Nevos atípicos

(Nevo displásico; nevo atípico)

PorDenise M. Aaron, MD, Dartmouth Geisel School of Medicine
Reviewed ByJoseph F. Merola, MD, MMSc, UT Southwestern Medical Center
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Visão Educação para o paciente

Nevos atípicos são nevos melanocíticos benignos com bordas mal definidas e irregulares, com cores variadas (em geral, tons marrom-escuros a claros) e componentes maculares ou papulosos. Pacientes com nevos atípicos têm maior risco de apresentar melanoma. O tratamento é monitoramento clínico atento e biópsia das lesões altamente atípicas ou em transformação. Os pacientes devem reduzir a exposição ao sol e serem orientados a realizar autoexames, para encontrar novos nevos ou alterações nos já existentes.

Nevos atípicos têm aparência clínica e histopatológica ligeiramente diferente (atipia de melanócitos e arquitetura alterada). Alguns pacientes têm somente um ou alguns nevos atípicos; outros apresentam diversos. Embora a manifestação da maioria dos melanomas seja de novo, alguns se desenvolvem a partir de nevos atípicos (1). Fatores de risco de melanoma incluem maior quantidade de nevos atípicos e maior exposição à radiação ultravioleta e solar.

Manifestações de nevos atípicos
Nevo atípico
Nevo atípico

Essa imagem mostra um nevo atípico, com sua característica borda irregular e coloração variável.

Essa imagem mostra um nevo atípico, com sua característica borda irregular e coloração variável.

Imagem cedida por cortesia de Marie Schreiner, PA-C.

Nevos atípicos múltiplos
Nevos atípicos múltiplos

Essa imagem mostra nevos atípicos, com bordas irregulares características e coloração variável.

Essa imagem mostra nevos atípicos, com bordas irregulares características e coloração variável.

Imagem cedida por cortesia de Marie Schreiner, PA-C.

Verruga atípica
Verruga atípica

Esta foto mostra verruga arredondada com bordas irregulares.

Esta foto mostra verruga arredondada com bordas irregulares.

DR P. MARAZZI/SCIENCE PHOTO LIBRARY

A propensão a desenvolver nevos atípicos pode ser hereditária (autossômica dominante) ou esporádica, sem aparente associação familiar. A síndrome do nevo displásico (mola-melanoma múltiplo atípico familiar) refere-se à presença de múltiplos nevos atípicos e melanoma em 2 parentes de primeiro grau. Aproximadamente 10% dos pacientes com melanoma relatam história familiar de melanoma, com mutações CDKN2A sendo a mutação subjacente mais comum; no entanto, observa-se penetrância incompleta, que varia conforme a localização geográfica (2). Esses pacientes têm risco acentuadamente maior de melanoma.

Referências gerais

  1. 1. Friedman RJ, Farber MJ, Warycha MA, et al: The "dysplastic" nevus. Clin Dermatol 27(1):103-115, 2009. doi: 10.1016/j.clindermatol.2008.09.008

  2. 2. Soura E, Eliades PJ, Shannon K, et al: Hereditary melanoma: Update on syndromes and management: Genetics of familial atypical multiple mole melanoma syndrome. J Am Acad Dermatol. 74(3):395-407, 2016; quiz 408-10. doi: 10.1016/j.jaad.2015.08.038

Sinais e sintomas dos nevos atípicos

Frequentemente, os nevos atípicos são maiores que outros nevos (> 6 mm de diâmetro), arredondados (ao contrário de muitos melanomas), mas com bordas indistintas e discreta assimetria. Em comparação, melanomas têm maior irregularidade nas cores e podem ter áreas que são vermelhas, azuis, esbranquiçadas ou despigmentadas com uma aparência de cicatriz.

Diagnóstico dos nevos atípicos

  • Avaliação dermatoscópica

  • Biópsia

  • Exame físico periódico

Nevos atípicos devem ser clinicamente diferenciados de melanoma. Características que sugerem melanoma, conhecidas como o ABCDE do melanoma, são (1):

  • A: assimetria—aparência assimétrica

  • B: bordas — bordas irregulares (isto é, nem arredondadas nem ovais)

  • C: cor — variação das cores dentro do nevo, cores incomuns ou uma cor significativamente diferente ou mais escura do que outros nevos do paciente

  • D: diâmetro → > 6 mm

  • E: evolução — um novo nevo em um paciente > 30 anos ou um nevo em transformação

Embora resultados clínicos possam eventualmente estabelecer um diagnóstico dos nevos atípicos (ver tabela Características de nevos típicos versus atípicos), a diferenciação visual entre nevo atípico e melanoma pode ser difícil. Portanto, biópsias das lesões mais suspeitas devem ser realizadas para confirmar o diagnóstico e determinar o grau de atipia. As biópsias devem, idealmente, abranger toda a profundidade e extensão da lesão; a biópsia excisional é o método ideal.

Tabela
Tabela

Pacientes com múltiplos nevos atípicos e história pessoal ou familiar de melanoma devem ser examinados regularmente (p. ex., anualmente para aqueles com história familiar de melanoma, mais frequentemente para aqueles com história pessoal de melanoma). O risco familiar de melanoma também é significativamente aumentado pela presença de mutações no CDKN2A (p16), e em menor extensão, mutações no BRCA2, particularmente no contexto de história familiar de câncer de mama, ovário ou pâncreas (2, 3).

Alguns dermatologistas observam os padrões de pigmentação das lesões melanocíticas em resoluções mais altas utilizando um instrumento portátil conhecido como dermatoscópio. A dermatoscopia possibilita ao dermatologista examinar estruturas normalmente não visíveis a olho nu. Pode revelar certas características de alto risco sugestivas de melanoma (p. ex., véu azul-esbranquiçado, pontos e glóbulos irregulares, rede de pigmentos atípicos, rede invertida).

Referências sobre diagnóstico

  1. 1. Rigel DS, Friedman RJ, Kopf AW, et al. ABCDE--an evolving concept in the early detection of melanoma. Arch Dermatol. 2005;141(8):1032-1034. doi:10.1001/archderm.141.8.1032

  2. 2. Potrony M, Puig-Butillé JA, Aguilera P, et al. Increased prevalence of lung, breast, and pancreatic cancers in addition to melanoma risk in families bearing the cyclin-dependent kinase inhibitor 2A mutation: implications for genetic counseling. J Am Acad Dermatol. 2014;71(5):888-895. doi:10.1016/j.jaad.2014.06.036

  3. 3. Gumaste PV, Penn LA, Cymerman RM, et al. Skin cancer risk in BRCA1/2 mutation carriers. Br J Dermatol. 2015;172(6):1498-1506. doi:10.1111/bjd.13626

Tratamento de nevos atípicos

  • Remoção por excisão ou raspagem quando desejado

  • A excisão completa de lesões altamente atípicas (às vezes também chamadas de 'severamente atípicas') após avaliação histopatológica

A remoção profilática de todos os nevos atípicos não é eficaz na prevenção do melanoma e não é recomendada. Entretanto, nevos atípicos podem justificar a remoção para qualquer uma das condições a seguir:

  • Paciente com história de alto risco (p. ex., história pessoal ou familiar de melanoma).

  • Paciente não pode garantir acompanhamento atento.

  • O nevo tem achados dermatoscópicos de alto risco.

  • O nevo está em um local que dificulta ou torna impossível que o paciente monitore se há alterações na lesão.

Nevos altamente ou severamente atípicos são lesões com elevado grau de atipia, de difícil distinção de melanomas iniciais ao exame dermatoscópico. Diversos estudos de desfechos clínicos mostraram que a excisão de nevos levemente ou moderadamente atípicos raramente resulta em mudança diagnóstica, mas a excisão de nevos severamente atípicos, com base no diagnóstico histopatológico, pode revelar melanoma em uma proporção pequena, porém clinicamente significativa, de casos (1).

Treatment reference

  1. 1. Kim CC, Swetter SM, Curiel-Lewandrowski C, et al. Addressing the knowledge gap in clinical recommendations for management and complete excision of clinically atypical nevi/dysplastic nevi: Pigmented Lesion Subcommittee consensus statement. JAMA Dermatol. 2015;151(2):212-218. doi:10.1001/jamadermatol.2014.2694

Prevenção de nevos atípicos

  • Proteção solar (isto é, roupas de proteção solar, protetor solar, evitar sol nos horários de pico, procurar sombra)

  • Autoexame regular

  • Fotografia de corpo inteiro

  • Às vezes, monitoramento dos familiares

Pacientes com nevos atípicos devem evitar exposição excessiva ao sol e utilizar protetor solar. Pacientes com restrição à luz solar devem ser aconselhados a fazer suplementação adequada de vitamina D. Além disso, eles devem ser orientados a se autoexaminar com a finalidade de detectar alterações em nevos preexistentes e reconhecer características de melanoma. Fotografias de corpo inteiro podem ajudar a detectar novos nevos e monitorar os nevos existentes à procura de alterações. Exames regulares de acompanhamento são recomendados.

Se os pacientes têm história pessoal de melanoma (seja originado de um nevo atípico ou de novo) ou de outros tipos de câncer de pele, os parentes de primeiro grau também devem ser encaminhados para avaliação. Os pacientes oriundos de famílias com tendência ao melanoma (isto é, 2 parentes em primeiro grau com melanoma) têm risco de desenvolver o tumor ao longo da vida (1). Para avaliar o risco individual e definir o acompanhamento apropriado, recomenda-se pelo menos uma vez um exame dermatológico completo, cobrindo toda a superfície corporal, inclusive couro cabeludo e genitais, em pacientes com risco familiar elevado.

Referência sobre prevenção

  1. 1. Fallah M, Pukkala E, Sundquist K, et al. Familial melanoma by histology and age: joint data from five Nordic countries. Eur J Cancer. 2014;50(6):1176-1183. doi:10.1016/j.ejca.2013.12.023

Pontos-chave

  • O risco de melanoma é maior se os pacientes têm uma quantidade aumentada de nevos atípicos, maior exposição ao sol ou síndrome do nevo displásico.

  • Como pode ser difícil diferenciá-lo de um melanoma, fazer biópsia dos nevos atípicos mais suspeitos.

  • Acompanhar atentamente os pacientes com nevos atípicos, particularmente aqueles com maior risco de melanoma, e fazer fotografias de corpo inteiro.

  • Recomendar proteção solar (com um suplemento de vitamina D) e autoexame regular para pacientes de alto risco.

  • Fazer exames de corpo inteiro de todos os parentes de 1º grau de pacientes que têm melanoma.

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