, a porção terminal dos ossos longos, particularmente proximal do úmero e distal do fêmur, adquire a forma de frascos. Nas vértebras, na pelve e nos ossos tubulares, formam-se os característicos endo-ossos (osso dentro de osso). O crânio e a coluna tornam-se espessados.
O transplante de células-tronco hematopoiéticas tem tido resultados excelentes. Em alguns casos, prednisona e interferon-gama são eficazes.
Osteopetrose com acidose tubular renal (síndrome de Guibaud-Vainsel; doença dos ossos de mármore)
Osteopetrose com acidose tubular renal é um distúrbio caracterizado por aumento das calcificações nos ossos e no cérebro, e alterações renais.
Esse tipo de osteopetrose é autossômico recessivo. O defeito genético envolve mutações do gene da anidrase carbônica II.
Osteopetrose com acidose tubular renal causa fraqueza, baixa estatura e déficit de crescimento e ganho de peso.
O diagnóstico é baseado em alterações radiográficas da osteopetrose (ou seja, os ossos aparecem densos nas radiografias). Calcificações cerebrais são observadas. Acidose tubular renal está presente e a atividade da anidrase carbônica dos eritrócitos encontra-se diminuída.
O transplante de células-tronco hematopoiéticas cura a osteopetrose, mas não tem efeito sobre a acidose renal tubular (1). O tratamento de manutenção consiste na suplementação com bicarbonato e eletrólitos para corrigir as perdas renais.
Referência de osteopetrose com acidose tubular renal
1. McMahon C, Will A, Hu P, Shah GN, Sly WS, Smith OP. Bone marrow transplantation corrects osteopetrosis in the carbonic anhydrase II deficiency syndrome. Blood. 2001;97(7):1947-1950. doi:10.1182/blood.v97.7.1947
Picnodisostose (picnodisostose)
A picnodisostose é um distúrbio raro e hereditário causado por mutações no gene CTSK, levando a ossos densos mas frágeis, baixa estatura, características faciais distintivas, anomalias dentárias e alto risco de fraturas.
Doença autossômica recessiva por mutações do gene que codifica a catepsina K, uma protease derivada do osteoclasto, importante na degradação da matriz óssea extracelular.
A baixa estatura torna-se evidente precocemente na infância e a altura final é ≤ 150 cm. Outras manifestações incluem crânio aumentado, mãos e pés curtos e largos, falanges terminais escleróticas curtas, unhas distróficas e retenção dos dentes decíduos. Esclera azulada (decorrente de deficiência nos tecidos conjuntivos, o que torna visíveis os vasos subjacentes) é geralmente reconhecida durante a infância. As pessoas afetadas são muito parecidas entre si; têm um rosto pequeno, retrognatia (queixo recuado) e dentes tortos e cariados. O crânio incha e as fontanelas anteriores permanecem patentes. Fraturas patológicas representam uma complicação da picnodisostose.
Esta foto mostra o recuo do queixo em um menino com picnodisostose.
Esta foto mostra o recuo do queixo em um menino com picnodisostose.
© Springer Science+Business Media
Esta foto mostra mãos curtas e largas e displasia das falanges terminais (particularmente dos polegares) em um homem com picnodisostose.
Esta foto mostra mãos curtas e largas e displasia das falanges terminais (particularmente dos polegares) em um homem co
© Springer Science+Business Media
Esta foto é uma vista aproximada do olho, mostrando a esclera azul (normalmente branca).
Esta foto é uma vista aproximada do olho, mostrando a esclera azul (normalmente branca).
JAMES STEVENSON/SCIENCE PHOTO LIBRARY
Suspeita-se do diagnóstico de picnodisostose pela presença de esclera azulada, baixa estatura e achados ósseos característicos. Normalmente, radiografias simples são feitas. A esclerose óssea aparece nas radiografias durante a infância, mas nem estrias ósseas nem “osso dentro do osso” (endobones) são observados. Os ossos faciais e os seios paranasais são hipoplásticos e o ângulo mandibular é obtuso. As clavículas podem apresentar-se gráceis (mais estreitas que o normal), com porções laterais hipodesenvolvidas; as falanges distais são rudimentares.
A terapia com hormônio do crescimento pode ser considerada como uma opção terapêutica potencial para melhorar o crescimento. A cirurgia plástica é utilizada para correção das deformidades faciais e mandibulares.
