(Ver também Listeriose neonatal Listeriose .)
Listeria são pequenos bacilos, não álcool-ácido resistentes, não encapsulados, não formadores de esporos, beta-hemolíticos, Gram-positivos aeróbios e anaeróbios facultativos que possuem mobilidade característica. Em todo o mundo estão presentes no meio ambiente e no intestino de mamíferos não humanos e humanos, pássaros e crustáceos. Há várias espécies de Listeria, mas L. monocytogenes é o principal patógeno nos seres humanos.
Nos Estados Unidos, há cerca de 1.600 casos de listeriose anualmente e cerca de 260 pessoas morrem (1 Referência geral A listeriose manifesta-se como bacteremia, meningite, cerebrite, dermatite, uma síndrome oculoglandular, infecções intrauterinas e neonatais ou, raramente, endocardite causada por Listeria... leia mais ). O pico ocorre no verão. Taxas de crise são mais altas em recém-nascidos, em adultos ≥ 60 anos e em pacientes imunocomprometidos, incluindo aqueles com HIV/aids. A listeriose é 10 vezes mais provável em gestantes e 24 vezes mais provável em gestantes hispânicas do que em gestantes da população em geral (1 Referência geral A listeriose manifesta-se como bacteremia, meningite, cerebrite, dermatite, uma síndrome oculoglandular, infecções intrauterinas e neonatais ou, raramente, endocardite causada por Listeria... leia mais ).
Transmissão
Em razão de o L. monocytogenes ser ubíquo no meio ambiente, as oportunidades de contaminação são numerosas durante o processo da produção de alimentos. Praticamente todos os tipos de alimentos hospedam e transmitem L. monocytogenes, mas normalmente a infecção ocorre pela ingestão de lacticínios, vegetais crus, carnes contaminadas ou, especialmente, alimentos refrigerados que não precisam ser cozidos antes de consumidos. A contaminação é favorecida pela capacidade do L. monocytogenes de sobreviver e crescer em temperaturas de refrigerador.
A infecção também pode ocorrer por contato direto e durante o abate de animais infectados.
Fatores de risco
Em razão de a multiplicação do L. monocytogenes ser intracelular, o controle da listeriose necessita de imunidade celular mediada; assim as pessoas a seguir têm maior risco:
Pacientes imunocomprometidos
Recém-nascidos
Pessoas idosas
Gestantes
Em gestantes, a infecção por listeria é geralmente leve. No entanto, a infecção pode se disseminar pré-parto e intraparto de mãe para filho e pode causar aborto espontâneo, natimortos, parto prematuro ou morte do recém-nascido.
Listeria pode causar infecção potencialmente fatal no neonato (ver Listeriose neonatal Listeriose ), incluindo bacteremia Listeriose neonatal A listeriose neonatal é adquirida por via transplacentária ou durante o parto ou depois dele. Os sintomas são os da sepse. O diagnóstico é pela cultura ou PCR de material materno e do lactente... leia mais e pneumonia Pneumonia neonatal A pneumonia neonatal refere-se à infecção pulmonar no neonato. Pode ter início nas primeiras horas de vida e fazer parte de uma síndrome septicêmica generalizada ou aparecer após 7 dias, limitada... leia mais , e são uma causa comum de meningite bacteriana neonatal Meningite bacteriana neonatal Meningite bacteriana neonatal refere-se à inflamação das meninges por invasão bacteriana. Os sinais são os de sepse, excitabilidade do sistema nervoso central (p. ex., letargia, convulsões,... leia mais .
Referência geral
1. CDC: People at Risk—Pregnant Women and Newborns. Accessed 12/22/2022.
Sinais e sintomas da listeriose
Bacteremia primária por listeria é rara e causa febre alta sem sinais e sintomas localizados. Pode ocorrer endocardite, peritonite, artrite séptica, osteomielite, colecistite e pleuropneumonia. Gastroenterite febril pode ocorrer após a ingestão de alimentos contaminados. A listeremia pode provocar infecção intrauterina, corioamnionite, parto prematuro, óbito fetal, ou infecção do recém-nascido.
A meningite é decorrente de Listeria em até 20% dos casos em recém-nascidos e em pacientes > 60 anos de idade. Vinte por cento dos casos progridem para cerebrite, tanto para encefalite difusa como para romboencefalite, em raras ocasiões, e abscessos; a romboencefalite se manifesta com alteração do nível de consciência, paralisia de pares cranianos, perda de sinais cerebelares e perda motora e sensitiva.
Listeriose oculoglandular pode causar oftalmite e aumento de linfonodos regionais (síndrome de Parinaud). Pode seguir-se à inoculação conjuntival e, se não tratada, pode progredir para bacteremia e meningite.
Diagnóstico da listeriose
Cultura
Infecções por Listeria são diagnosticadas por meio de cultura de sangue ou de líquido cefalorraquidiano. O laboratório deve ser informado sobre a suspeita de L. monocytogenes, porque o microrganismo é facilmente confundido com difteroides.
Em todas as infecções por Listeria, os títulos mais altos de aglutininas de imunoglobulina G (IgG) são encontrados em 2 a 4 semanas após o início da doença.
Tratamento da listeriose
Ampicilina ou penicilina G, normalmente com um aminoglicosídeo
A meningite por Listeria é mais bem tratada com ampicilina, 2 g, IV, a cada 4 horas. A maioria dos especialistas recomenda acrescentar gentamicina (1 mg/kg, IV a cada 8 horas) considerando o sinergismo in vitro. As cefalosporinas não são eficazes.
Para o tratamento da meningite neonatal, ver Tratamento específico com antibióticos para o organismo Tratamento específico com antibióticos para o organismo Meningite bacteriana neonatal refere-se à inflamação das meninges por invasão bacteriana. Os sinais são os de sepse, excitabilidade do sistema nervoso central (p. ex., letargia, convulsões,... leia mais .
A endocardite e a listeremia primária são tratadas com ampicilina, 2 g, IV, a cada 4 horas, associada à gentamicina (pelo sinergismo), durante 6 semanas (para endocardite) e 2 semanas (para bacteremia) além da defervescência.
A listeriose oculoglandular e a dermatite por Listeria devem responder à eritromicina, 10 mg/kg, por via oral, a cada 6 horas, mantida até 1 semana após a defervescência.
As cefalosporinas não possuem atividade in vitro e não devem ser utilizadas; foram reportadas falhas com a vancomicina. Uma alternativa é o emprego de sulfametoxazol/trimetoprima, 5/25 mg/kg, IV, a cada 8 horas. A linezolida é ativa in vitro, mas não há experiência clínica suficiente.
Prevenção da listeriose
Como a contaminação dos alimentos é comum e como a L. monocytogenes pode se reproduzir em temperaturas dos refrigeradores, os alimentos levemente contaminados podem tornar-se fortemente contaminados mesmo durante o resfriamento. Esse problema é particularmente preocupante quando os alimentos (p. ex., alimentos refrigerados prontos para comer) são ingeridos sem cozimento. Assim, a higiene alimentar adequada é importante, particularmente para pessoas em risco (p. ex., pacientes imunodeprimidos, gestantes, idosos). Aqueles em risco devem evitar comer o seguinte:
Queijos de pasta mole feitos com leite não pasteurizado (p. ex., queijo feta, brie, camembert, queso fresco, queijo branco); leite cru (não pasteurizado) e produtos lácteos, embora a contaminação por Listeria possa ocorrer após a pasteurização
Alimentos refrigerados prontos para comer (p. ex., cachorros-quentes, frios, patês, patês de carne), a menos que eles sejam aquecidos a uma temperatura interna de 73,9 °C ou fervidos antes de servir
Frutos dos mar defumados refrigerados (p. ex., nova-estilo, salmão defumado, peixes defumados, carne conservada), a menos que tenham sido cozidos
Pontos-chave
L. monocytogenes é muito comum no ambiente, mas provoca infecção em somente cerca de 1600 pessoas por ano nos Estados Unidos, normalmente por meio de produtos alimentares contaminados.
As crises são mais elevadas em recém-nascidos, adultos ≥ 60 anos, gestantes e pacientes imunocomprometidos.
Vários sistemas orgânicos podem ser afetados; a infecção materna durante a gestação pode causar morte fetal.
Administrar ampicilina, geralmente com gentamicina.
Aconselhar os pacientes de alto risco a prevenir a doença não consumindo alimentos com maior probabilidade de contaminação.