Bronquite aguda

PorSanjay Sethi, MD, University at Buffalo, Jacobs School of Medicine and Biomedical Sciences
Reviewed ByRichard K. Albert, MD, Department of Medicine, University of Colorado Denver - Anschutz Medical
Revisado/Corrigido: modificado abr. 2025
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Visão Educação para o paciente

A bronquite aguda é a inflamação da árvore traqueobrônquica, geralmente depois de uma infecção do trato respiratório superior na ausência de doenças pulmonares crônicas. A causa é quase sempre uma infecção viral. O patógeno raramente é identificado. O sintoma mais comum é tosse, com ou sem febre, e possivelmente produção de escarro. O diagnóstico baseia-se em achados clínicos. O tratamento é de suporte; antibióticos normalmente são desnecessários. O prognóstico é excelente.

(Ver também Tosse em crianças.)

Frequentemente, a bronquite aguda é um componente da infecção do trato respiratório superior (ITRS) causado por rinovírus, parainfluenza, vírus da influenza A ou B, vírus sincicial respiratório, coronavírus ou metapneumovírus humano (1). Bactérias, como Mycoplasma pneumoniae, Bordetella pertussis e Chlamydia pneumoniae, causam menos de 5% dos casos; estes às vezes ocorrem em surtos. Infecções por B. pertussis em adultos que se apresentam como bronquite aguda têm sido reconhecidas como uma manifestação de diminuição da imunidade da vacinação infantil (2). A bronquite aguda faz parte do espectro de doenças que podem ocorrer com a infecção por SARS-CoV-2, e o teste para detectar esse vírus é apropriado. Sintomas sistêmicos, como febre, mialgias, dor de garganta, sintomas gastrointestinais e perda de olfato e paladar, são mais comuns com o vírus SARS-CoV-2 do que com outros.

A inflamação aguda da árvore traqueobrônquica em pacientes com doenças bronquiais crônicas subjacentes (p. ex., asma, DPOC [doença pulmonar obstrutiva crônica], bronquiectasia, fibrose cística) é considerada uma agudização dessa doença, em vez de uma bronquite aguda. Nesses pacientes, a etiologia, o tratamento e o desfecho diferem daqueles da bronquite aguda. Como as exacerbações frequentemente precedem o diagnóstico de um distúrbio brônquico crônico subjacente, a avaliação clínica de um paciente com bronquite aguda deve incluir a avaliação da presença de sintomas respiratórios crônicos (p. ex., dispneia, tosse crônica com ou sem escarro, sibilos) que precedem a doença aguda.

Dicas e conselhos

  • A tosse aguda em pacientes com asma, DPOC, bronquiectasia ou fibrose cística normalmente deve ser considerada uma exacerbação dessa doença, em vez de uma bronquite aguda simples.

Referências gerais

  1. 1. Miller JM, Binnicker MJ, Campbell S, et al. A Guide to Utilization of the Microbiology Laboratory for Diagnosis of Infectious Diseases: 2018 Update by the Infectious Diseases Society of America and the American Society for Microbiology. Clin Infect Dis 2018;67(6):e1-e94. doi:10.1093/cid/ciy381

  2. 2. Mattoo S, Cherry JD. Molecular pathogenesis, epidemiology, and clinical manifestations of respiratory infections due to Bordetella pertussis and other Bordetella subspecies. Clin Microbiol Rev 2005;18(2):326-382. doi:10.1128/CMR.18.2.326-382.2005

Sinais e sintomas da bronquite aguda

Os sintomas são constituídos por tosse, com nenhum ou pouco escarro, acompanhada ou precedida de sintomas de ITRS. A duração típica dos sintomas antes da apresentação é geralmente de 5 dias ou mais (1). A dispneia subjetiva resulta de dor torácica causada por desconforto musculoesquelético decorrente de tosse ou aperto no peito relacionado ao broncoespasmo, não por hipóxia.

Frequentemente, não existem sinais, mas podem surgir roncos e sibilos esparsos. O escarro pode ser claro ou purulento. As características do escarro não correspondem a uma etiologia particular (isto é, viral versus bacteriana) ou resposta à antibioticoterapia. Pode haver febre leve, mas febre alta ou prolongada é incomum e sugere influenza, pneumonia ou covid-19.

Na fase de resolução, a tosse é o último sintoma a desaparecer e, frequentemente, persiste por 2 a 3 semanas, podendo, em casos raros, prolongar-se ainda mais.

Referência sobre sinais e sintomas

  1. 1. Ebell MH, Merenstein DJ, Barrett B, et al. Acute cough in outpatients: what causes it, how long does it last, and how severe is it for different viruses and bacteria? [correção publicada em Clin Microbiol Infect 2025 Jan;31(1):142. doi: 10.1016/j.cmi.2024.09.013.]. Clin Microbiol Infect 2024;30(12):1569-1575. doi:10.1016/j.cmi.2024.06.031

Diagnóstico da bronquite aguda

  • Avaliação clínica

  • Às vezes, radiografia torácica para excluir outras doenças

O diagnóstico baseia-se principalmente nas manifestações clínicas.

Os pacientes com queixa de dispneia devem ser submetidos à oximetria de pulso para descartar hipoxemia.

Radiografias de tórax são realizadas se achados clínicos (p. ex., aparência doente, alteração do estado mental, febre alta, taquipneia, hipoxemia, achados auscultatórios anormais, como sons respiratórios alterados ou crepitações) sugerirem pneumonia ou outra doença grave. Pacientes idosos são a exceção ocasional em que se recomenda um limiar mais baixo para indicação de radiografia, pois podem apresentar pneumonia sem febre nem achados auscultatórios, manifestando-se, em vez disso, por alteração do estado mental e taquipneia.

Em geral, testes microbiológicos (p. ex., coloração de Gram e cultura de escarro) não são necessários. Contudo, pacientes com sinais ou sintomas sugestivos de covid-19 devem ser testados para SARS-CoV-2. Testes diagnósticos para influenza e coqueluche em amostras de swab nasofaríngeo também devem ser considerados se houver forte suspeita clínica com base na exposição e/ou características clínicas. Pacientes com 10 a 14 dias de sintomas contínuos devem ser avaliados para coqueluche, particularmente se não foram vacinados, apresentam tosse paroxística persistente ou estridor característico intermitente e/ou engasgos, ou exposição a um caso confirmado. Testes para infecção por Mycoplasma e Chlamydia não são necessários, a menos que faça parte de um surto. Geralmente não se recomenda o teste de painel viral porque os resultados não afetam o tratamento.

A tosse é solucionada em 2 semanas em 80% dos pacientes; nos outros 20%, pode levar até 8 semanas para desaparecer (1). Pacientes com tosse que piora após melhora inicial e aqueles com tosse que permanece por > 8 semanas devem ser submetidos a avaliação adicional, incluindo radiografia de tórax. A avaliação de causas não infecciosas de tosse crônica, como asma (incluindo asma com variante de tosse), gotejamento pós-nasal e doença de refluxo gastroesofágico, geralmente pode ser feita com base na apresentação clínica. A diferenciação entre tosse decorrente e asma pode exigir testes de função pulmonar.

Referência sobre diagnóstico

  1. 1. Hounkpatin H, Stuart B, Zhu S, et al. Post-consultation acute respiratory tract infection recovery: a latent class-informed analysis of individual patient data. Br J Gen Pract 2023;73(728):e196-e203. doi:10.3399/BJGP.2022.0229

Tratamento da bronquite aguda

  • Alívio dos sintomas (p. ex., paracetamol, hidratação e, possivelmente, antitussígenos)

  • Beta-agonista inalável para sibilos

Quase todos os pacientes necessitam apenas de tratamento sintomático, como paracetamol e hidratação. As evidências que apoiam a eficácia do uso rotineiro de outros tratamentos sintomáticos, como antitússicos, mucolíticos e broncodilatadores, são fracas. O ibuprofeno geralmente não é recomendado, pois não se mostrou útil na resolução dos sintomas (1). Deve-se considerar antitussígenos (dextrometorfano) com ou sem mucolíticos (guaifenesina) somente se a tosse for intensa ou interferir no sono. Pacientes com sibilos podem se beneficiar de agonistas beta-2 inaláveis (p. ex., salbutamol) por alguns dias. Não se recomenda o uso mais amplo de beta-2-agonistas porque efeitos adversos como tremor, nervosismo e calafrios são comuns (2).

Bronquite aguda em pacientes do contrário saudáveis é a principal causa do uso excessivo de antibióticos. A baixa incidência de causa bacteriana, a natureza autolimitada da bronquite aguda e o risco de efeitos adversos desencorajam o uso generalizado de antibióticos (3). Limitar o uso inadequado de antibióticos, que pode ser tão alto quanto 45% em todo o mundo, é fundamental na prevenção da resistência a antibióticos (4). A orientação do paciente e prescrição tardia (isto é, deve ser preenchida apenas se não houver melhora após pelo menos alguns dias) ajudam a limitar o uso desnecessário de antibióticos. Em geral, não se utilizam antibióticos orais, exceto em pacientes com coqueluche ou durante surtos conhecidos de infecção bacteriana (micoplasma, clamídia). Um macrolídeo como azitromicina ou claritromicina é a escolha preferida.

Dicas e conselhos

  • Tratar a maioria dos casos de bronquite aguda em pacientes saudáveis sem o uso de antibióticos.

Referências sobre tratamento

  1. 1. Kinkade S, Long NA. Acute Bronchitis. Am Fam Physician 2016;94(7):560-565.

  2. 2. Becker LA, Hom J, Villasis-Keever M, van der Wouden JC. Beta2-agonists for acute cough or a clinical diagnosis of acute bronchitis. Cochrane Database Syst Rev 2015;2015(9):CD001726. Publicado em 2015 Set 3. doi:10.1002/14651858.CD001726.pub5

  3. 3. Llor C, Moragas A, Bayona C, et al. Efficacy of anti-inflammatory or antibiotic treatment in patients with non-complicated acute bronchitis and discoloured sputum: randomised placebo controlled trial. BMJ 2013;347:f5762. doi:10.1136/bmj.f5762

  4. 4. Kasse GE, Cosh SM, Humphries J, Islam MS. Antimicrobial prescription pattern and appropriateness for respiratory tract infection in outpatients: a systematic review and meta-analysis. Syst Rev 2024;13(1):229. Publicado em 2024 Set 6. doi:10.1186/s13643-024-02649-3

Pontos-chave

  • A bronquite aguda é viral em > 95% dos casos e, frequentemente, faz parte de uma infecção do trato respiratório superior.

  • Diagnosticar a bronquite aguda principalmente por avaliação clínica; radiografias de tórax e/ou outros testes devem ser realizados em pacientes com manifestações de doença mais grave ou sintomas que não desaparecem ou pioram ao longo do tempo.

  • Tratar a maioria dos pacientes de acordo com os sintomas.

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