Depleção de volume

PorJames L. Lewis III, MD, Brookwood Baptist Health and Saint Vincent’s Ascension Health, Birmingham
Revisado/Corrigido: abr 2022
Visão Educação para o paciente

A depleção de volume ou a contração do volume de líquido extracelular (LEC) resulta da diminuição do total de sódio corporal. As causas incluem vômitos, sudorese excessiva, diarreia, queimaduras, uso de diuréticos e insuficiência renal. As características clínicas incluem diminuição do turgor cutâneo, mucosas secas, taquicardia e hipotensão ortostática. O diagnóstico é clínico. O tratamento é feito pela administração de sódio e água.

(Ver também Equilíbrio de água e sódio e Visão geral dos desequilíbrios do volume de líquidos.)

Como a água atravessa as membranas plasmáticas do corpo por osmose passiva, a perda do principal cátion extracelular (sódio) resulta rapidamente em perda de líquido extracelular (LEC), bem como de líquido nos espaços intracelulares (LIC). Assim, a perda de sódio sempre causa perda de água. Contudo, dependendo de vários fatores, a concentração plasmática de sódio pode estar elevada, baixa ou normal nos pacientes com depleção de volume (apesar da redução do total de sódio corporal).

O conteúdo corporal total de sódio e o volume de LEC estão relacionados ao volume circulante efetivo. A diminuição grande o suficiente no líquido extracelular causa redução do volume plasmático efetivo, que, por sua vez, provoca diminuição da perfusão dos órgãos e leva a sequelas clínicas. As causas comuns da depleção de volume estão listadas na tabela Causas comuns da depleção de volume.

Tabela

Sinais e sintomas da depleção de volume

Quando a perda de líquidos é < 5% do volume de líquido extracelular (depleção leve do volume), o único sinal pode ser a diminuição do turgor cutâneo (avaliado melhor na porção superior do torso). Observe que o turgor cutâneo pode ser baixo em indivíduos idosos, independentemente do estado do volume. Os pacientes podem se queixar de sede. Mucosas secas nem sempre se correlacionam à depleção de volume, em especial nos idosos e indivíduos que respiram pela boca. A oligúria é típica.

Quando o volume de líquido extracelular diminui de 5 a 10% (depleção moderada de volume), geralmente há taquicardia ortostática, hipotensão, ou ambas, mas nem sempre, estão presentes. As alterações ortostáticas também podem ocorrer em pacientes sem depleção do volume de líquido extracelular, em particular nos acamados e sem condicionamento. Turgor da pele pode diminuir ainda mais.

Quando a desidratação é > 10% do líquido extracelular (depleção grave de líquidos), podem ocorrer sinais de choque (p. ex., taquipneia, taquicardia, hipotensão, confusão, diminuição do preenchimento capilar).

Diagnóstico da depleção de volume

  • Achados clínicos

  • Às vezes, eletrólitos plasmáticos, ureia (nitrogênio da ureia sanguínea) e creatinina

  • Raramente, osmolalidade plasmática e bioquímica urinária

Há suspeita de depleção de volume em pacientes de risco, mais frequentemente em pacientes com história de ingestão inadequada de líquidos (especialmente em pacientes comatosos e desorientados), com perdas aumentadas de líquidos, em tratamento com diuréticos e com doenças renais ou adrenais.

O diagnóstico costuma ser clínico. Se o peso exato do paciente imediatamente antes e depois da perda de líquidos for conhecido, a diferença é uma estimativa precisa da perda de volume; por exemplo, o peso pré e pós-treino é algumas vezes utilizado pelos atletas para monitorar a desidratação.

Quando a causa é óbvia e facilmente corrigível (p. ex., gastroenterite aguda em pacientes do contrário saudáveis), testes laboratoriais não são necessário; caso contrário, medem-se eletrólitos, ureia e creatinina séricos. Dosar osmolalidade plasmática e sódio e creatinina urinários em caso de suspeita clínica de desequilíbrio eletrolítico importante que não está claro pelos resultados dos exames de sangue para os pacientes com doença cardíaca ou renal. Em caso de alcalose metabólica, dosar também o cloro urinário.

Alguns aparelhos podem ajudar a avaliar o status do volume, mas não são amplamente usados. Às vezes, utiliza-se ultrassonografia na beira do leito para avaliar se há distensão da veia cava inferior a fim de avaliar o status de volume quando a gravidade da perda de volume é desconhecida. Além disso, a ultrassonografia dos pulmões pode mostrar achados de edema pulmonar e, portanto, sobrecarga de líquidos. A pressão venosa central e a pressão de oclusão da artéria pulmonar estão diminuídas na depleção de volume, mas a medição com um dispositivo invasivo, como um catéter venoso central ou um catéter de artéria pulmonar, raramente é exigida, embora ocasionalmente seja necessária em pacientes para os quais até mesmo pequenas quantidades de volume adicionado podem ser prejudiciais, como aqueles com insuficiência cardíaca instável ou doença renal crônica avançada.

Os seguintes conceitos são úteis ao interpretar os valores de eletrólitos e osmolalidade urinários:

  • Na depleção do volume de líquido extracelular, o rim funcional conserva o sódio. Portanto, a concentração urinária de sódio costuma ser baixa, < 15 mEq/L (< 15 mmol/L); em geral, a excreção fracionária de sódio (sódio urinário/sódio plasmático dividido por creatinina urinária/creatinina plasmática) é < 1%; a osmolalidade urinária é frequentemente alta, > 450 mOsm/kg (> 450 mmol/kg).

  • Em caso de alcalose metabólica associada à depleção do volume de líquido extracelular, a concentração urinária de sódio pode ser alta porque uma grande quantidade de bicarbonato é liberada na urina, obrigando a excreção de sódio para manter a neutralidade elétrica. Nesses casos, a concentração urinária de cloro < 10 mEq/L (< 10 mmol/L) indica de forma mais confiável a depleção do volume de líquido extracelular.

  • Concentrações falsamente elevadas de sódio urinário (em geral > 20 mEq/L [> 20 mmol/L]) ou baixa osmolalidade urinária também podem decorrer da perda renal de sódio resultante de doença renal, uso de diuréticos ou insuficiência suprarrenal.

A depleção do volume de líquido extracelular frequentemente aumenta os níveis plasmáticos de ureia e creatinina; a proporção entre a ureia e a creatinina é geralmente > 20:1. Os valores de hematócrito geralmente aumentam na depleção de volume, mas a interpretação é difícil se os valores basais forem desconhecidos.

Tratamento da depleção de volume

  • Reposição de sódio e água

Corrige-se a causa de depleção de volume e administram-se líquidos para repor os deficits de volume existentes, assim como as perdas de volumes, e para fornecer as necessidades diárias de líquido.

O deficit de volume leve a moderado pode ser reposto pelo aumento da ingestão de sódio e água quando os pacientes estão conscientes e não apresentam vômitos; esquemas de hidratação oral para crianças são discutidos em outras partes. Também pode-se usar a alimentação por sonda enteral se a ingestão for limitada ou não for segura por algum motivo.

Quando os deficits de volume forem graves ou a hidratação oral não for praticável, administrar soro fisiológico IV a 0,9% ou uma solução eletrolítica tamponada (p. ex., Ringer lactato). Ambas são bem toleradas e seguras, mas o Ringer lactato e outras soluções tamponadas têm concentrações de cloreto mais baixas e podem reduzir a incidência de acidose metabólica hiperclorêmica. Evidências recentes parecem favorecer o uso do lactato de Ringer em relação ao soro fisiológico, mas a questão não está solucionada. Como essas duas soluções se distribuem uniformemente no espaço extracelular, três a quatro vezes o deficit do volume intravascular precisam ser administrados. Esquemas IV típicos são discutidos em outra partes.

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