Quedas de idosos

PorRichard G. Stefanacci, DO, MGH, MBA, Thomas Jefferson University, Jefferson College of Population Health;
Jayne R. Wilkinson, MD, MSCE, University of Pennsylvania, Perelman School of Medicine
Revisado porMichael R. Wasserman, MD, California Association of Long Term Care Medicine
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Fatos rápidos

Uma queda é definida como cair, de forma acidental ou não intencional, no chão ou em outro nível inferior.

  • A maior parte das quedas ocorre quando idosos com um ou mais problemas físicos que comprometem a mobilidade ou o equilíbrio encontram um perigo em seu entorno.

  • Muitas pessoas não apresentam nenhum sintoma antes de cair, mas algumas sentem tonturas ou outros sintomas.

  • Após uma queda, as pessoas podem ter ossos quebrados ou hematomas.

  • Os médicos frequentemente fazem testes para avaliar se um quadro clínico subjacente contribuiu ou não para a queda.

  • Quedas no ambiente doméstico podem ser evitadas com a adoção de precauções.

  • Após as lesões serem tratadas, as pessoas trabalham com fisioterapeutas para ajudar a reduzir o risco de quedas posteriores.

As quedas são comuns em idosos. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, cerca de uma em cada quatro pessoas a partir de 65 anos de idade relata uma queda a cada ano, resultando em um total de mais de 14 milhões de quedas por ano.

É provável que uma pessoa, que caiu uma vez, caia novamente.

Nem todas as quedas resultam em uma lesão. No entanto, mais de um terço das pessoas que caem relatam uma lesão que exigiu tratamento médico ou que restringiu sua atividade por, pelo menos, um dia. Isso se traduz em um número estimado de oito milhões de lesões por queda a cada ano. É mais provável que idosos sofram uma fratura porque muitos deles têm ossos porosos e frágeis (um quadro clínico chamado osteoporose). Algumas lesões causadas por uma queda são fatais.

Muitos idosos têm medo de cair. O medo de cair pode levar a problemas. As pessoas podem ter medo de realizar suas atividades habituais e, assim, perdem a autoconfiança e mesmo a independência. Os idosos podem fazer muitas coisas para ajudar a superar seus medos e reduzir o risco de queda. Saber o que causa as quedas pode ser útil.

Muitos idosos relutam em relatar uma queda porque pensam erroneamente que a queda é uma parte normal do envelhecimento. Ou temem que suas atividades sejam restritas ou que sejam institucionalizados. No entanto, as pessoas devem relatar as quedas ao seu profissional de saúde, mesmo que o profissional não pergunte, porque seu profissional de saúde pode sugerir maneiras para ajudar a prevenir quedas futuras.

Você sabia que...

  • Embora muitos adultos mais velhos caiam, as quedas não são uma parte normal do envelhecimento.

Causas de quedas

A maior parte das quedas ocorre devido à interação de vários fatores. Os fatores incluem:

  • Quadros clínicos físicos que prejudicam a mobilidade ou o equilíbrio

  • O uso de determinados medicamentos

  • Riscos no meio ambiente

  • Situações potencialmente perigosas

Por exemplo, pessoas com doença de Parkinson e visão comprometida (problemas físicos que comprometem a mobilidade ou o equilíbrio) podem tropeçar em um fio (um perigo do entorno) ao correr para atender o telefone (uma situação potencialmente perigosa).

O problema físico da pessoa é afetado por alterações devido ao envelhecimento, capacidade física, distúrbios presentes e medicamentos usados. O problema físico provavelmente tem um efeito maior no risco de queda do que os perigos do entorno e as situações perigosas. Não apenas um problema físico ruim ou comprometido aumenta o risco de quedas, mas isso também afeta como as pessoas respondem aos perigos e situações perigosas.

Os problemas físicos que aumentam o risco de queda incluem o comprometimento dos seguintes:

  • Equilíbrio ou marcha

  • Visão

  • Sensação, particularmente nos pés

  • Força muscular

  • Cognição

  • Pressão arterial ou batimento cardíaco

Por exemplo, a perda de força muscular pode impedir que os idosos mantenham ou recuperem o equilíbrio quando pisam em uma superfície irregular ou sofrem uma pancada. Com o envelhecimento, a capacidade de as pessoas julgarem onde os objetos estão em relação um ao outro diminui e elas podem precisar de uma luz mais brilhante para enxergar bem. O comprometimento cognitivo pode impedir que os idosos se lembrem de adotar medidas de segurança ao caminhar, por exemplo, segurar no corrimão ao subir e descer escadas. Pressão arterial baixa ou batimentos cardíacos lentos podem causar tonturas ou perda da consciência. A razão é que os problemas cardíacos podem reduzir a quantidade de sangue que chega ao cérebro.

O uso de certos medicamentos também pode aumentar o risco de queda. Esses medicamentos incluem aqueles que afetam a atenção (como analgésicos opioides, medicamentos ansiolíticos e alguns antidepressivos) ou baixam a pressão arterial (como anti-hipertensivos, diuréticos e alguns medicamentos para o coração).

Os perigos no entorno estão envolvidos em muitas quedas. As quedas podem ocorrer quando as pessoas não percebem um perigo ou não respondem rapidamente após perceberem o perigo.

Os perigos ambientais que aumentam o risco de queda incluem

  • Iluminação inadequada

  • Tapetes soltos

  • Pisos escorregadios

  • Fios elétricos ou extensões ou objetos no meio do caminho

  • Calçadas desniveladas ou meios-fios quebrados

  • Ambiente desconhecido

A maior parte das quedas ocorre dentro das casas. Algumas acontecem quando as pessoas estão paradas. Mas a maioria ocorre quando as pessoas estão se movendo – levantando ou sentando na cama ou em uma cadeira, ou no vaso sanitário, andando, ou subindo ou descendo escadas. Ao se moverem, as pessoas podem tropeçar ou cambalear, ou perder o equilíbrio. Qualquer movimento pode ser perigoso. Mas se as pessoas estiverem com pressa ou se sua atenção estiver dividida, os movimentos se tornam ainda mais perigosos. Por exemplo, correr para o banheiro (especialmente à noite, quando não estão totalmente despertos ou quando a iluminação pode ser ruim) ou para atender o telefone, ou andar enquanto conversa em um telefone sem fio pode tornar o ato de caminhar mais perigoso.

Sintomas de quedas

Frequentemente antes de cair, as pessoas não têm sintomas. Há pouco ou nenhum sinal quando um perigo do entorno ou uma situação perigosa pode resultar em uma queda. No entanto, se uma queda é parcial ou completamente decorrente do problema físico da pessoa, os sintomas podem ser percebidos antes da queda. Os sintomas podem incluir:

Após uma queda, as lesões são comuns e tendem a ser mais graves com a idade. Mais de metade das quedas resultam em pelo menos uma lesão leve, como um hematoma, um ligamento torcido ou uma distensão muscular. As lesões mais sérias incluem fraturas ósseas, torção de ligamentos, cortes profundos e dano aos órgãos como rim e fígado. Quase todas as fraturas de quadril são causadas por quedas. Algumas quedas resultam em perda de consciência ou traumatismo craniano.

As quedas podem causar ainda mais problemas se a pessoa não se levantar ou pedir ajuda na mesma hora. Uma situação destas pode ser assustadora e pode fazer com que a pessoa se sinta desamparada. Permanecer no chão, mesmo que por poucas horas, pode levar a problemas, como:

Os efeitos de uma queda podem durar por um longo tempo. Cerca de metade das pessoas que podiam andar, após caírem e quebrarem o quadril já não o podem fazer tão bem como antes, mesmo após tratamento e reabilitação. Pessoas que caíram podem desenvolver um medo de cair que os priva de sua autoconfiança. Como resultado, eles podem ficar em casa e desistir de suas atividades, como fazer compras, visitar os amigos e fazer a limpeza. Quando as pessoas ficam menos ativas, as articulações podem enrijecer e os músculos podem enfraquecer. O enrijecimento articular e a fraqueza muscular podem aumentar o risco de quedas e fazer com que permanecer ativo e independente seja mais difícil. Para muitas pessoas, as quedas parecem ser uma consideração importante na sua decisão de se mudarem para uma casa de repouso ou para uma residência de vida assistida. Por todos esses motivos, as quedas podem reduzir enormemente a qualidade de vida.

Algumas quedas podem ser graves e resultar em morte. A morte pode ocorrer imediatamente – por exemplo, quando a cabeça bate contra uma superfície dura e causa sangramento descontrolado no cérebro ou próximo a ele. É muito mais comum a morte ocorrer posteriormente, resultando de complicações de lesões sérias causadas pela queda.

Diagnóstico de quedas

  • Avaliação médica

  • Às vezes, exames

É de vital importância que as pessoas informem seu médico caso tenham sofrido uma queda, mesmo que o médico não tenha perguntado, para que o médico possa descobrir motivos tratáveis por trás da queda. As pessoas que sofreram quedas podem ficar relutantes em contar ao médico porque acham que isto faz parte do envelhecimento, principalmente se não tiverem se machucado. Mesmo as pessoas que ficaram seriamente feridas durante uma queda e foram tratadas em um departamento de emergência podem relutar em admitir que caíram. Elas podem não querer que os outros pensem que estão desamparadas e que agora devem se mudar de suas casas para um ambiente mais supervisionado como uma casa de repouso.

Para identificar a causa da queda, os médicos perguntam sobre as circunstâncias da queda, incluindo quaisquer sintomas observados logo antes da queda (como tontura, vertigem e palpitações) e qualquer atividade que possa ter contribuído para a queda. Eles pedem a qualquer testemunha da queda que descrevam o que viram. Os médicos também perguntam sobre o uso de medicamentos prescritos e de venda livre ou de álcool que possam ter contribuído para a queda. Os médicos perguntam às pessoas se perderam a consciência e se conseguiram levantar sem ajuda.

Os médicos fazem um exame físico primeiro para verificar se há lesões e para obter informações sobre possíveis causas para a queda. As partes de um exame incluem o seguinte:

Os médicos às vezes pedem que as pessoas façam algumas atividades habituais, como sentar-se e levantar-se de uma cadeira e caminhar ou subir um degrau. Observar essas atividades pode ajudar o médico a identificar as condições que contribuíram para a queda.

Se a queda é resultado de um perigo do entorno e houve uma lesão importante, não serão realizados exames. No entanto, quando o problema físico da pessoa pode ter contribuído para a queda, os exames podem ser necessários. Por exemplo, quando o exame físico detectar evidência de um problema cardíaco, a frequência e o ritmo cardíacos devem ser registrados usando um eletrocardiograma (ECG). Esse teste pode levar alguns minutos e pode ser realizado no consultório do médico, ou as pessoas podem ser solicitadas a utilizar um aparelho de ECG portátil (monitor Holter) por um ou dois dias. Exames de sangue, como um hemograma completo e medições dos níveis de eletrólitos, podem ser úteis em pessoas que têm sentido tontura ou vertigens. Se o sistema nervoso parece não funcionar bem, uma tomografia computadorizada (TC) ou uma imagem por ressonância magnética (RM) da cabeça pode ser útil.

Tratamento de quedas

  • Tratamento de lesões provocadas por quedas

  • Tratamento de qualquer distúrbio que possa causar uma queda

  • Fisioterapia

A primeira prioridade é o tratamento das lesões, como traumatismos cranianos, fraturas, ligamentos torcidos e músculos distendidos.

A prioridade seguinte é evitar quedas subsequentes por meio do tratamento de distúrbios que possam ter contribuído para a queda. Por exemplo, pode ser implantado um marca-passo no coração das pessoas que têm frequência cardíaca muito baixa acompanhada de tonturas. Se possível, medicamentos potencialmente perigosos são interrompidos, a dose é reduzida ou outro medicamento é usado em substituição.

Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais podem ajudar a melhorar a marcha e o equilíbrio da pessoa, assim como sua autoconfiança após a queda. Eles podem dar dicas sobre como evitar quedas. Os terapeutas também podem animar as pessoas a permanecerem ativas. Fisioterapia e treinamento de equilíbrio supervisionado e alongamento podem ajudar a reduzir o risco de queda.

Prevenção de quedas

Os idosos podem fazer muitas coisas simples e práticas para ajudar a reduzir o risco de queda.

  • Exercitar-se regularmente: exercícios para perder peso ou para ganhar resistência podem ajudar a reforçar a fraqueza das pernas e assim, melhorar a estabilidade durante a marcha. Tai Chi e exercícios de equilíbrio como ficar de pé em uma das pernas podem ajudar a melhorar o equilíbrio. Os programas de exercícios devem ser adequados às necessidades da pessoa. Muitos centros para adultos mais velhos, academias de ginástica ou outros clubes de saúde oferecem aulas de exercícios em grupo gratuitas ou a baixos preços, adequadas a adultos mais velhos.

  • Usar sapatos apropriados: Os sapatos que têm solas firmes e não derrapantes, algum suporte para o tornozelo e saltos baixos são os melhores.

  • Levantar-se vagarosamente após estar sentado ou deitado e esperar um momento antes de começar o movimento: esta estratégia pode ajudar a evitar a tontura porque dá ao corpo tempo para ajustar a mudança de posição.

  • Aprender uma manobra simples com a cabeça: Uma simples manobra de cabeça chamada manobra de Epley pode ajudar alguns idosos que apresentam um tipo de vertigem chamada vertigem posicional paroxística benigna (VPPB). A manobra de Epley envolve virar a cabeça de maneiras específicas. Os médicos normalmente fazem a manobra na primeira vez, mas as pessoas podem aprender como fazê-la sozinhas caso necessitem repeti-la.

  • Análise dos medicamentos que estão sendo tomados: as pessoas podem pedir a um médico ou outro profissional de saúde que analise todos os medicamentos prescritos ou de venda livre que estão sendo usados para ver se algum dos medicamentos pode aumentar o risco de queda. No caso de medicamentos desse tipo estarem sendo usados, é possível que os médicos possam reduzir a dose ou que as pessoas possam parar de tomar o medicamento.

  • Fazer exames de visão regularmente: Ter os óculos certos e usá-los pode ajudar a evitar quedas. Tratamento para glaucoma ou catarata, que limitam a visão, também pode ajudar.

  • Consultar um fisioterapeuta sobre maneiras de reduzir o risco de queda: Alguns idosos precisam de um fisioterapeuta para treiná-los a andar, especialmente se precisarem usar um dispositivo de assistência, como um andador ou uma bengala (veja a figura Apenas a altura correta). Os fisioterapeutas podem ajudar as pessoas a ajustarem ou adaptarem outros dispositivos de assistência (como placas de pé removíveis em cadeiras de rodas) e ensiná-los a como utilizá-los.

Apenas a altura correta

No caso das pessoas que estão se recuperando de lesões ou de uma cirurgia de uma perna, é importante usar uma bengala que tenha uma altura correta. Se a bengala for muito alta ou baixa, pode causar dores na região lombar, assim como má postura e instabilidade. A bengala deve ser utilizada no lado contrário ao de uma perna lesionada.

Os perigos ambientais podem, às vezes, ser removidos ou corrigidos (consulte a tabela Lista de verificação para evitar as quedas em casa).

Aprender como manejar situações potencialmente perigosas com segurança pode ser mais importante do que remover os perigos do entorno. Algumas vezes, as pessoas precisam prestar mais atenção aos perigos potenciais e pensar sobre as formas de realizar as tarefas diárias de maneira mais segura. Por exemplo, eles podem instalar telefones sem fio ao redor da casa ou carregar um celular no bolso, para que não precisem correr para atender uma ligação.

As quedas nem sempre podem ser evitadas. Assim, pessoas com maior risco de fraturar o quadril, como aquelas com osteoporose, devem maximizar a força de seus ossos tomando vitamina D e cálcio em doses adequadas, além de medicamentos adicionais prescritos para reduzir a perda óssea. Algumas pessoas em casas de repouso ou residências clínicas podem considerar o uso de um protetor de quadril, um acessório para usar debaixo da roupa, com uma almofada de plástico e espuma sobre o quadril. Os protetores de quadril podem prevenir fraturas de quadril se usados regularmente por pessoas em casas de repouso ou residências clínicas, mas não demonstraram ser tão eficazes para as pessoas que vivem de forma independente em casa.

Saber o que fazer em caso de queda pode ajudar os idosos a ter menos medo de cair. Se eles caírem e não puderem se levantar, eles podem se virar sobre o estômago, segurar em um móvel (ou outra estrutura que possa aguentar seu peso) e alavancar-se.

Os idosos também devem ter uma boa maneira de pedir ajuda. As pessoas que caem muitas vezes podem manter um telefone em um lugar que possa ser alcançado do chão. Outra opção é instalar um sistema de resposta de emergência pessoal (um dispositivo de alerta médico) que avisa a alguém sobre seu usuário. A maior parte desses sistemas inclui um botão de alerta usado em um colar. Apertar o botão chama o socorro.

Por fim, embora prevenir quedas seja importante, especialistas reconhecem que eliminá-las completamente não é uma realidade possível para todos. Uma abordagem equilibrada que combine a prevenção de quedas com a proteção contra lesões pode ser mais eficaz. Podem ser tomadas medidas para reduzir a gravidade das lesões em caso de queda. Por exemplo, pessoas com alto risco de fratura de quadril podem se beneficiar do uso de protetores de quadril (roupas íntimas especiais com almofadas). Ter ossos fortes por meio da ingestão adequada de cálcio e vitamina D, juntamente com medicamentos para osteoporose quando recomendados por um médico, pode ajudar a prevenir fraturas em caso de queda. Essa abordagem combinada de prevenção de quedas e proteção contra lesões ajuda a manter a independência e a qualidade de vida enquanto reduz as consequências graves das quedas.

Tabela
Tabela

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O Manual não é responsável pelo conteúdo desses recursos.

  1. Centros de Controle e Prevenção de Doenças

  2. National Council on Aging (NCOA)

  3. National Safety Council

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