Esclerite é mais comum em mulheres com idades entre 30 e 50 anos, muitas delas têm doenças reumáticas sistêmicas como artrite reumatoide Artrite reumatoide Artrite reumatoide é uma doença crônica autoimune sistêmica que envolve principalmente as articulações. A artrite reumatoide produz lesões mediadas por citocinas, quimiocinas e metaloproteases... leia mais , lúpus eritematoso sistêmico Lúpus eritematoso sistêmico (LES) O lúpus eritematoso sistêmico é um distúrbio inflamatório, crônico e multissistêmico, de provável etiologia autoimune e que ocorre predominantemente em mulheres jovens. As manifestações comuns... leia mais , poliarterite nodosa Poliarterite Nodosa (PAN) A poliarterite nodosa é uma vasculite sistêmica necrosante que tipicamente acomete as artérias musculares de tamanho médio e ocasionalmente atinge as artérias musculares pequenas, resultando... leia mais , granulomatose com poliangiite Granulomatose com poliangiite (GPA) A granulomatose com poliangiite é caracterizada por inflamação granulomatosa necrosante, vasculite de pequenos e médios vasos e glomerulonefrite necrosante focal, geralmente crescêntica. Tipicamente... leia mais (anteriormente chamada de granulomatose de Wegener) ou policondrite recidivante Policondrite recidivante A policondrite recidivante é um distúrbio raro, episódico, inflamatório e destrutivo, comprometendo primariamente a cartilagem da orelha e do nariz, mas que também atinge potencialmente olhos... leia mais . Alguns casos têm origem infecciosa. Cerca de metade dos casos de esclerite não têm causa conhecida. A esclerite comumente envolve o segmento anterior e pode apresentar 3 tipos: necrosante, nodular e difusa.
(Ver também Visão geral das doenças conjuntivais e esclerais Visão geral das doenças da conjuntiva e esclera A conjuntiva reveste a região posterior das pálpebras (conjuntiva tarsal ou palpebral), estende-se ao espaço entre a pálpebra e o globo (conjuntiva do fórnix), e depois se espalha sobre a esclera... leia mais .)
Sinais e sintomas da esclerite
A esclerite causa uma dor (muitas vezes descrita como profunda e contínua) suficientemente intensa para interferir no sono e no apetite. Fotofobia e lacrimejamento podem ocorrer. Placas hiperêmicas se desenvolvem profundamente abaixo da conjuntiva bulbar e têm aspecto mais violáceo do que aquelas de episclerite Episclerite Episclerite é inflamação autolimitada, recorrente e, geralmente, idiopática do tecido episcleral que não ameaça a visão. Os sintomas são uma área localizada da hiperemia, irritação e lacrimejamento... leia mais ou conjuntivite Visão geral da conjuntivite A inflamação da conjuntiva é tipicamente decorrente de infecção, alergia ou irritação. Sintomas são hiperemia conjuntival e edema ocular e, dependendo da etiologia, prurido e desconforto. O... leia mais . A conjuntiva palpebral é normal. A área envolvida pode ser focal (geralmente um quadrante do globo) ou envolver todo o globo (esclerite difusa) e pode conter um nódulo elevado, edemaciado e hiperêmico (esclerite nodular) ou uma área avascular (esclerite necrosante). Esclerite intermediária e esclerite posterior são menos comuns e têm menor probabilidade de causar olhos vermelhos, mas maior probabilidade de causar moscas volantes, embaçamento ou diminuição da visão.
Nos casos mais graves de esclerite necrosante, podem ocorrer perfuração do globo ocular e perda do olho. Doença reumática sistêmica ocorre em 20% dos pacientes com esclerite difusa ou nodular e em 50% dos pacientes com esclerite necrosante. Esclerite necrosante em pacientes com sinais de doença reumática sistêmica subjacente vasculite sistêmica Visão geral da vasculite A vasculite é uma inflamação dos vasos sanguíneos, frequentemente com isquemia, necrose e inflamações de órgãos. A vasculite pode afetar qualquer vaso sanguíneo—artérias, arteríolas, veias,... leia mais . Os médicos devem considerar cuidadosamente se há infecção em pacientes com esclerite necrosante, pois a esclerite infecciosa pode se manifestar de modo semelhante e a infecção pode complicar uma esclerite necrosante.
Diagnóstico da esclerite
Avaliação clínica
O diagnóstico da esclerite é feito clinicamente e por exame com lâmpada de fenda Exame com lâmpada de fenda O olho pode ser examinado com equipamentos de rotina, incluindo um oftalmoscópio padrão; análise detalhada requer equipamentos especiais e avaliação por um oftalmologista. A história inclui... leia mais , que tipicamente revela um tom violáceo escleral que se origina profundamente na conjuntiva. Esfregaços ou, raramente, biópsias são necessárias para confirmar a esclerite infecciosa. Tomografia computadorizada ou ultrassonografia podem ser necessárias para esclerite posterior.
Tratamento da esclerite
Corticoides sistêmicos
Raramente, AINEs são suficientes para a analgesia nos casos leves de esclerite. Entretanto, geralmente um corticoide sistêmico (p. ex., prednisona, 1 a 2 mg/kg, por via oral, uma vez ao dia, durante 7 dias, então diminuir gradualmente 10 mg a cada semana, conforme tolerado ou indicado com base no quadro clínico) é a terapia inicial. Se a inflamação retornar, uma dose mais longa de corticoide oral, começando também com prednisona 1 a 2 mg/kg por via oral uma vez ao dia ou corticoide intravenoso em pulsoterapia, como metilprednisolona 1000 mg/dia IV por 3 dias, pode ser considerada.
Se os pacientes não respondem ou são intolerantes a corticoides sistêmicos ou têm esclerite necrosante e doença reumática sistêmica, indica-se imunossupressão sistêmica com ciclofosfamida, metotrexato, micofenolato de mofetil ou agentes biológicos (p. ex., rituximabe ou adalimumabe), mas apenas em consulta com um reumatologista. Enxertos esclerais podem ser indicados nos casos de risco de perfuração.
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Prognóstico da esclerite
Cerca de 14% dos pacientes com esclerite apresentam perda significativa da acuidade visual no período de 1 ano e 30%, em 3 anos.
Pontos-chave
Esclerite é uma inflamação grave, destrutiva e com risco à visão.
Os sintomas incluem dor profunda e chata; fotofobia e lacrimejamento; e rubor ocular difusa ou focal.
O diagnóstico é feito clinicamente e com lâmpada de fenda.
A maioria dos pacientes necessita de corticoides sistêmicos e/ou terapia imunossupressora sistêmica, prescritos sob consulta com um reumatologista.
Enxertos esclerais podem ser indicados nos casos de risco de perfuração.