Sífilis

PorSheldon R. Morris, MD, MPH, University of California San Diego
Revisado porChristina A. Muzny, MD, MSPH, Division of Infectious Diseases, University of Alabama at Birmingham
Revisado/Corrigido: modificado ago. 2025
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Fatos rápidos

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela ocorre em três estágios de sintomas, separados por períodos sem sintomas.

  • No primeiro estágio, a sífilis começa com uma lesão indolor no local da infecção e, no segundo estágio, causa erupção cutânea, febre, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite.

  • Se não for tratada, a sífilis em seu terceiro estágio pode danificar a aorta, cérebro, medula espinhal e outros órgãos.

  • Os médicos geralmente fazem dois tipos de exames de sangue para confirmar que a pessoa tem sífilis.

  • O tratamento é feito com penicilina, que pode eliminar a infecção.

  • O uso de preservativos durante a relação sexual pode ajudar a prevenir a transmissão de sífilis e de outras infecções sexualmente transmissíveis de uma pessoa para outra.

(Consulte também Considerações gerais sobre infecções sexualmente transmissíveis).

O número de casos de sífilis continua a aumentar nos Estados Unidos. Mais de 200.000 casos de sífilis foram relatados em 2023. Em comparação, aproximadamente seis mil casos foram relatados no ano 2000. A maioria dos casos de sífilis primária e secundária ocorreu em homens e um terço desses casos ocorreram em homens que praticam sexo com homens. Também houve um aumento no número de bebês nascendo com sífilis (sífilis congênita).

Aproximadamente 70 milhões de pessoas têm sífilis em todo o mundo.

As pessoas com sífilis muitas vezes têm outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Transmissão da sífilis

A sífilis ocorre em três estágios:

  • Sífilis primária

  • Sífilis secundária

  • Sífilis terciária

Os estágios são separados por longos períodos sem sintomas. Esses estágios são denominados estágios latentes.

A sífilis é altamente contagiosa durante os estágios primário e secundário. Ela também pode ser contagiosa no início de um estágio latente.

A infecção é geralmente transmitida através de contato sexual. Um único encontro sexual com uma pessoa que tem sífilis resulta em 33% de chance de contrair a infecção, e essa porcentagem é maior se a pessoa tiver sífilis primária. A bactéria penetra no organismo através das membranas mucosas, como as da vagina, pênis ou boca, ou através da pele. No prazo de algumas horas, a bactéria chega aos nódulos linfáticos e em seguida se dissemina por todo o organismo através da corrente sanguínea.

A sífilis pode ser transmitida de outras maneiras. Ela pode atravessar a placenta e infectar o feto durante a gestação e causar defeitos congênitos e outros problemas.

As pessoas podem, algumas vezes, contrair sífilis pelo contato com lesões de pele infectadas. No entanto, as bactérias não conseguem sobreviver muito tempo fora do corpo humano; portanto, a sífilis não é transmitida por contato com objetos (por exemplo, assentos de vasos sanitários, maçanetas de portas) que foram tocados por uma pessoa com sífilis.

As pessoas que praticam sexo inseguro por terem muitos parceiros sexuais ou não usarem preservativos corretamente e regularmente correm um risco maior de contrair e disseminar a sífilis.

Pessoas com infecção por HIV correm um risco maior de contrair sífilis.

Sintomas da sífilis

Cada estágio de sintomas (primário, secundário e terciário) é progressivamente pior.

Se não for tratada, a sífilis pode persistir sem sintomas por muitos anos, mas pode causar danos à aorta (a maior artéria do corpo) ou ao cérebro, o que pode ser fatal. A neurossífilis afeta o cérebro e a medula espinhal e pode surgir em qualquer estágio da sífilis.

Se for detectada e tratada cedo, a sífilis pode ser curada antes que haja dano permanente.

Sífilis em estágio primário

Uma lesão indolor denominada cancro aparece no local da infecção. Os locais típicos incluem:

  • Nos homens: Pênis, ânus e reto

  • Nas mulheres: Vulva, colo do útero, reto e períneo

  • Em ambos os sexos: Lábios e boca

No entanto, um cancro pode aparecer em qualquer lugar, incluindo na língua, na garganta, nos dedos e em outras partes do corpo. Costuma surgir apenas um cancro, mas, por vezes, surgem vários. Os sintomas geralmente surgem entre três e quatro semanas depois da infecção, mas podem surgir entre uma e 13 semanas depois.

O cancro começa como uma pequena lesão vermelha saliente, que rapidamente se converte em uma ferida aberta, relativamente indolor, elevada e firme. O cancro não sangra e é rígido ao toque. O cancro também pode desenvolver uma cor amarelada ou acinzentada com o passar do tempo. Os nódulos linfáticos próximos geralmente ficam inchados e também são indolores.

Aproximadamente 50% das mulheres infectadas e 30% dos homens infectados não sabem que sofrem de cancro porque ele causa poucos sintomas. Os cancros no reto ou na boca, que geralmente ocorrem em homens, muitas vezes passam despercebidos.

Imagens da sífilis primária
Syphilis primária: cancro nos genitais
Syphilis primária: cancro nos genitais

No primeiro estágio (estágio primário) da sífilis, feridas indolores (cancros) podem aparecer dentro ou ao redor das genitálias.

No primeiro estágio (estágio primário) da sífilis, feridas indolores (cancros) podem aparecer dentro ou ao redor das ge

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Imagem cedida por cortesia dos Drs. Gavin Hart e N. J. Flumara, por intermédio da Biblioteca de Imagens de Saúde Pública dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Primary Syphilis: Chancre on the Penis (2)
Primary Syphilis: Chancre on the Penis (2)

During the first (primary) stage of syphilis, a painless sore called a chancre may appear on or around the penis.

During the first (primary) stage of syphilis, a painless sore called a chancre may appear on or around the penis.

Photo courtesy of Karen McKoy, MD.

Sífilis primária (cancro oral)
Sífilis primária (cancro oral)

Cancros sifilíticos podem aparecer na boca ou ao redor dela.

Cancros sifilíticos podem aparecer na boca ou ao redor dela.

Imagem cedida por cortesia de the Public Health Image Library of the Centers for Disease Control and Prevention.

O cancro geralmente se cura entre 3 e 12 semanas. Depois, as pessoas parecem ficar completamente saudáveis.

Sífilis em estágio secundário

A bactéria se dissemina pela corrente sanguínea, causando lesões difusas na boca e pele, inchaço dos linfonodos e, com menor frequência, sintomas em outros órgãos. Os sintomas costumam surgir entre seis e 12 semanas após o cancro aparecer. Algumas pessoas infectadas ainda têm um cancro nessa momento. A fase secundária da sífilis com frequência pode causar febre, cansaço, perda de apetite e perda de peso.

A maioria das pessoas apresenta feridas e uma erupção cutânea e qualquer superfície corporal pode ser afetada. Mesmo sem tratamento, as lesões acabam desaparecendo em poucos dias ou semanas, mas podem durar meses ou reaparecer após terem cicatrizado. Todas as feridas acabam cicatrizando, geralmente sem formar cicatriz.

A dermatite sifilítica é uma erupção cutânea causada pela infecção por sífilis que costuma aparecer nas palmas das mãos e nas solas dos pés. As feridas individuais são redondas e escamosas e podem se fundir para formar feridas maiores, mas normalmente não coçam nem doem. Depois que a erupção cutânea cicatriza, as regiões afetadas podem ficar mais claras ou mais escuras que o normal. Se a dermatite sifilítica aparecer no couro cabeludo, o cabelo pode cair em chumaços (alopecia areata).

Podem surgir pápulas salientes com o topo achatado e superfície lisa denominadas condilomas planos nas regiões úmidas da pele, tais como nas axilas, embaixo dos seios e ao redor do ânus. As cores variam de acordo com o tom da pele, o local do corpo onde as lesões aparecem e o grau de inflamação da pele circundante. Elas podem ser rosa opaco, branco-acinzentadas ou bege. O condiloma plano que aparece na boca ou na garganta ou no pênis, na vulva ou no reto costumam ser redondos, salientes com tonalidade frequentemente cinza a esbranquiçado com as bordas vermelhas. Essas pápulas contêm muitas bactérias da sífilis e são muito infecciosas. Elas são geralmente indolores, a menos que causem irritação ou desconforto devido à sua localização. Elas podem se romper e vazar líquido.

Muitas pessoas com sífilis no estágio secundário apresentam linfonodos aumentados por todo o corpo. Em algumas pessoas, outros órgãos são afetados. Os olhos podem ficar inflamados. Os ossos e as articulações podem doer. Em algumas pessoas, a infecção do fígado (hepatite) causa dor abdominal e icterícia (a pele e a parte branca dos olhos ficam amarelados) e a urina se torna escura. Algumas têm dores de cabeça ou problemas de audição, equilíbrio ou visão, porque o cérebro, os ouvidos internos ou os olhos são infectados.

Imagens de sífilis secundária
Sífilis secundária: Erupção cutânea
Sífilis secundária: Erupção cutânea

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada.

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada.

Imagem cedida por cortesia da Biblioteca de Imagens de Saúde Pública dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Sífilis secundária: erupção cutânea nas costas
Sífilis secundária: erupção cutânea nas costas

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada. As manchas podem ficar separadas ou se juntarem, como mostrado aqui.

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada. As manchas podem ficar separadas o

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Imagem cedida por cortesia da Biblioteca de Imagens de Saúde Pública dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Sífilis secundária: erupção cutânea nas palmas das mãos
Sífilis secundária: erupção cutânea nas palmas das mãos

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada. Ao contrário das erupções da maioria das outras doenças, essa erupção cutânea geralmente aparece na palma das mãos ou na planta dos pés.

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada. Ao contrário das erupções da maior

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Imagem cedida por cortesia da Biblioteca de Imagens de Saúde Pública dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Sífilis secundária: causando uma erupção cutânea nas plantas dos pés
Sífilis secundária: causando uma erupção cutânea nas plantas dos pés

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada. Ao contrário das erupções da maioria das outras doenças, essa erupção cutânea geralmente aparece na palma das mãos ou na planta dos pés.

Durante o segundo estágio da sífilis, pode aparecer uma erupção cutânea disseminada. Ao contrário das erupções da maior

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Imagem cedida por cortesia de Susan Lindsley, por intermédio da Biblioteca de Imagens de Saúde Pública dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Sífilis em estágio latente

O estágio latente é um período em que não ocorrem sintomas e a infecção não está ativa. O estágio latente é classificado como latente inicial se ocorrer no prazo de um ano da infecção inicial ou latente tardio se ocorrer mais de um ano após a infecção inicial. Nessa época, a bactéria ainda está presente no corpo e o resultado dos exames para sífilis é positivo.

O estágio latente pode durar anos ou ser permanente. Geralmente as pessoas não são contagiosas durante esse estágio, mas, ocasionalmente, podem aparecer feridas na pele ou nas membranas mucosas durante a sífilis latente precoce. Essas feridas são contagiosas e as pessoas que entram em contato com elas podem ser infectadas. A sífilis latente também pode ser transmitida ao feto através da placenta, independentemente da presença de feridas.

Sífilis terciária (tardia)

A sífilis terciária se desenvolve em aproximadamente um terço das pessoas não tratadas anos ou décadas depois da infecção inicial. Os sintomas variam entre leves e devastadores.

A sífilis terciária tem três formas principais:

  • Sífilis terciária benigna

  • Sífilis cardiovascular

  • Neurossífilis

A sífilis terciária benigna geralmente se desenvolve entre 3 e 10 anos depois da infecção inicial. Protuberâncias macias e emborrachadas, chamadas granulomas, surgem na pele, mais comumente no couro cabeludo, no rosto, na parte superior do tronco e nas pernas. Elas se desenvolvem no fígado ou ossos, mas podem se desenvolver em virtualmente qualquer órgão. Se estiverem na pele, as gomas podem formar uma ferida aberta. Se não forem tratados, as gomas destroem o tecido ao redor deles. Nos ossos, eles geralmente causam dor profunda, penetrante, que geralmente piora à noite. As gomas crescem lentamente, curam-se aos poucos e deixam cicatrizes.

A sífilis cardiovascular aparece geralmente entre 10 e 25 anos depois da infecção inicial. As bactérias infectam os vasos sanguíneos conectados ao coração, incluindo a aorta. Pode resultar no seguinte:

  • A parede da aorta pode se enfraquecer, formando um abaulamento (aneurisma). O aneurisma pode pressionar a traqueia ou outras estruturas do peito, causando dificuldade em respirar, tosse e rouquidão.

  • A válvula que vai do coração à aorta (válvula aórtica) pode vazar.

  • As artérias que fornecem sangue para o coração (artérias coronárias) podem se estreitar.

Esses problemas podem causar dor torácica ou insuficiência cardíaca ou podem ser fatais.

A neurossífilis afeta o cérebro e a medula espinhal e ocorre em algumas pessoas com sífilis não tratada. Ela tem as seguintes formas:

  • Neurossífilis assintomática: Esta forma é uma infecção leve dos tecidos que recobrem o cérebro e a medula espinhal (meninges) causando meningite leve. Sem tratamento, ela pode causar sintomas como dor de cabeça, rigidez do pescoço e dificuldade de concentração.

  • Neurossífilis meningovascular: as artérias do cérebro ou da medula espinhal ficam inflamadas, causando uma forma crônica de meningite. Os sintomas geralmente aparecem entre cinco e dez anos após a infecção inicial. A princípio, as pessoas podem ter dor de cabeça e rigidez no pescoço. Elas podem ficar tontas, ter dificuldade para se concentrar e lembrar de coisas e apresentar insônia. A visão pode ficar turva. Os músculos dos braços, ombros e eventualmente das pernas ficam fracos ou até mesmo paralisados. As pessoas podem ter dificuldade para controlar a micção e os movimentos intestinais (incontinência). Essa forma também pode causar derrames.

  • Neurossífilis parenquimatosa: Essa forma geralmente começa 15 a 20 anos após a infecção inicial e não afeta pessoas antes dos 40 ou 50 anos de idade. Os primeiros sintomas são alterações graduais do comportamento. Os sintomas podem parecer com aqueles de um transtorno mental ou demência. Por exemplo, as pessoas podem se tornar menos cuidadosas com a higiene pessoal e seu humor pode se alterar frequentemente. Elas podem ficar irritáveis e confusas. Elas podem sentir dificuldade para se concentrar e lembrar das coisas. Elas podem ter delírios de grandeza (ou seja, acreditar que são pessoas famosas ou Deus ou que têm poderes mágicos). Os tremores podem ocorrer na boca, língua, mãos estendidas ou corpo inteiro.

  • Tabes dorsalis: Nessa forma, ocorre a deterioração progressiva da medula espinhal. Ela normalmente se desenvolve vinte a trinta anos após a infecção inicial. Os sintomas começam aos poucos, geralmente com uma dor forte e penetrante nas costas e pernas que aparece e desaparece com irregularidade. Às vezes, as pessoas têm ataques semelhantes de dor no estômago, na bexiga, no reto ou na garganta. O caminhar fica instável. A sensibilidade nos pés diminui ou parece anormal. As pessoas geralmente perdem peso. Podem surgir problemas com a visão. Disfunção erétil é comum. Por fim, as pessoas têm dificuldade em controlar a micção (incontinência) e podem ficar paralisadas.

Outros sintomas

A sífilis pode afetar os olhos ou ouvidos em qualquer estágio da doença.

Sintomas oculares incluem lacrimejamento, visão embaçada, dor ocular, sensibilidade à luz e perda da visão. Se a sífilis infectar os olhos, o risco de desenvolver neurossífilis estará aumentado.

Se os ouvidos forem afetados, as pessoas podem apresentar zumbido nos ouvidos (acúfenos) ou perder a audição, ou podem ter vertigens e nistagmo (um movimento espasmódico dos olhos em uma direção, alternando com um retorno mais lento para a posição original).

As articulações podem se degenerar. As articulações não ficam dolorosas, mas ficam inchadas e o movimento é limitado. Esse quadro é chamado artropatia neurogênica (articulações de Charcot).

Lesões de pele ou nas articulações causadas por traumatismo ou pressão podem passar despercebida devido à lesão nervosa secundária à sífilis e causam as denominadas lesões tróficas (úlceras tróficas se estiverem na pele).

Diagnóstico da sífilis

  • Exames em uma amostra de sangue, líquido de um cancro ou, às vezes, de líquido cefalorraquidiano

As gestantes devem fazer exame preventivo para sífilis. Adolescentes e pessoas adultas não grávidas e sem sintomas, mas com risco aumentado de infecção por sífilis, também devem fazer exames preventivos para sífilis.

Os profissionais de saúde suspeitam de sífilis primária se a pessoa tiver um cancro característico. Eles suspeitam de sífilis secundária se as pessoas tiverem uma erupção cutânea típica na palma das mãos e na planta dos pés. Como a sífilis pode causar uma ampla gama de sintomas durante seus diversos estágios, os médicos podem solicitar exame para sífilis ao avaliar pessoas com qualquer um dos possíveis sintomas, incluindo problemas com a visão.

Os exames de laboratório são necessários para confirmar o diagnóstico. Usam-se dois tipos de exames do sangue:

  • Um exame preventivo como, por exemplo, o exame laboratorial para doenças venéreas (VDRL) ou o exame de reagina plasmática rápida (RPR), costuma ser realizado em primeiro lugar. Esses exames são chamados não treponêmicos porque não detectam diretamente as bactérias que causam sífilis (Treponema pallidum) ou os anticorpos produzidos em resposta a essas bactérias. Os exames preventivos são baratos e fáceis de fazer, mas o resultado pode ser negativo entre três e seis semanas após a infecção inicial, mesmo que a sífilis esteja presente. Tais resultados são chamados falso-negativos. Se o resultado do exame preventivo for negativo, mas o médico considerar que é provavelmente sífilis primária, o exame poderá ser repetido depois de seis semanas. Às vezes, o resultado dos exames preventivos é positivo quando a sífilis não está presente (falso-positivo), porque outra doença gerou um resultado positivo do exame.

  • Um exame confirmatório deve geralmente ser feito para confirmar um exame preventivo positivo. Esses exames de sangue medem anticorpos produzidos especificamente em resposta às bactérias que causam sífilis (às vezes denominados testes treponêmicos). Os resultados dos exames confirmatórios podem também ser falso-negativos nas primeiras semanas após as infecções iniciais e, assim, precisam ser repetidos.

Tradicionalmente, os exames preventivos são realizados primeiro e algum resultado positivo será confirmado por meio de um exame confirmatório (teste treponêmico). Às vezes, o médico faz o teste treponêmico primeiro. Se o resultado for positivo, o ensaio de reagina plasmática rápida (um exame preventivo) será então realizado.

Se o resultado do exame for positivo, o médico talvez pergunte à pessoa sobre antigos parceiros sexuais, resultados de exames laboratoriais anteriores e tratamentos prévios para ajudar a determinar se a pessoa tem sífilis atualmente ou se teve no passado.

Os resultados dos exames preventivos podem vir a se tornar lentamente negativos (ao longo de meses a vários anos) depois de um tratamento bem-sucedido, mas os resultados dos exames confirmatórios geralmente permanecem positivos indefinidamente.

Nos estágios primário ou secundário, a sífilis pode também ser diagnosticada usando-se microscopia de campo escuro. Uma amostra de líquido é obtida de um cancro ou linfonodo e examinada com um microscópio óptico especialmente equipado. A bactéria parece clara contra o fundo escuro, tornando-a mais fácil de identificar.

No estágio latente, os resultados dos testes treponêmicos e não treponêmicos são usados para diagnosticar a sífilis. O médico também tenta determinar se a fase da sífilis é latente prematura ou latente tardia com base nos resultados da avaliação, incluindo um exame físico completo e a análise de resultados de exames anteriores.

No estágio terciário ou tardio, o diagnóstico é baseado nos sintomas e nos resultados do exame de anticorpos. Dependendo de quais sintomas estão presentes, outros exames são feitos. Por exemplo, uma radiografia do tórax pode ser realizada ou outro exame de diagnóstico por imagem para verificar a presença de um aneurisma na aorta.

Se houver suspeita de neurossífilis, é necessário realizar uma punção lombar para coletar líquido cefalorraquidiano, que é testado quanto à presença de anticorpos contra a bactéria.

Pessoas com sífilis devem também ser testadas para outras ISTs, incluindo infecção por HIV. Em pessoas que têm HIV e sífilis, é mais provável que a sífilis progrida mais rapidamente e elas têm uma probabilidade maior de ter neurossífilis.

Tratamento da sífilis

  • Penicilina aplicada por injeção

  • Outro antibiótico para pessoas alérgicas à penicilina

  • Tratamento simultâneo de parceiros sexuais

A penicilina administrada por injeção intramuscular é o melhor antibiótico para todos os estágios da sífilis.

Para tratamento da neurossífilis e infecção dos olhos e ouvidos internos, a penicilina pode ser administrada por injeção na veia (via intravenosa) ou no músculo (via intramuscular) por 10 a 14 dias (caso seja administrada por via intramuscular, ela deve ser administrada juntamente com um medicamento denominado probenecida, que aumenta a quantidade de penicilina que permanece no corpo). Então, outra apresentação de penicilina é administrada por injeção em um músculo uma vez por semana por até três semanas.

As pessoas alérgicas à penicilina podem receber outros antibióticos, como a doxiciclina (tomada por via oral durante 14 dias ou às vezes durante 28 dias). Pessoas que não podem tomar doxiciclina podem vir a receber azitromicina (na forma de dose única por via oral). No entanto, em algumas partes do mundo, a sífilis está se tornando cada vez mais resistente à azitromicina. As gestantes que forem alérgicas à penicilina são internadas no hospital e realizam tratamento de dessensibilização à penicilina para que possam tomá-la.

Tratamento de parceiros sexuais

Como pessoas com sífilis primária, secundária e até mesmo sífilis latente prematura podem transmitir a infecção a outras pessoas, elas devem evitar o contato sexual até que elas e seus parceiros sexuais tenham concluído o tratamento.

Se uma pessoa for diagnosticada com sífilis, todos os parceiros sexuais da pessoa são testados para sífilis. Os parceiros sexuais são tratados nas seguintes circunstâncias:

  • tiveram contato sexual com a pessoa infectada durante 90 dias antes do diagnóstico, mesmo que seus exames sejam negativos.

  • Tiveram contato sexual com a pessoa infectada mais do que 90 dias antes de o diagnóstico ter sido feito, mas apenas se os resultados dos seus exames não forem imediatamente disponíveis e se seu retorno para acompanhamento for incerto. Seus resultados sendo negativos, nenhum tratamento é necessário. Se o resultado dos exames for positivo, eles são tratados.

Reação de Jarisch-Herxheimer

Pessoas com sífilis primária ou secundária podem apresentar uma reação seis a doze horas após o primeiro tratamento. Essa reação, chamada reação de Jarisch-Herxheimer, causa febre, dor de cabeça, sudorese, calafrios com tremores e uma piora temporária das lesões causadas pela sífilis. O médico às vezes podem confundir essa reação com uma reação alérgica medicamentosa.

Os sintomas dessa reação geralmente diminuem dentro de 24 horas e raramente causam dano permanente. Contudo, raramente, pessoas com neurossífilis apresentam convulsões ou um AVC.

Após o tratamento

Após o tratamento, são realizados avaliações e exames de sangue periodicamente até que nenhuma infecção seja detectada.

Se o tratamento da sífilis primária, secundária ou latente for bem-sucedido, a maioria das pessoas não manifesta mais sintomas. Mas o tratamento do estágio terciário da sífilis não é capaz de reverter danos a órgãos, como o cérebro ou a aorta.

As pessoas que foram curadas da sífilis não ficam imunes à doença e podem adquirir a infecção novamente.

Prevenção da sífilis

As pessoas podem fazer o seguinte para ajudar a reduzir seu risco de ter sífilis e outras ISTs:

  • Praticar sexo mais seguro, inclusive usar um preservativo toda vez que fizer sexo oral, anal ou genital.

  • Reduzir o número de parceiros sexuais e não ter parceiros sexuais de alto risco (pessoas com muitos parceiros sexuais ou que não praticam sexo seguro).

  • Praticar monogamia ou abstinência mútuas.

  • Receber vacinação (disponível para algumas ISTs).

  • Procurar receber diagnóstico e tratamento imediatos para prevenir a transmissão para outras pessoas.

  • Identificar contatos sexuais caso tenha uma IST para fins de aconselhamento e tratamento.

Você sabia que...

  • Um único encontro sexual com uma pessoa que tem sífilis resulta em 33% de chance de contrair a infecção, e essa porcentagem é maior se a pessoa tiver sífilis primária.

Mais informações

O seguinte recurso em inglês pode ser útil. Vale ressaltar que O Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): Sobre a sífilis

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