Anemia da doença renal

PorGloria F. Gerber, MD, Johns Hopkins School of Medicine, Division of Hematology
Revisado/Corrigido: jun 2023
Visão Educação para o paciente

A anemia da doença renal é uma anemia hipoproliferativa resultante principalmente da deficiência de EPO ou da diminuição da resposta à EPO; tende a ser normocítica e normocrômica. O tratamento é feito por meio de medidas para corrigir a doença subjacente e com EPO e, algumas vezes, suplemento de ferro.

(Ver também Visão geral da diminuição da eritropoiese.)

A anemia da doença renal crônica é multifatorial.

O mecanismo mais comum é

  • Hipoproliferação por diminuição da produção de eritropoietina (EPO)

A falta de EPO leva à perda da produção da eritroferrona, resultando em perda da supressão de hepcidina e aumento do sequestro de ferro (como observado na anemia por doença crônica1).

Outros fatores são

  • Perda de sangue por disfunção plaquetária, diálise e/ou angiodisplasia

  • Resistência da medula óssea à EPO

  • Hiperparatireoidismo secundário

  • Uremia (levando à redução da sobrevida dos eritrócitos)

A deficiência da produção renal de EPO e a gravidade da anemia nem sempre se correlacionam com a extensão da disfunção renal; a anemia ocorre quando a depuração da creatinina é < 45 mL/minuto (< 0,75 mL/s/m2). Lesões glomerulares renais (p. ex., devido à amiloidose, nefropatia diabética) geralmente resultam em anemia mais grave por causa do grau da insuficiência renal excretora.

Referência geral

  1. 1. Kautz L, Jung G, Valore EV, et al: Identification of erythroferrone as an erythroid regulator of iron metabolism. Nat Genet 46:678–684, 2014. doi: 10.1038/ng.2996

Diagnóstico da anemia da doença renal

  • Hemograma completo, contagem de reticulócitos e esfregaço periférico

O diagnóstico da anemia por doença renal é feito pela demonstração de insuficiência renal, anemia normocítica e reticulocitopenia periférica.

A medula óssea pode apresentar hipoplasia eritroide. A fragmentação dos eritrócitos é identificada na esfregaço de sangue periférico, particularmente se houver trombocitopenia, sugere anemia hemolítica microangiopática e justifica investigação e tratamento adicionais.

Tratamento da anemia da doença renal

  • Tratamento da doença renal subjacente

  • Às vezes, eritropoietina recombinante e suplementos de ferro

O tratamento da anemia por doença renal é direcionado a

  • Melhorar a função renal

  • Aumentar a produção de eritrócitos

Se a função renal é normalizada, a anemia é lentamente corrigida.

A EPO recombinante melhora a anemia e reduz as necessidades de transfusão em pacientes com doença renal crônica e geralmente é iniciada quando a hemoglobina é < 10 g/dL (<100 g/dL). Em pacientes que recebem diálise a longo prazo, eritropoetina recombinante (p. ex., epoetina alfa ou darbepoetina alfa) juntamente com suplementos de ferro é o tratamento de escolha. Entretanto, como pode haver tanto redução na produção da EPO como aumento na resistência medular à EPO, talvez a dose precise ser mais alta. O objetivo é alcançar um nível sérico de hemoglobina de 10 a 11,5 g/dL (100 a 115 g/L). Todavia, o monitoramento cuidadoso da resposta de hemoglobina é necessário porque os efeitos adversos (p. ex., tromboembolia venosa, infarto do miocárdio, morte) podem ocorrer quando hemoglobina alcança > 12-13 g/dL (> 120-130 g/L). Doses mais baixas de EPO são utilizadas em pacientes com doença renal crônica que não estão em diálise.

Além disso, é necessária a reposição adequada dos depósitos de ferro para assegurar uma resposta adequada à EPO recombinante, e suplementação concomitante de ferro costuma ser necessária. Considera-se a adição de ferro IV em pacientes com hemoglobina < 10 g/dL (< 100 g/L), ferritina ≤ 500 ng/mL (< 500 microgramas/L) e saturação de transferrina (TSAT) ≤ 30%.

Em quase todos os casos, os aumentos máximos de eritrócitos são alcançados em 8 a 12 semanas.

Inibidores da prolil hidroxilase do fator induzível por hipóxia (HIF-PH) (p. ex., daprodustat) são uma opção oral em pacientes em diálise. Os inibidores de HIF-PH aumentam os níveis endógenos de eritropoetina prevenindo a degradação do HIF. Os inibidores de HIF-PH parecem produzir aumentos semelhantes na hemoglobina e têm taxas semelhantes de desfechos cardiovasculares adversos aos agentes estimuladores da eritropoiese (1); entretanto, não há dados de segurança de longo prazo.

Referência sobre o tratamento

  1. 1. Singh AK, Carroll K, Perkovic V, et al: Daprodustat for the Treatment of Anemia in Patients Undergoing Dialysis. N Engl J Med 2021;385(25):2325-2335. doi:10.1056/NEJMoa2113379

quizzes_lightbulb_red
Test your KnowledgeTake a Quiz!
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS
Baixe o aplicativo  do Manual MSD!ANDROID iOS