Algumas causas de vômitos em lactentes, crianças e adolescentes

Causa*

Achados sugestivos

Abordagem diagnóstica

Vômitos em lactentes

Gastroenterite viral

Geralmente com diarreia

Às vezes, febre e/ou contato com pessoa com sintomas semelhantes

Avaliação clínica

Às vezes, imunoensaios rápidos para antígenos virais ou teste de PCR para patógenos entéricos (p. ex., rotavírus, adenovírus)

Doença do refluxo gastresofágico

Agitação recorrente durante ou após a amentação

Ganho de peso possivelmente baixo, arqueamento das costas, sintomas respiratórios recorrentes (p. ex., tosse, estridor, sibilos)

Teste empírico da supressão ácida

Às vezes, exame com contraste do trato gastrintestinal superior, Milk Scan, monitoramento do pH e/ou estudo de impedância ou endoscopia

Colite ou enterite bacteriana

Geralmente com diarreia (muitas vezes sanguinolenta), febre, dor abdominal em cólicas, distensão

Às vezes, febre, contato com uma pessoa com sintomas semelhantes

Avaliação clínica

Algumas vezes, exame de fezes para contagem de leucócitos e cultura ou PCR para patógenos entéricos

Estenose do piloro

Vômito recorrente em jato, logo depois da amamentação em neonatos com 2–12 semanas de idade, fezes infrequentes

Pode estar emaciado e desidratado

Às vezes, “azeitona” palpável no hipocôndrio direito

Ultrassonografia do piloro

Estudo contrastado gastrintestinal alto se o ultrassom não estiver disponível ou for duvidoso

Estenoses e atresias congênitas

Distensão abdominal

Êmese biliosa nas primeiras 24–48 horas de vida (grau menor de estenose pode retardar o aparecimento dos vômitos)

Às vezes, polidrâmnio durante a gestação, síndrome de Down, icterícia

Radiografia do abdome

Estudo gastrintestinal alto ou enema contrastado, dependendo dos achados

Intussuscepção

Dor progressiva de cólica abdominal, choro inconsolável, letargia, flexão das pernas sobre o tórax

Mais tarde, fezes com sangue ("geleia de groselha")

Maior número acontece dos 3–36 meses

Ultrassonografia abdominal

Se o ultrassom é positivo ou não diagnóstico, fazer enema aéreo ou com contraste (a menos que paciente tenha sinais de peritonite ou perfuração)

Doença de Hirschsprung

Nos neonatos, atraso na eliminação do mecônio, distensão abdominal e dor, vômitos biliosos

Radiografia do abdome

Enema contrastado

Biópsia retal

Má rotação com volvulus

Nos neonatos, vômitos biliosos, distensão e dor abdominais

Fezes com sangue

Radiografia do abdome

Enema com contraste ou seriografia do esôfago, estômago e duodeno

Sepse

Febre, letargia, taquicardia, taquipneia

Pressão de pulso ampliada, hipotensão

Contagem de células e culturas (sangue, urina, liquor)

Radiografia de tórax, se houver sintomas pulmonares

Intolerância alimentar

Dor abdominal, diarreia

Possivelmente, exantema eczematoso ou urticária

Dieta de eliminação

Algumas vezes, testes cutâneos e/ou testes alergorradioabsorventes (RAST)

Distúrbios metabólicos

Amamentação deficiente, má evolução ponderal, letargia, hepatoesplenomegalia, icterícia

Às vezes, odor anormal, catarata

Eletrólitos, amônia, testes de função hepática, nitrogênio da ureia sanguínea, creatinina, glicemia, bilirrubina total e direta, hemograma completo, tempo de protrombina (TP)/tempo de tromboplastina parcial (TPP)

Rastreamento metabólico neonatal

Testes específicos em função dos achados

Vômitos em crianças e adolescentes

Gastroenterite viral

Geralmente com diarreia

Às vezes, febre, contato com pessoa com sintomas semelhantes ou história de viagem

Avaliação clínica

Às vezes, imunoensaios rápidos para antígenos virais ou teste de PCR para patógenos entéricos (p. ex., rotavírus, adenovírus)

Colite ou enterite bacteriana

Geralmente com diarreia (muitas vezes sanguinolenta), febre, dor abdominal em cólica, distensão, urgência fecal

Frequentemente, febre, contato com pessoa com sintomas semelhantes ou história de viagem

Avaliação clínica

Algumas vezes, fezes para contagem de leucócitos e cultura ou PCR para patógenos entéricos

Síndrome de hiperemese canabinoide

Episódios cíclicos de náuseas e vômitos em usuários frequentes de canábis

Avaliação clínica

Infecção não gastrintestinal

Febre

Frequentemente, resultados locais (p. ex., cefaleia, otalgias e garganta, adenopatia cervical, disúria, dor lombar, corrimento nasal) dependendo da causa

Avaliação clínica

Exames dirigidos para a causa suspeita

Apendicite

Início de mal-estar geral e desconforto periumbilical seguido de dor localizada no quadrante inferior direito, vômitos depois da dor, anorexia, febre, ponto de McBurney dolorido, diminuição dos ruídos intestinais

Ultrassonografia (preferida no lugar de TC para limitar exposição à radiação)

Infecções graves

Febre, aparência toxêmica, dor lombar e/ou disúria (pielonefrite)

Rigidez de nuca, fotofobia (meningite)

Desatenção, hipotensão, taquicardia (sepse)

Contagens de células e culturas (sangue, urina, liquor), conforme indicado pelos achados

Vômitos cíclicos

≥ 3 episódios de náuseas e vômitos intensos agudos incessantes e, às vezes, dor abdominal ou cefaleia que dura horas a dias

Intervalos sem sintomas intervenientes que duram semanas a meses

Exclusão de distúrbios metabólicos, gastrintestinais (p. ex., má rotação) ou do sistema nervoso central (p. ex., tumor encefálico)

Hipertensão intracraniana (causada por tumor ou trauma)

Cefaleia progressiva crônica; despertares noturnos; vômitos matinais; cefaleia agravada pela tosse ou manobra de Valsalva; alterações na visão

TC cerebral (sem contraste)

Transtornos alimentares

Ciclos de compulsão e purgação, erosão do esmalte dentário, perda ou ganho de peso

Às vezes, lesão cutânea na mão por indução de vômito (sinal de Russell)

Avaliação clínica

Gestação

Amenorreia, mal-estar matinal, edema, sensibilidade mamária

História de relação sexual sem proteção†

Teste urinário de gestação

Ingestões tóxicas (p. ex., paracetamol, ferro, etanol)

Frequentemente, história de ingestão

Vários resultados dependendo da substância ingerida

Níveis qualitativos e às vezes quantitativos de fármacos no soro (dependendo da substância)

Reação adversa a fármacos (p. ex., a fármacos quimioterapêuticos)

Exposição a um fármaco específico

Avaliação clínica

*As causas são dispostas em ordem de frequência.

†Muitos adolescentes não admitem que têm atividade sexual.

PCR = polymerase chain reaction.