Avaliação das doenças mamárias

PorLydia Choi, MD, Karmanos Cancer Center
Revisado/Corrigido: mar 2022
Visão Educação para o paciente

Os sintomas mamários (p. ex., massas, secreção mamilar, dor) são comuns, responsáveis por > 15 milhões de consultas médicas ao ano. Apesar de > 90% dos sintomas decorrerem de causas benignas, o câncer de mama é sempre uma preocupação. Como o câncer de mama é comum e pode se parecer com transtornos benignos, verificam-se todos os sinais e sintomas mamários para excluir conclusivamente a hipótese ou a confirmação de câncer.

Avaliação

História

A anamnese contém:

  • Presença e tipo de dor ou secreção e duração dos sintomas

  • Relação dos sintomas com as menstruações e gestação

  • Presença de alterações cutâneas

  • Uso de terapia hormonal

  • História pessoal e familiar de câncer de mama

  • Data e resultados da última mamografia

Exame de mama

As mamas são inspecionadas quanto à forma assimétrica (abaulamento, contorno irregular), anormalidades mamilares (inversão, retração, secreção, crostas) e alterações cutâneas (ondulações, retração, edema, eritema, descamação, ulceração — ver figura Exame das mamas: A e B para posições habituais). É comum haver uma diferença no tamanho entre as mamas.

Examinar a paciente em mais de uma posição pode ajudar a detectar anormalidades. Às vezes, detecta-se câncer subjacente quando a paciente pressiona as mãos contra os quadris ou coloca as palmas juntas na parte da frente da testa (ver figura Exame de mama: C e D). Nessas posições, os músculos peitorais são contraídos e uma ondulação sutil da pele pode aparecer se um tumor em crescimento prender um dos ligamentos de Cooper (ligamentos cutâneos verticais que se ligam à parede torácica e sustentam a forma da mama).

Anatomia da mama
Anatomia da mama (incidências frontal e lateral)
Anatomia da mama (incidências frontal e lateral)

Gwen Shockey/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Anatomia da mama (incidência lateral)
Anatomia da mama (incidência lateral)

Gwen Shockey/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Linfonodos mamários
Linfonodos mamários

Gwen Shockey/SCIENCE PHOTO LIBRARY

Exame de mama

As posições incluem a paciente sentada ou em pé (A) com os membros superiores na lateral; (B) com os membros superiores levantados acima da cabeça, elevando a fáscia peitoral e as mamas; (C) com as mãos firmemente pressionadas contra os quadris; ou (D) com as palmas unidas em frente à testa, contraindo os músculos peitorais. (E) Palpação da axila; braço apoiado, conforme mostrado, relaxando os músculos peitorais. (F) Paciente em decúbito dorsal com travesseiro embaixo do ombro e com o membro superior levantado acima da cabeça no lado que está sendo examinado. (G) Palpação da mama em padrão circular do mamilo para fora.

Examinam-se os linfonodos axilares e supraclaviculares mais facilmente com a paciente sentada ou em pé (ver figura Exame de mama: E). Apoiar o membro superior da paciente durante o exame axilar permite que o membro superior fique totalmente relaxado; assim, os linfonodos localizados profundamente na axila podem ser palpados.

Palpa-se a mama com a paciente sentada e novamente em decúbito dorsal, o membro superior ipsolateral acima da cabeça e um travesseiro sob o ombro ipsolateral (ver figura Exame de mama: F). Fazer a paciente rolar para um lado, de modo que a mama do lado examinado possa cair medialmente, pode ajudar a diferenciar a sensibilidade da mama da sensibilidade da parede torácica, pois assim a parede torácica pode ser palpada separadamente do tecido mamário.

Deve-se palpar a mama com a superfície palmar do 2º, 3º e 4º dedos, movendo-os sistematicamente em pequenos padrões circulares do mamilo às bordas externas (ver figura Exame de mama: G). Deve-se observar localização e tamanho precisos (medidos com um paquímetro) de qualquer anormalidade; alguns médicos utilizam um desenho da mama para documentação. Também se pode incluir descrição por escrito da consistência da anormalidade e do grau em que pode ser diferenciada do tecido mamário adjacente.

Os médicos aplicam pressão, movendo-se no sentido horário, até a aréola para verificar se há secreção e, se uma secreção é desencadeada, para determinar sua origem (p. ex., se é multiductal). Examina-se a secreção para determinar se contém sangue ou é tingida de sangue. Uma luz brilhante e lentes de aumento podem ajudar a determinar se a secreção do mamilo é uni ou multiductal.

Sinais de alerta

Os achados a seguir são particularmente preocupantes:

  • Uma massa ou espessamento de aspecto distintamente diferente de outro tecido mamário

  • Uma massa que adere à pele ou parede torácica

  • Uma massa persistente

  • Edema mamário persistente

  • Aspecto em casca de laranja (compressão, franzido, avermelhado, espessamento ou ondulação na pele da mama)

  • Pele escamosa em torno do mamilo

  • Mudanças na forma da mama

  • Alterações no mamilo (p. ex., retração)

  • Secreção unilateral do mamilo, especialmente se estiver sangrando e/ou ocorrer espontaneamente

Exames

Exames de imagem são usados para

  • Triagem: testar mulheres assintomáticas para detectar câncer precoce

  • Diagnóstico: avaliação das anormalidades da mama (p. ex., massas, secreção mamilar)

Mulheres devem passar por triagem para câncer de mama (1). Todas as sociedades e grupos de profissionais concordam com esse conceito, embora difiram quanto à idade recomendada na qual iniciar a triagem e a frequência precisa da triagem.

Recomendações para a triagem por mamografia para mulheres com risco médio variam, mas geralmente a triagem começa entre os 40 e 50 anos e é repetida a cada ano ou dois anos até 75 anos de idade ou até que a expectativa de vida seja < 10 anos (ver tabela Recomendações para mamografia de câncer de mama em mulheres com risco médio). A mamografia é mais precisa em mulheres com mais de 50 anos porque, com a idade, o tecido fibroglandular nas mamas tende a ser substituído por tecido gorduroso, que pode ser diferenciado com mais facilidade do tecido anormal. A mamografia é menos sensível em mulheres com tecido mamário denso; alguns estados exigem que pacientes com tecido mamário denso sejam informadas sobre quando ele é detectado por mamografia. Mulheres com tecido mamário denso podem exigir exames de imagem adicionais [p. ex., tomossíntese mamária (mamografia 3D), RM].

Tabela

Na mamografia, radiografias de baixa dosagem de ambas as mamas tiradas em 1 incidência (oblíqua) ou 2 incidências (oblíqua e craniocaudal).

Tomossíntese mamária(mamografia 3D) feita com mamografia digital aumenta a taxa de detecção de câncer um pouco e diminui a taxa de repetição das imagens; esse teste é útil para mulheres com tecido mamário denso. Mas o teste expõe às mulheres a quase duas vezes mais radiação do que a mamografia tradicional.

Usa-se RM para examinar mulheres com alto risco (p. ex., > 20%) de câncer de mama, como aquelas com mutação gênica BRCA. Para essas mulheres, o rastreamento deve incluir RM, bem como mamografia e exame clínico das mamas (ECM). A RM possui maior sensibilidade, mas pode ser menos específica.

Mamografia diagnóstica é utilizada nos seguintes:

  • Avaliar massas, dor e secreção mamilar

  • Determinar o tamanho e a localização da lesão e fornecer imagens dos tecidos adjacentes e dos linfonodos

  • Orientar a biópsia

  • Após a cirurgia, exame de imagem da mama para verificar recorrência

A mamografia diagnóstica necessita de mais incidências que a mamografia de triagem. Incidências incluem incidências ampliadas e incidências de compressão no local, que proporcionam melhor visualização das áreas suspeitas.

Ultrassonografia pode ser usada para os seguintes:

  • Realizar um exame de imagem inicial das anomalias mamárias detectadas em mulheres < 30 anos

  • Identificar nódulos axilares anormais que podem exigir biópsia

  • Avaliar anormalidades detectadas pela RM ou mamografia (p. ex., determinar se são sólidas ou císticas)

  • Direcionar a agulha de biópsia ao tecido mamário anormal

Pode-se utilizar RM para o seguinte:

  • Diagnosticar anormalidades da mama

  • Antes da cirurgia, determinar com precisão o tamanho do tumor, envolvimento da parede torácica e quantidade de tumores, especialmente em mulheres com tecido mamário denso

  • Identificar linfonodos axilares anormais (para ajudar a estagiar o câncer de mama)

Referência sobre avaliação

  1. 1. The American College of Obstetricians and Gynecologists: Practice bulletin no. 179: Breast cancer screening. Obstet Gynecol 130 (1), 241–243, 2017.

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