Alcaçuz

PorLaura Shane-McWhorter, PharmD, University of Utah College of Pharmacy
Reviewed ByEva M. Vivian, PharmD, MS, PhD, University of Wisconsin School of Pharmacy
Revisado/Corrigido: modificado jul. 2025
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Visão Educação para o paciente

O alcaçuz natural, que tem um sabor muito doce, é extraído da raiz de um arbusto (Glycyrrhiza glabra) e utilizado medicinalmente na forma de cápsula, comprimido ou extrato líquido. A maior parte do alcaçuz fabricado nos Estados Unidos é aromatizado artificialmente e não contém o produto natural. O ingrediente ativo do alcaçuz natural é a glicirrizina. Para indivíduos particularmente sensíveis a glicirrizina, há disponibilidade de produtos de alcaçuz tratados especialmente que contêm muito menos glicirrizina. Estes produtos são denominados licorices desglicirrizinados.

Alegações sobre o alcaçuz

Indivíduos geralmente utilizam alcaçuz para reduzir a tosse, aliviar a dor de garganta e distúrbios estomacais. Aplicado externamente, alivia as úlceras aftosas e a irritação da pele (p. ex., eczema) (1). Também considera-se que o alcaçuz ajuda a tratar úlceras gástricas e complicações causadas pela hepatite C ou outras doenças hepáticas (2).

Evidências sobre o alcaçuz

As evidências indicam que o alcaçuz em combinação a outras ervas proporciona o alívio dos sintomas da dispepsia funcional e da síndrome do intestino irritável (3). Mas os ensaios clínicos com alcaçuz isoladamente e em combinação são limitados, sendo necessário fazer avaliações adicionais. Não há dados suficientes para determinar se o alcaçuz é eficaz para úlceras gástricas ou complicações causadas por hepatite C.

Uma metanálise de 5 ensaios clínicos randomizados (609 pacientes) relatou que o alcaçuz tópico antes da intubação endotraqueal preveniu a dor de garganta no pós-operatório em 56% e a tosse em 39% (4). Em um ensaio clínico randomizado com 70 pessoas com úlceras aftosas, comparou-se o alcaçuz mais solução de difenidramina à monoterapia com difenidramina. O principal resultado foi um tempo de cicatrização mais rápido em pacientes tratados com alcaçuz e solução de difenidramina (5). Em outro ensaio clínico randomizado incluindo 70 adultos, demonstrou-se que pastilhas de alcaçuz, em comparação com placebo, amenizam os sintomas da tosse crônica (6). O alcaçuz também foi administrado como terapia adjuvante para diminuir os sintomas da doença de Parkinson (7).

Efeitos adversos do alcaçuz

Em doses mais baixas ou níveis normais de consumo, algumas reações adversas são evidentes. No entanto, altas doses de alcaçuz (mais de 1 oz por dia) e glicirrizina causam retenção de água e sódio nos rins, possivelmente causando elevação da pressão arterial, e da excreção de potássio, possivelmente causando hipopotassemia. O aumento da excreção de potássio pode constituir um problema especialmente para indivíduos idosos que utilizam digoxina ou diuréticos que também podem aumentar a excreção de potássio. Estes indivíduos, bem como aqueles que apresentam hipertensão arterial, devem evitar ingerir alcaçuz. Uma análise agrupada relatou que a ingestão crônica de alcaçuz pode estar associada ao aumento da pressão arterial sistólica e diastólica (8).

O alcaçuz pode ter efeitos esteroides e estrogênicos na gestação e também pode aumentar o risco de parto prematuro. O alto consumo de alcaçuz durante a gestação pode estimular a atividade hipotalâmica-hipofisária-adrenocortical na criança, portanto, gestantes devem evitar o alcaçuz.

Interações medicamentosas com o alcaçuz

O alcaçuz pode

  • Interagir com a varfarina e diminuir sua eficácia, aumentando o risco de coágulos sanguíneos

  • Interagir com a digoxina afetando os níveis de potássio

  • Diminuir a eficácia dos anti-hipertensivos por causa do aumento na retenção de sal e água

  • Diminuir os efeitos do paclitaxel e da cisplatina

  • Aumentar os efeitos adversos dos corticoides

  • Aumentar ou diminuir os efeitos dos estrogênios

Além disso, alguns especialistas acreditam que o alcaçuz tem alguma atividade semelhante a uma classe de antidepressivo chamado inibidor da monoamina oxidase (MAO) e, portanto, pode intensificar os efeitos adversos desses medicamentos.

(Ver tabela Algumas interações possíveis entre suplementos alimentares e fármacos.)

Referências

  1. 1. Saeedi M, Morteza-Semnani K, Ghoreishi MR. The treatment of atopic dermatitis with licorice gel. J Dermatolog Treat. 14(3):153-157, 2003. doi:10.1080/09546630310014369

  2. 2. Li X, Sun R, Liu R. Natural products in licorice for the therapy of liver diseases: progress and future opportunities. Pharmacol Res. 144:210-226, 2019. doi: 10.1016/j.phrs.2019.04.025

  3. 3. Ottillinger B, Storr M, Malfertheiner P, et al. STW 5 (Iberogast®)—a safe and effective standard in the treatment of functional gastrointestinal disorders. Wien Med Wochenschr. 163(3-4): 65-72, 2013. doi: 10.1007/s10354-012-0169-x

  4. 4. Kuriyama A, Maeda H.. Topical application of licorice for prevention of postoperative sore throats in adults: a systematic review and meta-analysis. J Clin Anesth. 54:25-32, 2019. doi: 10.1016/j.jclinane.2018.10.025

  5. 5. Akbari N, Asadimehr N, Kiani Z. The effects of licorice containing diphenhydramine solution on recurrent aphthous stomatitis: a double-blind, randomized clinical trial. Complement Ther Med. 50:102401, 2020. doi:10.1016/j.ctim.2020.102401

  6. 6. Ghaemi H, Masoompour SM, Afsharypuor S, Mosaffa-Jahromi M, Pasalar M, Ahmadi F, Niknahad H. The effectiveness of a traditional Persian medicine preparation in the treatment of chronic cough: A randomized, double-blinded, placebo-controlled clinical trial. Complement Ther Med. 2020 Mar;49:102324. doi: 10.1016/j.ctim.2020.102324

  7. 7. Petramfar P, Hajari F, Yousefi G, Azadi S, Hamedi A. Efficacy of oral administration of licorice as an adjunct therapy on improving the symptoms of patients with Parkinson's disease, A randomized double blinded clinical trial. J Ethnopharmacol. 2020 Jan 30;247:112226. doi: 10.1016/j.jep.2019.11222

  8. 8. Penninkilampi R, Eslick EM, Eslick GD. The association between consistent licorice ingestion, hypertension and hypokalaemia: a systematic review and meta-analysis. J Hum Hypertens. 2017 Nov;31(11):699-707. doi: 10.1038/jhh.2017.45

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. National Institutes of Health (NIH), National Center for Complementary and Integrative Health: Licoric Root

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