Trombose da veia portal

PorWhitney Jackson, MD, University of Colorado School of Medicine
Revisado/Corrigido: mai. 2024
Visão Educação para o paciente

A trombose de veia porta gera hipertensão portal e consequente sangramento digestório varicoso, geralmente de esôfago baixo ou estômago. O diagnóstico baseia-se em ultrassonografia. O tratamento envolve o controle do sangramento digestório (geralmente com a realização de ligadura elástica endoscópica e/ou administração de octreotida), prevenção de recorrência com o uso de betabloqueadores e, algumas vezes, derivações cirúrgicas e trombólise, nos casos de trombose aguda.

(Ver também Visão geral dos distúrbios vasculares do fígado.)

Etiologia da trombose da veia porta

Causas mais comuns variam com a idade (ver tabela Causas comuns da trombose de veia portal). A causa é multifatorial na maioria dos casos e desconhecida em cerca de um terço dos casos (1).

Tabela
Tabela

Referência sobre etiologia

  1. 1. Northup PG, Garcia-Pagan JC, Garcia-Tsao G, et al: Vascular Liver Disorders, Portal Vein Thrombosis, and Procedural Bleeding in Patients With Liver Disease: 2020 Practice Guidance by the American Association for the Study of Liver Diseases. Hepatology 73(1):366-413, 2021. doi: 10.1002/hep.31646.

Sinais e sintomas da trombose da veia porta

Trombose de veia porta aguda é geralmente assintomática, a não ser quando associada a outro eventos, como pancreatite (como causa), ou outras complicações como a trombose venosa mesentérica. Mais frequentemente, as características clínicas— esplenomegalia (especialmente em crianças) e hemorragia varicosa—se desenvolvem ao longo de um período em decorrência da hipertensão portal. Ascite é incomum (10%) na hipertensão portal pós-sinusoidal. Ascite pode ser precipitada quando a cirrose está presente ou quando albumina sérica (e assim a pressão oncótica) diminui após reanimação volêmica de grandes volumes durante um sangramento gastrointestinal volumoso.

Diagnóstico da trombose de veia portal

A trombose de veia porta deve ser suspeitada em pacientes com:

  • Manifestações de hipertensão portal com ou sem cirrose

  • Alterações nos testes de função hepática ou enzimas mais fatores de risco como infecção de cordão umbilical em neonatos, apendicite em crianças ou estados de hipercoagulabilidade

A ultrassonografia com Doppler geralmente garante o diagnóstico, revelando diminuição ou ausência de fluxo portal, e, algumas vezes, o trombo. Casos difíceis podem requerer a realização de TC ou ressonância com contraste. Pode ser necessária angiografia para guiar uma cirurgia para realização de derivações.

Em pacientes com cirrose, obstrução venosa decorrente de carcinoma hepatocelular deve ser excluída com exames de imagem com contraste. Em pacientes sem cirrose com trombose do sistema venoso portal sem uma causa clara, doenças mieloproliferativas ou outras condições trombofílicas devem ser excluídas; uma consulta com um hematologista deve ser considerada (1).

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Northup PG, Garcia-Pagan JC, Garcia-Tsao G, et al: Vascular Liver Disorders, Portal Vein Thrombosis, and Procedural Bleeding in Patients With Liver Disease: 2020 Practice Guidance by the American Association for the Study of Liver Diseases. Hepatology 73(1):366-413, 2021. doi: 10.1002/hep.31646

Tratamento da trombose da veia porta

  • Trombólise, para casos agudos

  • Anticoagulação a longo prazo

  • Manejo da hipertensão portal e de suas complicações

Em casos agudos, a trombólise é algumas vezes bem-sucedida, melhor nos casos de oclusão recente, particularmente em estados de hipercoagulabilidade (1). A anticoagulação não faz a lise do coágulo, mas tem valor na prevenção de recorrência, em estados de hipercoagulabilidade apesar do risco de sangramento varicoso. Em neonatos e crianças, o tratamento é direcionado para a causa (p. ex., onfalite, apendicite). Do contrário, o tratamento é direcionado ao controle da hipertensão portal e de suas complicações; o tratamento pode incluir octreotida intravenosa (análogo sintético da somatostatina) e ligadura elástica endoscópica para controle de sangramento varicoso e betabloqueadores para prevenção de ressangramento. Essas terapias têm diminuído o uso de derivações cirúrgicas (p. ex., mesocaval, esplenorrenal), que podem sofrer oclusão e têm mortalidade operatória em torno de 5 a 50%. A derivação portossistêmica intra-hepática transjugular (TIPS) tem um papel limitado no tratamento da trombose da veia porta (ver 1).

Referências sobre o tratamento

  1. 1. Northup PG, Garcia-Pagan JC, Garcia-Tsao G, et al: Vascular Liver Disorders, Portal Vein Thrombosis, and Procedural Bleeding in Patients With Liver Disease: 2020 Practice Guidance by the American Association for the Study of Liver Diseases. Hepatology 73(1):366-413, 2021. doi: 10.1002/hep.31646

  2. 2. Valentin N, Korrapati P, Constantino J, et al: The role of transjugular intrahepatic portosystemic shunt in the management of portal vein thrombosis: A systematic review and meta-analysis. Eur J Gastroenterol Hepatol 30(10):1187-1193, 2018. doi: 10.1097/MEG.0000000000001219

Pontos-chave

  • As causas e os fatores de risco de trombose da veia porta incluem infecção do cordão umbilical (em recém-nascidos), apendicite (em crianças) e estados de hipercoagulabilidade (em adultos).

  • Suspeitar de trombose da veia porta se os pacientes têm manifestações da hipertensão portal na ausência de cirrose ou se eles têm anormalidades hepáticas inespecíficas leves além de fatores de risco.

  • Confirmar o diagnóstico por ultrassonografia com Doppler ou, se os resultados não são conclusivos, RM ou TC com contraste.

  • Tratar a causa da trombose da veia porta e as complicações da hipertensão portal.

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