Como injetar a bolsa trocantérica

PorAlexandra Villa-Forte, MD, MPH, Cleveland Clinic
Revisado/Corrigido: abr 2023
Visão Educação para o paciente

A injeção da bolsa trocantérica é o processo de puncionar o saco da bolsa e/ou a área ao redor com uma agulha e injetar anestésicos, muitas vezes com corticoides, para ajudar a tratar a síndrome da dor trocantérica.

Acredita-se agora que a bursite trocantérica isolada seja rara, e que a dor na lateral do quadril seja mais frequentemente chamada síndrome dolorosa do trocanter maior, que frequentemente se origina de tendinopatia dos glúteos médio e mínimo, às vezes com bursite associada. Entretanto, a técnica de injeção (direcionada ao ponto de máxima sensibilidade) é a mesma tanto para bursite trocantérica isolada como para a síndrome da dor trocantérica maior.

As bolsas profundas (trocantérica, subacromial ou anserina) encontram-se entre o osso e os tendões sobrejacentes. A bursite de uma bolsa profunda raramente se manifesta com inchaço ou eritema visível.

(Ver também Bursite.)

Indicações para a injeção de uma bolsa trocantérica

  • Para injeções de corticoide a fim de tratar inflamação

Os sintomas da síndrome dolorosa do trocanter maior são tratados de maneira eficaz com repouso, anti-inflamatórios não esteroides e fisioterapia. Mas quando a bursite trocantérica persiste, apesar das medidas conservadoras, a injeção bursal proporciona alívio rápido.

Não é prevista aspiração de líquido da bolsa trocantérica.

Contraindicações à injeção de bursa trocantérica

Contraindicações absolutas

  • Celulite ou úlcera cutânea sobrejacente, bacteremia, prótese articular adjacente

  • Hipersensibilidade a uma substância injetada

  • Para injeção de corticoides, bursite séptica suspeita

Contraindicações relativas

  • Lesão tendínea ou muscular não reconhecida: analgesia proporcionada por injeção de corticoide pode atrasar o diagnóstico preciso.

  • Diabetes mal controlado: qualquer benefício dos corticoides é ponderado em relação ao risco de piora do controle glicêmico a curto prazo.

  • Injeção recente (isto é, nos últimos 3 meses) de corticoides no mesmo local (embora nenhuma pesquisa tenha avaliado essa prática).

Coagulopatia não é uma contraindicação (1).

Complicações da injeção de uma bolsa trocantérica

As complicações são incomuns, mas incluem

  • Atrofia da gordura subcutânea, atrofia cutânea e tratos sinusais, e despigmentação temporária da pele decorrente da injeção subcutânea inadvertida de corticoides

  • Reação dolorosa local que parece resultar de uma sinovite química em resposta aos cristais na solução de corticoides (às vezes chamada de flare pós-injeção) ocorrendo poucas horas após a injeção de corticoide no depósito e geralmente durando ≤ 48 horas

  • Infecção

  • Em pacientes diabéticos, hiperglicemia após injeção de corticoide de depósito

Equipamento para injeção de bursa trocantérica

  • Solução antisséptica (p. ex., clorexidina, iodopovidona, álcool isopropílico)

  • Gaze, luvas e bandagem adesiva

  • Anestesia no local de inserção da agulha (p. ex., spray tópico congelante ou lidocaína a 1% injetável sem adrenalina, em uma seringa de 3 mL)

  • Para injeção terapêutica, seringa de 10 mL com cerca de 3 a 5 mL de lidocaína a 1% (sem adrenalina) misturada com corticoide de depósito injetável (p. ex., acetonida de triancinolona, 40 mg)

  • Agulha de calibre 22 a 25, de 2 polegadas

  • Algumas seringas de 3 mL

A ajuda de um assistente é útil.

Considerações adicionais para injetar uma bolsa trocantérica

  • Para injeção na bursa, pode-se misturar anestésico local e corticoide de depósito em uma única seringa. A adição do anestésico ajuda a confirmar a boa colocação da agulha quando a injeção alivia imediatamente a dor. A adição de anestésico também pode diminuir o risco de o corticoide causar atrofia gordurosa subcutânea e o risco de flare pós-injeção.

  • Se a anamnese ou o exame físico sugerem a possibilidade de bursite séptica, suspender a injeção de corticoides.

  • A analgesia imediata depois da injeção de anestésico local ajuda a confirmar a inserção correta da agulha e que a síndrome dolorosa do trocanter maior é a principal fonte da dor.

Anatomia relevante para a injeção de uma bolsa trocantérica

  • Embora a dor à palpação no trocanter maior ou na região seja característica, as bolsas trocantéricas geralmente não são a única fonte de dor.

  • As bolsas trocantéricas comumente afetadas são a bolsa trocantérica do músculo glúteo máximo (multiloculada, reside entre o trocanter maior e o tendão do glúteo máximo) e as bolsas entre o trocanter maior e os tendões dos glúteos médio e mínimo. Outras fontes de dor incluem a tendinopatia dos glúteos médio e mínimo.

  • Utiliza-se a dor provocada pela palpação para determinar o local de inserção da agulha.

Posicionamento para injeção de uma bolsa trocantérica

  • Colocar o paciente em decúbito lateral sobre o lado não afetado, com a perna afetada ligeiramente flexionada e aduzida para afastar os músculos laterais do trocanter maior.

  • Para evitar episódios vasovagais, virar a cabeça do paciente para o lado oposto e posicionar a área de trabalho de modo que o paciente não veja as agulhas.

Descrição passo a passo da injeção de uma bolsa trocantérica

Preparar o local

  • Marcar o local de entrada da agulha na pele.

  • Preparar a área com solução antisséptica.

  • Pulverizar o spray congelante no local de inserção da agulha até quase branquear e/ou injetar uma pápula de anestésico local (p. ex., ≤ 1 mL).

Injetar a bolsa

  • Usar luvas.

  • Inserir a agulha perpendicularmente à pele no ponto mais doloroso, em direção ao trocanter maior.

Quando a ponta da agulha tocar o trocanter maior, retrair a agulha em cerca de 1 mm.

  • Puxar delicadamente o êmbolo antes da injeção para excluir inserção intravascular.

  • Injetar lentamente toda a mistura de anestésico/corticoide e retirar a agulha.

Se a injeção encontra resistência, a ponta da agulha pode estar dentro de um tendão sobrejacente. Parar de injetar e avançar ou retirar a agulha até que a injeção não encontre resistência.

  • A dor é imediatamente aliviada após uma injeção adequada de anestésico.

  • Aplicar bandagem adesiva ou curativo estéril.

Cuidados posteriores para injeção de bolsa trocantérica

  • Prescrever atividades limitadas do quadril (p. ex., evitar escadas, caminhadas prolongadas, corrida, levantamento de peso), gelo e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) por via oral até a dor diminuir.

  • Limitar a atividade do quadril pode ajudar a minimizar a disseminação do corticoide para os tecidos adjacentes e maximizar seu efeito terapêutico.

  • Instruir o paciente a retornar para reavaliação de modo a excluir infecção se a dor aumentar contínua e progressivamente depois de algumas horas ou persistir por > 48 horas.

Alertas e erros comuns ao injetar uma bolsa trocantérica

  • Para evitar lesões nos tendões, não injetar corticoide contra resistência.

Recomendações e sugestões para injetar uma bolsa trocantérica

  • O posicionamento adequado é muito útil. Explorar as estruturas trocantéricas e glúteas em busca de múltiplas áreas sensíveis que mimetizam a dor do paciente.

Referência

  1. 1. Yui JC, Preskill C, Greenlund LS: Arthrocentesis and joint injection in patients receiving direct oral anticoagulants. Mayo Clin Proc 92(8):1223–1226, 2017. doi: 10.1016/j.mayocp.2017.04.007

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