O transtorno da compulsão alimentar é um transtorno alimentar/de alimentação caracterizado pelo consumo repetido de quantidades excepcionalmente grandes de alimentos (episódios de alimentação compulsiva) acompanhado de um sentimento de perda de controle durante e depois do episódio. Os episódios de alimentação compulsiva não são seguidos por tentativas de compensar a ingestão excessiva de alimentos, por exemplo, livrando o corpo do excesso de alimento consumido (purgação).
O transtorno da compulsão alimentar é mais comum em pessoas com sobrepeso ou obesidade.
A pessoa come grandes quantidades rapidamente, não purga e seu comportamento lhe causa muita angústia.
O médico faz o diagnóstico com base no modo pelo qual a pessoa descreve seu comportamento.
O tratamento visa a ajudar a pessoa a controlar os episódios de alimentação compulsiva e inclui terapia cognitivo-comportamental, inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS, um tipo de antidepressivo) e medicamentos estimulantes.
Programas de perda de peso, alguns medicamentos para redução de peso e medicamentos estimulantes podem ajudar a controlar o peso.
Via de regra, entre 1% e 2% das mulheres e menos de 1% dos homens têm transtorno da compulsão alimentar. Mas o transtorno se torna mais comum com o aumento do peso corporal. Em alguns programas de redução de peso, entre 17% e 27% das pessoas com obesidade têm esse transtorno.
A maioria das pessoas com o transtorno da compulsão alimentar tem sobrepeso ou obesidade, e o transtorno contribui para o consumo excessivo de calorias. Ao contrário, a maioria das pessoas com bulimia nervosa tem um peso normal e as pessoas com anorexia nervosa são magras. As pessoas com transtorno da compulsão alimentar tendem a ser mais velhas que as que sofrem de anorexia ou bulimia e quase a metade é do sexo masculino.
Variações genéticas nos micro-organismos que revestem o trato intestinal podem afetar o transtorno da compulsão alimentar.
Sintomas do transtorno da compulsão alimentar periódica
Durante um episódio de alimentação compulsiva, a pessoa ingere uma quantidade de alimentos muito maior que a maioria das pessoas consumiria em um período semelhante e em circunstâncias semelhantes. As circunstâncias e a cultura são importantes porque a quantidade considerada excessiva para uma refeição normal pode diferir da quantidade considerada excessiva para uma refeição comemorativa. Durante e após os episódios de compulsão alimentar, a pessoa sente como se tivesse perdido o controle e se sente angustiada. A pessoa com o transtorno da compulsão alimentar periódica não compensa a ingestão excessiva de alimentos ao praticar purgação (ao autoinduzir o vômito ou ao utilizar incorretamente laxantes, diuréticos ou enemas), exercícios em excesso ou jejum. A compulsão alimentar ocorre em episódios, ao contrário da superalimentação constante.
É possível que a pessoa com transtorno da compulsão alimentar periódica também:
Coma bem mais rápido que o normal
Coma até se sentir desconfortável
Coma grandes quantidades de alimentos, mesmo estando sem fome
Coma sozinha para não ficar constrangida
Sinta-se desgostosa, deprimida ou culpada após um episódio de alimentação excessiva
O transtorno da compulsão alimentar periódica causa angústia à pessoa que o tem, sobretudo se ela estiver tentando perder peso. Essas pessoas estão mais propensas a ter depressão ou ansiedade em comparação àquelas que não apresentam o transtorno.
Existe uma forte associação entre a obesidade e o transtorno da compulsão alimentar. As pessoas que têm ambos os transtornos são mais propensas a se preocuparem com a forma física, com o peso ou com ambos do que aquelas que não têm episódios de alimentação compulsiva. Elas também correm maior risco de desenvolver complicações médicas relacionadas à obesidade, tais como hipertensão arterial e diabetes.
Diagnóstico do transtorno da compulsão alimentar periódica
Avaliação de um médico com base em critérios psiquiátricos padrão
O médico diagnostica o transtorno da compulsão alimentar periódica quando
A pessoa relata ter episódios de alimentação compulsiva no mínimo uma vez por semana, por 3 meses ou mais.
Os episódios de alimentação compulsiva são acompanhados da sensação de perda de controle sobre a alimentação.
A pessoa apresenta os sintomas e comportamento característicos.
Tratamento do transtorno da compulsão alimentar
Psicoterapia
Alguns tipos de antidepressivos e medicamentos estimulantes
Possivelmente, medicamentos para redução de peso e supressores do apetite
Possivelmente, grupos de autoajuda e programas de redução de peso convencionais
Os seguintes tratamentos podem ajudar:
A terapia cognitivo-comportamental pode ajudar a controlar os episódios de alimentação compulsiva em longo prazo, mas tem pouco efeito sobre o peso corporal.
A psicoterapia interpessoal é tão eficaz quanto a terapia cognitivo-comportamental, mas também tem pouco efeito sobre o peso corporal.
Os medicamentos estimulantes (por exemplo, os utilizados para tratar o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade [TDAH]) e os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (um tipo de antidepressivo), tais como a fluoxetina, podem ajudar a pessoa a parar de ter episódios de alimentação compulsiva por um curto período e podem resultar em perda de peso.
Os medicamentos para redução do peso (por exemplo, o orlistate) ou supressores do apetite (por exemplo, o topiramato) podem ajudar com a perda de peso.
Grupos de autoajuda que seguem os princípios dos Alcoólicos Anônimos (por exemplo, os Hiperfágicos Anônimos e os Dependentes de Comida Anônimos) podem ser facilmente encontrados, mas a sua eficácia é desconhecida.
Programas comportamentais de redução de peso convencionais podem ajudar a pessoa a perder peso e a parar de ter episódios de alimentação compulsiva por um curto período, mas geralmente a pessoa tende a voltar a comer compulsivamente.
É possível que seja realizada cirurgia para tratar a obesidade grave, mas seus efeitos em longo prazo sobre a compulsão alimentar são desconhecidos.
Mais informações
Seguem alguns recursos em inglês que podem ser úteis. Vale ressaltar que O Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.
