Puberdade atrasada

PorAndrew Calabria, MD, The Children's Hospital of Philadelphia
Revisado/Corrigido: set 2022
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Fatos rápidos

A puberdade tardia é definida como a ausência do início da maturação sexual na época esperada.

  • Com mais frequência, as crianças simplesmente se desenvolvem depois de seus colegas, mas acabam por se desenvolver normalmente.

  • Algumas vezes, a puberdade tardia é causada por problemas médicos crônicos, distúrbios hormonais, radioterapia ou quimioterapia, distúrbios alimentares ou prática excessiva de exercícios, distúrbios genéticos, tumores e certas infecções.

  • Os sintomas característicos incluem ausência de aumento testicular nos meninos e ausência de seios e períodos menstruais nas meninas.

  • O diagnóstico se baseia nos resultados de um exame físico, vários exames laboratoriais, uma radiografia da idade óssea, testes genéticos e outros exames de imagem.

  • O tratamento depende da causa e pode incluir terapia de reposição hormonal.

(Ver também Puberdade em meninos e Puberdade em meninas.)

O início da maturação sexual (puberdade) ocorre quando o hipotálamo começa a secretar um sinal químico chamado hormônio liberador de gonadotrofina. A hipófise responde a esse sinal liberando hormônios chamados gonadotrofinas, que estimulam o crescimento dos órgãos sexuais (os testículos nos meninos e os ovários nas meninas). Os órgãos sexuais em crescimento secretam os hormônios sexuais testosterona nos meninos e estrogênio nas meninas. Esses hormônios causam o desenvolvimento das características sexuais secundárias, incluindo pelos faciais e massa muscular nos meninos, seios nas meninas, e pelos púbicos, pelos nas axilas e desejo sexual (libido) em ambos os sexos.

Alguns adolescentes não começam seu desenvolvimento sexual na idade normal.

Em meninos, a puberdade tardia é mais comum e é definida como

  • Ausência do aumento dos testículos até os 13 ou 14 anos de idade

  • Um período de tempo de mais de quatro anos entre o início e o fim do crescimento dos órgãos genitais

Em meninas, a puberdade tardia é definida como sendo

  • Ausência do desenvolvimento das mamas até os 12 ou 13 anos de idade

  • Um período de tempo de mais de três anos entre o início do crescimento das mamas até o primeiro período menstrual

  • Não ter menstruado (amenorreia) até os 15 anos de idade

Nas meninas, o momento da puberdade também é afetado pela raça e etnia. A puberdade começa mais cedo em meninas negras e hispânicas em comparação a meninas brancas (consulte Puberdade precoce).

Marcos do desenvolvimento sexual de meninas e meninos

Durante a puberdade, o desenvolvimento sexual ocorre em uma sequência definida. Entretanto, quando as mudanças começam e com que rapidez ocorrem varia de pessoa para pessoa.

Nas meninas, a puberdade começa entre 8 e 13 anos de idade e dura cerca de quatro anos.

Nos meninos, a puberdade começa entre 9 e 14 anos de idade e dura cerca de 4 a 6 anos.

O gráfico mostra uma sequência típica e uma escala normal do desenvolvimento para os marcos do desenvolvimento sexual.

Causas de puberdade tardia

Na maioria dos casos, o atraso na puberdade representa uma variação normal que pode ser um problema de família (também chamada atraso constitucional da puberdade). Esses adolescentes apresentam uma taxa de crescimento normal e são, de resto, saudáveis. Ainda que a aceleração do crescimento e a puberdade sejam atrasadas, elas acabam se dando de maneira normal.

Vários distúrbios, como diabetes mellitus mal controlado, doença intestinal inflamatória, doença renal, fibrose cística e anemia podem retardar ou impedir o desenvolvimento sexual. O desenvolvimento pode ser atrasado nos adolescentes que estão recebendo radioterapia ou quimioterapia para o câncer. A puberdade pode também ser atrasada por doenças autoimunes (como tireoidite de Hashimoto, doença de Addison e alguns distúrbios que afetam diretamente os ovários). Um tumor que danifique a hipófise ou o hipotálamo pode reduzir os níveis de gonadotrofinas ou interromper a produção dos hormônios como um todo.

Distúrbios testiculares em meninos, como lesões resultando, por exemplo, da torção anterior de um testículo (torção testicular) ou de uma infecção (como caxumba) podem atrasar a puberdade. Adolescentes, especialmente meninas, que ficam muito magros devido a exercício ou dietas em excesso com frequência experimentam puberdade tardia, incluindo ausência de menstruação (amenorreia).

Anomalias cromossômicas, como síndrome de Turner nas meninas e a síndrome de Klinefelter nos meninos e outros distúrbios genéticos podem afetar a produção de hormônios sexuais. Um desses distúrbios genéticos, a síndrome de Kallmann, afeta apenas a produção da gonadotrofina sem afetar a produção de outros hormônios.

Sintomas de puberdade tardia

Nas meninas, não ocorre o desenvolvimento das mamas, o crescimento de pelos púbicos, a primeira menstruação ou uma combinação destes. Em meninos, não ocorre crescimento da genitália, crescimento de pelos púbicos ou ambos. Baixa estatura, baixa velocidade de crescimento ou ambos podem indicar puberdade tardia em ambos os sexos.

Adolescentes com retardo da puberdade podem ser visivelmente mais baixos do que seus colegas, podem sofrer bullying e, muitas vezes, precisam de ajuda para lidar com questões sociais. Ainda que os adolescentes normalmente se sintam mal quando são diferentes dos seus colegas, os meninos especialmente são mais propensos a passar por estresse psicológico e constrangimento com a puberdade tardia.

Diagnóstico de puberdade tardia

  • Um exame físico

  • Radiografia da idade óssea

  • Exames de sangue

  • Algumas vezes, ressonância magnética

  • Exames genéticos

  • Ultrassonografia pélvica (para meninas)

A avaliação inicial da puberdade tardia deve incluir um histórico completo e um exame físico para avaliar o desenvolvimento púbere, o estado nutricional e o crescimento.

Os médicos frequentemente tiram radiografias de um ou mais ossos para ver o nível de maturidade óssea (chamada de radiografia da idade óssea).

Os médicos podem coletar amostras de sangue e fazer exames básicos de laboratório para procurar por sinais de doença crônica, exames de níveis hormonais e, possivelmente, testes genéticos.

Os médicos normalmente avaliam meninos que não apresentam nenhum sinal de puberdade até 13 ou 14 anos de idade e meninas que não apresentam nenhum sinal de puberdade até 12 ou 13 anos de idade ou que não menstruaram até 15 anos de idade. Se essas crianças de outro modo parecerem saudáveis, é mais provável que elas tenham um atraso constitucional. O médico pode optar por uma reavaliação desses adolescentes em intervalos de seis meses para garantir que a puberdade se iniciou e está progredindo normalmente.

Meninas com atraso significativo da puberdade devem ser avaliadas em busca de sinais de amenorreia primária. Essa avaliação inclui um ultrassom da pelve e outros exames de sangue e genéticos.

Exames de ressonância magnética (RM) podem ser feitos para garantir que não existe um tumor cerebral ou uma anomalia estrutural na hipófise.

Tratamento de puberdade tardia

  • Tratamento da causa

  • Terapia hormonal

O tratamento da puberdade tardia depende da sua causa. Quando um distúrbio subjacente é a causa da puberdade tardia, a puberdade em geral se inicia após o tratamento do distúrbio.

Um adolescente com atraso natural de desenvolvimento não precisa de tratamento, mas caso o adolescente esteja sob estresse considerável pela ausência ou atraso do desenvolvimento, alguns médicos podem administrar hormônios sexuais suplementares para iniciar o processo mais cedo. Este tratamento é muito mais comum em meninos. Crianças com atraso da puberdade frequentemente precisam de apoio adicional dos pais, dos membros da família e dos amigos para garantir que desenvolvam uma imagem corporal saudável e autoestima.

Caso os meninos não apresentem nenhum sinal de puberdade até 13 ou 14 anos de idade, eles podem receber um tratamento de quatro a seis meses de injeções com testosterona uma vez por mês. Em doses baixas, a testosterona dá início à puberdade, provoca o desenvolvimento de algumas características masculinas (virilização) e não impede que os adolescentes alcancem seu potencial de altura adulta.

Em meninas, doses baixas de estrogênio podem ser iniciadas na forma de pílulas ou adesivos cutâneos. Essa terapia com estrogênio pode ser usada para induzir a puberdade ou, em alguns casos, como em meninas com síndrome de Turner, pode ser necessária como reposição hormonal de longo prazo.

Distúrbios genéticos não podem ser curados, mas a terapia hormonal pode ajudar a fazer com que as características sexuais se desenvolvam.

Pode ser necessária cirurgia para remover tumores hipofisários e estas crianças correm então o risco de apresentar hipopituitarismo (deficiência de um ou mais hormônios hipofisários).

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