Testes de rastreamento para lactentes, crianças e adolescentes

PorDeborah M. Consolini, MD, Thomas Jefferson University Hospital
Revisado/Corrigido: mai 2023
Visão Educação para o paciente

O rastreamento (junto com exame físico) é uma parte importante dos cuidados de saúde preventiva para lactentes, crianças e adolescentes.

Exames sanguíneos de triagem

Para detectar deficiência de ferro, os médicos devem determinar o hematócrito ou hemoglobina da seguinte forma:

  • Em crianças a termo: entre os 9 e os 12 meses de vida

  • Em prematuros: entre o 5 e 6 meses de vida

  • Em adolescentes que menstruam: anualmente se apresentarem qualquer um dos fatores de risco: menstruações moderadas a intensas, perda ponderal crônica, deficit nutricional ou participação em atividades esportivas

Pode-se fazer testes para doença falciforme dos 6 aos 9 meses de idade se ainda não tiverem sido realizados como parte da triagem neonatal.

Recomendações dos testes sanguíneos de exposição ao chumbo variam com as regiões. Em geral, uma avaliação de risco deve ser realizada em todas as consultas de crianças entre 6 meses e 6 anos de idade. Deve-se fazer um teste de nível de chumbo no sangue se a avaliação de risco for positiva. A triagem universal em 1 e 2 anos pode ser recomendada para crianças que vivem em áreas de alta prevalência com maior risco de fatores como moradias mais antigas. Não existe nível sérico de chumbo seguro em crianças; mesmo níveis baixos de chumbo no sangue afetam o QI, a capacidade de prestar atenção e o desempenho acadêmico. Os efeitos do chumbo não podem ser corrigidos. Nos Estados Unidos, um nível > 5 mcg/dL (> 0,24 micromol/L) agora é utilizado para identificar as crianças que foram expostas ao chumbo e que requerem tratamento.

Indica-se rastreamento do colesterol a todas as crianças entre os 9 e 11 anos e novamente entre os 17 e 21 anos e pode ser feito com um perfil lipídico sem jejum. O rastreamento do colesterol é indicado para crianças após 2 anos de idade, mas não depois de 10 anos de idade, se tiverem história familiar de colesterol alto ou doença coronariana precoce, ou fatores de risco de doença coronariana (p. ex., diabetes, obesidade, hipertensão).

Exames de audição

(Ver também Deficiência auditiva em crianças.)

Os pais podem suspeitar de deficit auditivo se a criança para de responder apropriadamente aos barulhos ou às vozes ou não entende e não desenvolve a fala (ver tabela Audição normal na infância).

Os problemas de audição devem ser tratados o mais cedo possível porque podem prejudicar o desenvolvimento da linguagem. Portanto, o médico deve estar atento a qualquer informação parental sobre a audição em cada consulta da criança pequena e estar preparado para testar ou encaminhar para o audiologista sempre que for questionada a habilidade de audição da criança.

Tabela

A audiometria pode ser realizada no conjunto dos cuidados primários; a maioria dos outros procedimentos audiológicos (teste de emissão otoacústica e resposta do evocado auditivo do tronco cerebral) deve ser realizada por audiologista. Crianças ao redor dos 3 anos podem ser submetidas à audiometria convencional; crianças menores também podem ser testadas observando suas respostas aos sons via fones de ouvido, observando suas tentativas de localizar o som ou observando-as realizar uma tarefa simples. Para crianças maiores, deve-se realizar audiometria uma vez entre 11 e 14 anos, uma vez entre 15 e 17 anos e uma vez entre 18 e 21 anos; testes para crianças mais velhas devem incluir frequências altas de 6.000 e 8.000 Hz.

Timpanometria, outro procedimento feito no consultório, pode ser utilizada em crianças de qualquer idade e é útil para determinar a função da orelha média. Timpanogramas anormais frequentemente refletem disfunção da tuba auditiva ou secreção da orelha média que não pode ser observada com exame otoscópico.

Embora a otoscopia pneumática seja útil para avaliar o estado da orelha média, a combinação dela com a timpanometria é mais informativa do que outro procedimento isolado.

Testes de tuberculose

Deve-se fazer triagem para tuberculose utilizando um teste cutâneo [teste tuberculínico) ou exame de sangue (ensaio de liberação de interferon-gama (IGRA)]

  • As crianças foram expostas à tuberculose (p. ex., quando há um membro da família infectado ou contato próximo).

  • Um membro da família foi positivo para o teste da tuberculina.

  • Nasceram ou viajaram recentemente para um país de alto risco (países além dos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia ou países da Europa Ocidental e do Norte).

  • Os pais ou contatos próximos são imigrantes de países de alto risco ou estiveram recentemente encarcerados.

IGRA é preferível para crianças que provavelmente não voltarão para a interpretação do teste cutâneo ou para aquelas que receberam a vacina BCG, que pode provocar resultado falso-positivo do teste cutâneo.

Rastreamento para infecções sexualmente transmissíveis

Indica-se o rastreamento laboratorial de rotina à procura de doenças sexualmente transmissíveis comuns para adolescentes sexualmente ativos anualmente.

Testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAATs) são os testes mais sensíveis para detectar infecção por C. trachomatis e N. gonorrhoeae. Há NAATs disponíveis que utilizam amostras de urina, do reto, do colo do útero, da faringe e da uretra.

Deve-se oferecer exame de HIV a todos os adolescentes pelo menos uma vez entre os 15 e 18 anos de idade; deve-se fazer todo o esforço possível para preservar a confidencialidade do adolescente. Deve-se testar os adolescentes com maior risco de infecção pelo HIV (são sexualmente ativos, utilizam ou utilizaram drogas injetáveis ou têm outras infecções sexualmente transmissíveis) anualmente.

O teste de rotina para displasia cervical só é indicado para adolescentes depois dos 21 anos de idade.

Rastreamento de infecção por hepatite C

Deve-se testar rotineiramente as pessoas à procura de infecção pelo vírus da hepatite C (HCV), ao menos uma vez entre 18 e 79 de idade (ver U.S. Preventive Services Task Force 2020 Hepatitis C Virus Infection in Adolescents and Adults: Screening e a declaração de 2020 Recommendations for Hepatitis C Screening Among Adults—United States do CDC). Deve-se testar as pessoas com risco aumentado de infecção pelo HCV, incluindo aquelas que utilizam drogas injetáveis, à procura de infecção pelo HCV; deve-se reavaliá-las anualmente. (Ver também Triagem à procura de hepatite C crônica.)

Informações adicionais

Os recursos em inglês a seguir podem ser úteis. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. U.S. Preventive Services Task Force: Hepatitis C Virus Infection in Adolescents and Adults: Screening statement (2020)

  2. CDC: Recommendations for Hepatitis C Screening Among Adults—United States (2020)

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