Artrite da articulação temporomandibular (ATM)

PorGary D. Klasser, DMD, Louisiana State University School of Dentistry
Reviewed ByDavid F. Murchison, DDS, MMS, The University of Texas at Dallas
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Visão Educação para o paciente

Artrite infecciosa, artrite traumática, osteoartrite, artrite reumatoide e artrite degenerativa secundária podem afetar a articulação temporomandibular.

(Ver também Visão geral dos distúrbios temporomandibulares.)

Artrite infecciosa

Infecção da articulação temporomandibular pode resultar de extensão direta de infecção adjacente ou distribuição hematogênica de microrganismos transmitidos pelo sangue (ver Artrite infecciosa aguda). A área articular está inflamada, e os movimentos mandibulares são limitados e dolorosos. Sinais locais de infecção com ou sem infecção sistêmica sugerem o diagnóstico. As radiografias podem ser negativas em estágios precoces, mas podem apresentar destruição óssea posteriormente. Caso se suspeite de artrite supurativa, a articulação é aspirada para confirmar o diagnóstico e identificar o microrganismo causador. O diagnóstico deve ser feito rapidamente para prevenir dano articular permanente.

O tratamento é feito com antibióticos, hidratação adequada, controle da dor e restrição de movimentação. Deve-se administrar um antibiótico de amplo espectro até que um diagnóstico bacteriológico específico possa ser feito com base em cultura e testes de sensibilidade (1). Na infecção de estruturas orais por Staphylococcus aureus (SARM) resistentes à meticilina, a vancomicina IV é o antibiótico de escolha. Infecções supurativas são aspiradas ou incisadas e drenadas. Quando a infecção tiver sido controlada, exercícios passivos de abertura de boca auxiliam na prevenção de cicatrizes e limitação de movimentação.

Artrite traumática

Raramente uma lesão aguda (p. ex., decorrente da dificuldade durante extração dental ou intubação orotraqueal) pode ocasionar artrite da articulação temporomandibular. Ocorrem dor, sensibilidade e limitação do movimento mandibular. O diagnóstico baseia-se primariamente na história. Os resultados dos exames radiográficos são negativos, exceto quando edema intra-articular ou hemorragia alarga o espaço articular. O tratamento inclui glicocorticoides orais, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), aplicação de calor, dieta pastosa e restrição da movimentação da mandíbula.

Osteoartrite

A articulação temporomandibular pode ser afetada pela osteoartrite (doença articular degenerativa), geralmente em pacientes com > 50 anos de idade. Às vezes, os pacientes se queixam de rigidez, som rangente no movimento da mandíbula ou dor leve. A crepitação pode resultar da degeneração ou perfuração do disco, causando atrito entre os ossos. O envolvimento da articulação é quase sempre bilateral. Radiografias, TC convencional ou TC de feixe cônico podem mostrar achatamento condilar, osteófitos marginais, esporões, erosões e/ou cistos subcondrais decorrentes de sobrecarga articular. O tratamento é sintomático. Um aparelho oral (placa oclusal [protetor bucal]) utilizado durante o sono (e possivelmente durante a vigília) pode ajudar a aliviar a dor e reduzir os sons de atrito articular. AINEs podem proporcionar alívio da dor.

Artrite secundária degenerativa

A artrite degenerativa secundária da ATM geralmente se desenvolve em pacientes com doença reumática sistêmica (p. ex., artrite reumatoide, artrite idiopática juvenil) ou em pacientes com história de trauma ou desarranjo interno da ATM (p. ex., deslocamento de disco ou anomalias anatômicas). Caracteriza-se por abertura de boca limitada, dor unilateral durante os movimentos mandibulares, sensibilidade articular e crepitação.

O envolvimento articular unilateral auxilia na distinção entre artrite secundária degenerativa e osteoartrite primária. O diagnóstico baseia-se em radiografias ou tomografia computadorizada de feixe cônico, que, como na osteoartrite, geralmente mostram achatamento, formação marginal (osteófitos), esporões ou erosões condilares no lado afetado.

O tratamento é conservador, embora artroplastia ou condilectomia alta possa ser necessária. Um aparelho oral pode ser benéfico para o alívio dos sintomas. O aparelho é utilizado constantemente, exceto durante refeições, higiene oral e sua limpeza. O tempo de uso diário do aparelho é reduzido à medida que os sintomas melhoram. A injeção intra-articular de glicocorticoides pode aliviar os sintomas, mas pode acelerar a perda de cartilagem e o estreitamento do espaço articular se repetido com frequência (2).

Artrite reumatoide

A ATM pode ser afetada em adultos e crianças com artrite reumatoide, mas geralmente ocorre naqueles com doença mais grave (3). Dor, edema e limitação de movimentação são os achados mais comuns. Em crianças, a destruição da cabeça da mandíbula resulta em distúrbio do crescimento mandibular e deformidade facial. A ancilose pode surgir posteriormente. As radiografias da articulação temporomandibular costumam ser negativas nos estágios iniciais, mas muitas vezes mostram destruição óssea nos estágios tardios, que pode resultar em má oclusão de mordida aberta anterior. O diagnóstico é sugerido por inflamação da articulação temporomandibular associada à poliartrite e é confirmado por outros achados típicos da artrite reumatoide ativa (p. ex., poliartrite).

O tratamento é similar ao da artrite reumatoide em outras articulações. No estágio agudo, AINEs podem ser administrados para analgesia, e a função mandibular deve ser restrita. Um aparelho oral utilizado durante o sono muitas vezes é útil. Quando os sintomas diminuem, exercícios mandibulares leves ajudam a prevenir a perda excessiva de movimento mandibular. A cirurgia é necessária se a ancilose se desenvolver, mas não deve ser realizada até a condição estar quiescente.

Referências

  1. 1. Omiunu A, Talmor G, Nguyen B, et al. Septic Arthritis of the Temporomandibular Joint: A Systematic Review. J Oral Maxillofac Surg. 2021;79(6):1214-1229. doi:10.1016/j.joms.2021.01.004

  2. 2. Derwich M, Mitus-Kenig M, Pawlowska E. Mechanisms of Action and Efficacy of Hyaluronic Acid, Corticosteroids and Platelet-Rich Plasma in the Treatment of Temporomandibular Joint Osteoarthritis-A Systematic Review. Int J Mol Sci. 2021;22(14):7405. Publicado em 2021 Jul 9. doi:10.3390/ijms22147405

  3. 3. Hysa E, Lercara A, Cere A, et al. Temporomandibular disorders in immune-mediated rheumatic diseases of the adult: A systematic review. Semin Arthritis Rheum. 2023;61:152215. doi:10.1016/j.semarthrit.2023.152215

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