Apendicite em crianças

PorWilliam J. Cochran, MD, Geisinger Clinic
Revisado/Corrigido: ago 2021
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Fatos rápidos

A apendicite consiste na inflamação e infecção do apêndice.

  • A apendicite parece se desenvolver quando o apêndice fica bloqueado por material fecal endurecido (chamado fecaloma) ou linfonodos inchados no intestino que podem ocorrer com várias infecções.

  • A dor normalmente tem início ao redor do umbigo e, depois, passa para o lado inferior direito do abdômen, mas ela também pode ser difusa e fazer com que a criança fique irritável ou letárgica.

  • O diagnóstico é desafiador e podem ser necessários exames de sangue, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética ou laparoscopia.

  • Em geral, um apêndice inflamado é removido cirurgicamente.

(No caso de adultos, consulte Apendicite.)

O apêndice é uma pequena parte do intestino com o comprimento de um dedo, que não tem nenhuma função essencial no funcionamento do corpo. Contudo, a apendicite é uma emergência médica que exige cirurgia. O distúrbio é raro em crianças com menos de um ano de idade, mas se torna mais comum à medida que as crianças crescem e é mais comum em adolescentes e adultos com 20 a 30 anos.

A apendicite parece se desenvolver quando o apêndice fica bloqueado por matéria fecal endurecida (fecaloma) ou linfonodos aumentados no intestino, que podem ocorrer com várias infecções. Em ambos os casos, o apêndice incha e bactérias crescem dentro dele. Em casos raros, objetos estranhos engolidos e infecções por determinados parasitas helmintos (como a estrongiloidíase) também podem causar apendicite.

Complicações da apendicite

Se a apendicite não for reconhecida ou tratada, o apêndice pode se romper e criar uma bolsa de infecção fora do intestino (abscesso) ou o conteúdo do intestino pode vazar para a cavidade abdominal, o que causa infecção grave (peritonite). A probabilidade de o apêndice se romper depende da idade da criança. As rupturas do apêndice ocorrem em cerca de 65% das crianças com menos de 5 anos de idade e em até 90% das crianças com menos de 2 anos de idade.

Sintomas da apendicite

Em crianças com mais de 2 a 3 anos de idade, a ordem na qual os sintomas aparecem é mais importante do que qualquer sintoma individual. O primeiro sintoma a se desenvolver é dor. A apendicite quase sempre provoca dor. A dor pode começar no meio do abdômen, próximo ao umbigo e, depois, mover-se para a região inferior direita do abdômen. Contudo, a dor, especialmente em bebês e crianças, pode ser disseminada em vez de se confinar ao quadrante inferior direito do abdômen. Crianças mais novas podem ser menos capazes de identificar a localização específica da dor e podem ficar muito irritáveis ou letárgicas.

Após a dor começar, muitas crianças começam a sentir enjoo e a vomitar e não querer comer. Em geral, o abdômen dói quando o médico o apalpa, normalmente na região sobre o apêndice. Uma febre baixa (37,7 a 38,3 ºC) se desenvolve em seguida e é um sintoma comum. Por último, a febre é seguida por resultados de testes laboratoriais que mostram infecção, como uma contagem elevada de glóbulos brancos. Esta ordem de sintomas difere daquela de crianças com gastroenterite viral, nas quais o vômito normalmente ocorre primeiro e a dor e a diarreia surgem posteriormente. Diarreia significativa não é comum em crianças com apendicite.

Diagnóstico da apendicite

  • Ultrassonografia

  • Algumas vezes, outros exames de imagem

  • Laparoscopia (às vezes)

O diagnóstico da apendicite em crianças pode ser desafiador por diversos motivos. Muitos distúrbios podem causar sintomas similares, incluindo gastroenterite viral, divertículo de Meckel, intussuscepção e doença de Crohn. Com frequência, as crianças, em especial crianças pequenas, não apresentam sintomas e resultados de exame físico característicos, especialmente quando o apêndice não está na posição habitual no quadrante inferior direito do abdômen. Essa falta de sintomas típicos pode ser enganosa.

A maioria dos médicos realiza uma ultrassonografia, a qual não expõe a criança à radiação. Se o diagnóstico não estiver evidente, o médico pode realizar uma tomografia computadorizada (TC) ou uma ressonância magnética (RM). Médicos que suspeitam de apendicite geralmente administram líquidos e antibióticos na veia enquanto aguardam os resultados dos exames de sangue, urina e de imagem.

Se o diagnóstico não for óbvio, o médico pode realizar uma laparoscopia, em que um pequeno tubo de visualização é inserido através da parede do abdômen para olhar dentro dela. Caso a apendicite seja detectada durante a laparoscopia, o médico pode remover o apêndice com o laparoscópio. Alternativamente, sobretudo em crianças cujos sintomas e achados durante o exame não são característicos de apendicite, o médico pode simplesmente realizar vários exames físicos. A determinação de que os sintomas e a dor estão piorando ou melhorando com o passar do tempo pode ajudar o médico a decidir se há ou não apendicite. Os médicos também observam a ordem em que os sintomas aparecem.

Prognóstico da apendicite

Caso seja administrado tratamento precoce, o prognóstico global para crianças com apendicite é muito favorável. Menos de 0,1% (um em mil) das crianças morre. Cerca de 3% das crianças desenvolvem complicações, mesmo que o apêndice não tenha se rompido.

O prognóstico será pior se a criança não for tratada até ocorrer a ruptura do apêndice, o que costuma ocorrer em crianças com menos de dois anos de idade. Aproximadamente 10% a 15% das crianças que realizam uma cirurgia para ruptura de apêndice apresentam complicações.

Se a criança não for tratada, a apendicite raramente desaparece sozinha. Entretanto, em geral, a apendicite não tratada progride e causa peritonite, um abscesso abdominal e, às vezes, morte.

Tratamento da apendicite

  • Apendicectomia

  • Antibióticos por via intravenosa

O melhor tratamento da apendicite é a extração cirúrgica do apêndice inflamado (apendicectomia). Antes da cirurgia, o médico administra antibióticos por via intravenosa, o que diminui o risco de complicações. Os médicos descobriram recentemente que a apendicite, às vezes, pode ser tratada com sucesso usando apenas antibióticos. Se o tratamento com antibióticos não obtiver sucesso, é feita uma cirurgia. Mesmo que o tratamento com antibióticos seja bem-sucedido, às vezes, as crianças voltam a desenvolver apendicite. Em geral, a remoção cirúrgica do apêndice ainda é o tratamento recomendado para apendicite.

A apendicectomia é um procedimento bem simples e seguro, e exige uma hospitalização de dois a três dias no caso de crianças sem complicações, como a ruptura do apêndice. Se o apêndice estiver rompido, o médico o remove e pode lavar o abdômen com líquido, administrar antibióticos por vários dias e observar sinais de possíveis complicações, como infecção e obstrução intestinal. Crianças com um apêndice rompido, geralmente, precisam permanecer mais tempo no hospital.

Aproximadamente 10% das vezes, os cirurgiões descobrem um apêndice normal ao realizar a apendicectomia. Esse achado não é considerado um erro médico, uma vez que as consequências de se atrasar a cirurgia em casos de suspeita de apendicite podem ser graves. Quando um apêndice normal é encontrado, o cirurgião procura no interior do abdômen por outra causa para a dor. O médico em geral extrai um apêndice normal para evitar que a criança desenvolva apendicite no futuro.

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