Síndrome de Lynch

(Carcinoma colorretal hereditário sem polipose; CCHSP)

PorAnthony Villano, MD, Fox Chase Cancer Center
Reviewed ByMinhhuyen Nguyen, MD, Fox Chase Cancer Center, Temple University
Revisado/Corrigido: modificado mai. 2025
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Visão Educação para o paciente

A síndrome de Lynch é uma doença autossômica dominante responsável por 2 a 3% dos casos de câncer colorretal. Os sintomas, diagnóstico inicial e tratamento são semelhantes a outras formas de câncer colorretal. Suspeita-se da síndrome de Lynch de acordo com a história e esta é confirmada por exame genético. Os pacientes também precisam de vigilância para outros cânceres, particularmente do endométrio e do ovário. O tratamento consiste em ressecção cirúrgica.

A síndrome de Lynch é uma doença autossômica dominante na qual os pacientes têm uma das várias mutações genéticas conhecidas que prejudicam o sistema de reparo de DNA. A síndrome de Lynch é responsável por 2 a 3% dos casos de câncer colorretal e confere um risco ao longo da vida de 70% a 80% de desenvolvimento de câncer colorretal (CRC) (1).

Em comparação com formas esporádicas do câncer de colo, a síndrome de Lynch ocorre em uma idade mais jovem (entre os 40 anos) e é mais provável que a lesão seja proximal à flexura esplênica. A lesão precursora geralmente é um único adenoma de colo, diferentemente dos múltiplos adenomas presentes em pacientes com polipose adenomatosa familiar, a outra forma hereditária principal de CCR.

No entanto, semelhante à polipose adenomatosa familiar, ocorrem inúmeras manifestações extracolônicas. As doenças não malignas incluem as manchas café-com-leite e os tumores de glândulas sebáceas. Pode ocorrer câncer de pele de baixo grau, queratoacantoma. Outros cânceres comuns associados incluem tumores endometriais e tumores ovarianos (39% de risco de câncer endometrial e 9% de risco de câncer ovariano aos 70 anos). Os pacientes também têm alto risco de outros tipos de câncer, como câncer de estômago, trato urinário, pâncreas, árvore biliar, vesícula biliar, intestino delgado e cérebro.

Referência

  1. 1. Rubenstein JH, Enns R, Heidelbaugh J, et al. American Gastroenterological Association Institute Guideline on the Diagnosis and Management of Lynch Syndrome. Gastroenterology. 149(3):777-782, 2015. doi: 10.1053/j.gastro.2015.07.036

Sinais e sintomas da síndrome de Lynch

Os sinais e sintomas da síndrome de Lynch são semelhantes a outras formas de câncer colorretal, e o diagnóstico e tratamento do tumor propriamente dito são geralmente os mesmos.

Diagnóstico da síndrome de Lynch

  • História familiar detalhada

  • Critérios clínicos seguidos de testes para instabilidade de microssatélites (IMS) ou com imuno-histoquímica (IHC)

  • Exame genético para confirmação

Confirma-se o diagnóstico específico da síndrome de Lynch por meio de exame genético. Mas é difícil decidir quem deve ser testado porque, contrariamente à polipose adenomatosa familiar, não há nenhuma aparência fenotípica. Assim, a suspeita da síndrome de Lynch requer uma história familiar detalhada, que deve ser obtido em todos os pacientes mais jovens identificados com câncer colorretal.

Para atender aos critérios de Amsterdam II para a síndrome de Lynch, os 3 elementos históricos a seguir devem estar presentes (1):

  • 3 ou mais parentes com CCR ou câncer associado à síndrome de Lynch

  • CCR envolvendo pelo menos 2 gerações

  • Pelo menos 1 caso de CCR antes dos 50 anos

Outros modelos preditivos (p. ex., modelo PREMM5 [2]) e outros critérios (p. ex., os critérios de Bethesda [3]) são utilizados por alguns profissionais de saúde.

Pacientes que atendem esses critérios devem ser encaminhados para exame genético. Atualmente, a maioria dos laboratórios de patologia, tanto comerciais quanto hospitalares, realiza rotineiramente testes imuno-histoquímicos em todas as amostras de adenocarcinoma colorretal para detectar deficiência das proteínas de reparo de erros de pareamento. As diretrizes da American Gastroenterological Association de 2015 recomendam que os tumores de todos os pacientes com CCR sejam testados com IHC ou com pesquisa de IMS. Se o teste de IMS ou IHC for positivo, indica-se um exame genético (teste de linhagem germinativa) para procurar mutações da síndrome de Lynch específicas (4).

Pacientes com síndrome de Lynch devem ser submetidos a colonoscopia de vigilância a cada 1 a 2 anos (5). Pacientes com síndrome de Lynch confirmada requerem triagem contínua para outros tipos de câncer. Para o câncer endometrial, é recomendável aspiração endometrial ou ultrassonografia transvaginal anuais. Para o câncer de ovário, as opções incluem ultrassonografia transvaginal anual e dosagem anual dos níveis séricos de CA 125. A histerectomia e ooforectomia profiláticas também são opções. A urianálise pode ser utilizada para o monitoramento à procura de tumores renais.

Parentes de primeiro grau dos pacientes com síndrome de Lynch devem fazer testes genéticos. Se nenhum teste genético foi feito, devem fazer colonoscopia a cada 1 a 2 anos a partir dos 20 anos, e anualmente depois dos 40 anos. Os parentes de primeiro grau do sexo feminino devem ser examinados anualmente à procura de câncer endometrial e ovariano.

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Vasen HF, Watson P, Mecklin JP, Lynch HT. New clinical criteria for hereditary nonpolyposis colorectal cancer (HNPCC, Lynch syndrome) proposed by the International Collaborative group on HNPCC. Gastroenterology. 116(6):1453–1456, 1999. doi: 10.1016/s0016-5085(99)70510-x

  2. 2. PREMM5. Prediction model for MLH1, MSH2, MSH6, PMS2, and EPCAM gene mutations

  3. 3. Umar A, Boland CR, Terdiman JP, et al. Revised Bethesda guidelines for hereditary nonpolyposis colorectal cancer (Lynch syndrome) and microsatellite instability. J Natl Cancer Inst. 96(4):261–268, 2004. doi: 10.1093/jnci/djh034

  4. 4. Rubenstein JH, Enns R, Barkun A, Clinical Guidelines Committee. American Gastroenterological Association Institute Guideline on the Diagnosis and Management of Lynch Syndrome. Gastroenterology. 2015;149(3):777-e17. doi:10.1053/j.gastro.2015.07.036e

  5. 5. Hodan R, Gupta S, Weiss JM, et al. Genetic/Familial High-Risk Assessment: Colorectal, Endometrial, and Gastric, Version 3.2024, NCCN Clinical Practice Guidelines In Oncology. J Natl Compr Canc Netw. 2024;22(10):695-711. doi:10.6004/jnccn.2024.0061

Tratamento da síndrome de Lynch

  • Ressecção cirúrgica

O tratamento cirúrgico da síndrome de Lynch baseia-se no risco previsto para a vida de um segundo câncer de cólon no mesmo paciente em um momento posterior (doença metacrônica) (1, 2).

Em adultos mais jovens, oferece-se colectomia abdominal total com anastomose ileorretal e vigilância do reto. Uma alternativa razoável é a remoção apenas da parte do colo com o tumor primário (colectomia segmentar) com vigilância endoscópica rigorosa do remanescente. Muitas vezes, essa alternativa é utilizada em idosos ou em pacientes com comorbidades que fazem com que uma cirurgia seja de alto risco.

Referências sobre tratamento

  1. 1. Giardiello FM, Allen JI, Axilbund JE, et al. Guidelines on genetic evaluation and management of Lynch syndrome: A consensus statement by the US Multi-society Task Force on colorectal cancer. Am J Gastroenterol. 109(8):1159–1179, 2014. doi: 10.1038/ajg.2014.186

  2. 2. Rubenstein JH, Enns R, Heidelbaugh J, Barkun A; Clinical Guidelines Committee. American Gastroenterological Association Institute Guideline on the Diagnosis and Management of Lynch Syndrome. Gastroenterology. 2015 Sep;149(3):777-82; quiz e16-7. doi: 10.1053/j.gastro.2015.07.036

Pontos-chave

  • Certas mutações autossômicas dominantes conferem um risco de vida de 70 a 80% de desenvolvimento de câncer colorretal.

  • Os pacientes também têm maior risco de outros tipos de câncer, particularmente do endométrio e do ovário.

  • Os sintomas, diagnóstico inicial e tratamento são semelhantes a outras formas de câncer colorretal.

  • Deve-se examinar o tecido tumoral de pacientes com câncer colorretal, particularmente aqueles com determinados fatores de risco familiares, quanto à presença de instabilidades microssatélites ou com imuno-histoquímica; se positivo, faz-se o exame genético.

  • O tratamento consiste em ressecção cirúrgica com vigilância endoscópica rigorosa de qualquer mucosa colorretal remanescente.

  • Os parentes de primeiro grau que não fizeram testes genéticos devem fazer colonoscopia a cada 1 a 2 anos a partir dos 20 e poucos anos, e anualmente após os 40 anos; as mulheres também devem fazer exame anual de rastreamento do câncer de endométrio e ovário.

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