Hidrocefalia

PorStephen J. Falchek, MD, Nemours/Alfred I. duPont Hospital for Children
Revisado/Corrigido: jul 2023
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Fatos rápidos

A hidrocefalia é um acúmulo de líquido excedente nos espaços normais dentro do cérebro (ventrículos) e/ou entre as camadas de tecido interna e média que recobrem o cérebro (o espaço subaracnóideo). Esse líquido excedente normalmente causa um aumento do crânio e problemas de desenvolvimento.

  • A hidrocefalia ocorre quando o líquido dos espaços normais do cérebro (ventrículos) não pode ser drenado.

  • O líquido pode se acumular por muitos motivos, como um defeito congênito, hemorragia no cérebro ou um tumor cerebral.

  • Os sintomas típicos incluem cabeça excepcionalmente grande e desenvolvimento anormal.

  • O diagnóstico toma por base o resultado de uma tomografia computadorizada (TC), uma ultrassonografia ou ressonância magnética (RM).

  • É necessário realizar uma cirurgia para inserir um dreno (derivação) no cérebro ou criar uma abertura que permita a drenagem do líquido.

(Consulte também Considerações gerais sobre defeitos congênitos do cérebro e da medula espinhal.)

O líquido que rodeia o cérebro é chamado de líquido cefalorraquidiano. Esse líquido é produzido dentro de espaços no cérebro chamados ventrículos. O líquido é continuamente produzido e precisa ser drenado para uma área diferente, onde é absorvido pelo sangue. Quando o líquido não consegue ser drenado, ele se acumula nos ventrículos e/ou no espaço subaracnóideo, causando a hidrocefalia (água no cérebro). A pressão nos ventrículos e dentro do cérebro costuma aumentar, o que comprime o tecido cerebral.

Existem muitos quadros clínicos, como um defeito congênito, hemorragia no cérebro (que é uma complicação especialmente no caso de bebês prematuros) ou tumores cerebrais, que podem bloquear a drenagem e causar a hidrocefalia. Hidrocefalia também pode ser causada por certos defeitos gênicos.

O bebê pode nascer com hidrocefalia ou ela pode ocorrer durante o parto ou após o nascimento.

Sintomas da hidrocefalia

Uma cabeça excepcionalmente grande pode ser um sinal de hidrocefalia.

Quando ocorre um aumento da pressão no cérebro por causa da hidrocefalia, o bebê apresenta irritabilidade e letargia, tem um choro agudo e vômitos e pode ter convulsões. Além disso, as áreas moles entre os ossos do crânio (chamadas de fontanelas ou moleiras) podem ficar salientes, o que causa uma protuberância macia na cabeça. É possível que o movimento dos olhos não seja sincronizado, o que às vezes pode dar a impressão de que os olhos da criança são vesgos (um quadro clínico denominado estrabismo).

As crianças mais velhas podem ter dor de cabeça, problemas de visão, ou ambos.

O bebê não se desenvolve normalmente se a hidrocefalia não for tratada. Algumas crianças com hidrocefalia, especialmente aquelas que desenvolvem hidrocefalia no início da gestação, apresentam deficiência intelectual ou têm dificuldades de aprendizagem, um transtorno convulsivo (epilepsia) ou, em meninas, puberdade precoce. Algumas crianças apresentam perda da visão.

Outras crianças desenvolvem uma inteligência normal.

Diagnóstico da hidrocefalia

  • Antes do nascimento, ultrassonografia pré-natal

  • Após o nascimento, uma tomografia computadorizada, ressonância magnética ou ultrassonografia do crânio

Antes do nascimento, a hidrocefalia costuma ser detectada durante uma ultrassonografia pré-natal de rotina.

Após o nascimento, os médicos suspeitam do diagnóstico no recém-nascido tomando por base os sintomas observados durante um exame físico de rotina. Depois disso, o médico realiza uma ultrassonografia do crânio para confirmar o diagnóstico de hidrocefalia.

Para confirmar o diagnóstico em bebês mais velhos e crianças, o médico realiza uma tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) ou ultrassonografia do crânio.

Assim que o diagnóstico tiver sido feito, todas as crianças realizam uma TC ou uma ultrassonografia para monitorar a hidrocefalia e determinar se ela está piorando.

Tratamento da hidrocefalia

  • Às vezes, punção lombar

  • Para piora da hidrocefalia, uma derivação ou abertura nos ventrículos

O objetivo do tratamento é

  • Manter a pressão no cérebro normal

O tratamento da hidrocefalia depende do que está causando o distúrbio, qual sua gravidade e se ela está ou não piorando.

Se necessário, a pressão dentro do cérebro pode, com frequência, ser temporariamente reduzida com a remoção do líquido cefalorraquidiano por meio de punções lombares repetidas até uma derivação ser instalada.

Se a hidrocefalia estiver piorando, o médico instala uma derivação ventricular. A derivação é um tubo plástico que cria uma via de drenagem alternativa permanente para o líquido cefalorraquidiano. A drenagem do líquido cefalorraquidiano diminui a pressão e o volume de líquido dentro do cérebro. O médico instala a derivação nos ventrículos cerebrais e a guia sob a pele da cabeça até outro ponto, geralmente o abdômen (um procedimento denominado derivação ventrículo-peritoneal ou derivação VP). A derivação inclui uma válvula que permite que o líquido saia do cérebro caso a pressão fique elevada demais.

Ainda que algumas crianças possam não mais precisar da derivação à medida que crescem, elas raramente são removidas devido ao risco de causar sangramento ou lesão.

Os médicos realizam uma ventriculostomia em algumas crianças. Nesse procedimento, o médico não coloca uma derivação; em vez disso, ele cria uma abertura entre o ventrículo e o espaço subaracnóideo no cérebro. Essa abertura permite a drenagem e a absorção normal do líquido excedente. Às vezes, uma derivação ainda é necessária se a ventriculostomia não curar a hidrocefalia.

Após ter instalado uma derivação ou feito uma ventriculostomia, o médico mede a circunferência da cabeça para determinar o desenvolvimento da criança. São realizados exames de imagem (por exemplo, uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética) periodicamente.

Complicações das derivações

As derivações podem ficar infeccionadas. Se uma criança desenvolve uma infecção, ela recebe antibióticos. Nesse caso, normalmente é necessário remover e substituir a derivação.

As derivações podem se quebrar ou ficar bloqueadas e parar de funcionar corretamente. Para determinar o funcionamento de uma derivação, o médico tira radiografias da derivação e realiza exames de imagem do cérebro. Normalmente, a derivação que não estiver funcionando corretamente é removida e substituída.

Mais informações

Os seguintes recursos em inglês podem ser úteis. Vale ressaltar que O MANUAL não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. March of Dimes: Uma organização para gestantes e bebês que fornece apoio e informações sobre como prevenir riscos à saúde materna, nascimento prematuro e mortes de mães e bebês

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