(Ver também Estomatite Estomatite Úlceras e inflamações bucais, conhecidas como estomatites, podem ser leves e localizadas ou graves e disseminadas. São invariavelmente dolorosas. (Ver também Avaliação do paciente odontológico... leia mais e Avaliação do paciente odontológico Avaliação do paciente odontológico O primeiro exame dental de rotina deve ocorrer por volta de 1 ano de idade ou quando da erupção do primeiro dente. Avaliações subsequentes devem acontecer em intervalos de 6 meses ou sempre... leia mais .)
Estomatite aftosa recorrente afeta 20 a 30% dos adultos e uma maior percentagem de crianças em algum momento da vida.
Etiologia da estomatite aftosa recorrente
A etiologia não é clara, mas a estomatite aftosa recorrente tende a ocorrer em famílias. O dano é predominantemente mediado por células T. As citocinas como a IL-2, a IL-10, e particularmente o FNT-alfa, desempenham algum papel.
Fatores predisponentes incluem
Trauma bucal
Estresse
Alimentos, especialmente chocolate, café, amendoim, ovos, cereais, amêndoas, morangos, queijo e tomates
Alergia parece não estar envolvida.
Fatores que podem, por razões desconhecidas, ser protetores incluem contraceptivos orais, gestação e tabaco, incluindo o tabaco mastigado e comprimidos contendo nicotina.
Sinais e sintomas da estomatite aftosa recorrente
Os sinais e sintomas geralmente começam na infância (80% dos pacientes têm < 30 anos) e diminuem de frequência e gravidade com o envelhecimento. Os sintomas podem incluir uma única úlcera 2 a 4 vezes/ano ou doença quase contínua, com novas úlceras se formando à medida que as antigas se cicatrizam. Um pródromo da dor ou ardor durante 1 a 2 dias precede as úlceras, mas não há vesículas ou bolhas antecedentes. Dor severa, desproporcional em relação ao tamanho da lesão, pode durar de 4 a 7 dias.
Úlceras aftosas são bem demarcadas, superficiais, ovais ou arredondadas e têm um centro necrótico com uma pseudomembrana amarelo-acinzentada, uma auréola vermelha e margens vermelhas ligeiramente proeminentes.
Úlceras aftosas menores são responsáveis por 85% dos casos. Elas ocorrem no assoalho da boca, língua lateral e ventral, mucosa bucal e faringe; têm < 8 mm (tipicamente 2 a 3 mm); e cicatrizam em 10 dias sem deixar marcas.
Úlceras aftosas maiores (doença de Sutton, periadenite de mucosa necrótica recurrente) constituem 10% dos casos. Aparecendo após a puberdade, o pródromo é mais intenso e as úlceras são mais profundas, maiores (> 1 cm) e de maior duração (semanas a meses) do que aftas menores. Elas aparecem nos lábios, palato mole e garganta. Pode ocorrer febre, disfagia, mal-estar e cicatrizes.
Úlceras aftosas herpetiformes (morfologicamente semelhantes, mas sem relação com o vírus do herpes) são responsáveis por 5% dos casos. Elas começam como uma série de agrupamentos (até 100) de úlceras pequenas (1 a 3 mm) e dolorosas em uma base eritematosa. Elas se aglutinam para formar úlceras maiores que duram 2 semanas. Tendem a ocorrer em mulheres e ter início em uma idade mais tardia do que outras formas de estomatite aftosa recorrente.
Diagnóstico da estomatite aftosa recorrente
Avaliação clínica
A avaliação é feita como descrito anteriormente em estomatite Estomatite Úlceras e inflamações bucais, conhecidas como estomatites, podem ser leves e localizadas ou graves e disseminadas. São invariavelmente dolorosas. (Ver também Avaliação do paciente odontológico... leia mais . O diagnóstico baseia-se na aparência e exclusão porque não existem características histológicas ou exames laboratoriais definitivos.
Herpes simplex bucal primário Infecções por herpes-vírus simples (HSV) O herpes-vírus simples (herpes-vírus humanos tipos 1 e 2) geralmente provoca infecção recorrente que afeta a pele, a cavidade oral, os lábios, os olhos e os órgãos genitais. Infecções graves... leia mais pode imitar a estomatite aftosa recorrente, mas geralmente ocorre em crianças mais novas, sempre envolve a gengiva e pode afetar qualquer mucosa queratinizada (palato duro, gengiva inserida, dorso da língua) e está associado com sintomas sistêmicos. Cultura viral pode ser obtida para identificar herpes simples. Lesões herpéticas recorrentes são geralmente unilaterais.
Episódios recorrentes semelhantes, frequentemente com múltiplas úlceras, podem ocorrer com a doença de Behçet Doença de Behçet A doença de Behçet é um distúrbio vasculítico crônico, inflamatório, recidivante e multissistêmico com inflamação das mucosas. As manifestações comuns incluem úlceras orais recidivantes, inflamação... leia mais , doença inflamatória intestinal Visão geral da doença inflamatória intestinal A doença inflamatória intestinal, que abrange a doença de Crohn e a colite ulcerativa, é um quadro recidivante caracterizado pela inflamação crônica em vários locais do trato gastrointestinal... leia mais , doença celíaca Doença celíaca A doença celíaca é uma doença imunomediada em indivíduos geneticamente suscetíveis causada por intolerância ao glúten, resultando em inflamação da mucosa e atrofia vilosa, o que causa má absorção... leia mais , infecção por HIV Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) resulta de 1 dos 2 retrovírus similares (HIV-1 e HIV-2) que destroem linfócitos CD4+ e prejudicam a imunidade mediada por células, aumentando... leia mais , febre periódica com estomatite aftosa, faringite e síndrome de adenite (PFAPA) Síndrome PFAPA PFAPA (febres periódicas com estomatite aftosa, faringite e adenite, na sigla em inglês) é uma síndrome de febre periódica que se manifesta tipicamente entre os 2 e os 5 anos de idade; é caracterizada... leia mais e deficiências nutricionais; essas condições geralmente têm sinais sintomas sistêmicos. Úlceras bucais recorrentes isoladas podem ocorrer com a infecção por herpes, HIV e, raramente, deficiência nutricional. Testes virais e exames séricos hematológicos podem identificar essas condições.
As reações medicamentosas podem imitar a estomatite aftosa recorrente, mas costumam estar temporalmente relacionadas com a ingestão. Mas reações a alimentos ou produtos odontológicos podem ser difíceis de identificar; eliminação sequencial pode ser necessária.
Tratamento da estomatite aftosa recorrente
Clorexidina e corticoides tópicos
Tratamentos gerais para a estomatite Tratamento Úlceras e inflamações bucais, conhecidas como estomatites, podem ser leves e localizadas ou graves e disseminadas. São invariavelmente dolorosas. (Ver também Avaliação do paciente odontológico... leia mais podem ajudar os pacientes com estomatite aftosa recorrente.
Enxaguatório bucal com gliconato de clorexidina e corticoides tópicos, os principais pilares da terapia, devem ser utilizados durante o pródromo, se possível. O corticoide pode ser dexametasona, 0,5 mg/5 mL 3 vezes ao dia utilizada como um exanguante e então 0,05% de clobetasol expectorado ou na forma de unguento, ou 0,05% de fluocinonida na forma de unguento em pasta protetiva da mucosa com carboximetilcelulose (1:1) aplicada 3 vezes ao dia. Os pacientes que utilizam esses corticoides devem ser monitorados para candidíase Candidíase (mucocutânea) Candidíase é infecção da pele e da mucosa por Candida spp, mais comumente Candida albicans. A infecção pode ocorrer em qualquer lugar, sendo mais comum em dobras da pele, espaços... leia mais . Se corticoides tópicos são ineficazes, prednisona (p. ex., 40 mg por via oral uma vez ao dia) podem ser necessários por ≤ 5 dias.
A estomatite aftosa recorrente contínua ou particularmente grave é mais adequadamente tratada por um especialista em medicina bucal. O tratamento pode exigir o uso prolongado de corticoides sistêmicos, azatioprina ou outros imunossupressores, pentoxifilina, ou talidomida. Injeções intralesionais podem ser aplicadas com betametasona, dexametasona, ou triamcinolona. Suplementação de B1, B2, B6, B12, folato ou ferro diminui a estomatite aftosa recorrente em alguns pacientes.