Problemas de espermatozoides

PorRobert W. Rebar, MD, Western Michigan University Homer Stryker M.D. School of Medicine
Revisado/Corrigido: out 2022
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O homem pode ter infertilidade caso a quantidade de espermatozoides seja muito pouca, ou talvez eles se movam muito lentamente ou sejam estruturalmente anômalos ou caso a passagem que eles atravessam para sair do corpo esteja bloqueada ou interrompida.

  • Um aumento na temperatura dos testículos, certos distúrbios, lesões e alguns medicamentos e toxinas podem causar problemas de espermatozoides.

  • O sêmen é analisado e, às vezes, são realizados exames genéticos.

  • O clomifeno, um medicamento de fertilidade, pode aumentar o número de espermatozoides, mas talvez sejam necessárias tecnologias de reprodução assistida

(consulte também Considerações gerais sobre a infertilidade).

Para ser considerado fértil, o homem precisa ter uma quantidade adequada de espermatozoides normais e os espermatozoides precisam conseguir fertilizar o óvulo. Quadros clínicos que interferem nesse processo podem tornar um homem menos fértil.

Causas de problemas de espermatozoides

Quadros clínicos que aumentam a temperatura dos testículos (onde os espermatozoides são produzidos) podem reduzir significantemente o número de espermatozoides e o vigor com que eles se movimentam e podem aumentar o número de espermatozoides anômalos. Alguns distúrbios dos testículos, como testículos retidos e varizes (denominadas varicocele), aumentam a temperatura desses órgãos. Os efeitos do calor excessivo ou prolongado podem durar até três meses.

Tabela

Alguns distúrbios hormonais ou genéticos podem interferir na produção dos espermatozoides, assim como outros distúrbios.

A exposição a toxinas industriais ou ambientais e o uso de determinados medicamentos podem reduzir a produção de espermatozoides. Tomar esteroides anabolizantes, tais como testosterona e outros hormônios masculinos sintéticos (andrógenos), reduz a produção dos hormônios da hipófise que estimulam a produção de espermatozoides e, com isso, pode diminuir essa produção. Eles também podem causar o encolhimento dos testículos.

Disfunção erétil (a incapacidade de atingir ou manter uma ereção suficiente para ter uma relação sexual) pode causar infertilidade no homem. Ela pode ser causada por um distúrbio, tal como um distúrbio dos vasos sanguíneos, diabetes, esclerose múltipla, distúrbios cerebrais ou nervosos (incluindo doença de Alzheimer, doença de Parkinson, acidente vascular cerebral, determinados transtornos convulsivos e lesão nos nervos devido a uma cirurgia da próstata), uso de determinados medicamentos (incluindo alguns antidepressivos e betabloqueadores), uso de entorpecentes (tais como cocaína, heroína e anfetaminas) ou problemas psicológicos (tais como ansiedade de desempenho ou depressão). A presença da disfunção erétil pode ser o primeiro indício de que um homem tem um distúrbio dos vasos sanguíneos, tal como a aterosclerose.

Você sabia que...

  • O uso de esteroides anabolizantes pode diminuir a produção de espermatozoides e causar o encolhimento dos testículos.

Alguns distúrbios resultam na completa ausência de espermatozoides (azoospermia) no sêmen. Incluem

  • Distúrbios sérios dos testículos

  • Distúrbios de outras partes do sistema reprodutor masculino: canais deferentes bloqueados ou ausentes, falta de vesículas seminais e bloqueio de ambos os dutos ejaculatórios

A mesma anomalia genética que causa a fibrose cística pode causar a azoospermia, geralmente impedindo a formação de ambos os canais deferentes.

Azoospermia também pode ocorrer se o sêmen, que contém os espermatozoides, mover-se na direção errada (para a bexiga, em vez de abaixo no pênis). Esse distúrbio é chamado de ejaculação retrógrada.

Localização dos órgãos reprodutores masculinos

Diagnóstico de problemas de espermatozoides

  • Avaliação médica

  • Uma análise de sêmen

  • Algumas vezes exames para detectar anomalias hormonais ou genéticas

Quando o casal apresenta infertilidade, o homem sempre é avaliado quanto à presença de distúrbios nos espermatozoides. O médico pergunta ao homem sobre seu histórico médico e faz um exame físico para tentar identificar a causa. O médico faz perguntas sobre doenças e cirurgias passadas, uso de medicamentos e possível exposição a toxinas. Eles verificam se há anomalias físicas, como testículos retidos, e se há sinais de distúrbios hormonais ou genéticos que possam causar infertilidade. É possível que as concentrações de hormônios (incluindo testosterona) sejam medidas no sangue.

Análise de sêmen

Uma análise de sêmen, o principal procedimento de análise para a infertilidade masculina, é necessária. Para esse procedimento, geralmente é solicitado ao homem que não ejacule durante dois ou três dias antes da análise. O objetivo é garantir que o sêmen contenha o máximo possível de espermatozoides. (Entretanto, pesquisas sugerem que a ejaculação diária não reduz a contagem de espermatozoides, a menos que exista um problema com a produção de espermatozoides.) Depois, é pedido que o homem se masturbe e ejacule em um recipiente de vidro estéril, de preferência no laboratório. Caso o homem tenha dificuldade de produzir uma amostra de sêmen dessa maneira, ele pode usar preservativos especiais que não contêm lubrificantes ou produtos químicos tóxicos para os espermatozoides para coletar o sêmen durante a relação sexual.

Uma vez que o número de espermatozoides varia, o exame precisa de pelo menos duas amostras obtidas com no mínimo uma semana de intervalo entre as coletas. Quando várias amostras são examinadas, os resultados são mais exatos que quando apenas uma é examinada.

O volume da amostra de sêmen é medido. É determinado se a cor, a consistência, a espessura e a composição química do sêmen estão normais. Os espermatozoides são contados. Um baixo número de espermatozoides pode significar uma redução da fertilidade, mas nem sempre. Os espermatozoides também são examinados ao microscópio para determinar se existe alguma anomalia no formato, tamanho ou movimento.

Se o sêmen ainda parece estar anômalo, o médico tenta identificar a causa. Se não houver espermatozoides ou se a quantidade for muito pequena, o médico mede a concentração de determinados hormônios, tais como a testosterona e o hormônio folículo-estimulante (que estimula a produção de espermatozoides nos homens) e talvez seja realizados exames genéticos. Além disso, talvez a urina seja examinada quanto à presença de espermatozoides após a ejaculação para descobrir se está ocorrendo ejaculação retrógrada.

Biópsia

Às vezes, é feita uma biópsia dos testículos para ajudar a identificar a causa da infertilidade.

Outros exames

Outros exames, que usam uma amostra de sangue ou sêmen, podem ser realizados para avaliar a função e a qualidade dos espermatozoides caso os exames de rotina de ambos os parceiros não expliquem a infertilidade. Esses exames podem verificar a existência de anticorpos contra os espermatozoides, determinar se as membranas espermáticas estão intactas ou avaliar a capacidade dos espermatozoides de se ligarem e penetrarem o óvulo. No entanto, a utilidade desses exames não é clara.

Exames hormonais são realizados se o resultado da análise de sêmen estiver alterado, especialmente se o número de espermatozoides for muito baixo. São medidos os níveis de hormônio folículo-estimulante (que estimula os testículos a produzirem espermatozoides) e de testosterona. Se o nível de testosterona estiver baixo, os níveis de hormônio luteinizante (que estimula os testículos a produzirem testosterona) e de prolactina (que estimula a produção de leite em homens e mulheres) são medidos. Níveis elevados de prolactina sugerem que a causa da infertilidade pode ser um tumor hipofisário ou uso de determinados medicamentos.

Exames genéticos são realizados se o médico determinar que o número de espermatozoides é muito baixo ou nulo. No caso de exames genéticos, quase todo tipo de tecido, inclusive sangue, pode ser usado. Os exames incluem uma análise cromossômica (um procedimento denominado cariotipagem). A reação em cadeia de polimerase (PCR) pode ser utilizada para produzir muitas cópias ou segmentos de um gene, o que facilita muito seu estudo. O médico verifica quanto à presença do gene que causa a fibrose cística. Antes de um homem com esta mutação genética e sua parceira tentarem conceber, a parceira também deve fazer exames para verificar se tem esse gene.

Tratamento de problemas de espermatozoides

  • Tratamento da causa

  • Clomifeno (um medicamento para fertilidade)

  • Se o clomifeno for ineficaz, tecnologias de reprodução assistida

Se possível, o distúrbio que causa o problema é tratado. Por exemplo, varicocele pode ser tratada com cirurgia. É possível que a fertilidade melhore com isso, embora esse efeito não tenha sido comprovado.

Clomifeno

O clomifeno, um medicamento usado para estimular (induzir) a ovulação em mulheres, pode ser usado para tentar aumentar o número de espermatozoides nos homens. No entanto, não se sabe se o clomifeno melhora de movimentação dos espermatozoides ou se ele reduz o número de espermatozoides anômalos. Não foi comprovado que ele aumente a fertilidade.

Tecnologias de reprodução assistida

Se o número de espermatozoides estiver muito baixo ou se o clomifeno não funcionar, o tratamento mais eficaz costuma ser a fertilização in vitro, que geralmente é acompanhada de injeção intracitoplasmática de espermatozoide (a injeção de um espermatozoide em um óvulo), que é uma tecnologia de reprodução assistida.

Uma opção é a inseminação intrauterina (a colocação do sêmen diretamente no útero) usando apenas os espermatozoides mais ativos. Os espermatozoides mais ativos são selecionados por meio de lavagem uma amostra de sêmen. O médico tenta colocar esses espermatozoides no útero na mesma época em que ocorre a ovulação. Com esse procedimento, a gravidez geralmente ocorre até a sexta tentativa, se for de fato ocorrer. A inseminação intrauterina é muito menos eficaz que a fertilização in vitro, mas é muito menos invasiva e mais barata.

Às vezes, o médico identifica e coleta alguns espermatozoides para uma injeção intracitoplasmática de espermatozoide ao fazer uma biópsia e examinando a amostra com um microscópio para encontrar os espermatozoides. Se nenhum espermatozoide for encontrado, a possibilidade de inseminação da mulher com os espermatozoides de outro homem (um doador) talvez seja considerada. Amostras de sêmen fresco de doadores não são mais usadas ​​nos Estados Unidos devido ao risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis, incluindo a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e hepatite C. O risco de transmissão de doença é reduzido com o congelamento dos espermatozoides do doador durante seis meses ou mais, depois realizando exames novamente nos doadores para descartar infecção. Se os resultados dos exames permanecerem negativos, a amostra será descongelada e usada. A coleta de sêmen é adiada por três meses se o doador tiver sido infectado com o vírus Zika ou se o doador tiver viajado a uma região onde estava ocorrendo a transmissão do vírus Zika.

A parceira de um homem que tem problemas de fertilidade pode ser tratada com gonadotrofinas humanas para estimular a maturação e a liberação de vários óvulos enquanto a fertilização in vitro ou a inseminação intrauterina estiverem sendo tentadas. Essa abordagem pode aumentar a chance de haver gravidez.

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