Trauma na língua

PorBernard J. Hennessy, DDS, Texas A&M University, College of Dentistry
Revisado/Corrigido: mai 2022
Visão Educação para o paciente

As lesões na língua podem resultar de

  • Mordidas acidentais

  • Obturações ou dentes pontiagudos ou quebrados

  • Trauma fechado

  • Trauma penetrante

Mordidas acidentais podem ocorrer na mastigação normal, durante convulsões ou de um golpe na mandíbula (p. ex., por queda, briga e/ou acidente automobilístico) quando a língua encontra-se entre os dentes. Obturações ou dentes pontiagudos ou quebrados podem causar dano significativo.

A lesão na língua causada por trauma facial contuso geralmente causa danos importantes nas estruturas adjacentes.

O trauma facial penetrante engloba os disparos de arma de fogo e as facadas profundas ou os empalamentos. O comprometimento da língua implica envolvimento de outras estruturas da parte inferior da face. As lesões faciais penetrantes profundas sangram muito e podem obstruir as vias respiratórias por causa da aspiração e/ou do edema da língua e do assoalho bucal.

A maioria das lesões na língua é relativamente pequena e o rico suprimento sanguíneo da língua assegura uma cicatrização rápida, sem infecção. No entanto, esse rico suprimento de sangue dificulta muito a hemostasia nas grandes lesões.

O diagnóstico de lesão isolada da língua é tipicamente evidente à inspeção. No trauma importante, assegurar e controlas as vias respiratórias, controlar a hemorragia e identificar a lesão vascular importante precedem a avaliação das lesões de mandíbula, parte média da face e dentes. (Ver também Abordagem ao paciente com trauma.)

Tratamento do trauma na língua

  • Uniformização dos dentes pontiagudos ou das obturações

  • Cicatrização por segunda intenção

  • Algumas vezes, sutura

O sangramento geralmente já parou quando os pacientes procuram atendimento. Frequentemente as lacerações isoladas sangrando podem ser comprimidas com gaze. Deve-se avaliar e tratar o trauma orofacial com sangramento maciço na sala de cirurgia com anestesia e proteção das vias respiratórias.

A principal consideração na lesão da língua é se é necessário fazer reparo. Essa decisão é tomada com mais cautela do que no caso de lacerações cutâneas de tamanho semelhante porque o reparo da língua requer muita cooperação do paciente ou o uso de sedação ou anestesia. Assim, uma laceração no membro superior que poderia ser suturada, na língua pode cicatrizar por segunda intenção.

Felizmente, muitas lacerações na língua não exigem reparo cirúrgico.

Lacerações na língua que exigem reparo são aquelas nas quais há

  • Avulsão ou amputação parcial

  • Sangramento persistente

  • Situações complexas (p. ex., as lacerações estão bifurcadas, abertas, em forma de U ou têm grandes retalhos)

  • Tamanho da ferida > 2 cm (menor, se envolver divisão na ponta da língua)

Tratamento não cirúrgico

Tratam-se as lacerações superficiais na língua decorrentes de dente quebrado ou obturação por restauração ou polimento do dente ou reparo da obturação. A cicatrização das lacerações lineares simples é facilitada pelo uso de protetores dentais ou bucais.

Tratamento cirúrgico

O tratamento das lacerações na língua segue os mesmos princípios do tratamento de qualquer laceração, com anestesia local, limpeza e reparo.

Mesmo os pacientes mais cooperantes raramente conseguem manter a boca aberta e a língua imóvel. Um assistente pode segurar a língua com gaze e mantê-la estendida. Alguns médicos inserem um ponto de sutura forte na ponta anestesiada da língua e usando-o para tração e estabilização. As crianças normalmente precisam de sedação para o procedimento ou, algumas vezes, anestesia.

Para anestesia local, infiltração com lidocaína/adrenalina a 1-2% é geralmente aceitável. Pode-se anestesiar lacerações nos dois terços anteriores da língua com bloqueio do nervo (ver Como fazer um bloqueio do nervo alveolar inferior). Não é necessário usar antissépticos tópicos (p. ex., iodopovidona).

Irrigar a ferida com pequena quantidade (p. ex., < 100 mL) de soro fisiológico isotônico, tendo cuidado para evitar a aspiração pelo paciente. Remover todo corpo estranho; é impossível e desnecessário manter a ferida sem saliva durante o reparo.

Excisar qualquer tecido claramente desvitalizado. Em seguida, fechar a ferida com fio de sutura absorvível 3-0 ou 4-0. O fio de sutura absorvível é mais macio (e, portanto, mais confortável no interior da boca) do que o fio de sutura não absorvível sintético e não precisa ser removido.

Os pacientes devem fazer dieta branda durante alguns dias, lavando a boca depois de comer ou beber alguma coisa. Deve-se avaliar todas as feridas, exceto as pequenas, depois de cerca de 48 horas. Em geral, não é necessário usar antibióticos, a menos que a ferida seja contaminada (pela natureza da lesão de uma fonte exógena) ou o paciente tenha doença clinicamente significativa (diabetes mellitus descompensado ou outra doença com comprometimento imunitário). O benefício do uso de antibióticos para a maioria das lacerações da língua em pacientes saudáveis é limitado. Se os antibióticos forem considerados necessários, a indicação é penicilina, amoxicilina ou clindamicina (para pacientes alérgicos à penicilina).

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