Vírus do Nilo ocidental

PorThomas M. Yuill, PhD, University of Wisconsin-Madison
Revisado/Corrigido: jun 2023
Visão Educação para o paciente

O vírus do Nilo Ocidental é um flavivírus que agora é a principal causa da encefalite por arbovírus nos Estados Unidos. A maioria dos pacientes tem sintomas leves ou nenhum sintoma. Cerca de 1 em cada 150 pacientes desenvolve infecção grave envolvendo o sistema nervoso central. A sorologia faz o diagnóstico. O tratamento é de suporte, com monitoramento atento a infecção grave.

O vírus do Nilo Ocidental foi introduzido pela primeira vez nos Estados Unidos em 1999 na cidade de Nova York. Agora está presente em todos os 48 estados norte-americanos contíguos (não no Alasca), sul do Canadá, México, América do Sul e Central, Ilhas do Caribe. O vírus do Nilo Ocidental também é amplamente disseminado na África, Oriente Médio, sul da Europa, antiga União Soviética, Índia e Indonésia.

O vírus do Nilo Ocidental está presente em muitas espécies de aves. Muitas aves infectadas são assintomáticas, mas outras, especialmente corvos e gaios, adoecem e morrem e, assim, são possivelmente um indicador da doença em uma região. Os cavalos infectados pelo vírus do Nilo Ocidental podem adoecer e morrer. A ocorrência de casos equinos é uma boa indicação da transmissão do vírus do Nilo Ocidental em uma localidade. Uma vacina equina está disponível. O vírus é transmitido entre as aves e aos seres humanos principalmente pelo mosquito culex, mas também pode ser transmitido por transfusão de sangue, transplante de órgãos ou, ocasionalmente, por via transplacentária para o feto.

Sinais e sintomas do vírus do Nilo Ocidental

A maioria (4 de 5) dos pacientes com infecção pelo vírus do Nilo Ocidental não apresenta sintomas. Cerca de 1 em cada 5 desenvolvem febre, juntamente com outros sintomas como cefaleia, dores no corpo, dor articular, vômitos, diarreia ou exantema. Cerca de 1 em cada 150 pacientes tem envolvimento grave do sistema nervoso central com encefalite, meningite ou paralisia flácida (Centers for Disease Control and Prevention [CDC]: West Nile Virus). Os sintomas da infecção do sistema nervoso central são febre alta, cefaleia, rigidez de nuca, estupor, desorientação, coma, tremores, convulsões, fraqueza muscular, perda de visão, dormência e paralisia. Doenças graves podem afetar qualquer faixa etária, mas aqueles com > 60 anos ou com certas doenças clínicas crônicas (p. ex., diabetes, hipertensão arterial) têm maior risco. Cerca de 1 em cada 10 pessoas com envolvimento grave do sistema nervoso central morre (CDC: West Nile Virus; Clinical Evaluation & Disease).

Pode ocorrer paralisia flácida aguda que geralmente é clínica e patologicamente idêntica àquela da poliomielite, com danos às células do corno anterior. A paralisia flácida aguda pelo vírus do Nilo Ocidental pode ocorrer sem febre nem pródromo viral aparente e muitas vezes se manifesta com uma paresia ou plegia isolada de um membro e pode progredir para paralisia respiratória que requer ventilação mecânica.

A maioria das pessoas com febre e mialgia típicas se recupera completamente, mas fadiga e fraqueza podem durar semanas ou meses. Pacientes que se recuperam da encefalite pelo vírus do Nilo Ocidental ou paralisia flácida aguda muitas vezes têm deficits neurológicos residuais.

Diagnóstico do vírus do Nilo Ocidental

  • Exames sorológicos

Diagnostica-se a infecção pelo vírus do Nilo Ocidental encontrando anticorpos IgM específicos para o vírus do Nilo Ocidental no soro ou líquido cefalorraquidiano (LCR, ou líquido cefalorraquidiano). Em geral, esses anticorpos são detectáveis em 3 a 8 dias após o início da doença e persistem por 30 a 90 dias, mas documentou-se persistência mais longa. Resultados falso-positivos podem ser o efeito de anticorpos de reação cruzada decorrentes de infecção por outros flavivírus, imunização recente com vacinas contra flavivírus (febre amarela ou encefalite japonesa) ou reatividade inespecífica.

Testes de neutralização por redução de placas (PRNT) feitos em laboratórios de referência, incluindo alguns laboratórios estaduais de saúde pública norte-americanos e os Centers for Disease Control and Prevention (CDC), podem ajudar a determinar o flavivírus infectante específico, incluindo o vírus do Nilo Ocidental. Testes de neutralização por redução de placas (PRNT) também podem confirmar a infecção aguda ao demonstrar uma alteração de quatro vezes ou mais nos títulos de anticorpos neutralizantes específicos para o vírus do Nilo Ocidental nas amostras de soro das fases aguda e convalescente coletadas com intervalos de 2 a 3 semanas.

Culturas virais e testes para detectar RNA viral [p. ex., reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (PCR-TR)] podem ser feitos no soro ou no LCR e utilizados para confirmar a infecção.

Tratamento do vírus do Nilo Ocidental

  • Cuidados de suporte

O tratamento de suporte para doença grave do vírus do Nilo Ocidental é

  • Monitoramento atento dos pacientes com encefalite para verificar o desenvolvimento de pressão intracraniana elevada e convulsões

  • Monitoramento atento dos pacientes com encefalite ou paralisia flácida aguda quanto à incapacidade de proteger as vias respiratórias

  • Ventilação mecânica, se necessário

Insuficiência respiratória aguda pode se desenvolver rapidamente e pode ser necessário suporte ventilatório prolongado.

Prevenção do vírus do Nilo Ocidental

  • Programas comunitários de controle de mosquitos

  • Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquito

Nenhuma vacina contra o vírus do Nilo Ocidental está licenciada para uso em seres humanos.

Medidas protetivas pessoais para reduzir a exposição aos mosquitos infectados, como o uso de dietiltoluamida (DEET), mosquiteiros e roupas protetoras.

Faz-se o rastreamento do sangue e de alguns doadores de órgãos à procura de vírus do Nilo Ocidental por meio de testes baseados em ácido nucleico. Os profissionais de saúde devem permanecer vigilantes quanto à possível transmissão do vírus do Nilo Ocidental por transfusão sanguínea ou transplante de órgão.

Não há evidências de que seres humanos adquiram a infecção pelo vírus do Nilo Ocidental ao manusear aves mortas ou infectadas, mas o CDC ainda recomenda o uso de luvas ao manusear aves mortas (ou qualquer animal).

Pontos-chave

  • O vírus do Nilo Ocidental é disseminado entre as aves e transmitido aos seres humanos pela picada do mosquito infectado.

  • A maioria dos pacientes tem sintomas leves ou nenhum sintoma, mas alguns desenvolvem infecção grave envolvendo o sistema nervoso central.

  • O diagnóstico é feito por sorologia para IgM específica do vírus do Nilo Ocidental ou por testes de neutralização por redução de placas demonstrando aumento significativo entre pares de IgG aguda e convalescente.

  • Deve-se monitorar atentamente se há pressão intracraniana elevada, incapacidade de proteger as vias respiratórias e insuficiência respiratória que exige ventilação mecânica nos pacientes que desenvolvem infecção grave.

Informações adicionais

O recurso em inglês a seguir pode ser útil. Observe que este Manual não é responsável pelo conteúdo deste recurso.

  1. Centers for Disease Control and Prevention: West Nile virus: informações para os profissionais de saúde sobre prevenção, diagnóstico e relatórios, bem como tratamento contra o vírus do Nilo Ocidental

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