Estenose hipertrófica do piloro

PorJaime Belkind-Gerson, MD, MSc, University of Colorado
Reviewed ByAlicia R. Pekarsky, MD, State University of New York Upstate Medical University, Upstate Golisano Children's Hospital
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Visão Educação para o paciente

Estenose hipertrófica do piloro é a obstrução do lúmen do piloro por hipertrofia muscular do piloro. O diagnóstico é por ultrassonografia abdominal. O tratamento é com piloromiotomia.

A estenose hipertrófica do piloro pode causar obstrução quase completa do canal gástrico.

Este distúrbio afeta 2 a 5 em cada 1.000 lactentes, sendo mais comum no sexo masculino, em uma proporção de aproximadamente 5:1, particularmente nos primogênitos masculinos (1). Manifesta-se mais frequentemente entre 3 e 6 semanas de idade e raramente após 12 semanas.

Referência geral

  1. 1. MacMahon B. The continuing enigma of pyloric stenosis of infancy: a review. Epidemiology. 2006;17(2):195-201. doi:10.1097/01.ede.0000192032.83843.c9

Etiologia da estenose hipertrófica do piloro

A etiologia exata da estenose hipertrófica do piloro é incerta, mas a condição é altamente hereditária e múltiplos genes foram implicados em estudos de associação (1–3). Mães que fumam durante a gestação também aumentam o risco (4). Os mecanismos propostos incluem falta de óxido nítrico sintetase neuronal, inervação anormal da camada muscular e hipergastrinemia.

Lactentes expostos a certos antibióticos macrolídeos (p. ex., eritromicina) nas primeiras semanas de vida apresentam risco significativamente aumentado (5, 6).

Estudos mostraram maior risco nos lactentes alimentados com mamadeira e fórmula em comparação aos lactentes exclusivamente amamentados (alimentados no peito), mas não está claro se esse risco está associado a uma mudança no método de alimentação ou ao tipo de alimentação (7–9).

Referências sobre etiologia

  1. 1. Krogh C, Fischer TK, Skotte L, et al. Familial aggregation and heritability of pyloric stenosis. JAMA. 2010;303(23):2393-2399. doi:10.1001/jama.2010.784

  2. 2. Feenstra B, Geller F, Krogh C, et al. Common variants near MBNL1 and NKX2-5 are associated with infantile hypertrophic pyloric stenosis. Nat Genet. 2012;44(3):334-337. Publicado em 2012 Fev 5. doi:10.1038/ng.1067

  3. 3. Fadista J, Skotte L, Geller F, et al. Genome-wide meta-analysis identifies BARX1 and EML4-MTA3 as new loci associated with infantile hypertrophic pyloric stenosis. Hum Mol Genet. 2019;28(2):332-340. doi:10.1093/hmg/ddy347

  4. 4. Obaid YY, Toubasi AA, Albustanji FH, Al-Qawasmeh AR. Perinatal risk factors for infantile hypertrophic pyloric stenosis: A systematic review and meta-analysis. J Pediatr Surg. 2023;58(3):458-466. doi:10.1016/j.jpedsurg.2022.08.016

  5. 5. Abdellatif M, Ghozy S, Kamel MG, et al. Association between exposure to macrolides and the development of infantile hypertrophic pyloric stenosis: a systematic review and meta-analysis. Eur J Pediatr. 2019;178(3):301-314. doi:10.1007/s00431-018-3287-7

  6. 6. Eberly MD, Eide MB, Thompson JL, Nylund CM. Azithromycin in early infancy and pyloric stenosis. Pediatrics. 2015;135(3):483-488. doi:10.1542/peds.2014-2026

  7. 7. Krogh C, Biggar RJ, Fischer TK, et al. Bottle-feeding and the Risk of Pyloric Stenosis. Pediatrics. 2012;130(4):e943-e949. doi:10.1542/peds.2011-2785

  8. 8. McAteer JP, Ledbetter DJ, Goldin AB. Role of bottle feeding in the etiology of hypertrophic pyloric stenosis. JAMA Pediatr. 2013;167(12):1143-1149. doi:10.1001/jamapediatrics.2013.2857

  9. 9. Wayne C, Hung JH, Chan E, Sedgwick I, Bass J, Nasr A. Formula-feeding and hypertrophic pyloric stenosis: is there an association? A case-control study. J Pediatr Surg. 2016;51(5):779-782. doi:10.1016/j.jpedsurg.2016.02.021

Sinais e sintomas da estenose hipertrófica do piloro

Os sintomas da estenose hipertrófica do piloro tipicamente surgem entre 3 e 6 semanas de vida. Êmese vigorosa ou em jato, não biliar, ocorre logo após a alimentação. Até que a desidratação se instale, as crianças se alimentam avidamente e, por outro lado, aparentemente parecem estar bem, muito diferente das que vomitam por apresentarem doença sistêmica.

Ondas peristálticas gástricas podem ser visíveis cruzando o epigástrio da esquerda para a direita. Uma massa pilórica semelhante a uma azeitona, discreta, firme, móvel, de 2 a 3 cm, é as vezes palpável no fundo do lado direito do epigástrio.

Com a evolução da doença, as crianças não ganham peso, ficam desnutridas e desenvolvem desidratação com anomalias eletrolíticas e ácido-básicas (alcalose metabólica hipoclorêmica e hipopotassêmica).

Diagnóstico da estenose hipertrófica do piloro

  • Ultrassom

Deve-se suspeitar de estenose hipertrófica do piloro em todos os recém-nascidos nos primeiros meses de vida com vômito em jato, especialmente se tiverem apetite e parecerem bem.

O diagnóstico é feito por ultrassonografia abdominal, que mostra aumento da espessura do piloro (normalmente 3 mm; normal, < 3 mm) associado a alongamento do piloro (1).

Dicas e conselhos

  • Deve-se suspeitar de estenose hipertrófica do piloro em todos os recém-nascidos nos primeiros meses de vida com vômito em jato, especialmente se tiverem apetite e parecerem bem.

Se o diagnóstico permanecer incerto, pode-se fazer uma ultrassonografia repetida em série ou realizar uma série contrastada do trato gastrointestinal superior. A série do trato GI superior normalmente mostra retardo do esvaziamento gástrico e um sinal de cordão ou sinal de via férrea de um lúmen do piloro alongado e acentuadamente estreitado. Em casos mais raros, é preciso confirmação diagnóstica com endoscopia superior.

O padrão eletrolítico clássico de um lactente com estenose pilórica é o de alcalose metabólica hipoclorêmica/hipopotassêmica devido à perda direta de ácido clorídrico e depleção do volume intravascular levando à ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, que causa aumento da excreção renal de potássio em troca de sódio. Até 14% dos lactentes apresentam icterícia (síndrome icteropilórica).

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Expert Panel on Pediatric Imaging, Alazraki AL, Rigsby CK, et al. ACR Appropriateness Criteria® Vomiting in Infants. J Am Coll Radiol. 2020;17(11S):S505-S515. doi:10.1016/j.jacr.2020.09.002

Tratamento da estenose hipertrófica do piloro

  • Piloromiotomia

O tratamento inicial da estenose hipertrófica do piloro deve ser direcionado para a reanimação volêmica e correção das anormalidades hidroeletrolíticas.

O tratamento definitivo é a pilorotomia longitudinal, que deixa a mucosa intacta e separa as fibras musculares incisadas. No prazo de um dia de pós-operatório, a criança geralmente tolera bem a alimentação. Alguns centros agora estão realizando com sucesso piloromiotomia endoscópica (1). A piloromiotomia é segura e eficaz.

Treatment reference

  1. 1. Zhang H, Liu Z, Ma L, et al. Gastric Peroral Endoscopic Pyloromyotomy for Infants With Congenital Hypertrophic Pyloric Stenosis. Am J Gastroenterol. 2023;118(3):465-474. doi:10.14309/ajg.0000000000001973

Pontos-chave

  • Vômitos em jato ocorrem logo após a alimentação em um lactente < 3 meses de idade, geralmente entre 3 a 6 semanas de idade, e, a menos que a desidratação se torne significativa, o apetite tende a permanecer intacto e o lactente parece bem.

  • O diagnóstico é feito por ultrassonografia.

  • O tratamento é incisão cirúrgica do músculo do piloro hipertrofiado (piloromiotomia).

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