Exames laboratoriais específicos e avançados para imunodeficiências*

Exame

Indicações

Interpretação

Imunodeficiência humoral

Mensuração do nível de IgE

Abscessos

Os níveis são altos em pacientes com abscessos e pneumatocele (síndrome da hiper-IgE), deficiências parciais de células T, doença relacionada com hiper-IgG4, doenças alérgicas ou infecções parasitárias.

Os níveis podem estar altos ou baixos em pacientes com defeitos ou deficiências incompletos de células B.

Os níveis estão ausentes em 75% dos pacientes com IDCV.†

Deficiências isoladas não são clinicamente significativas.

Quantificação de células B por citometria de fluxo

Níveis baixos de Ig

< 1% de células B sugere agamaglobulinemia ligada ao X.

Células B estão ausentes na síndrome de Omenn.

Biópsia de linfonodos

Em alguns pacientes com linfadenopatia para determinar se os centros germinativos estão normais e excluir câncer e infecção

A interpretação varia de acordo com a histopatologia.

Exames genéticos (sequenciamento genético ou análise de mutação)‡

Células B < 1% (detectadas por meio citometria de fluxo)

Suspeita de um distúrbio com uma ou mais mutações características

Anormalidades nos genes sugerem ou confirmam um diagnóstico, como em alguns dos muitos exemplos a seguir:

Os resultados também podem fornecer informações prognósticas.

Deficiência de células T

Quantificação de células T usando citometria de fluxo e anticorpos monoclonais¶

Linfopenia, suspeita de imunodeficiência combinada grave ou síndrome de DiGeorge completa

A interpretação varia de acordo com o tipo molecular de imunodeficiência combinada grave.

Proliferação de células T para mitógenos, antígenos ou leucócitos alogênicos irradiados

Baixa porcentagem de células T, linfopenia, suspeita de imunodeficiência combinada grave completa ou síndrome de DiGeorge

Captação baixa ou ausente de timidina radioativa, durante a divisão celular, indica um defeito de célula T ou combinado.

Detecção de antígenos (p. ex., moléculas MHC da classe II) usando anticorpos monoclonais ou tipagem sorológica de HLA

Suspeita de deficiência de MHC ou ausência de estimulação de MHC pelas células

Ausência de antígenos HLA de classe I ou II por tipagem sorológica de HLA, é diagnóstico de deficiência de antígeno MHC.

Análise da adenosina desaminase de eritrócitos

Linfopenia grave

Os níveis são baixos em uma forma específica de imunodeficiência combinada grave.

Análise da purina nucleosídeo fosforilase

Linfopenia persistente grave

Os níveis são baixos na imunodeficiência combinada com níveis normais ou elevados de Ig.

Ensaios de transdução de sinais e receptores de células T

Células T fenotipicamente normais que geralmente não proliferam em resposta ao antígeno mitogênico

A interpretação varia de acordo com o teste.

Teste do círculo de excisão do receptor de linfócitos T (TREC)

Rastreamento para imunodeficiência combinada grave e outros transtornos de linfócitos T

Contagens baixas sugerem um defeito que interrompe o desenvolvimento ou a maturação de linfócitos T ou causa apoptose de linfócitos T.

Imunodeficiências humoral e celular combinadas

Exame genético

Uma imunodeficiência combinada suspeita

Anomalias genéticas sugerem ou confirmam algumas doenças; por exemplo, as anomalias no NEMO sugerem imunodeficiência combinada com defeitos na regulação do NF–capa B e as anomalias no IL-2RG sugerem imunodeficiência combinada grave.

Defeitos de fagócitos

Testes de produtos oxidantes (peróxido hidrogênio, superóxido), ou proteínas — glicoproteínas adesivas (CR3 [CD11], componentes de NADPH oxidase)

História de abscessos estafilocócicos ou de certas infecções por bactérias Gram-negativas ou infecções fúngicas (p. ex., Serratia marcescens, aspergilose)

Anormalidades confirmam defeitos ou deficiências dos fagócitos.

Ensaios de fosforilação para transdutores de sinal e ativadores de transcrição (STAT), incluindo STAT1 e STAT4

Infecções recorrentes por micobactérias

Esse teste é o primeiro feito para verificar se há suscetibilidade mendeliana para doença micobacteriana (MSMD).

Deficiência de complemento

Mensuração dos níveis de componentes específicos do complemento

Suspeita de um distúrbio no complemento

A interpretação varia de acordo com o teste.

*Alguns desses testes podem ser utilizados para rastreamento ou teste inicial.

† Data from Lawrence MG, Palacios-Kibler TV, Workman LJ, et al: Low serum IgE is a sensitive and specific marker for common variable immunodeficiency (CVID). J Clin Immunol 38(3):225–233, 2018. doi: 10.1007/s10875-018-0476-0

‡ Painéis genéticos à procura de imunodeficiências primárias e doenças específicas como imunodeficiência variável comum ou imunodeficiência combinada grave estão disponíveis comercialmente. Para informações sobre interpretação de estudos genéticos nessas doenças, ver Chinn IK, Chan AY, Chen K, et al: Diagnostic interpretation of genetic studies in patients with primary immunodeficiency diseases: A working group report of the Primary Immunodeficiency Diseases Committee of the American Academy of Allergy, Asthma and Immunology. J Allergy Clin Immunol 145(1):46–69, 2020. doi: 10.1016/j.jaci.2019.09.009

§ SAP também é chamado proteína SH2 do domínio 1A [SH2D1A], ou DSHP.

¶ O teste utiliza anti-CD3 para todas as células T, anti-CD4 para as células T helper, anti-CD8 para células T citotóxicas, anti-CD45RO ou CD45RA para células T ativadas e naive, anti-CD25 para as células T reguladoras e anti-CD16 e anti-CD56 para as células natural killer.

BTK = tirosina quinase de Bruton; CH = complemento hemolítico; RC = receptor do complemento; IDCV = imunodeficiência comum variável; HLA = antígeno leucocitário humano; Ig = imunoglobulina; IL2RG = receptor gama da interleucina-2; MHC = complexo principal de histocompatibilidade; NADPH = fosfato de dinucleotídeo de nicotinamida e adenina; NEMO = modulador essencial do fator nuclear kappa-B; NF–kappa-B = fator nuclear kappa-B; ERT = eritrócito; SAP = proteína associada à SLAM; IDCG = imunodeficiência combinada grave; SLAM = molécula de ativação de linfócitos de sinalização; LEU = leucócito.