Coccidioidomicose

(Febre de São Joaquim, febre do Vale)

PorSanjay G. Revankar, MD, Wayne State University School of Medicine
Revisado/Corrigido: abr 2021
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A coccidioidomicose é uma infecção causada pelo fungo Coccidioides immitis ou Coccidioides posadasii que geralmente afeta os pulmões.

  • A infecção é causada pela inalação de esporos do fungo.

  • Se for leve, a infecção pulmonar causa sintomas parecidos com os da gripe e, por vezes, falta de ar, mas a infecção pode piorar e se espalhar pelo corpo, causando vários sintomas.

  • O diagnóstico pode ser confirmado pela identificação dos fungos em amostras de materiais infectados, examinadas ao microscópio.

  • Geralmente são tomados medicamentos antifúngicos por 6 a 12 meses, mas, às vezes, por toda a vida.

(Consulte também Considerações gerais sobre infecções fúngicas).

Os esporos de Coccidioides estão presentes no solo nas regiões sudoeste dos Estados Unidos, no vale central da Califórnia, no norte do México, em partes da América Central e na Argentina. Eles também podem ser encontrados em Utah, Nevada e na região centro-sul de Washington. Cerca de 30% a 60% das pessoas que moram em uma dessas áreas ficam expostas ao fungo em algum momento durante sua vida. Nos Estados Unidos, foram relatados 14.364 casos de coccidioidomicose em 2017.

A coccidioidomicose é adquirida pela inalação de esporos. Os esporos estão presentes no solo e podem ser transportados pelo ar, quando a terra é mexida, e viajar a favor do vento. Os agricultores e outras pessoas que trabalham ou estão expostos à terra mexida têm mais possibilidade de inalar os esporos e serem infectados. As pessoas que são infectadas durante uma viagem podem não manifestar os sintomas até depois de terem voltado para casa.

A coccidioidomicose ocorre de duas formas:

  • Infecção pulmonar leve (coccidioidomicose primária aguda): A infecção desaparece sem tratamento. Esta forma representa a maioria dos casos.

  • Infecção severa e progressiva (coccidioidomicose progressiva): A infecção se espalha dos pulmões para todo o corpo e é geralmente fatal.

Fatores de risco de coccidioidomicose progressiva

A coccidioidomicose progressiva é incomum em pessoas normalmente saudáveis. Sua ocorrência é mais provável quando as pessoas

  • Têm infecção pelo HIV

  • Usam medicamentos que suprimem o sistema imunológico (imunossupressores)

  • Têm mais idade

  • Estão na segunda metade da gravidez ou acabaram de ter um bebê

  • Têm certas origens étnicas (filipina, afro-americana, americana nativa, hispânica e asiática em ordem de risco decrescente)

Sintomas de coccidioidomicose

A maioria das pessoas com coccidioidomicose aguda primária não manifesta sintomas. Se os sintomas surgirem, eles aparecem entre 1 e 3 semanas depois que as pessoas se infectaram. Os sintomas, em geral, são leves e muitas vezes parecidos com os da gripe. Eles incluem tosse, febre, calafrios, dor no peito e, por vezes, falta de ar. A tosse pode produzir expectoração. Ocasionalmente, quando a infecção pulmonar for grave, podem formar-se espaços nos pulmões e as pessoas podem expelir sangue ao tossir.

Algumas pessoas têm uma reação alérgica ao fungo, o que pode causar dor articular, conjuntivite, protuberâncias (nódulos) de coloração vermelha ou roxa sensíveis sob a pele (denominadas eritema nodoso) ou placas de pele vermelhas, salientes que têm o aspecto de alvos (eritema multiforme).

Coccidioidomicose: reação alérgica
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Algumas pessoas têm uma reação alérgica ao fungo, o que pode causar dor nas articulações, conjuntivite, eritema multiforme ou eritema nodoso. Esta imagem mostra um exemplo grave de eritema multiforme causado por coccidioidomicose.
Imagem cedida por cortesia de www.doctorfungus.org © 2005.

A forma progressiva da doença pode manifestar-se no decorrer de semanas, meses ou até anos depois de ocorrer a infecção inicial. Os sintomas incluem febre leve, perda de apetite, emagrecimento e diminuição da força. A infecção pulmonar pode piorar, mas geralmente apenas em pessoas com o sistema imunológico debilitado. Ela pode causar aumento da falta de ar e, por vezes, expectoração com sangue.

A coccidioidomicose também pode se disseminar dos pulmões para a pele, os ossos (causando osteomielite), as articulações, o fígado, o baço, os rins e outros tecidos. Se a infecção se disseminar para a pele, as pessoas podem apresentar uma ou muitas ulcerações. As articulações podem inchar e ficar doloridas. As infecções profundas às vezes irrompem na pele, formando uma abertura pela qual o material infectado é secretado.

Coccidioidomicose que causa uma única ferida
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A coccidioidomicose que se espalha dos pulmões para a pele pode causar uma ferida única.
Imagem cedida por cortesia de www.doctorfungus.org © 2005.
Coccidioidomicose que causa muitas feridas
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A coccidioidomicose que se espalha dos pulmões para a pele pode causar muitas feridas.
Imagem cedida por cortesia de www.doctorfungus.org © 2005.

A coccidioidomicose também pode infectar o cérebro e os tecidos que cobrem o cérebro (meninges), causando meningite. Essa infecção é muitas vezes crônica, causando dores de cabeça, confusão, perda de equilíbrio, visão dupla e outros problemas. A meningite não tratada é sempre fatal.

Diagnóstico de coccidioidomicose

  • Exames de sangue

  • Radiografia do tórax

  • Exame, cultura ou testes de uma amostra de sangue ou outro tecido

O médico pode suspeitar de coccidioidomicose se as pessoas desenvolverem os sintomas depois de terem residido em uma das regiões onde a infecção é comum ou apenas ter viajado até lá recentemente.

Normalmente são feitas análises de sangue para detectar anticorpos ao fungo (testes sorológicos) e uma radiografia do tórax. Em pessoas com sistema imunológico saudável, as análises de sangue geralmente conseguem detectar esses anticorpos se a coccidioidomicose estiver presente. As radiografias do tórax geralmente mostram anormalidades características. Esses achados ajudam os médicos a fazer o diagnóstico.

Um teste que detecta antígenos (proteínas liberadas pelo fungo) na urina também pode ser útil.

Para identificar o fungo e assim confirmar o diagnóstico, os médicos podem examinar amostras de sangue, expectoração, pus, líquido cefalorraquidiano ou outro tecido infectado ao microscópio ou enviá-las a um laboratório para fazer cultura. Como a cultura do Coccidioides pode demorar até três semanas, os médicos normalmente baseiam-se em análises de sangue e radiografia do tórax. Um teste para identificar o material genético do fungo (seu DNA) pode ser realizado em amostras coletadas da garganta e dos pulmões, mas esse teste não está amplamente disponível.

Tratamento de coccidioidomicose

  • Medicamentos antifúngicos

A coccidioidomicose aguda primária normalmente desaparece sem tratamento em pessoas saudáveis e a recuperação é geralmente completa. Entretanto, alguns médicos preferem tratar essas pessoas devido à pequena chance de a coccidioidomicose se disseminar. Além disso, quando as pessoas são tratadas, os sintomas desaparecem mais rapidamente. O tratamento geralmente consiste em um medicamento antifúngico, como fluconazol, durante 3 a 6 meses.

A coccidioidomicose progressiva é geralmente fatal, a menos que tratada, principalmente se o sistema imunológico estiver enfraquecido. Cerca de 70% das pessoas com AIDS morrem dentro de um mês após serem diagnosticadas. Para coccidioidomicose progressiva leve a moderada, administra-se fluconazol ou itraconazol por via oral. Como alternativa, o médico pode tratar a infecção com voriconazol, administrado por via oral ou pela veia (via intravenosa), ou posaconazol, por via oral. Para casos graves, é administrada anfotericina B por via intravenosa.

Se ocorrer meningite, administra-se fluconazol. As pessoas que contraíram meningite devido a coccidioidomicose precisam tomar fluconazol pelo resto da vida.

Embora o tratamento farmacológico possa ser eficaz em infecções localizadas (por exemplo, na pele, nos ossos ou nas articulações), podem ocorrer recaídas frequentes quando o tratamento é suspenso. Geralmente, pessoas com sistema imunológico enfraquecido precisam tomar medicamentos durante anos, às vezes por toda a vida.

Se a infecção atingir o osso ou resultar em espaços nos pulmões, pode ser necessária cirurgia.

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