Algumas características da cefaleia de acordo com a causa

Causa

Achados sugestivos

Abordagem diagnóstica*

Distúrbios primários das cefaleias†

Cefaleia em salvas

Crises unilaterais orbitotemporais múltiplas, frequentemente na mesma hora do dia

Profunda, intensa, duração de 30–180 minutos

Em geral lacrimejamento dos olhos, rinorreia, eritema de face ou síndrome de Horner; inquietação

Apenas exame clínico

Cefaleia tipo enxaqueca

Unilateral ou bilateral e pulsátil, durando de 4 a 72 horas

Às vezes, com aura

Normalmente, náuseas, fotofobia, sonofobia ou osmofobia

Piora com a atividade, preferência por deitar-se no escuro, a resolução ocorre com o sono

Apenas exame clínico

Cefaleia do tipo tensional

Frequente ou contínua, leve, bilateral e dor compressiva occipital ou frontal que se irradia para toda a cabeça

Piora no final do dia

Apenas exame clínico

Cefaleia secundária

Glaucoma agudo de ângulo fechado

Frontal ou orbital unilateral

Halos ao redor de luzes, diminuição da acuidade visual, injeção conjuntival, vômitos

Tonometria

Doença das alturas

Atordoamento, anorexia, náuseas, vômitos, fadiga, irritabilidade, dificuldade de dormir

Em pacientes que estiveram recentemente em locais de altitude elevada (incluindo voar ≥ 6 horas em um avião)

Apenas exame clínico

Intoxicação por monóxido de carbono

Exposição frequente a hidrocarbonetos não queimados completamente (p. ex., incêndio na residência, automóveis com ventilação inadequada, aquecedores a gás, fornos, aquecedores de água quente, fogões à lenha ou fogões à carvão e aquecedores a querosene)

Nível de carboxi-hemoglobina

Trombose de seio venoso cerebral

Sintomas semelhantes aos da hipertensão intracraniana idiopática, mas podem começar de modo súbito

Neuroimagens (de preferência RM com venografia por ressonância magnética)

Cefaleia cervicogênica

Dor na região do pescoço

Apenas exame clínico

Infecções dentárias (nos dentes superiores)

Dor geralmente sentida na face, principalmente unilateral, e agravada pela mastigação.

Dor de dente

Exame odontológico

Encefalite

Febre, alteração do estado mental, convulsões, deficits neurológicos focais

RM, análise do líquido cefalorraquidiano

Arterite de células gigantes

Idade > 50

Dor latejante unilateral, dor ao pentear o cabelo, distúrbios visuais, claudicação mandibular, febre, perda ponderal, sudorese, sensibilidade na artéria temporal, mialgias proximais

VHS, biópsia de artéria temporal, geralmente exames de imagem neurológica

Cefaleia hipertensiva

Associada à elevação súbita e grave da PA

Avaliação clínica

Hipertensão intracraniana idiopática

Cefaleia tipo enxaqueca, diplopia, zumbido pulsátil, perda da visão periférica, papiledema

Em geral, início gradual

Exames de imagem neurológica (preferencialmente com venorRM), seguidos de medida da pressão de abertura do líquido cefalorraquidiano, cultura e análise da contagem de células

Hemorragia intracerebral

Início súbito

Vômitos, deficits neurológicos focais, alteração do estado mental

Neuroimagem

Cefaleia por uso excessivo de medicação

Cefaleia crônica (em geral, migrânea crônica) de localização e intensidade variáveis

Ocorre frequentemente e pode ser diária

Muitas vezes presente ao despertar

Normalmente se desenvolve após o uso excessivo de analgésicos tomados para uma cefaleia episódica

Apenas exame clínico

Meningite

Febre, sinais meníngeos, alteração do estado mental

Análise do líquido cefalorraquidiano, geralmente precedida de TC

Cefaleia pós-coito

Cefaleia pós-orgasmo

Apenas exame clínico

Cefaleias pós-punção lombar e outras cefaleias de baixa pressão

Cefaleias intensas, muitas vezes com meningismus e/ou vômitos

A cefaleia piora na posição sentado ou em pé e é aliviada apenas quando o paciente permanece totalmente deitado

Para cefaleia pós-puncional, avaliação clínica

Para outras cefaleias de baixa pressão (p. ex., fístula liquórica), às vezes RM com gadolínio

Cefaleia pós-traumática (geralmente enxaqueca ou cefaleia tensional)

Semelhante à enxaqueca ou cefaleia tensional com dor de garganta

Apenas exame clínico

Sinusite

Dor posicional facial ou nos dentes, febre, rinorreia purulenta

Avaliação clínica, algumas vezes TC

Hemorragia subaracnoidea

Pico de intensidade em alguns segundos após o início da cefaleia (cefaleia “em trovoada”)

Vômitos, síncope, obnubilação, sinais meníngeos

Exames de imagem neurológica, seguidos de análise do líquido cefalorraquidiano, se não for contraindicado e a imagem não possibilitar o diagnóstico

Hematoma subdural (crônico)

Sonolência, alteração do estado mental, hemiparesia, perda do pulso venoso retiniano espontâneo, papiledema

Presença de fatores de risco (p. ex., idade avançada, coagulopatia, demência, uso de anticoagulantes, abuso de etanol)

Neuroimagem

Neuralgia trigeminal

Dor intensa lancinante curta e repetida em um dos lados da face inferior

Apenas exame clínico

Tumor ou massa

Evoluindo para alteração do estado mental, crises epilépticas, vômitos, diplopia ao olhar lateral, perda do pulso venoso retiniano espontâneo ou papiledema, deficits neurológicos focais

Agravado pela posição deitada; piora ao acordar ou desperta o paciente

Neuroimagem

* O exame clínico sempre é realizado, mas só é mencionado nessa coluna quando é o único método diagnóstico disponível.

†As cefaleias primárias geralmente são recorrentes.

PA = pressão arterial; LCR = líquido cefalorraquidiano; VHS = taxa de sedimentação de eritrócitos.