Dia da saúde
DOENÇA

Considerações gerais sobre suplementos alimentares

PorLaura Shane-McWhorter, PharmD, University of Utah College of Pharmacy
Revisado/Corrigido: jan 2022
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Suplementos alimentares são usados por aproximadamente 75% dos americanos. Eles representam as terapias mais frequentemente incluídas na medicina e saúde integrativa (MSI) e na medicina complementar e alternativa (MCA), que incluem abordagens e terapias de tratamento que, historicamente, não foram incluídas na medicina ocidental convencional que costuma ser praticada. Os suplementos alimentares incluem ervas medicinais e nutracêuticos (produtos derivados de fontes alimentares que afirmam proporcionar benefícios à saúde). Uma vez que o uso de suplementos alimentares é disseminado, o governo dos Estados Unidos aprovou a Lei de educação e saúde para suplementos alimentares (Dietary Supplement Health and Education Act, DSHEA) em 1994. Essa lei define um suplemento alimentar como qualquer produto (além do tabaco) que contém uma vitamina, um mineral, uma erva ou outro produto vegetal, um aminoácido e que tem como uso pretendido o suplemento da dieta normal. Determinados hormônios, como a desidroepiandrosterona (DHEA) e a melatonina, também são considerados suplementos alimentares.

A lei DSHEA exige que o rótulo de um suplemento alimentar o identifique como tal. Além disso, o rótulo precisa declarar que as propriedades do suplemento alimentar não foram avaliadas pela Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration, FDA) dos EUA. O rótulo também precisa incluir uma lista de todos os ingredientes, indicando o nome, a quantidade e o peso total e precisa identificar quais partes da planta deram origem a cada ingrediente. Os fabricantes têm autorização para fazer declarações sobre a estrutura e a função do produto (por exemplo, ser bom para a saúde do trato urinário), mas eles não podem declarar nem insinuar que o produto é um medicamento ou um tipo de terapia (por exemplo, tratar infecções do trato urinário). Muitas vezes, a data de vencimento é incluída nos rótulos padronizados de produtos.

A maioria dos suplementos alimentares usados na medicina alternativa deriva de plantas e outros provêm de animais. Devido a esses suplementos alimentares serem naturais, algumas pessoas pressupõem que eles são seguros de se usar. No entanto, uma substância não é necessariamente segura só porque é natural. Por exemplo, existem muitos venenos fortes, como a cicuta, que são derivados de plantas, e outros, como o veneno de cobra, que são de origem animal. Além disso, quase todas as substâncias que afetam o organismo, independentemente de serem suplementos alimentares ou medicamentos aprovados para uso médico pela FDA, podem causar efeitos colaterais indesejáveis.

Segurança e eficácia

Uma vez que os suplementos alimentares não são regulamentados como medicamentos pela FDA, seus fabricantes não precisam provar que eles são seguros e eficazes (embora eles devam ter um histórico de segurança). Consequentemente, são poucos os suplementos que foram rigorosamente estudados quanto à segurança e à eficácia. Além disso, como só há pouco tempo se reconheceu a necessidade de avaliar os suplementos nos seres humanos, muitas das informações disponíveis não foram coletadas de forma sistêmica ou científica e, portanto, são difíceis de avaliar. Atualmente, os fabricantes são obrigados a relatar eventos adversos sérios à FDA através do sistema MedWatch da FDA. No entanto, alguns suplementos (por exemplo, óleo de peixe, condroitina, glucosamina) já demonstraram ser acréscimos seguros e úteis para medicamentos padrão.

Você sabia que...

  • Os fabricantes não são obrigados a comprovar que os suplementos alimentares são seguros e eficazes.

Em comparação, os medicamentos sob receita e os medicamentos sem receita (de venda livre) têm sido estudados e analisados de forma ampla e sistêmica pelos pesquisadores com relação à segurança e à eficácia pela FDA. Esses estudos incluem aqueles realizados em animais para detectar o surgimento do câncer e de lesão de órgãos e estudos realizados em humanos para detectar eventuais sinais de toxicidade.

A quantidade e a qualidade da evidência que respalda a eficácia dos suplementos são muito variáveis. Para alguns suplementos, a evidência que suporta sua eficácia é convincente. No entanto, para a maioria, o desenho dos estudos científicos ainda não foi suficientemente bem estabelecido para fornecer respostas claras e confiáveis. No caso de outros suplementos, a única evidência que sugere a sua eficácia está baseada em relatórios sobre pequenos grupos de pessoas ou estudos realizados em animais.

Evidência em relação à segurança e à eficácia dos suplementos alimentares vem aumentando rapidamente, conforme um número cada vez maior de estudos clínicos está sendo realizado. Informações sobre os estudos mencionados são disponibilizadas pelo Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa (National Center for Complementary and Integrative Health, NCCIH) dos Institutos Nacionais de Saúde (National Institutes of Health, NIH).

Pureza e padronização

Outras áreas de interesse são a pureza e a padronização dos suplementos. Os suplementos, ao contrário dos medicamentos, não são regulamentados para garantir que sejam puros ou que contenham os ingredientes ou a quantidade do princípio ativo que alegam conter. Assim, é possível que o suplemento contenha outras substâncias que podem ser inertes ou prejudiciais, incluindo, em alguns casos, medicamentos que exigem receita ou que são de venda livre, toxinas naturais, bactérias, pesticidas, corantes não aprovados e até mesmo substâncias perigosas, como metais pesados, incluindo chumbo e mercúrio.

A quantidade de princípio ativo em uma dose de um suplemento pode variar, especialmente quando ervas inteiras são moídas ou transformadas em extratos para produzir um comprimido, uma cápsula ou uma solução. O consumidor corre o risco de obter menos, mais ou, em alguns casos, nenhuma quantidade de princípio ativo no suplemento. A padronização exige que cada dose individual do produto contenha uma quantidade exata do princípio ou dos princípios ativos. No entanto, a maior parte dos produtos à base de ervas consiste em misturas de várias substâncias e nem sempre se sabe qual princípio é o mais ativo. Portanto, é difícil determinar qual princípio ou princípios devem ser considerados ativos e, consequentemente, também é difícil sujeitá-los à padronização. Alguns suplementos, sobretudo os fabricados na Europa, foram padronizados e podem incluir uma designação de padronização no rótulo.

As recomendações sobre como escolher um produto puro e padronizado variam conforme o especialista. A maioria dos especialistas aconselha adquirir o produto de um fabricante bem conhecido e muitos recomendam que se comprem produtos feitos na Alemanha, pois lá o controle dos suplementos é mais rigoroso que nos Estados Unidos.

Embora o conteúdo de um suplemento não seja padronizado, a maneira como ele é fabricado tem sido. Em 2007, a Agência de Controle de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) criou as atuais boas práticas de fabricação (BPF) que padronizam a fabricação, a embalagem, a rotulagem e o armazenamento dos suplementos alimentares. Essas BPF ajudam a garantir a qualidade dos suplementos alimentares e ajudam a proteger a saúde pública.

Interações com medicamentos

Os suplementos podem interagir com medicamentos sob receita e com medicamentos sem receita. Essas interações podem vir a intensificar ou reduzir a eficácia de um medicamento ou causar um efeito colateral sério. Antes de tomar qualquer suplemento, é importante consultar o médico, para prevenir a ocorrência de tais interações. Alguns estudos com desenho adequado têm sido realizados para investigar as interações suplemento-medicamento e, portanto, a maioria das informações sobre essas interações vem de relatórios individuais esporádicos sobre interações.

Outras preocupações

Além das interações medicamentosas, há outros problemas que podem surgir com o uso de suplementos alimentares:

  • É possível que os suplementos (particularmente produtos à base de ervas) não tenham estabilidade depois de serem fabricados e, com isso, podem gerar benefícios inconsistentes ou nenhum benefício.

  • Ao contrário dos medicamentos com receita, é raro haver evidência sobre qual é a melhor dose dos suplementos.

  • É possível que a pessoa use suplementos alimentares em vez de medicamentos convencionais receitados pelo médico.

  • Os suplementos podem ser tóxicos e prejudiciais.

  • O uso de suplementos pode contribuir para um diagnóstico incorreto de um problema de saúde porque o efeito placebo pode simular benefícios verdadeiros, sobretudo se a pessoa e/ou médico acreditam muito no poder no suplemento. Respostas terapêuticas a suplementos, sejam elas mediadas por placebo ou não, poderiam ser erroneamente consideradas evidência que confirma um diagnóstico específico e possivelmente incorreto.

Para evitar ou controlar esses possíveis problemas, é importante que as pessoas informem ao médico todos os suplementos alimentares que estão usando.

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