(Ver também Visão geral das doenças tubulointersticiais.)
A nefropatia por analgésicos, um tipo de nefrite intersticial crônica, foi originalmente descrita juntamente com a utilização excessiva de associações de analgésicos contendo fenacetina (tipicamente com ácido acetilsalicílico, paracetamol, codeína e cafeína). Entretanto, apesar da remoção da fenacetina do mercado, a nefropatia por analgésicos continua a ocorrer. Os estudos para identificar os agentes causais são equívocos, mas foram implicados paracetamol, ácido acetilsalicílico e outros anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). O mecanismo não está claro. Não se sabe se os inibidores COX-2 causam nefropatia por analgésicos, mas esses fármacos provavelmente podem causar nefrite intersticial aguda e síndrome nefrótica em decorrência de doença de lesões mínimas ou nefropatia membranosa.
A nefropatia por analgésicos predomina em mulheres (maior incidência entre 50 e 55 anos de idade) e nos EUA é responsável por 3 a 5% dos casos de doença renal em estágio terminal (13 a 20% na Austrália e na África do Sul).
Sinais e sintomas
Os pacientes apresentam lesão renal, sedimento urinário pouco alterado ou piúria estéril e proteinúria não nefrótica. Hipertensão, anemia e prejuízo da concentração urinária são comuns.
Dor no flanco, hematúria e eliminação de uma papila renal (que causa obstrução do trato urinário superior) são sinais de necrose papilar que ocorre tardiamente na evolução da doença.
As queixas crônicas de dor musculoesquelética, cefaleia, mal-estar e dispepsia podem estar relacionadas com a utilização prolongada de analgésicos, mais do que serem efeitos da nefropatia por analgésicos.
Diagnóstico
O diagnóstico da nefropatia por analgésicos se baseia na anamnese e na TC sem contraste. Sinais da nefropatia por analgésicos na TC incluem:
A combinação desses achados tem uma sensibilidade de 85% e uma especificidade de 93% para diagnóstico precoce, mas estes números se baseiam em estudos na época em que o uso de analgésicos contendo fenacetina era disseminado.
Tratamento
A função renal se estabiliza ao se interromper a utilização de analgésicos, a menos que haja lesão renal avançada; nesse caso, pode haver progressão para doença renal crônica. Pacientes com nefropatia por analgésicos têm maior risco de carcinoma de células transicionais do trato urinário.