Nefropatia por analgésicos é uma nefrite tubulointersticial crônica causada pelo uso cumulativo ao longo da vida de grandes quantidades de certos analgésicos (p. ex., ≥ 2 kg). Os pacientes apresentam lesão renal, sedimento urinário pouco alterado ou piúria estéril e proteinúria não nefrótica. Hipertensão, anemia e concentração urinária comprometida ocorrem à medida que a insuficiência renal se desenvolve. A necrose papilar ocorre tardiamente. O diagnóstico se baseia na história do uso de analgésicos e resultados de TC sem contraste. O tratamento é a interrupção do analgésico causador.
(Ver também Visão geral das doenças tubulointersticiais.)
A nefropatia por analgésicos, um tipo de nefrite intersticial crônica, foi originalmente descrita juntamente com a utilização excessiva de associações de analgésicos contendo fenacetina (tipicamente com ácido acetilsalicílico, paracetamol, codeína e cafeína). A incidência varia de acordo com a região (p. ex., causa até 10% dos casos de doença renal em estágio terminal na Austrália [1]), com predominância pelo sexo feminino. Com a remoção da fenacetina do mercado, a incidência de nefropatia analgésica diminuiu (2). Permanece incerto se analgésicos combinados que não contêm fenacetina, incluindo paracetamol, aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), ainda estão implicados (3). O mecanismo não está claro. Entretanto, o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode causar nefrite tubulointersticial ou doença renal crônica.
Referências
1. Chang SH, Mathew TH, McDonald SP: Analgesic nephropathy and renal replacement therapy in Australia: Trends, comorbidities and outcomes. Clin J Am Soc Nephrol 3(3):768-776, 2008. doi: 10.2215/CJN.04901107
2. Mihatsch MJ, Khanlari B, Brunner FP: Obituary to analgesic nephropathy—An autopsy study. Nephrol Dial Transplant 21(11):3139-3145, 2006. doi: 10.1093/ndt/gfl390
3. Feinstein AR, Heinemann LA, Curhan GC, et al: Relationship between nonphenacetin combined analgesics and nephropathy: A review. Ad Hoc Committee of the International Study Group on Analgesics and Nephropathy. Kidney Int 2000 58(6):2259-64. doi: 10.1046/j.1523-1755.2000.00410.x
Sinais e sintomas da nefropatia analgésica
Os pacientes apresentam lesão renal, sedimento urinário pouco alterado ou piúria estéril e proteinúria não nefrótica. Hipertensão, anemia e prejuízo da concentração urinária são comuns.
Dor no flanco, hematúria e eliminação de uma papila renal (que causa obstrução do trato urinário superior) são sinais de necrose papilar que ocorre tardiamente na evolução da doença.
As queixas crônicas de dor musculoesquelética, cefaleia, mal-estar e dispepsia podem estar relacionadas com a utilização prolongada de analgésicos, mais do que serem efeitos da nefropatia por analgésicos.
Diagnóstico da nefropatia analgésica
História de uso crônico de analgésicos
TC
O diagnóstico da nefropatia por analgésicos se baseia na anamnese e na TC sem contraste. Sinais da nefropatia por analgésicos na TC incluem:
Diminuição do tamanho renal
Contornos “abaulados”, definidos como pelo menos 3 endentações na linha externa normalmente convexa do rim
Calcificações papilares
A combinação desses achados tem uma sensibilidade de 87% e uma especificidade de 97% para diagnóstico precoce (1), mas estes números se baseiam em estudos na época em que o uso de analgésicos contendo fenacetina era disseminado.
Referência sobre diagnóstico
1. Elseviers MM, De Schepper A, Corthouts R, et al: High diagnostic performance of CT scan for analgesic nephropathy in patients with incipient to severe renal failure. Kidney Int 48(4):1316-1323, 1995. doi: 10.1038/ki.1995.416
Tratamento da nefropatia analgésica
Parar o uso de analgésicos
A função renal se estabiliza ao se interromper a utilização de analgésicos, a menos que haja lesão renal avançada; nesse caso, pode haver progressão para doença renal crônica. Pacientes com nefropatia por analgésicos têm maior risco de carcinoma de células transicionais do trato urinário.